Africa
A queda do tractorista
Elias Dhlakama ao SAVANA depois de sobreviver à tentativa de exclusão
Mabjaia abandonado pelos camaradas
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Há frustração dos
membros da Renamo
devido à passividade
da actual liderança
interina do partido,
sobretudo, em
relação à fraude
eleitoral deste ano
Centrais
Mazula pede “cabeça”
dos órgãos eleitorais
TEMA DA SEMANA 2 Savana 07-12-2018
“São pessoas que estão fora do
contexto real. Fizeram isso porque
têm medo de mim porque sou candidato
forte: trabalhei no Estado,
tenho conhecimento do funcionamento
das instituições, da guerrilha,
conheço a Renamo”, salienta.
Mas diz que, mais do que afastar
Elias Dhlakama, tratava-se,
sobretudo, de retirar um direito
consagrado a um cidadão. Apesar
de tudo, prefere acreditar numa
eleição interna livre, justa e transparente
em Janeiro de 2019.
Ao SAVANA, Elias Dhlakama faz
uma revelação. O antigo combatente
pela democracia, que aquando
do Acordo Geral de Paz (AGP)
de 1992 já ostentava a patente de
coronel na Renamo, revela que a
iniciativa de concorrer à Presidência
do maior partido da oposição
não foi sua. Diz estar, simplesmente,
a responder a um chamamento
de membros seniores do partido
que o convidaram a concorrer.
“Eu fui convidado por membros
da Renamo do Rovuma ao Maputo.
Não foi iniciativa da minha
família, estou a atender a um chamamento
de membros seniores e
sonantes da Renamo”, anotou, frisando
que tem aceitação de todas
as partes do partido.
“Não é monarquia nem
regulado”
Confrontamos o irmão mais novo
de Afonso Dhlakama sobre se a
sua ascensão não poderá transmitir
a ideia de a Renamo ser um regulado
onde a sucessão é feita na base
de linhagens familiares.
Para Elias Dhlakama, tal interpretação
não constitui verdade e ainda
bem que a sociedade moçambicana
não é a mesma de 1975, pois está
hoje com consciência avançada.
“Sucessão por monarquia ou regulado
seria indicar Elias Dhlakama
logo após à sua morte [Afonso
Dhlakama]”, vincou.
Argumenta que vai entrar no escrutínio
como membro da Renamo
e não como irmão de Afonso
Dhlakama.
“Não sou candidato como irmão
de Afonso, mas como cidadão moçambicano,
com direito a votar e
ser votado”, rebate.
“Vou de igual para igual com cada
um deles”, vinca, acrescentando
que o que se pretende é sair do
Congresso de Janeiro com uma
Renano unida.
Caso vença as eleições internas
para a presidência da Renamo, o
também ex-comandante do Comando
de reservistas promete levar
o partido a vitórias nas eleições de
2019.
“Queremos o poder político”, disse,
deixando claro que, quem for
validado pelos congressistas como
líder da oposição, deverá ser o candidato
presidencial para as eleições
do próximo ano.
Promete ainda uma Renamo
C
hama-se Elias Macacho
Marceta Dhlakama. De
um comandante de reservistas
quase no anonimato,
tornou-se mediático desde que
iniciou o debate sobre a eleição do
próximo presidente da Renamo.
Na semana passada, o general na
reserva ganhou uma batalha, mas
não uma guerra. Viu seu nome
constar da lista dos elegíveis para
a presidência do maior partido
da oposição, depois de um plano
falhado para o seu afastamento.
Cerca de cinco dias depois de
ter sobrevivido à tal “intentona”,
o irmão mais novo de Afonso
Dhlakama aceitou falar ao SAVANA.
A entrevista foi breve, mas
com bastantes recados para dentro
do partido.
Elias Dhlakama começa por confirmar
que, sim, vai concorrer para
a presidência da Renamo, dissipando
equívocos sobre a sua corrida
à liderança do maior partido da
oposição no país. Diz que fá-lo-á
em nome da democracia e de um
direito que lhe assiste: eleger e ser
eleito.
A eleição daquele que vai substituir
Afonso Dhlakama, falecido a
três de Maio deste ano, terá lugar
durante o Congresso do partido,
agendado para 15 e 17 de Janeiro
do próximo ano.
“Vou sim [concorrer]. Sou
membro da Renamo, sou
combatente pela democracia,
exerci muitas funções
na Renamo”, explica Elias
Dhlakama, frisando que vai
entrar na corrida, sobretudo,
por ser membro da Renamo,
por ter lutado pela causa da
democracia, mas também por
ser patriota.
Na reunião preparatória do
Congresso, havida entre 29 e
30 de Novembro, na serra da
Gorongosa, a Mesa do Conselho
Nacional da Renamo
apresentou um conjunto de
credenciais para a presidência
do partido que colocavam de
fora Elias Dhlakama.
Incluíam ser ou ter sido
secretário-geral, delegado
provincial, chefe de Departamento,
membro do Conselho
Nacional, da Comissão Política
ou do Conselho Jurisdicional,
requisitos que foram
vistos como a expressão de
um plano para afastar Elias
Dhlakama, deixando caminho
livre, sobretudo, para
Ossufo Momade, mas por tabela
incluía Manuel Bissopo,
o actual secretário-geral.
A medida foi, prontamente,
contestada internamente,
com os participantes a deElias
Dhlakama ao SAVANA depois de sobreviver à purga na Renamo
fenderem abertura do espaço
para mais concorrentes em
nome da democracia. Caía assim
em terra a alegada agenda
maquiavélica que, alegadamente,
incluía ainda uma proposta
do Conselho Nacional para que
não houvesse eleição e, assim,
o actual coordenador interino
fosse promovido a presidente
por aclamação.
Entretanto, num breve contacto
telefónico com o SAVANA,
esta semana, o irmão mais novo
de Afonso Dhlakama disse,
quando chamado a reagir sobre
o falhado afastamento, que as
pessoas não podem confundir
a génese da Renamo com um
outro partido.
A Renamo, argumentou, foi
sempre um movimento político-miliar,
onde quem exercia
política eram militares. Por isso,
entende não ser correcto considerar
que, com o fim da guerra
civil, em 1992, a Renamo se tenha
tornado num partido como
qualquer outro sem nenhum
passado político-militar.
“A Renamo é diferente de muitos
partidos. A Renamo é um
movimento político-militar e
os militares é que faziam política”,
insistiu, sublinhando que,
de armas em punho, esses guerrilheiros
estavam a travar uma luta
política, que era defender a democracia.
Chega a dar exemplo da Frelimo,
anotando que só em 1977, com
a transformação da então Frente
de Libertação, é que se tornou
em partido político e conclui: “é o
mesmo que dizer que Machel não
podia ser político porque era guerrilheiro”.
Diz que, se tal fosse correcto,
André Matsangaíssa, o primeiro
presidente da Renamo, e Afonso
Dhlakama, o líder histórico do
partido, não teriam sido presidentes
da Renamo porque não eram
políticos, mas guerrilheiros.
“São pessoas que estão fora
do contexto”
Sobre a existência de um plano
para a sua eliminação da corrida
à Presidência da Renamo, Elias
Dhlakama não tem dúvidas. Entende
que tal plano visava afastá-
-lo por ser o candidato favorito a
vencer a eleição interna.
“Havia essa tendência porque as
pessoas têm medo de mim. Têm
medo de Elias Dhlakama porque
é jovem e académico”, diz o antigo
comandante do Comando de
reservistas.
Dhlakama, 54 anos de idade, foi
mais longe. “Há indivíduos que
não querem Congresso. Queriam
ser elevados, violando os estatutos
da Renamo”, afirmou, sem nunca
mencionar o nome de Ossufo Momade.
Por Armando Nhantumbo
“Têm medo de mim”
É
o quinto dos sete filhos de Macacho Marceta
Dhlakama e Massambajene Chione.
Tal como Afonso Dhlakama, o irmão mais
velho da família, Elias Dhlakama nasceu em
Mangunde, distrito de Chibabava, Sofala, o berço
da Renamo.
Junta-se à Renamo muito jovem, em 1980, com
apenas 16 anos, ele que nasceu em 1964. Nega influência
do “mano Afonso”, afirmando que foi comovido
pelo chamamento e pelas causas da revolução
do movimento político-militar.
No partido, assumiu várias funções um pouco por
todo o país. Dentre várias, foi especialista em comunicações
em terra e no ar e em aterragem. Reivindica
a abertura da pista de aterragem da Casa Banana,
um importante ponto de abastecimento da Renamo
durante a guerra civil.
Foi em 1982 que, ido da província de Inhambane,
foi incumbido a missão de localizar e abrir a pista
que pertencia ao Parque Nacional da Gorongosa
para posterior uso pelo movimento.
Na Renamo, já foi comandante de Pelotão e de
Companhia. Em 1982, já ostentava a patente de major.
Quando termina a guerra civil, Elias Dhlakama
era coronel e comandante da contra-inteligência do
partido na região norte do país.
Em seguida, é nomeado comandante do Centro de
Acantonamento em Milange, na Zambézia, onde
dirigiu cerca de cinco mil guerrilheiros entre 1992
a 1994.
Fez parte do grupo de homens da Renamo para a
formação do exercício único, segundo acordado nas
negociações para o AGP que pôs fim à confrontação
armada com a Frelimo.
Já quadro do Exército Nacional, é nomeado, em
1994, para comandante da 8ª brigada em Chókwè,
respondendo não só pela província de Gaza, mas
também pela vizinha Inhambane.
Em 1998 é transferido para o norte de Moçambique
como chefe de Estado-Maior da região militar
do norte, com sede em Nampula, mas respondendo
também pela província da Zambézia.
Elias Macacho Marceta Dhlakama é licenciado em
Ensino de História pela Universidade Pedagógica
(UP). Tem mestrado conjunto em Ciência Política,
Governação e Relações Internacionais pelo Instituto
de Ciência Política da Universidade Católica de
Lisboa em parceria com a Universidade Católica de
Moçambique (UCM).
É formado em Altos Comandos pelo Instituto
Superior de Estudos de Defesa “Armando Emílio
Guebuza” e tem várias especializações na área militar.
Concluídos os estudos, é nomeado, em Fevereiro de
2015, para o cargo de comandante do Comando de
Reservistas, cargo que desempenhou até Outubro
deste ano, quando passou à reserva a seu próprio
pedido, alegando motivos familiares.
É este general na reserva, 54 anos, que entra na corrida
como um dos favoritos à sucessão de Afonso
Dhlakama na presidência da Renamo.
O BI do general
“Há indivíduos que não querem Congresso.
Queriam ser elevados, violando os estatutos
da Renamo”, general Elias Dhlakama
TEMA DA SEMANA Savana 07-12-2018 3
que não seja de gabinete, mas uma
Renamo que trabalhe no campo.
Anota que tem acompanhado as
vozes que dizem que ele não é conhecido.
E diz que ainda bem que
é assim. “Vão me conhecer na devida
altura”, dispara.
“Há frustração na Renamo”
Questionado sobre a actual liderança
interina do partido no qual
o seu irmão mais velho fez história,
Elias Dhlakama evitou entrar em
detalhes, mas deixou recados velados
para Ossufo Momade.
De acordo com Dhlakama, há
frustração dos membros da Renamo
devido ao que chama de passividade
da actual liderança interina
do partido, sobretudo, em relação à
fraude eleitoral deste ano.
“No tempo de Afonso, a Frelimo
enchia urnas, agora está a passear
a classe. [Ou seja] com a morte
de Afonso, a Frelimo está a passear
a sua classe”, atirou, evocando
um dito popular segundo o qual
“quando a galinha-do-mato morre,
os ovos apodrecem”.
Mas esclarece que não está a defender
o regresso aos tiros. Simplesmente
acha que é preciso fazer
entender aos que chama de “irmãos
da outra parte”, em referência à
Frelimo, que Moçambique é dos
moçambicanos, que ninguém deve
adiar os desejos dos moçambicanos
e que ninguém nasceu para governar
sozinho.
chegar a uma “vila improvisada”,
com pavilhão e dezena de tendas
tradicionais e convencionais que
abrigavam os participantes.
A base, num local meio plano, no
cimo de um dos montes do conjunto
da serra da Gorongosa, é disfarçada
por uma corrente de água que
conflui o rio Vunduzi e que rega
naturalmente um verde de milho
e bananeiras, cercada de mata cerrada.
O próximo congresso da Renamo
foi marcado para a Gorongosa, mas
não foi revelado se vai decorrer na
vila ou numa das bases da Renamo
na serra, dadas as adversidades atmosféricas
– tempo chuvoso - do
período para a reunião decisória do
partido.
O congresso vai acolher 700 membros
e 300 convidados.
Choros?
Numa reunião crivada de apelos
de união do partido, o sexto Conselho
Nacional da Renamo, que
deliberou sobre o perfil do sucessor
de Afonso Dhlakama - que deverá
enfrentar os desafios do futuro
do partido e das eleições gerais de
2019 – criou ainda um gabinete
para a preparação do congresso do
partido, marcado para os dias 15, 16
e 17 de Janeiro de 2019 na Gorongosa.
Espera-se que nos próximos
dias anuncie as datas do início
da recepção das candidaturas a
presidente do partido, a serem
submetidos ao órgão máximo.
“Este gabinete anunciará as
datas de recepção das candidaturas
e daí conheceremos
os candidatos a presidente do
partido”, referiu o porta-voz do
partido, José Manteigas, quanto
à especulação de possíveis
nomes à sucessão de Afonso
Dhlakama.
Contudo, o Conselho Nacional
da Renamo apelou ao Governo
para que, dentro do espírito de
entendimento alcançado entre
as partes, se acelere o processo
de desarmamento, enquadramento
e integração social dos
guerrilheiros do movimento,
além da conclusão dos passos
do processo negocial.
“A Renamo espera que, a breve
trecho, o Governo acelere este
processo (negocial)”, disse José
Manteigas.
Até então foram promovidos
14 oficiais e, desde Agosto, não
houve evolução nas negociações,
avançou.
Por André Catueira,
na Gorongosa
O
Conselho Nacional da
Renamo, que esteve
reunido nos dias 29 e
30 de Novembro numa
das bases do partido no sopé da
serra da Gorongosa, em Sofala,
decidiu marcar para meados
de Janeiro o congresso electivo
para a sucessão de Afonso
Dhlakama, que dirigiu o partido
desde 1979.
Os mais de 100 membros do órgão,
e mais uma dezena de convidados,
entre os familiares dos
ex-líderes, André Matsangaisse
e Afonso Dhlakama, reuniram-
-se num minúsculo pavilhão,
construído à base de material
local, na base de Chipanga, próximo
ao local onde Dhlakama
morreu há seis meses.
A reunião da semana passada
decorreu numa zona, estrategicamente,
de difícil acesso, entre
montes e mata cerrada junto à
serra da Gorongosa, onde estão
mapeadas diferentes posições do
braço armado do movimento.
Debaixo de uma chuva, o grupo
de jornalistas que cobriu a
reunião do Conselho Nacional
palmilhou trilhas em montes
e rios durante duas horas – de
cada viagem de ida e volta – para
Dois dias no sopé
Ossufo Momade na abertura do Conselho Nacional da Renamo
TEMA DA SEMANA 4 Savana 07-12-2018
O
vice-ministro dos Recursos
Minerais e Energia
de Moçambique,
Augusto Fernando, vai
representar o Presidente moçambicano,
Filipe Nyusi, no Fórum
de Alto Nível entre Europa
e África, marcado para o próximo
dia 18, e que se vai debruçar
sobre inovação e digitalização,
indica um comunicado.
O encontro de alto nível foi convocado
pelo Presidente do Ruanda,
Paul Kagame, na qualidade
de presidente da União Africana
(UA), e pelo chanceler Kurz, da
Áustria, cujo país assume actualmente
a presidência rotativa da
União Europeia.
Os dois líderes “decidiram convocar
um Fórum de Alto Nível
para proporcionar um espaço
para líderes europeus e africanos,
juntamente com directores
executivos de grandes empresas
globais, campeões de inovação e
start-ups e outras partes interessadas”.
“Como defensor do avanço de
um mercado digital único africano,
Paul Kagame enfatizou que
um caminho para a prosperidade
de todos os africanos, especialmente
jovens, só pode ser alcançado
através da infusão de economias
africanas em tecnologia,
colaborando com o sector privado
da África”, diz a nota, citando
o chefe de Estado ruandês.
O Fórum de Alto Nível promoverá
a inovação e a digitalização
como importantes facilitadores
para o desenvolvimento.
O encontro será também uma
oportunidade para uma avaliação
sobre as actuais parcerias entre a
África e a Europa.
O fórum vai também contribuir
para a Aliança África-Europa
para o Investimento Sustentável
e Empregos.
“O Fórum de Alto Nível destacará
o potencial inexplorado
para aprofundar a parceria no
intercâmbio de tecnologia e comércio
e sua importância para o
crescimento económico, criando
oportunidades de emprego,
construindo sociedades resilientes
e cumprindo os Objectivos de
Desenvolvimento Sustentável”,
lê-se na nota.
Moçambique no Fórum de Alto
Nível África-Europa
É
a ironia de uma crise que
ficará na história como a
machada final contra as famílias
moçambicanas. Em
plena era de “vacas magras”, o sector
bancário em Moçambique está
a somar lucros fabulosos, à custa,
em parte, do endividamento público
interno. Em 2017, o sector
registou um aumento de lucros de
235% em relação a 2016. Isso mesmo:
235%.
Acossado pelas restrições no acesso
aos mercados de dívida no exterior
por causa das chamadas dívidas
ocultas, o Governo de Filipe
Nyusi tem recorrido ao endividamento
interno para financiar a sua
tesouraria.
A pesquisa sobre o sector bancário,
em 2017, datada de Novembro
último, não especifica quanto
montante esteve em causa nos
empréstimos e investimentos em
títulos de dívida pública, mas já
não é notícia que o endividamento
público interno tem vindo a crescer,
assustadoramente, no país.
O Banco de Moçambique (BM)
tem accionado, repetidamente, os
alarmes sobre a espiral da dívida
pública interna.
Na última reunião do Comité de
Política Monetária (CPMO), em
Outubro, o governador Rogério
Zandamela fez notar que o fluxo
da dívida pública contraída com
recurso a Bilhetes de Tesouro e
Obrigações e adiantamentos do
Banco Central aumentou, em termos
acumulados, em mais de 2 mil
milhões de meticais, para o saldo
de 107.460 milhões de meticais.
“O endividamento público interno
continua elevado, subiu mais
um pouco, quase 2 biliões, desde
a última vez que estivemos aqui
(CPMO) e corresponde a 12,3 por
cento (do PIB). Ela já é elevada e
continua a crescer”, advertiu Zandamela,
anotando que, mesmo assim,
“os montantes não tomam em
consideração outros valores de dívida
de pública interna, tais como
contratos mútuos e de locação financeira”.
Lucros fabulosos
De acordo com a pesquisa sobre o
sector bancário feita pela KPMG
auditores e consultores, em parceria
com a Associação Moçambicana
de Bancos (AMB), o sector
bancário apresentou um desempenho
sólido em 2017, aumentando
os seus lucros totais em 235%.
Assim, refere a pesquisa no capítulo
sobre rentabilidade, o lucro
passou de 4 bilhões de Meticais
em 2016 para 13.4 bilhões de Meticais
em 2017.
Excluindo os resultados do Moza
Banco, que esteve com capacidade
de fazer negócios condicionada
entre Setembro de 2016 e Agosto
de 2017, quando era administrado
pelo BM, os lucros do sector
bancário aumentaram em 60% em
2017, contra um aumento de 19%
em 2016.
O Moza registou prejuízos de 5.2
bilhões de Meticais em 2016 e 1.4
bilhões em 2017.
Entre as razões por detrás do crescimento
considerado como “muito
saudável”, destaca-se o recurso aos
títulos de dívida pública interna
para financiar a tesouraria do Estado.
“As margens líquidas de juros foram
ainda mais reforçadas pelo
aumento no nível de juros gerados
por investimentos financeiros, particularmente,
nos investimentos
em bilhetes de tesouro e obrigações”,
refere a pesquisa da respeitada
firma de auditoria que, este ano,
emitiu “opinião adversa” às contas
do BM.
O Standard Bank ultrapassou o
Banco Internacional de Moçambique
(BIM), em 2017, passando
para a primeira posição em termos
de rentabilidade.
No geral, o Banco BIG, o Standard
Bank, o Barclays Bank Moçambique
e o Banco Comercial e de Investimentos
(BCI) registaram um
crescimento significativo da sua
rentabilidade em 2017, com taxas
de crescimento de 170%, 101%,
92% e 74%, respectivamente.
No prefácio da pesquisa, o presidente
da AMB destaca que, face
aos ajustes de políticas económicas
adoptadas em 2016, decorrentes
dos desequilíbrios macroeconómicos
verificados em 2016, o sistema
bancário nacional continuou
resiliente, confiável, sólido e bem
capitalizado de modo a responder
aos desafios da economia numa
conjuntura adversa e ambiente regulatório
cada vez mais exigente.
Dos suportes que destaca sobre estes
indicadores, Teotónio Comiche
refere-se também aos empréstimos
e investimentos em dívida pública.
“A rentabilidade do sector evoluiu
num sentido ascendente, sustentada
pelas taxas de juro nos empréstimos
e investimentos em títulos
de dívida pública para financiar a
tesouraria do Estado, num contexto
de restrições no acesso aos
mercados de dívida no exterior”,
assinala.
Ainda de acordo com a pesquisa,
devido ao abrandamento da actividade
económica, a qualidade
creditícia deteriorou, tendo o rácio
do crédito em incumprimento
aumentado para 9% contra 6% de
2016, refere a análise.
“Diante da deterioração da carteira
de empréstimos, os bancos comerciais
transferiram o seu excesso
de liquidez para os bilhetes de tesouro
e obrigações”, revela.
Significa que houve uma concorrência
desleal, sobretudo, entre as
Pequenas e Médias Empresas e o
Governo, uma vez que os bancos
preferem conceder dinheiro ao
executivo, dadas as elevadas taxas
de juro sobre os títulos da dívida
pública.
Em linha com os desafios vividos
Lucros fabulosos em tempos de crise
Banca factura à custa do endividamento público
Por Armando Nhantumbo
pela economia do país em 2017, o
sector bancário enfrentou o risco
do aumento de crédito malparado.
“A retirada do apoio dos doadores
do Orçamento resultou na redução
dos gastos do Governo, o que
gerou impactos negativos para
as empresas que fornecem bens e
serviços ao Estado”, anota a pesquisa,
acrescentando que, por consequência,
este efeito também se
estendeu aos demais agentes económicos
(famílias e empresas) que
dependem de empresas fornecedoras
de bens e serviços ao Estado.
“Estado-geral” da banca
Em 2017, o sector de serviços financeiros
registou um crescimento
real de 1,1%, contribuindo em
5,6% no Produto Interno Bruto
(PIB).
Os activos totais do sector bancário
aumentaram em 6%, passando
de 491 bilhões em 2016 para 520
bilhões em 2017.
O aumento nos activos totais
ocorreu numa altura em que os
empréstimos e adiantamentos reduziram
16%, ao passarem de 277
bilhões em 2016 para 234 em bilhões
em 2017, o que é associado
ao fraco desempenho da actividade
económica, aliado à menor procura
no mercado de crédito, devido às
elevadas taxas de juro.
A pesquisa da KPMG destaca
ainda que o rácio de solvabilidade
bancária foi de 21%, correspondente
a uma melhoria de face
a 2016 (17%), estando acima do
limite regulamentar exigido pela
entidade reguladora.
No final de 2017, o sistema bancário
operava com 19 instituições
e o número de agências evoluiu
de 640 em 2016 para apenas 643
em 2017, enquanto o número de
caixas bancárias electrónicas, vulgo
ATM’s, aumentou de 1.728 para
1.767.
“O baixo aumento no número de
agências bancárias pode estar associado
ao facto de alguns bancos
terem fechado alguns balcões para
ajustar os custos operacionais num
ambiente económico difícil”, anota
a pesquisa.
“Apesar da conjuntura económica
adversa, o sector contribuiu activamente
no processo de bancarização
da economia e aceleração
da inclusão financeira através do
provimento de produtos e serviços
digitais com objectivo de servir
mais e melhor os consumidores financeiros”,
sublinha Teotónio Comiche,
presidente da AMB.
Evolução do lucro anual dos bancos intervenientes no mercado
TEMA DA SEMANA Savana 07-12-2018 5
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Savana 07-12-2018 6
PUBLICIDADE SOCIEDADE
A
escalada de violência em
Cabo Delgado está, aparentemente,
a colocar a
nu a falta de controlo e
incapacidade das forças de segurança
naquele ponto do país, com
insurgentes a movimentarem-se
pela província e a protagonizarem
ataques em aldeias com saques
e destruições pelo meio.
Duas aldeias do distrito de Nangade,
norte de Cabo Delgado,
foram atacadas no último sábado,
em mais uma acção de terror que
continua a ser imposta por grupos
armados inspirados no radicalismo
islâmico. No concreto,
trata-se das aldeias Machava e 5º
Congresso.
Na aldeia Machava, segundo soube
o SAVANA de fontes no terreno,
os insurgentes irromperam
em plena luz do dia, entre 12 e 13
horas, matando quatro pessoas,
dos quais um funcionário da administração
distrital de Nangade.
O funcionário era motorista de
um tractor que, normalmente, fazia
o trajecto entre a sede distrital
e a aldeia Machava, apoiando no
transporte de castanha de caju da
aldeia para a vila sede distrital.
Aliás, foi exactamente na altura
em que o tractorista ia buscar castanha
de caju que foi surpreendido
pela invasão dos atacantes,
tendo o tractor sido incendiado.
As restantes três vítimas da aldeia
Machava são pai e os seus dois
filhos.
Ainda no distrito de Nangade, os
insurretos atacaram por volta das
23:00 horas de sábado a aldeia
denominada 5º Congresso. Porque
já se sabia que a aldeia estava,
igualmente, na mira do grupo, a
administração local, em coordenação
com as Forças de Defesa e
Segurança (FDS), conseguiu disponibilizar,
aos milicianos locais,
um total de três armas de fogo.
Com base nelas, os milicianos
conseguiram, diante do ataque,
avançar para uma contra – resposta
e, graças à reacção, nenhum
civil foi morto pelos atacantes.
Entretanto, do confronto, soubemos,
dois milicianos foram feridos,
dos quais, um veio a perder
a vida no Hospital Distrital de
Mueda. À saída, os atacantes conseguiram
ainda atear fogo em 43
casas construídas de material precário.
A 27 de Novembro passado,
a aldeia de Namacuto, a cerca de
50km de Macomia, foi saqueada,
casas incendiadas e habitantes
expulsos. Os ataques têm sido cometidos
na base de meios artesanais,
sem recurso a armas de fogo.
A 22 de Novembro, registou-se
um ataque na aldeia de Chikaua,
distrito de Nangade, próximo da
fronteira com a Tanzânia. 12 civis
em diversas aldeias foram mortos,
com a destruição de dezenas de
casas. Fontes no terreno fazem
notar que os insurgentes estão a
adoptar uma estratégia de dispersão
das suas células, tornando
a sua eliminação mais complexa.
Vários países e parceiros privados
têm vindo a oferecer apoio ao governo.
Estados Unidos da América,
Rússia, África do Sul, Argélia
e Marrocos são alguns dos países
que se disponibilizaram a apoiar.
Até ao momento, Moçambique
tem resistido em aceitar apoios
internacionais, porque, segundo
apurámos, tal corresponderia a
assumir a falta de controlo da situação
numa zona palco de grandes
investimentos na indústria de
gás natural.
Num passado recente, chegaram
propostas do sector privado envolvendo
Erik Prince, o norte-
-americano fundador da Blackwater,
multinacional do sector
de segurança privada e sócio da
Frontier Services Group, que
entrou na Ematum, pela mão
de António Carlos do Rosário
(ACR), antigo director da inteligência
económica nos Serviços
de Informação e Segurança do
Estado (SISE). ACR, identificado
como Indivíduo “A” no relatório
Kroll, é um dos cérebros
das chamadas dívidas ocultas,
que empurraram o país para um
descrédito nas praças financeiras
internacionais.
,QVXUJHQWHVLQWHQVLÀFDPDWDTXHVHP&DER'HOJDGR
Administrador de férias
No sentido de apurar mais elementos
sobre o sucedido, o SAVANAprocurou
falar com o administrador
distrital de Nangade,
Dinis Mitandi, mas aquele responsável
do Estado não conseguiu
dar detalhes da situação, alegadamente
porque está de férias
há quatro dias.
No concreto, não desmentiu, mas
também não confirmou, tendo
deixando simplesmente a indicação
de que “não estando no local,
não posso descrever o ambiente
do que aconteceu”. Nisto, pediu
que falássemos com a Polícia da
República de Moçambique, tanto
a nível provincial, assim como a
nível do Comando-Geral.
Entretanto, como se sabe, a Polícia
da República de Moçambique
em Cabo Delgado, há muito, que
rejeita completamente abordar o
assunto “homens armados” e o
Comando-Geral já deixou claro
que só fala uma vez por semana,
no caso, às terças.
Oficialmente não existem dados
do balanço em torno das acções
de homens armados em Cabo
Delgado, mas calcula-se em cerca
de 280, o número de pessoas que
já terão morrido desde Outubro
de 2017, entre população civil
(maioria), elementos das Forças
de Defesa e Segurança e do grupo
atacante.
(Redacção)
Violência continua em Cabo Delgado com mortes e várias casas incendiadas
Savana 07-12-2018
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Savana 07-12-2018 8
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A continuar uma história de inovação que se estende há mais de 130 anos. Hoje, a ABB, escreve o
futuro da digitalização industrial com duas proposições claras: ao trazer eletricidade de qualquer
estação de energia para qualquer tomada e ao automatizar indústrias desde recursos naturais a
produtos finalizados. A ABB tem o prazer de anunciar a nossa nova sede nas icónicas Torres Rani
Towers, em Maputo, reafirmando o compromisso a Moçambique como um mercado de crescimento
rápido e uma importante base de clientes.
Clientes podem, agora, contactar-nos: Torres Rani Towers, Av. da Marginal, 141,
8 piso, +258 20 300 244/5 | abb.com/Africa
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Nova sede da ABB abre em Maputo
Vamos juntos escrever o futuro
Savana 07-12-2018
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10 Savana 07-12-2018 PUBLICIDADE
Poderão candidatar-se aos Testes de Diagnóstico
indivíduos que preencham os seguintes requisitos:
Î)ŸƋƚÚ±ĹƋåŸÚŅ)ĹŸĜĹŅåÏƚĹÚ´ųĜŅ:åų±ĬŧƚåƋåĹʱĵ
ÏŅĹÏĬƚĝÚŅ±ŎƖřÏĬ±ŸŸåÚŅc)ŅƚåŧƚĜƴ±ĬåĹƋåſ
Îų±Æ±ĬʱÚŅųåŸŧƚåƋåĹʱĵÏŅĵŞĬåƋ±ÚŅ±ŎƖřÏĬ±ŸŸå
ÚŅc)ŅƚåŧƚĜƴ±ĬåĹƋåŞ±ų±ÏŅĹƋĜĹƚ±ÓÅŅÚååŸƋƚÚŅŸØ
ŸåĵŞųåģƚĝDŽŅÚ±ĬåčĜŸĬ±ÓÅŅåĵƴĜčŅųţ
PERÍODO DE INSCRIÇÃO
e±ŞųåŸåĹƋ±ÓÅŅÚ±ŸÏ±ĹÚĜÚ±Ƌƚų±ŸÚåÏŅųųåűåÏųåƋ±ųĜ±
ÚŅF )aرƋæŅÚĜ± 10 de Dezembro de 2018.
Os candidatos aos testes serão avaliados apenas nas
disciplinas nucleares dos cursos da sua preferência.
BŅų´ųĜŅ×í×ƐLjBŠ%ĜƚųĹŅšåŎƀ×ƐLjBŠ{ņŸěĬ±ÆŅų±Ĭšţ
Escola/Curso Vagas
Diurno cŅÏƋƚųĹŅ Peso Peso :ųƚŞŅ
Disciplinas Requisitos
Disciplina 1 Disciplina 2
ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
aåÚĜÏĜű:år±Ĭ
aåÚĜÏĜű%ånƋ´ųĜ±
F±ųĵ´ÏĜ±å ontrŅĬåÚå}ƚ±ĬĜÚ±ÚåÚåaåÚĜϱĵåntos
210
50
50
ESCOLA SUPERIOR DE ECONOMIA E
GESTÃO DE NEGÓCIOS
:åsƋÅŅÚå)ĵŞų埱Ÿ
onƋ±ÆĜĬĜÚ±Úåå Auditoria
:åstão Financeir±åÚååčƚros
:åsƋÅŅÚåa±ųĩeting
:åstão de RecurŸŅŸBƚĵ±ĹŅŸåcåčŅÏĜ±ÓÅŅ
100
120
100
50
80
50% 50%
50% 50%
50% 50%
50% 50%
50% 50%
aaƋåĵ´ƋĜϱ Português
aaƋåĵ´ƋĜϱ Português
aaƋåĵ´ƋĜϱ Português
aaƋåĵ´ƋĜϱ Português
aaƋåĵ´ƋĜϱ Português
ESCOLA SUPERIOR DE ENGENHARIAS E
TECNOLOGIAS
)ngenharia InfŅųĵ´ƋĜϱ
)ĹčåĹʱųĜ±:åŅĬņčĜϱåÚåaĜűŸ
100 aaƋåĵ´ƋĜϱ 50%
100
50%
50% 50%
Física
aaƋåĵ´ƋĜϱ Física
ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS
JURÍDICAS E ARTES
Arquitectur±åųƱĹĜŸĵŅ
Direito
45
150
B
B
B
A
A
A
A
A
C
C
C
A
50% 50%
50% 50%
Desenho aaƋåĵ´ƋĜϱ
Português História
80
80
80
50
60
-
-
-
-
-
-
50
50% 50%
50% 50%
50% 50%
ĜŅĬŅčĜ± }ƚĝĵĜϱ
ĜŅĬŅčĜ± }ƚĝĵĜϱ
ĜŅĬŅčĜ± }ƚĝĵĜϱ
cŅ ¶ĵÆĜto das conÚĜÓŝes gerais de ingresso no )nsino uperiŅųØ previstos na ĬåĜ n° Ɩƀ/ƖLjLjĿØ de eƋåĵÆro ŠXåĜ do )nsino
ƚŞåųĜŅųØ artigo ƖƐØ n° 5 ±Ĭínea ±š onde a coĹÚĜÓÅo de acesso à fŅųĵ±ÓÅŅ conducente ao grau ±Ï±ÚæĵĜco de XĜÏåĹÏĜatura æ a
coĹÏĬƚŸÅŅ com aprov±ÓÅŅ da ŎƖř cĬasse ou equiv±ĬentåØ o F )a torna ŞƜÆĬĜco que irão decorrer no dia 11 de Dezembro
de 2018, Testes de Diagnóstico e Entrevistas Vocacionais para admissão aos cursos que a seguir se indica:
Para mais informações contacte:
åÏųeƋ±ųĜ±ÚŅF )aØĹŅ ±ĵŞƚŸUniverŸĜƋ´ųĜŅ
Rƚ±ŎƐĿĉěZona da Fe FaØƐƖƖěa±ŞutŅţ
åĬ×íƖƐLjĿĉŎƐLjŅƚíƖƐŎƐƖƖLjLj
)ěĵ±ĜĬןåÏųeƋ±ųĜ±ÄĜŸÏƋåĵţ±ÏţĵDŽ
www.isctem.ac.mz
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Testes de Diagnóstico e
Entrevistas Vocacionais
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Cidade de Nacala, província de Nampula, o lançamento do PROJECTO
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A iniciativa visa estimular o desenvolvimento socioeconómico e melhorar a
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potencial agrícola e pesqueiro.
14 Savana 07-12-2018 Savana 07-12-2018 15
NO CENTRO DO FURACÃO
Francisco Mabjaia abandonado pelos próprios camaradas
Arepetição da eleição
em oito mesas da vila
autárquica de Marromeu,
província de
Sofala, que teve lugar há duas
semanas, continua a deixar
muitos cidadãos incrédulos.
O primeiro presidente da Comissão
Nacional de Eleições
(CNE) e académico Brazão
Mazula juntou-se ao corro de
críticas, qualificando o escrutínio
como “paradigmático” da má
gestão dos processos eleitorais
no país.
Conhecedor profundo dos “dossiers”
sobre sufrágios eleitorais
em Moçambique, Brazão Mazula
defende que “Marromeu”
foi uma autêntica falta de respeito
para com a vontade do
povo.
Notando que a gestão dos processos
eleitorais tem sido o
principal motivo de conflitos no
país, o académico entende que
os órgãos eleitorais, nomeadamente
Comissão Nacional de
Eleições e Secretariado Técnico
de Administração Eleitoral
(STAE) devem ser remodelados
o mais rápido possível para se
evitarem conflitos no próximo
ano, uma vez que estão marcadas
eleições gerais.
Brazão Mazula mostrou-se
agastado com a forma como foi
conduzida a repetição da votação
eleitoral em Marromeu, que
deu vitoria à Frelimo, perante
relatos de graves irregularidades
que roçam a fraude.
Lamentou a indiferença dos
órgãos eleitorais perante as irregularidades
relatadas. Isto, prosseguiu
o académico, faz concluir
que Marromeu foi um caso
“paradigmático” de um processo
eleitoral viciado.
Falando na noite desta terça-
-feira, no “atelier” de filosofia
sobre o tema “ideais tortas sobre
a democracia”, o também antigo
reitor da Universidade Eduardo
Mondlane diz que, ao questionar
alguém da CNE sobre a forma
não comum como foi dirigido
o processo, o mesmo atribui
os excessos à polícia.
Mazula diz ter descartado esse
argumento, porque entende que
nenhum militar ou polícia pode
agir daquela maneira sem que
tenha recebido um comando específico.
Considera que as Forças de Defesa
e Segurança sabem muito
bem quais os castigos que lhes
podem ser infligidos, caso avancem
sem ordens expressas.
Refere que é possível que as ordens
para torpedear as eleições não partam
de um comando central, o que
pode significar que há vários centros
de poder paralelo, fragmentando
desta maneira, o poder central.
Anotou que esta situação pode ser
um sinal revelador de que a CNE
não tem capacidade de se sobrepor
às comissões distritais, numa altura
em que se fala da necessidade de reconciliação.
“O que aconteceu em Marromeu foi
um desrespeito total com a população
eleitoral. É como se estivessem
a dizer vocês votem e nós decidimos.
O voto é um momento sagrado de
um cidadão para decidir a eleição do
seu dirigente”, avalia.
O Estado e os órgãos eleitorais devem
respeitar o voto, porque é o único
momento em que os cidadãos tomam
uma decisão sobre a sua pátria,
observou.
Acrescentou que as recém-terminadas
eleições autárquicas devem servir
de lição para que o que aconteceu de
mal não seja repetido próximo ano,
nas eleições gerais, que, pela primeira
vez, vão eleger os governadores provinciais.
E porque o tema central da sua dissertação
da noite era sobre a paz,
sublinhou que é preciso remodelar a
CNE e o STAE o mais rápido possível
para evitar mais uma guerra no
país.
Mas Mazula pode estar a beber do
próprio veneno, pois foi o mesmo
que indicou Abdul Carimo, enquanto
seu colega no Observatório Eleitoral,
para se candidatar a membro
da CNE, onde veio a ser nomeado
presidente.
Mazula diz que nas conversas que
mantém com os órgãos eleitorais,
queixam se de pressões políticas, o
que descreve como normal, dado que
“ninguém vai a um jogo com o intuito
de perder”.
Atirou responsabilidades à CNE na
qualidade de gestora do processo
eleitoral, assinalando que ela deve
saber resistir a pressões, agindo de
forma imparcial, soberana e com
verticalidade tal como emana a lei.
Considera que é preciso apostar em
pessoas que possam trabalhar dentro
desse espírito, uma vez que há muita
gente honesta e comprometida com
o bem-estar e que não está filiada a
nenhum partido.
Falta reconciliação
Debruçando-se sobre o tema da
noite, “ideais tortas sobre a paz”, o
académico socorreu-se da mitologia
grega para falar da deusa Atenas que
era considerada a deusa da paz.
Para Atenas, a paz rimava com três
qualidades: o espírito de tolerância,
o recurso à razão, para que não tomasse
decisões precipitadas e com
base na argumentação. Esta aliança
de espírito e razão dava-lhe uma terceira
qualidade, que é a coragem de
decisão.
Para Mazula, a paz aparece neste
episódio como união de três qualidades.
Manifestou a sua preocupação
com o rumo do país, criticando o
legalismo na tomada de decisões em
detrimento do espírito.
“Não temos a coragem de dizer que
isto não está bem e isto está mal,
porque muitas vezes aquele que deve
tomar a decisão fica aí a titubear e
se deixa vender ou intimidar por temer
perder o seu lugar ou benesses”,
disse.
Continuando, apontou que vê a paz
como a reconciliação de espírito de
tolerância com razão, justiça e ao
mesmo tempo coragem.
Para que haja estabilização da paz,
propôs a “substancialização” da
Constituição da República, o que
passa por colocar na lei fundamental
do país um artigo que obriga as instituições
a actuarem no domínio da
reconciliação.
“A Frelimo e a Renamo assinaram
um acordo de paz que deveria
revelar como é que a economia,
a cultura, a educação e a
justiça nos tribunais vão espelhar
a reconciliação”, disse.
O Acordo geral de Paz fala da
necessidade de reconciliação e da
democracia, que foram quebradas
passados 20 anos.
Recordou que desde esse tempo,
luta-se para o alcance da integração
e da reconciliação, mas, sistematicamente,
esses objectivos
têm sido estorvados com a realização
de eleições.
Defende que a integração é importante,
porque todo o moçambicano
está na sua pátria e não
pode ser vítima de exclusão.
“A moçambicanidade não reside
na cor da pele, na tribo, filiação
partidária, religião, entre outros,
somos da cidadania moçambicana
pelo território e pelo sangue
também”, frisa.
Avança que uma das coisas que
contribui para o fracasso de reconciliação
em Moçambique é
que os dois partidos que se confrontaram
no campo de batalha,
Frelimo e Renamo, não se reconciliaram
com o povo e cada um
faz do povo sua propriedade.
Segundo Mazula, reconciliar significa,
por vezes, pedir desculpas,
pelo que a Frelimo a Renamo
deviam assinar o acordo de paz e
a seguir pedir desculpas ao povo,
como primeiro passo para a reconciliação.
Culto de personalidade
Intervindo na ocasião, o conhecido
advogado Albano Silva e esposo
da antiga Primeira-Ministra
de Moçambique, Luísa Diogo,
disse que durante o reinado de
Armando Guebuza cultivou-se
muito culto à personalidade e,
consequentemente, pessoas sem
competências técnicas foram nomeadas
para cargos importantes.
Foi neste prisma em que também
se desenvolveu o conceito de que
para ser alto dirigente do Estado
tinha de ser membro do partido
Frelimo.
Segundo Albano Silva, essa linha
fragilizou os serviços públicos no
país, pois deixou-se de lado a idoneidade
e o profissionalismo.
Elogiou figuras como Hélder
Martins que o descreveu como
uma pessoa vertical que, ao longo
da sua carreira, apostou no trabalho
e sempre que fosse necessário
criticava sem medo de perder
nada.
Brazão Mazula defende nomeações com base em competências e não
ÀOLDomRSDUWLGiULD
Receita para se evitar nova guerra
Mazula pede “cabeça” dos
órgãos eleitorais
Por Argunaldo Nhampossa AFrelimo, ao nível da
cidade de Maputo, interrompeu
o mandato
de Francisco Mabjaia
na presidência do partido ao nível
da capital.
Com a queda do elenco de
Mabjaia, sobe para quatro o número
de primeiros secretários
provinciais forçados a abandonar
os cargos antes do término
dos seus mandatos. Trata-se de
Zacarias Soto, na província de
Gaza, Paulo Majacunene em
Sofala e Lote Maueia na província
de Maputo.
Porém, enquanto os três primeiros
secretários caíram por decisão da
Comissão Política, Francisco Mabjaia
foi suspenso por deliberação do
Comité da Cidade e, aparentemente,
contra vontade da direcção máxima
da Frelimo.
A Comissão Política (CC) vai dirigir
os destinos do partido, nos
próximos dias, até a eleição do novo
secretariado, que deverá acontecer
antes da Sessão Ordinária do Comité
Central, marcada para Março
de 2019.
Mabjaia solitário
O SAVANA sabe de fontes próximas
que a queda de Mabjaia, e sua
equipa, deveu-se à forma como geriu
as eleições internas do partido
que visavam eleger o cabeça-de-
-lista para o município de Maputo.
Francisco Mabjaia ignorou a vontade
das bases para agradar interesses
superiores, e na hora de ajuste de
contas, a direcção máxima da Frelimo
“distanciou-se” do então secretário
do comité da cidade.
Esta não é a primeira que um secretariado
perde o mandato depois
de ignorar as bases em obediência
ao poder central. Em 2003, António
Hama Thay, então primeiro-
-secretário da Frelimo na cidade de
Maputo, viu o seu mandato interrompido
pelas bases depois de acatar
as ordens de Joaquim Chissano,
então presidente da Frelimo, para
viabilizar a candidatura de Eneas
Comiche, em detrimento de Teodoro
Andrade Waty, que na altura
era a preferência das bases. Na hora
da vaia, Hama Thay não teve protecção
do poder central.
Mabjaia ascendeu ao cargo de primeiro-secretário
da Frelimo na cidade
de Maputo em Junho de 2015,
em substituição Hermenegildo Infante
que devido à incompatibilidade
do cargo com o ser deputado
colocou o lugar à disposição.
Na altura, Mabjaia obteve 73 votos,
contra 35 de Carlos Mucavel e um
de Joel Numaio.
Em Junho de 2017, o Comité da
Frelimo na capital reconduziu
Mabjaia para um mandato de cinco
anos, numa corrida unitária que
conferiu vitória com 97% do total
de votos.
A longa metragem que culminou
com a queda de Mabjaia começa
a desenhar-se a partir do dia 29 de
Outubro, quando o gabinete eleitoral
reuniu-se para fazer o balanço
das eleições autárquicas de 10 de
Outubro.
Nesse encontro, apesar do então
primeiro-secretário e a sua equipa
terem feito uma avaliação positiva
já que, o partido e o seu cabeça de
lista, Eneas Comiche, saíram vitoriosos,
os camaradas não ficaram
convencidos e exigiram a convocação
duma sessão do comité da cidade
para o esclarecimento de todas
as zonas de penumbra em torno do
processo.
Dentre as irregularidades constatadas
destaca-se a violação dos estatutos
partidários, viciação dos resultados
das eleições internas, o que
alterou a vontade das bases. Igualmente,
foram violadas as directivas
partidárias, exclusão de candidatos
eleitos pelas bases por pessoas estranhas
ao comité da cidade, falsas
promessas, arrogância, fomento de
intrigas, abuso de poder, violação
das deliberações internas, suspeitas
de má gestão de fundos colectados
para o apoio à campanha eleitoral e
aliciamento de membros.
De acordo com as fontes, durante
o processo eleitoral, Mabjaia ignorou
os órgãos do partido ao nível da
capital como é o caso das recomendações
do comité de verificação sob
argumento de que as suas decisões
resultavam das orientações da presidência
do partido.
Francisco Mabjaia não acatava o
apelo dos seus camaradas e optou
pela estratégia de dividir para reinar,
criando grupos privilegiados e
outros marginalizados.
Consta que depois da exclusão dos
candidatos eleitos pelas bases nomeadamente:
Samora Machel Júnior,
Gilberto Mendes e João Matlombe,
a equipa de Mabjaia andou
pelos bairros a aliciar membros
influentes, prometendo incluir seus
nomes na lista dos candidatos à Assembleia
Autárquica de Maputo.
Para tal, a condição era chancelar
o nome de Eneas Comiche como
cabeça-de-lista. No mesmo catálogo
incluía-se os nomes de Fernando
Sumbana Júnior e Razaque
Manhique.
Contam as fontes que, mesmo com
a sensibilização de Mabjaia apoiado
por Margarida Talapa, a maioria
dos membros votou em Fernando
Sumbana Júnior, mas como a direcção
máxima da Frelimo queria
Comiche como cabeça-de-lista os
resultados foram manipulados a favor
do actual deputado da Frelimo
e antigo edil de Maputo.
A recusa de Mabjaia em aceitar o
júri popular aumentou a ira no seio
dos camaradas, sobretudo os grupos
isolados que, vendo-se numa situação
de marginalização, foram às bases
à busca de apoio.
Daí, o grupo submeteu uma carta
aos órgãos superiores do partido e
ao comité de verificação exigindo
a realização de uma sessão extraordinária
do comité da cidade com
único ponto de agenda: análise do
relatório balanço do gabinete de
preparação das eleições autárquicas
de 2018.
Na mesma missiva, os camaradas,
com os nervos à flor da pele, alertavam
que se o ambiente de cortar à
faca prevalecer, a vitória da Frelimo
nas próximas eleições podia estar
em risco.
No abaixo assinado endereçado a
Margarida Talapa, na qualidade de
chefe da brigada central de assistência
à cidade de Maputo, ao comité
de verificação e outros órgãos superiores
da Frelimo, os signatários defendiam
que a análise do relatório
balanço era muito importante para
a vida do partido na cidade.
Acrescentam que o adiamento da
sessão não proporcionaria um bom
clima para a preparação das eleições
do próximo ano.
No documento, os camaradas referiam
que os empecilhos criados, por
Mabjaia, para adiar a sessão extraordinária
contrariavam as orientações
emanadas pelo secretário-geral,
Roque Silva, para que fossem analisados
todos os problemas da cidade
depois de 10 de Outubro.
O grupo frisava que a recusa em
realizar a sessão extraordinária do
comité da capital do país é contra
os estatutos da Frelimo.
Consta que para frear os ânimos
dos camaradas insurgentes, sobretudo
com a exclusão dos candidatos
eleitos pelas bases para concorreram
à cabeça-de-lista, Francisco
Mabjaia convocou várias reuniões
em que ameaçou a quem insistisse
com a exigência de explicações
sobre a desqualificação das candidaturas
excluídas, sobretudo a de
Samora Machel Júnior.
Mabjaia classificou esses insurgentes
de “agitadores e fomentadores
de intrigas”.
Reunião de Magoanine
Recordar que em Setembro de
2017, quando decorriam os trabalhos
do XI Congresso da Frelimo, o
presidente da Frelimo, Filipe Nyusi,
recusou a oferta de um tractor vindo
do Comité da cidade, liderada
por Mabjaia.
Prevendo o seu possível afastamento,
Francisco Mabjaia reuniu, no
passado dia 22 de Novembro, numa
casa de pasto no bairro de Magoanine
CMC, todos os primeiros
secretários distritais, secretários de
mobilização e propaganda e alguns
membros influentes ao nível da Organização
da Juventude Moçambique
para pedir seu apoio. O encontrou
iniciou cerca das 19 horas e
prolongou-se até à madrugada.
Nesta terça-feira, 04, o Comité da
cidade convocou a sessão extraordinária
para analisar o relatório eleitoral
e outras questões prejudiciais
ao partido.
O encontro iniciou às 15 horas e
terminou cerca das duas horas de
madrugada do dia 05.
Na reunião, Mabjaia não conseguiu
convencer os camaradas e estes
votaram pela sua destituição bem
como do secretariado.
Foram 87 votos a favor da destituição,
sete abstenções e um voto
contra.
Antes da votação, mas no meio dum
ambiente tenso e de reprovação à
sua conduta, Mabjaia reconheceu
os erros e pediu desculpas, apelou
aos camaradas que reconsiderassem
as suas decisões e que tudo faria
para mudar.
Contudo, os apelos foram ignorados
e os camaradas entenderam que
os erros do actual secretariado eram
graves demais, sendo que para não
influenciar as investigações dos supostos
desvios de fundos de apoio
à campanha eleitoral, o grupo devia
ser afastado da direcção do partido.
Margarida Talapa esteve presente
e assistiu ao encontro do princípio
ao fim. No princípio tentou apelar
à calma e união no seio dos camaradas.
Também pediu que se desse
mais uma oportunidade ao elenco
de Mabjaia, mas os frelimistas ignoraram.
Sem espaço, Talapa optou pelo silêncio
até ao fim do encontro.
Na tarde desta quarta-feira, o SAVANA
tentou recolher a opinião
de Francisco Mabjaia, mas sem sucesso.
Ao SAVANA, Caifadine Manasse,
secretário para mobilização e propagada
referiu que a direcção da
Frelimo classifica o sucedido com
tamanha normalidade, visto que os
membros do partido ao nível da capital
usaram os estatutos para exercer
seu direito.
Sublinhou que a Frelimo é um partido
que aceita a crítica e autocritica,
e a suspensão do secretariado
da cidade de Maputo representa
que há democracia do partido e os
membros é que decidem.
Manasse nega que as suspensões
representam algum sinal de instabilidade
e diz que o partido está cada
vez mais forte .
A queda do tractorista
Por Raul Senda
Francisco Mabjaia o 4X4 que derrapou na rampa dos camaradas
Camaradas sentenciam o futuro político do secretariado da Frelimo na capital
Savana 07-12-2018 16 PUBLICIDADE SOCIEDADE
Savana 07-12-2018 17 SOCIEDADE PUBLICIDADE
18 Savana 07-12-2018 OPINIÃO
Registado sob número 007/RRA/DNI/93
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Cartoon EDITORIAL
George Bush foi um Presidente de
grande carácter. Foi um grande
Presidente dos EUA. Tenho muita
saudade de líderes da nação americana
como foi George Bush.
O meu primeiro contacto com George
Bush e a sua mulher, Barbara, deu-se em
Março de 1986, era eu primeiro-ministro,
num jantar informal na residência de S.
Bento. George Bush era então vice-presidente
dos EUA e fora convidado para a
tomada de posse de Mário Soares. A impressão
com que fiquei foi muito agradável,
quer do ponto de vista político, quer
do ponto de vista pessoal. Bush era um homem
extremamente bem informado sobre
as questões políticas externas, em especial
europeia e africana, mas conquistou logo a
minha simpatia e a da minha mulher com a
sua afabilidade natural.
Estabelecemos com o casal Bush uma relação
amiga que se manteve ao longo dos
anos. Fomos convidados para passar um
fim-de-semana na casa dos Bush no Maine,
Kennebunkport, antes do início da minha
visita oficial a Washington, em Outubro
de 1986. Os laços estabelecidos nesse
descontraído contacto prévio foram muito
importantes para os encontros que mantive
em Washington nas visitas que efectuei.
Numa visita oficial em 1990 fomos convidados
pelos Bush para um encontro na
parte privada da residência da Casa Branca.
Já depois de ter deixado a presidência dos
EUA e a actividade política, veio a Portugal
em 1994 e voltámos a encontrar-nos. Da
sua mulher, registei uma frase que quase
nos gritou para marcar como era importante
para ela: “Há vida para além da política”.
Bush voltou a Lisboa para a minha tomada
de posse como Presidente da República.
Nas duas visitas que efectuei à Casa Branca
sendo George Bush Presidente, destaco as
conversas referentes à guerra civil em Angola,
em Janeiro de 1990, em que defendi
as negociações directas entre o Governo e a
UNITA, tendo em vista alcançar a paz e a
reconciliação da nação angolana. Segundo
o subsecretário de Estado Herman Cohen,
essa conversa terá contribuído para a mudança
da posição norte-americana em relação
a Luanda.
Em Maio de 1991, quando foi assinado o
acordo do Estoril para a paz em Angola,
Bush enviou-me uma mensagem em que
sublinhava enfaticamente o papel desempenhado
pelos negociadores portugueses.
George Bush era um Presidente com um
conhecimento profundo das questões internacionais,
como tive oportunidade de testemunhar
nas conversas que com ele mantive
na Casa Branca após a queda do muro de
Berlim. Falámos sobre a reunificação da
Alemanha, a evolução política e económica
na Europa Central e Oriental, o papel da
NATO, o processo de integração europeia
e a invasão do Kuwait pelo Iraque.
Bush teve sempre uma posição positiva em
relação a Portugal. Bush foi um amigo de
Portugal. Recordo como acolheu muito positivamente
a proposta que lhe apresentei
de renegociação do acordo de cooperação
e defesa entre Portugal e os EUA de 1951,
face à nova situação internacional, acordo
que veio a ser assinado em 1995, já no mandato
de Bill Clinton.
George Bush foi um Presidente de grande
carácter. Foi um grande Presidente dos
EUA. Tenho muita saudade de líderes da
nação americana como foi George Bush.
*Antigo chefe de Estado português
A vergonhosa fraude
eleitoral de Marromeu
P
or todos os relatos até aqui produzidos, cristaliza-se a imagem de
que as eleições do dia 22 de Novembro, em Marromeu, não corresponderam
aos padrões de um escrutínio livre, justo e transparente.
Em resumo, nunca se pode considerar que tenham sido credíveis.
Os seus resultados não podem, por isso, serem considerados legítimos.
Estas eleições eram uma repetição, depois do CC ter concluído que as primeiras, no
dia 10 de Outubro, estavam repletas de irregularidades tais que não permitiam que
elas fossem consideradas como sendo o reflexo integral da vontade dos eleitores. Tratava-se,
por isso, de uma correção. Mas foi uma correção que foi dar mais do mesmo.
A avaliação feita por vários observadores nacionais, incluindo jornalistas, e ainda os
outros partidos concorrentes, com a excepção da Frelimo, fala de ilícitos protagonizados
à luz do dia, por gente cuja responsabilidade é proteger a integridade do desejo
dos eleitores, e não subverte-lo. A todos os níveis, foi uma eleição catastrófica; com um
nível de irregularidades que tornam a primeira eleição um piquenique no jardim. De
facto, foi um gesto com o dedo do meio para o Conselho Constitucional, que decidira
pela repetição do escrutínio.
Há factos irrefutáveis, que aconteceram nesta eleição em Marromeu, os quais, por si
só, devem ser considerados indicação clara de que o processo foi viciado.
A interrupção da contagem de votos é grande motivo para que não se tenha fé na
integridade dos passos subsequentes. A contagem deve ser contínua, contando a partir
do momento em que é concluída a votação.
A retirada de qualquer urna contendo votos para outro local que não seja o oficialmente
indicado para a contagem deve ser o suficiente para invalidar o escrutínio. Mesmo
que se alegue que a mesma é posteriormente devolvida, quem é que terá fé quanto à
impossibilidade de ela ter sido trocada ou mesmo violada?
Estes são factos ocorridos em Marromeu, e que devem levar qualquer entidade séria e
responsável a não aceitar que os resultados daquela eleição sejam tidos como válidos.
Esta eleição deve ser nula, e os dirigentes dela resultantes declarados ilegítimos.
A gravidade da situação levou a hierarquia da Igreja Católica, geralmente reservada
quanto a estas matérias, a referir-se ao caso na sua última Carta Pastoral. A repetição,
diz aquela instituição religiosa, “não repôs a credibilidade do processo eleitoral, tendo
resultado em piores arbitrariedades que incluíram a falta de produção de editais nas
mesas de votação, forja de editais (...)”
Os Bispos consideram que esta acção “manifesta um claro desacato à decisão do Conselho
Constitucional de retomar as eleições em moldes claros e transparentes”.
A embaixada dos Estados Unidos, um dos principais parceiros para o desenvolvimento
de Moçambique, não ficou alheia a este processo, e nem se deixou ficar por uma
linguagem diplomática, perceptível apenas numa leitura entrelinhas.
“Estamos seriamente preocupados que as irregularidades reportadas a seguir ao processo
de contagem em Marromeu irão ensombrar a corrida eleitoral no seu todo”,
diz uma nota daquela representação diplomática, ao mesmo tempo que faz notar que
“uma democracia sólida e estável depende de um processo eleitoral que é consistentemente
transparente, justo e legítimo”.
Mas a maior indignação para a sociedade não deve ser somente pelo facto destas irregularidades
terem acontecido. Deve residir, isso sim, na constatação de se tratar de
acções sistemáticas nos nossos processos eleitorais, deliberadas, e muitas vezes perpetradas
por pessoas devidamente identificadas, mas a quem a lei não ousa incomodar.
A Frelimo, em nome de quem estes actos criminosos são cometidos, supostamente
para a favorecer, nunca se insurgiu publicamente contra eles, o que sugere que não se
sente incomodada por isso.
É sintomático que todos os partidos da oposição reclamem que tenha havido fraude,
que missões de observação sejam unânimes quanto a isso, mas aparecer sempre o partido
Frelimo a defender que as alegações de fraude existem apenas na fertilidade da
imaginação dos outros, e reiterar a sua confiança plena nos órgãos de administração
eleitoral onde possui maioria, e onde as decisões são sistematicamente tomadas pela
via do voto, e não no estrito respeito pela lei.
Pelas responsabilidades que tem na administração do Estado, e dado o seu percurso histórico
como partido que lutou contra a injustiça colonial, a Frelimo devia se sentir embaraçada
com este tipo de situações. Ao acobertar estes actos e impor a sua autoridade sobre
populações que querem uma governação alternativa nos seus territórios, ela não se diferencia
do modelo colonial contra o qual os moçambicanos se revoltaram durante séculos.
Um país que quer ser levado a sério não pode ter uma classe política que funciona
como uma máfia, uma máfia que pelos seus ignóbeis actos desafia as instituições do
Estado, colocando, por isso, em causa a segurança, estabilidade e progresso desse mesmo
Estado.
Dizer que estes actos são revoltosos é ser brando perante uma situação que já ultrapassa
os limites do tolerável.
Saudade de um líder como Bush
LIBERDADE DE IMPRENSA!
INTERDITA
Por Anibal Cavaco Silva*
Savana 07-12-2018 19 OPINIÃO
604
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Portal: https://oficinadesociologia.blogspot.com
Uma coleção internacional [27]
Foi um ano que confirmou que
não existem armas para o cidadão
comum se manifestar, a não ser o
alinhamento em grupo. Para muitos,
como eu, que não contestam os
resultados mas sim a transparência
de como foram alcançados e o processo
em si, a preocupação se manifesta
por causa do possível impacto
que isso poderá ter no futuro. Seja
ele para as negociações da paz ou na
legitimidade e credibilidade do grupo
no poder.
O precedente está aberto e a consolidação
democrática, bem como a
estabilidade do país estão em causa.
Mais preocupante será a pressão ou
a limitação de opções que o eleitorado
tem. Como já foi dito em
várias plataformas, essas pressões
podem levar os cidadãos a tomarem
decisões que para nós são irracionais
como o terrorismo, a revolta, o roubo
e até seguir falsos profetas, mas
que para eles são os únicos caminhos
para aliviar o vazio.
Mais uma vez o fim do ano
está à vista, 2018 chegou,
fez e desfez e já se está a
ir. Foi um ano turbulento,
com muitas surpresas, algumas
boas como a possibilidade de um
novo namoro com a paz, o renovar
de esperanças com a assinatura dos
compromissos para a exploração
do gás e, por que não, o triunfo da
equipe de basquetebol feminino do
Ferroviário de Maputo e tantas outras
conquistas no desporto, que nos
deixam orgulhosos pelas medalhas,
mesmo sem o apoio que seria desejado.
Deve-se também congratular
os moçambicanos que, por mais um
ano, mantiveram o sistema intacto e
com sinais positivos de crescimento
económico.
Uma geração com uma nova forma
de estar parece também estar a despertar.
Startups jovens como, Compra.co.mz,
UX , Mozbikes, Mozapp,
Karingana, Izyshop entre outras que
têm o potencial de se transformarem
nas novas estrelas no país e no
continente.
Mas este ano, ficamos também com
alguma clareza sobre o tamanho
dos nossos desafios colectivos. Ficamos
a saber que o nosso sistema
financeiro é muito mais vulnerável
do que pensávamos. Ficamos a saber
sobre o tamanho das lacunas no
nosso sistema eleitoral, que existem
várias interpretações das regras de
jogo, que estão em mudança constante,
facto que não traz confiança
nem ao eleitor nem aos candidatos.
Confirmou-se o check-mate da nossa
política com o espírito Estalinista
dos partidos, citando a famosa
opinião sobre eleições: “É suficiente
que as pessoas saibam que houve
uma eleição. As pessoas que votam
decidem nada. As pessoas que contam
os votos decidem tudo”. Eu adicionaria
a esta citação que o topo da pirâmide
é que escolhe o candidato e o
voto popular não passa de um mero
like como no Facebook ou Instagram.
Muitos também dizem que, comparando
com nossos desafios básicos,
“talvez a democracia não seja para
nós”. E até podem ter razão, tendo
em conta os recursos que para tal
são canalizados e o tempo utilizado
para estas manobras cívicas. Mas
sem ela, como haveríamos de usufruir
dos nossos direitos ou manter
a vigilância sobre o poder? Também
se pode questionar se estaremos a
utilizar a democracia como a deveríamos,
ou a cumprir com os seus
propósitos? Até mesmo nos sistemas
democráticos mais avançados
ainda se está num processo de evolução,
ou mesmo de desintegração.
Acredito que mais do que a democracia,
o eleitorado está à procura
de um Estado de desenvolvimento.
A euforia pela ponte Maputo-Katembe
demonstra o apetite por algo
novo que nos orgulhe. Mas mesmo
este empreendimento, nos mostra
como estamos a evoluir como sociedade
isto é: quem está por cima ou
por baixo da ponte um pouco por
todo o país.
Mais do que o apetite por projectos
novos é a sustentabilidade do projecto
Moçambique que deve contar.
O Estado de desenvolvimento que
assegure que o povo esteja contigo
no presente e que o leve a apostar
constantemente na sua segurança
futura. Mas parece que tudo em
Moçambique está à venda, desde
a terra até à cidadania. Um grande
bazar em que tudo se mistura passaportes,
Bilhetes de Identidade
‘SEMLEX’, pagamentos eletrónicos,
Bizfirst, entre outros. Talvez
por isso nasceu a mensagem em que
se diz que “é melhor vender de uma
vez o país, dividir o dinheiro... e cada
um ir para onde quiser”. Estas afirmações
se traduzem no sentimento
de cidadãos desterrados (sem Estado).
O problema é que se essa ideia
pega, transformamo-nos todos em
mercenários.
O Estado de desenvolvimento do
século 21 tem que encontrar atalhos
ou uma escada para nivelar. Muitas
das vezes o cidadão está disposto a
ceder até parte dos seus direitos ou
liberdades se notar que existe uma
melhoria genuína na sua vida, e que
as condições de estabilidade estão
criadas. Às vezes, uma mão dura até
é aparentemente aceite se o povo
entender e se beneficiar do projecto
em construção. Esse contrato interno
com o povo e uma aliança win-
-win cria confiança nos sistemas
internos. De tal forma que o sistema
consegue até ser legitimado no
chamado primeiro mundo, mesmo
que não seja de acordo com os princípios
ocidentais.
Mas a nossa, parece ser uma receita
para desastre. A tal elite com capital
que investe no país tarda a dar
frutos. A independência económica
do indivíduo está a recriar vários
polos de influência nos partidos,
pois é a única fórmula de muitos
acederem às oportunidades económicas.
A batalha das ideologias ficou
para trás. A classe trabalhadora
e o povo ficaram sem representantes.
Em 2019 teremos as eleições
presidenciais e provinciais. Porque
nunca devemos perder a esperança,
esperemos então que as surpresas
sejam boas. Esperemos que o futuro
melhor seja para começar. A Luta
Continua!
609
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Portal: https://oficinadesociologia.blogspot.com
O Futuro que tarda chegar
Por Mantchiyani Machel
Uma coleção internacional [32]
E
stá a ser lançada uma certa
confusão, propositada ou não,
sobre os prazos da prisão preventiva
de José Filomeno dos
Santos (Zenú). Por um lado, há quem
diga que o filho do antigo presidente
já devia ter sido libertado, de acordo
com a legislação em vigor. Por outro,
há quem insinue cambalachos variados
para tirar Zenú da prisão.
E, aparentemente, para confundir
tudo, o Tribunal Supremo decretou
a continuação da prisão de Zenú por
25 dias renováveis, um número que,
como veremos, não faz qualquer sentido.
Aliás, nem se percebe em que
contexto ocorreu a intervenção do
Tribunal Supremo.
Tentemos recapitular os factos fundamentais.
José Filomeno dos Santos viu a sua
prisão preventiva ser decretada a 24
de Setembro de 2018. Ao seu processo,
aplica-se a Lei das Medidas
Cautelares em Processo Penal, Lei
n.º 25/15 de 18 de Setembro.
Este normativo é muito claro na definição
das regras temporais aplicáveis
à prisão preventiva, estabelecendo, no
seu artigo 40.º n.º 1 a), que esta pode
durar quatro meses, até ser deduzida
a acusação.
Portanto, Zenú pode estar preso sem
acusação até ao dia 24 de Janeiro de
2019, o que significa que de modo
algum esgotou neste momento (Novembro
de 2018) o prazo legal da prisão
preventiva.
Tomando o dia 24 de Novembro de
2018 como referência, Filomeno dos
Santos ainda pode estar preso legalmente
mais 60 dias. Daí que não se
compreenda a agitação agora criada,
nem a decisão do Tribunal Supremo
de prolongar a prisão por 25 dias renováveis.
Porquê, se Zenú poderia
estar preso um total de 120 dias? E, a
partir deste momento, pode estar 60
dias adicionais.
Acresce a isto que, se o processo for
de especial complexidade e se se estiver
perante um crime punível com
mais de oito anos de prisão, o prazo
de quatro meses pode ser prorrogado
para seis meses por despacho fundamentado
do Ministério Público (cfr.
artigo 40.º, n.º 2 e 3 da lei já citada).
Assim, em rigor, o filho de José
Eduardo dos Santos pode estar preso
preventivamente, sem acusação deduzida,
durante seis meses, isto é, até
24 de Março de 2019.
Estes são os factos normativos que
resultam da lei, e que dão origem a
perplexidade perante toda a agitação
agora criada, bem como perante a decisão
do Tribunal Supremo de fixar
um prazo de 25 dias, decisão para a
qual não encontramos especial fundamento
legal.
É possível que a resposta a esta perplexidade
se encontre no artigo 39.º
a) da Lei das Medidas Cautelares.
Mas, como demonstraremos, esta
norma é relativamente irrelevante.
Segundo este imperativo legal, os
pressupostos da aplicação da prisão
preventiva devem ser reexaminados a
cada dois meses. Por esta razão, a 24
de Novembro de 2018, o Ministério
Público (MP) deveria ter elaborado
um despacho a declarar se considerava
que se mantinham ou não as
razões que levaram à prisão de Zenú.
Uma vez que ainda não há acusação
e que ainda não se chegou à fase judicial
do processo, era o MP, e não o
Tribunal Supremo, quem se deveria
ter pronunciado.
Contudo, o facto de o MP não se
pronunciar de dois em dois meses
não implica a libertação imediata de
Zenú. É apenas, nos termos do artigo
39.º, n.º 1 da Lei das Medidas Cautelares,
uma irregularidade. A lei, ao
qualificar a ausência de reapreciação
de prisão preventiva como uma irregularidade
processual, está a considerar
que se trata de uma violação
das regras com relevância mínima,
não afectando o desenvolvimento do
processo. Por consequência, o acto
processual irregular não invalida nenhuma
decisão fundamental.
Revendo o que foi dito:
A lei angolana permite que José Filomeno
dos Santos se mantenha preso
até 24 de Janeiro de 2019 ou – se o
MP assim o declarar de forma fundamentada
– até 24 de Março de 2019.
A lei também exige que a cada dois
meses, o MP avalie se se mantêm os
motivos para manter Zenú na cadeia.
Se porventura o MP se “esquecer” de
proceder a tal reapreciação, tal não
implica a libertação de Zenú, uma
vez que se trata de uma mera irregularidade.
Obviamente que, de um
ponto de vista teórico, não concordamos
com esta formulação legal. Mas,
enquanto a lei estiver assim redigida,
é deste modo que deve ser aplicada.
Neste momento, é perfeitamente
normal, face à legislação em vigor,
que Zenú esteja preso. O que não se
compreende é o despacho do Tribunal
Supremo a “prolongar” 25 dias a
prisão preventiva. Isto não é um jogo
de futebol. Não há prolongamentos.
O prazo regulamentar nem sequer
terminou.
Há aqui uma confusão judicial entre
os poderes do MP e dos juízes,
num caso em que não existe sequer
acusação, a não ser que a decisão do
Supremo seja o resultado de um recurso
referente à prisão preventiva
decretada em 24 de Setembro. Mas
isso apenas o jovem e brilhante advogado
de Zenú, Benja Satula, poderá
esclarecer, se puder.
Está a ser criada uma trapalhada, pelo
menos noticiosa, que não reflecte
qualquer disposição legal acerca dos
prazos de prisão preventiva de Zenú
e da intervenção do Tribunal Supremo.
Convinha que, a bem da justiça e da
transparência, o MP emitisse um comunicado
a explicar o que se passa.
Nota sobre os prazos da prisão preventiva de Zenú
Por Rui Verde
20 Savana 07-12-2018 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
O
esforço em mudar “as coisas” é
importante. Mais do que isso é
mesmo urgente. Tanto como a
cor que depende da luz, o comportamento
dos colaboradores também
depende de quem está no comando e de
toda uma conjuntura política, económica
e até cultural. O camaleão muda de
atitude em função da mudança da cor.
A antiga cor do uniforme das nossas
forças policiais, cor cinza ou cinzenta,
tem no seu significado, conforme a literatura,
a neutralidade, a elegância, a
ausência de emoções. Diz-se que é uma
cor que não tranquiliza e nem estimula.
De tanto não estimular e nem tranquilizar,
com o tempo, “cinzentinho” passou
a ser o termo “carinhosamente” usado
pelo cidadão para se referir à nossa
polícia. No início o tratamento foi algo
tímido, algo mais peculiar ao dicionário
do cidadão de classe média e baixa (e
Azul por fora, “cinzentinho” por dentro
por vezes alta), algo que o “cinzentinho” fingia
não se aperceber. Qualquer coisa como
uma forma subtil de vingança pelos maus
serviços prestados. Com o tempo, graças
à sua massificação, o termo “cinzentinho”
passou a ser desconfortável para as próprias
forças policiais. Quando numa tertúlia se
ouvia que fulano é “cinzentinho” era mais
para lhe vestir o conteúdo socialmente reprovável
sobre o comportamento da nossa
polícia em geral. Ou seja o “cinzentinho”
não se fazia valer pela sua neutralidade; em
função de um “refresco” podia surpreender o
queixoso mobilizando manobras a favor do
suposto indiciado deste ou daquele crime. A
expressão “Em que parte do mundo é que
isso não acontece?” pode ter contribuído
na “oficialização” de condutas deselegantes
e reprováveis de muitos “cinzentinhos”. O
“cinzentinho” podia circular com o seu uniforme
cinzento, tipo anémico, “cinzentinho”
no espírito, com a sua arma, sua fome, mas,
como qualquer cidadão que se preze, também
se guiava pela vontade de dar o melhor
de si, de ter a obrigação de diversificar a alimentação
da família, ter necessidade de se
divertir com os vizinhos e amigos, pagar uns
copos, falar com alguma propriedade sobre
ética e deontologia profissional, enfim, ser
um verdadeiro cidadão que vive honestamente
do seu trabalho. A vida apertada pelo
nível salarial, condições e tipo de trabalho,
conjuntura política e económica, desafiaram
permanentemente os preceitos interiorizados
durante a formação. Ouvir, por
exemplo, que estão sem viatura e que por
isso algo não pode ser imediatamente realizado,
passou a ser quase que rotineiro. As
condições de algumas esquadras traduzem
parte da conhecida expressão “estamos sem
condições”. Algumas das viaturas usadas
apresentam um misto de suposta falta de
manutenção e desleixo. Mas, é bem-vinda a
mudança na cor do uniforme. Muda a cor;
muda a essência em termos de condições
de trabalho, valorização, respeito?
A cor azul inspira tranquilidade, serenidade
e harmonia. Mas a literatura
que versa sobre as cores também associa
a cor azul à frieza, monotonia e depressão.
Tendo em conta a conjuntura
económica e política de Moçambique
estes três aspectos referidos já se encontravam
confundidos na cor cinzenta. É
desejável que a nova cor do uniforme
da nossa polícia não seja sinónimo de
“frieza, monotonia e depressão” e nem
extensão do “cinzentinho”. Cá entre
nós: esperamos por uma corporação
policial que saiba traduzir no terreno,
no dia-a-dia, os ensinamentos da academia,
tecnicamente, sem politicarias
e nem politiquices. O “momento eleitoral”
de 2019 será, provavelmente, um
dos testes mais visíveis e a confirmação
de que o “cinzentinho” deixou de existir.
Habituei-me, desde muito cedo, a associar
as tardes de domingo a solidão e
tristeza. Tem a sua génese. Quando,
aos 9 anos de idade, me vi transferido
do lar familiar, no interior de Jangamo,
para Lourenço Marques, isso se revelou um
profundo cataclisma no processo da minha
evolução, principalmente mental. Saí de uma
família de pai, mãe e 5 irmãos para uma de 2
únicas pessoas: eu e o meu irmão mais velho.
A diferença entre ele e eu era para aí de uns
19 ou 20 anos. Em segundo lugar, vi-me de
repente numa metrópole absolutamente desconhecida
e quase hostil.
A primeira grande barreira que se me opôs
foi a língua. A que eu trazia como único instrumento
de comunicação, lá de Jangamo,
era a minha língua materna, o gitonga, que
em Lourenço Marques não tinha serventia
nenhuma. Para comunicar com pessoas da
minha idade fora do recinto escolar, tinha de
o fazer na língua ronga, que eu não conhecia;
para comunicar no interior da sala com a
professora, que era uma freira, ou com outros
colegas, tinha de utilizar a língua portuguesa,
que tão-pouco dominava. Tive de fazer um
esforço de integração violento.
De mais a mais, como eu disse, a diferença entre
mim e o meu irmão mais velho era de tal
forma abismal, que não havia ponto de contacto
ou de comunhão de ideias que pudessem
possibilitar um diálogo ou um princípio de
conversa. Ainda que quiséssemos, tal diálogo
era na verdade impraticável, uma vez que, trabalhando
como carpinteiro-marceneiro numa
empresa industrial na Matola, ele saía de casa
às 5:30 h para apanhar o transporte, quando
nessa altura eu estava mais ou menos estremunhado,
a tentar sair da cama.
A única hipótese seria o domingo, mas o domingo,
tal como o sábado, era a válvula de
escape dele. Na idade em que estava, tinha
naturalmente os seus namoricos, e, invariavelmente,
quando eu voltava da missa, encontrava
um bilhete em cima da mesa feito por
ele: “Estou de saída. Só deverei voltar ao princípio
da noite. Mata-bicha e almoça, e, por favor,
comporta-te!” Eu comportava-me, claro. Não
tinha outra hipótese.
E era aí que o domingo me doía e pesava
como um manto de escuridão e isolamento.
Porque, depois do almoço, não tendo nem
como, nem onde, nem com quem falar, limitava-me
a ouvir o chilrear e o cantarolar das outras
crianças como eu, no aconchego dos seus
lares em almoços de família, onde eu, nem por
hipótese, poderia ser convidado. Habituei-me
a lidar com isso. Habituei-me a lidar com a
minha solidão. Habituei-me, principalmente,
a perceber que a tristeza não é uma catástrofe.
Aliás, com o tempo, fui recebendo o consolo
de canções como aquela do Nelson Mede,
quando perguntava: “O que é que você vai fazer
domingo à tarde, pois domingo é um dia
tão triste, para quem vive sozinho.” Eu que o
dissesse.
Uns tempos mais tarde, já com 16 ou 18 anos,
a andar no liceu, curioso que eu era de coisas
por ler – que remédio! –, vi um artigo no qual
se demonstrava que, no Reino Unido, os ingleses
conseguiram transformar as tardes de
domingo num período tão sensaborão e cinzento,
que, quando chega esse dia, qualquer
inglês arde em palpos de aranha, ansioso por
que a segunda-feira chegue para voltar ao serviço,
situação em que não é difícil imaginar
que eles entrassem, cumprimentassem os colegas
jovialmente e dissessem, com um suspiro
de alívio – «Office, sweet office.» E isto mesmo
considerando os jogos de futebol, porque,
como sabemos, os jogos de futebol na Inglaterra
têm aquela tradição de claques super-
-extrovertidas, mas também super-violentas,
quando isso calha. Essa extroversão e violência
só demonstram que, de facto, os hooligans
não passam de pessoas fartas do estresse da
solidão e tristeza das tardes de domingo. É
uma forma de se livrarem disso tudo.
No meu caso, todo este relacionamento que
tenho com as tardes de domingo, em vez de
diminuir com a idade, foi aumentando, principalmente
quando me tornei viúvo precocemente
aos 67 anos e nunca mais quis ter companhia
de mulher em casa, salvo companhias
ocasionais, sem grandes compromissos. De
modo que, naquele domingo, estava em casa
sozinho, super-solitário, deprimido, e achava
que tudo poderia ter um mau fim.
A razão era simples: na sexta-feira anterior,
eu tinha completado 89 anos e, para minha
surpresa, vi-me invadido em casa e na minha
privacidade pelos meus filhos – que nem são
muitos, são 4 –, netos e bisnetos. Fiquei boquiaberto
quando vi um rapagão a caminho
dos 30 anos e me disseram – «Este é o teu
último bisneto.» Saltei dali para um estado de
euforia total, de forma que ainda me recordo
de que, lá para madrugada, estava eu a cantar
em coro, exibindo os meus dotes vocais,
a canção que tinha ouvido setenta e tal anos
antes, na minha infância, do Alexandre Jafete,
aquela que diz: “Lá em cima faz tiroliroló, cá em
baixo faz tirolirolá.”
Levantei-me e disse – «Zedequias, não vás
pelo caminho da negativa.» Fui para a cozinha,
para o meu dispensário de ervas, peguei
num punhado de chá balacate, num punhado
de chá de Guruè avulso e num bom punhado
de suruma. Misturei tudo à mão, enquanto a
panela estava ao lume. Quando a água estava
a ferver, deitei a mistura lá dentro e deixei a
ferver em lume brando durante 55 minutos,
que é o tempo recomendado. Desliguei o
fogão, fiz um coado, voltei para a sala com a
mistura numa taça e pus a minha companhia
preferida nessas ocasiões: os Nirvana, com a
voz e a tristeza e a solidão e o desespero poético
de Kurt Cobain.
Quando despertei, a sala estava às escuras.
Despertei porque uma mão curta, de dedos
finos, me passava pelo rosto. E então ela acendeu
a luz. Perguntei:
– Quem está aí?
– Zulfa.
– Chegaste agora?
– Não, cheguei há uns dez ou quinze minutos.
Estava a observar-te. Estavas a dormir profundamente
e tinhas um sorriso angelical nos
lábios. Nunca te vi tão bonito. Em que é que
estavas a pensar?
– Não estava a pensar, estava a sonhar.
– Com o quê?
– Não posso dizer, senão serei obrigado a
mentir-te.
– Mente.
– Estava a sonhar contigo, Zulfa.
Ela riu-se de leve e disse – «É a mentira mais
maravilhosa que ouço desde o meu primeiro
namoro aos dezoito anos.»
Lágrimas de cortar cebola
Savana 07-12-2018 21 DESPORTO
A
actual direcção da Federação
Moçambicana de
Ténis (FMT), encabeçada
por Valige Tauabo, está
prestes a terminar o mandato. Sem
ser exactamente o momento do
adeus, Tauabo faz uma radiografia
não só da modalidade, mas também
do desempenho da instituição que
dirige. Reivindica ganhos, como a
participação do país na Davis cup
e Fed cup, a bolsa concedida a alguns
atletas para treinamento no
estrangeiro, entre outros. Seguem
os excertos da conversa.
Presidente, o mandato da actual
direcção da FMT está prestes a
findar. Que balanço há a fazer?
-O ano de 2018 é visto como o
do fim do mandato da Federação
Moçambicana de Ténis e também
marca o fim deste quadriénio. Em
termos de balanço dos oito anos,
isto tendo em conta que fomos
eleitos em 2010, claramente sugere
muitas actividades realizadas,
daí agradecermos a confiança que
nos foi dada pelos sócios e pelos
núcleos provinciais devidamente
reconhecidos pela FMT. Então,
olhando para as actividades realizadas,
posso assegurar que tudo decorreu
conforme o previsto. Então,
o ano foi positivo porque mesmo
na componente financeira a FMT
conseguiu assegurar que tudo o que
estava planificado fosse cumprido.
Quadras
A direcção da FMT tinha planificado,
durante o seu mandato, a
construção de courts no Zimpeto.
O que ditou a não concretização
desse desiderato?
-De facto, um dos objectivos desta
federação era o financiamento
de oito quadras, mas sentimo-nos
satisfeitos porque aquilo que era o
valor inicial para iniciarmos com a
actividade entou na conta da instituição
e o passo a seguir é apresentarmos
o ponto de situação ao nosso
governo e daí em diante seremos
imparáveis. Mais: a empresa que vai
construir as quadras já foi contratada,
até porque é a mesma que está
a fazer o mesmo trabalho na região.
É uma empresa especializada neste
tipo de empreendimentos e pensamos
que, após o início da construção,
as primeiras quatro quadras
poderão ser usadas até ao fim do
primeiro semestre do próximo
ano se nós iniciarmos agora com a
construção. Portanto, este é que foi
o auge de actividades de 2018.
Bruno Nhavene em ascensão
meteórica
E no plano desportivo?
-Outras actividades que também
não são de menos importância são
a nossa participação no Davis cup,
realizado no Quénia. Esta foi a melhor
participação entre as cinco que
o país tomou parte. Continuamos
no mesmo grupo, mas estamos a
dar sinais de que estamos a evoluir.
Com a construção de quadras a partir do próximo ano, no Zimpeto, Valige Tauabo, eleva a fasquia
“Meta é acolhermos a Taça Davis no país”
Por Paulo Mubalo
E não vai tardar muito sairmos desta
série em que nos encontramos.
Neste ano, a federação seleccionou
Bruno Nhavene para participar no
Davis cup, na companhia do Jonas
Alberto, do capitão Bruno Figueiredo
e de Franco Mata, que está, há
anos, nos Estados Unidos, e ainda
de Elcídio Seda. O relatório que
temos é que a presença de Bruno
Nhavene foi muito importante e
que fez a diferença. É este o indicador
que nos leva a pensar que
as coisas vão mudar nos próximos
anos. Franco Mata, que reside e
joga nos EUA, disse-nos que o jovem
teve uma grande prestação e
ficou positivamente surpreendido
pela prestação deste.
Haverá mais tenistas que estão a
treinar além-fronteiras?
-Temos três tenistas que estão
fora do país e que poderão, a curto
prazo, fazer furor para o país, nomeadamente,
Armindo Nhavene
Júnior, nos EUA, Hugo Moreira e
Cláudia Sumaia, que também está
nos EUA, por via dos membros da
família de ténis, os quais contribuíram
para que ela pudesse estar lá
como bolseira. Igualmente, temos
Armando Sigaúque, que está em
Portugal e, certamente, poderá voltar
ao país dotado de mais conhecimentos.
Portanto, a direcção da
federação ao longo destes oito anos
tinha, igualmente, objectivos bem
claros, porque a nossa estratégia era
fazer as coisas acontecer.
Com o ano prestes a terminar será
possível realizar ainda as eleições?
-Não, este ano teremos a assembleia-geral,
mas para analisarmos
as contas e as actividades realizadas.
Contamos, nos próximos três
meses do próximo ano, realizar a
eleição de novos membros directivos.
Nós temos de obedecer aquilo
que o regulamento nacional define,
pois há limitação de mandatos. Por
outro lado, ao nível de tutela internacional,
a limitação vai no mínimo
até três mandatos. Mas nós
vamos cumprir na íntegra o que
preconiza o regulamento nacional,
claro, acompanhando de perto o
desenrolar de algumas actividades,
porque como disse, fomos alocados
um fundo que é dado em tranche.
Então, se virem outros membros
directivos que não estão enquadrados
pode se perder a confiança que
existe.
Qual é o grande feito da FMT?
-Bem, trazemos um ânimo para a
família de ténis, conseguimos trazer
um horizonte, em termos do
que a modalidade tem de ser para
o futuro. Quem vier não vai inventar
nada como nós não inventamos
nada, que é participar na Davis
cup e na Fed cup. Eu não gosto de
trazer isso em forma comparativa,
mas fica registada a nossa participação
na Fed cup e na Davis cup, e
a nossa entrada ao grupo b, o qual
permite que sejamos elegíveis, que
é termos voz, coisa que antes não
tínhamos. Este é o grande mérito
da nossa direcção. O ténis moçambicano
não se pode sentir a leste do
ténis internacional.
E internamente?
-Moçambique já realizou eventos
internacionais de grande nível e,
através do Standard Bank, o nosso
país esteve nos holofotes e ficou
grandemente projectado no mundo.
No dia que concluirmos as nossas
quadras iremos acolher a Davis
cup e a Fed cup e isso vai abrir-nos
caminho para, não só participar
nesses eventos internacionais, mas
também acolher eventos internacionais.
Aliás, é por isso que dizemos
que não se pode olhar para os
resultados de forma tangível, mas
também há tangibilidade em termos
de actividades.
Oito anos depois, quais são os novos
escalões que a federação introduziu?
-Elegemos no nosso mandato a
movimentação de todos os escalões,
incluindo a massificação. Movimentamos
os sub-12, sub-14, sub16
e seniores. Outrora tinhamos os
escalões de juniores e seniores. Mas
também não deixa de ser significativo
o facto de termos colocado
além-fronteiras um atleta para ser
formado, incluindo atletas femininas.
Esta direcção da federação
conseguiu fazer com que o país tivesse
dois treinadores do nível dois
e 22 do nível um. E a terminar, queria
saudar a forma como os nossos
parceiros da imprensa, incluindo o
SAVANA, fizeram particularmente
na cobertura do ténis.
Valige Tauabo
22 Savana 07-12-2018 DIVULGAÇÃO DESPORTO
Eni Rovuma Basin B.V., Mozambique Branch – Operadora
Delegada Offshore, em nome da Mozambique Rovuma Venture,
Operadora da Área 4, convida às Empresas interessadas
a submeterem as suas Manifestação de Interesse para a provisão
de serviços de engenharia, construção civil e fornecimento e
instalação de materiais e equipamentos, como abaixo mencionado.
ÂMBITO DO TRABALHO
O Operador no seu compromisso com o desenvolvimento
social na sua área de actuação (Pemba - Cabo Delgado), tem
como objectivo implementar projectos sustentáveis nas áreas
de Educação e Desporto através da construção e reabilitação
de instalações escolares, desportivas e de furos de água para
acesso comunitário.
Com o propósito de dar suporte ao desenvolvimento social, o
2SHUDGRUSUHFLVDGH(PSUHLWHLURVDSWRVHTXDOLÀFDGRVDUHDlizarem
Trabalhos que consistem na provisão de serviços de
Engenharia, Aprovisionamento e Construção para as seguintes
actividades:
Construção de Escolas e Infraestruturas Estudantis: provisão
de serviços de engenharia e construção de infraestruturas
escolares e lar de estudantes, com base numa lista de padrões
internacionais fornecidas pela Operadora bem como
padrões do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano
(MINEDH);
Engenharia, Aprovisionamento e Construção de furos de
água, na qual a sua execução deverá ser precedida por estudo
hidrogeológico, pelo EMPREITEIRO, com o objectivo
GHLGHQWLÀFDUDPHOKRUORFDOL]DomRSDUDH[HFXomRGRIXURGH
água bem como subsidiar o processo de design do mesmo;
Fornecimento e Instalação de Sistemas de Painéis Fotovoltaicos
On-Grid e Off-Grid;
Reabilitação de Estradas de acordo com padrões e normas
aprovados pela Administração Nacional de Estradas
(ANE), Ministério de Obras Públicas e Habitação (MOPH)
e a Comissão para Transportes e Comunicações na África
Austral (SATCC);
Reabilitação de um Salão Multidesportivo e de um Campo
de Futebol com base na lista de padrões e normas internacionais
fornecidos pela Operadora e melhores práticas aceites
pela indústria de construção;
Fornecimento de Material Didático, Mobiliário Escolar e
Material Desportivo, baseado nos padrões internacionais
e aceites pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento
Humano e do Ministério da Juventude e Desportos.
22SHUDGRUHQIDWL]DTXHRÇPELWRGH7UDEDOKRDFLPDOLVWDdo
poderá ser objecto de concursos separados o que implicaria
a separação dos Trabalhos em dois ou mais Contractos.
DOCUMENTAÇÃO SOLICITADA
As empresas interessadas poderão submeter as suas Manifestação
de Interesse fornecendo as informações e documentos
que provam:
1-Experiência comprovada no fornecimento de serviços de engenharia,
construção, reabilitação, aprovisionamento de equipamentos
e materiais em Moçambique incluindo qualquer
referência relevante a projectos executados de características
técnicas similares e da mesma magnitude;
2-Experiência comprovada no fornecimento de serviços de
MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE
PARA PROVISÃO DE SERVIÇOS DE ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO
CIVIL E FORNECIMENTO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
engenharia, aprovisionamento, construção e instalação de Sistemas
Fotovoltaicos incluindo qualquer referência relevante a
projectos executados de características técnicas similares e da
mesma magnitude;
3-A existência de Sistemas de gestão em HST que estejam em conformidade
com padrões internacionais (ex: ISO 14001 e 45001);
4-Relatórios Financeiros e Anuais dos últimos três anos incluindo
Balanços Contábeis, Lucros e Perdas e Balanço do Fluxo de
Caixa. Estes documentos deverão ser fornecidos pelo grupo da
Empresa (se aplicável), e também pela Empresa Registada em
Moçambique que poderá entrar como objecto do Contracto;
5-Que evidenciem que a Empresa esteja devidamente registada
em Moçambique. Caso não esteja devidamente registada, o proponente
deverá indicar se estaria disposto a efectuar o registo
ponto e imediato da entidade legal em Moçambique;
6-Cópia autenticada do seu Registo Comercial, Nome da entiGDGHOHJDOHSHVVRDGHFRQWDFWRSDUDUHFHSomRGDTXDOLÀFDomRH
informação comercial;
7-A Estrutura Orgânica da Empresa ou Grupo com a lista dos
PDLRUHVDFFLRQLVWDVHRVEHQHÀFLiULRVÀQDLV FDVRQmRHVWHMDPUHgistados
na bolsa de valores);
8-Qualquer outra informação que comprove que a empresa é capaz
de executar o Ãmbito do Trabalho.
As empresas interessadas deverão submeter as suas Manifestação
de Interesse, anexando toda a documentação solicitada acima,
para o e-mail:
Erb.Public.announcement@eni.com
IMPORTANTE:
O e-mail de submissão deverá fazer referência ao Anúncio Público
“Engineering and Construction Services – December 2018” e
também ao seguinte código:
LL04AE01 – CIVIL CONSTRUCTION ABOVE CEE
THRESHOLD
Sujeito à entrega e conformidade de toda a documentação acima,
as Empresas podem receber da Eni Rovuma Basin B.V. o Pacote
GH4XDOLÀFDomR HSRGHPDLQGDVHULQFOXtGDVQRSURFHVVRGHFRQcurso
para as actividades.
A presente consulta não deve ser considerada como um convite
à apresentação de propostas e, portanto, não representa nem
constitui qualquer promessa, obrigação ou compromisso de
qualquer tipo por parte da Mozambique Rovuma Venture S.p.A.
nem da Eni Rovuma Basin B.V. e suas Sucursais Moçambicanas,
de celebrar qualquer acordo ou memorandum de entendimento
com qualquer Empresa que participe desta Manifestação de Interesse.
Qualquer custo incorrido pelas empresas interessadas na preparação
da Manifestação de Interesse será da total responsabilidade
das Companhias as quais não poderão recorrer a este respeito
à Mozambique Rovuma Venture S.p.A., nem à Eni Rovuma Basin
B.V., e suas Sucursais Moçambicanas.
Todos os dados e informações fornecidos de acordo com esta
Manifestação de Interesse serão tratados como estritamente conÀGHQFLDLVHQmRVHUmRGLYXOJDGRVRXFRPXQLFDGRVDSHVVRDVRX
empresas não autorizadas.
A data limite de submissão da Manifestação de Interesse por e-
PDLOLQGLFDGRDFLPDpÀ[DGRSDUD14 de Dezembro de 2018 as
23:59 CAT. A Eni Rovuma Basin B.V. não irá aceitar nenhuma
documentação recebida após a data e hora indica.
Savana 07-12-2018 23 DIVULGAÇÃO DESPORTO
Eni Rovuma Basin B.V., Mozambique Branch – Offshore
Delegated Operator, acting on Behalf of Mozambique Rovuma
Venture S.p.A – Operator of Area 4 Project in Mozambique,
invites interested Companies to submit Expression
of Interest for the provision of Engineering, construction,
procurement and installation of materials and equipment as
VSHFLÀHGEHORZ
SCOPE OF WORK
The Operator is committed to support social development in
WKHDUHDRIRSHUDWLRQ 3HPED²&DER'HOJDGR ZLWKWKHDLP
DWLPSOHPHQWLQJVSHFLÀFSURMHFWVLQWKHDUHDRI(GXFDWLRQDQG
Sports through the construction and rehabilitation of sport
IDFLOLWLHV VFKRROLQIUDVWUXFWXUHVDQGZDWHUZHOO
7KH 2SHUDWRU UHTXLUHV D VXLWDEOH DQG TXDOLÀHG &RQWUDFWRU
WR SHUIRUP WKH:RUNVZKLFK VKDOO FRQVLVW RI SURYLGLQJ (Qgineering,
Procurement and Construction services for the
IROORZLQJPDLQDFWLYLWLHV
Construction of School and Infrastructures for Students, i.e.
provision of services for design and construction of school
infrastructures and hostel for students, based on a list of
applicable international standards provided by the Operator
and the standards of the Ministry of Education and Human
Development of Mozambique (MINEDH);
(QJLQHHULQJ 3URFXUHPHQWDQG&RQVWUXFWLRQRIZDWHUZHOOV,
LQZKLFKWKHH[HFXWLRQRIWKHDFWLYLW\VKDOOEHSUHFHGHGE\
DQK\GURJHRORJ\VWXG\ E\&2175$&725 ZLWK WKHDLP
WRLGHQWLI\VXLWDEOHORFDWLRQIRUWKHLQVWDOODWLRQRIWKHZHOO
Supply and Installation of on-grid and off-grid small scale
Solar Photovoltaic Systems;
Rehabilitation of Roads, as per the approved standards
from the Administração Nacional de Estradas (ANE), Ministry
of Public Works and Housing and the Southern African
Transport and Communications Commission (SATCC);
Rehabilitation of Sports Court and Soccer Field, based on a
list of applicable international standards provided by the
Operator and acceptable best practices;
Provision of Didactic Material, School Furniture and Sports
Equipment, based on international standards and the standards
of the Ministry of Education and Human Development
of Mozambique (MINEDH) and the Ministry of Youth
and Sports.
7KH2SHUDWRUFODULÀHV WKDW WKH DERYHOLVWHG:RUNVFRXOGEH
WHQGHUHG RXW VHSDUDWHO\ ZKLFK ZRXOG PHDQ VSOLWWLQJ WKH
:RUNVLQWZRRUPRUH&RQWUDFWV
DOCUMENTATION REQUIRED
Companies interested in this invitation may submit their ExSUHVVLRQ
RI ,QWHUHVW E\ SURYLGLQJ WKH IROORZLQJ PDQGDWRU\
information and documentation providing evidence of:
1- Proven experience in provision of engineering, civil construction,
rehabilitation, procurement of equipment and
materials services in Mozambique, including any relevant
references for the previously executed projects of similar
technical characteristics and magnitude;
2- Proven experience in provision of design, engineering,
procurement, and installation of Photovoltaic Systems, including
any relevant references for the previously executed
EXPRESSION OF INTEREST
FOR ENGINEERING AND CIVIL CONSTRUCTION SERVICES AND
THE PROVISION OF MATERIAL AND EQUIPMENT
projects of similar technical characteristics and magnitude;
+DYLQJ+6(0DQDJHPHQW 6\VWHPFRPSOLDQWZLWKLQWHUQDtional
standards (e.g. ISO 14001 – ISO 45001);
4- Last three years of Financial Statements and Annual Reports
LQFOXGLQJ%DODQFH6KHHW 3URÀWDQG/RVVDQG&DVK)ORZ6WDtement.
These documents must be provided for the Company
Group (if applicable), and also for the Company’s Mo-
]DPELFDQUHJLVWHUHGHQWLW\WKDWZLOOSRWHQWLDOO\HQWHULQWRWKH
subject contract/s;
5- Your Company’s registration in Mozambique. In case your
Company is not already registered in Mozambique, please
VSHFLI\LI\RXZRXOGEHZLOOLQJWRSURPSWO\UHJLVWHULQ0Rzambique;
6FDQQHG FHUWLÀHG FRS\ RI WKH 7UDGH 5HJLVWHU /HJDO (QWLW\
QDPH DQG FRQWDFWSHUVRQ IRU UHFHLYLQJ TXDOLÀFDWLRQ DQG
other relevant information from Eni Rovuma Basin B.V.;
&RPSDQ\ DQG *URXS VWUXFWXUH ZLWK WKH OLVW RI PDMRU 6KDUHKROGHUVDQGXOWLPDWHEHQHÀFLDULHV
LIQRWOLVWHGLQWKHVWRFN
exchange);
$Q\RWKHULQIRUPDWLRQWKDWZLOOHVWDEOLVKWKDW\RXU&RPSDQ\
LVDFDSDEOHRIIXOÀOOLQJWKHVFRSHRIZRUN
Companies interested in this invitation may submit their Expression
of Interest by sending all the requested documentaWLRQWRWKHIROORZLQJHPDLODGGUHVV
Erb.Public.announcement@eni.com
IMPORTANT:
The Email submission must refer to the Public Announcement
object “Engineering and Construction Services – December
2018” DQGDOVRWRWKHIROORZLQJFRPPRGLW\FRGH
LL04AE01 - CIVIL CONSTRUCTION ABOVE CEE
THRESHOLD
Subject to the delivery and compliance of all the above documentation,
Companies may receive from Eni Rovuma Basin
% 9 WKH4XDOLÀFDWLRQ3DFNDJH DQGPD\IXUWKHUEHLQFOXGHGLQ
the tender process for the subject activities.
This enquiry shall not be considered as an invitation to Tender
and therefore it does not represent or constitute any promise,
obligation or commitment of any kind on the part of neither
Mozambique Rovuma Venture S.p.A. nor Eni Rovuma Basin
B.V. and their Mozambican Branches, to enter into any agreePHQWRUDUUDQJHPHQWZLWK\RXRUZLWKDQ\&RPSDQ\SDUWLFLpating
in this Expression of Interest.
Any cost incurred by interested companies in preparing the
([SUHVVLRQ RI ,QWHUHVW VKDOOEH IXOO\ERUQE\&RPSDQLHVZKR
shall have no recourse in this respect to neither Mozambique
Rovuma Venture S.p.A. nor Eni Rovuma Basin B.V., and their
Mozambican Branches.
All data and information provided pursuant to this Expression
RI,QWHUHVWZLOOEHWUHDWHGDVVWULFWO\FRQÀGHQWLDODQGZLOOQRWEH
disclosed or communicated to non-authorized persons or companies.
The deadline for receipt of Expression of Interest by the email
address indicated above is set at 14 December 2018, 23:59 pm
Central Africa Time (QL5RYXPD%DVLQ% 9 ZLOOQRWDFFHSWWKH
documentation received after the set deadline.
24 Savana 07-12-2018 CULTURA
O
Centro Cultural Brasil-Moçambique
(CCBM) acolhe
neste sábado, 8 de Dezembro,
em duas sessões, às 16h
e às 19h, a apresentação da peça “A
pequena princesa” do escritor brasileiro
Leandro Franz.
Vale ressaltar que o escritor Leandro
Franz vem pela primeira vez a Moçambique,
especialmente para acompanhar
a estreia mundial de seu texto.
Uma emocionante história baseada
no clássico O Pequeno Príncipe de
Antoine de Saint-Exupéry, mas com
uma interpretação modernizada. Em
vez de um aviador que cai no deserto
e conhece um menininho curioso,
trata-se de uma astronauta que cai
Jovens moçambicanos são protagonistas no CCBM
em Marte e conhece uma menininha
que vive se aventurando pelo espaço.
A peça conta todo o percurso feito
pela Pequena Princesa para descobrir
uma amizade verdadeira. Diversos
personagens e situações foram
adaptados do clássico, que é a segunda
obra literária mais traduzida no
mundo (270 idiomas), só perde para
a Bíblia! Com autoria do brasileiro
Leandro Franz, orientação artística
do actor brasileiro radicado em Maputo
Expedito Araujo e figurinos da
estilista moçambicana Chelly Emília,
traz no elenco Chana Benje, Diana
Franco Muianga, Jéssica Garbo, Jujuba,
Káwany, Lacimane Láurence,
Mercis, Mindo Quehá, Nenah Tembe,
Rivaldo Mumguambe e Socalizzy.
Trata-se de um exercício cênico resultado
do projecto “Teatro como
Ferramenta de Transformação Social,
Cidadã e de Inclusão” idealizado
e coordenado pelo actor Expedito
Araujo durante nove meses em carácter
totalmente voluntário com objectivo
de formação de grupo.
O projecto começou em Março deste
ano com mais de 100 jovens e adultos
actores e não actores frequentando
as actividades no CCBM. Começou
com dois grupos e após este período
em processo selectivo natural
chegou-se ao grupo formado por
onze integrantes a seguir para a última
etapa do projecto, extremamente
pedagógica, que consiste numa apresentação
como exercício cênico, para
a finalização dos trabalhos deste ano.
Será a primeira vez no palco para
praticamente todos. Esta acção foi
possível graças ao apoio da Embaixada
do Brasil com a disponibilização
integral do espaço do CCBM, totalmente
sem custos, e da parceria com
o escritor brasileiro Leandro Franz,
que cedeu os direitos autorais a partir
do projecto Pequena Princesa.
Para o escritor Leandro Franz, a partir
do contexto da sinopse, e celebrado
também recentemente no Brasil
o dia da consciência negra, por na
sua adaptação a princesa ser negra,
justificou que O Dia da Consciência
Negra é extremamente necessário
no Brasil, onde o racismo continua
vergonhoso. A data escolhida, inclusive,
reforça a luta de Zumbi, um
dos grandes heróis da nossa história
e pouco lembrado nas escolas. Tanto
na história quanto na literatura, e até
nos brinquedos infantis, existe ênfase
quase completa nos heróis brancos,
o que não reflecte a nossa realidade
social”.
Comentando sobre se trazer uma
princesa negra é pretensão principal
e motivação específica, o escritor retorquiu:
“escrevi em 2015, quando as
livrarias estavam inundadas de livros
do Pequeno Príncipe, pois o texto tinha
se tornado de domínio público.
Por dois anos, foi o livro mais vendido
no Brasil, todas as prateleiras
mostravam o principezinho louro.
Como um dos meus livros preferidos
na infância, meu projecto ia na contramão,
sentia que era preciso modernizar
e regionalizar o clássico. Toda
a história, com suas inesquecíveis
mensagens de amizade, foi mantida.
Apenas alterei alguns personagens e
situações, modifiquei o final e trouxe
mais ênfase à viagem espacial trazendo
lições de astrofísica (no lugar de
um aviador caindo no deserto, temos
uma astronauta caindo em Marte)”,
explica.
A literatura moçambicana desperta
visões diferentes e parecidas simultaneamente.
“A África é o berço da
inteligência humana, com a revolução
cognitiva de 70 mil anos atrás,
e uma história de muita luta. Cada
país com realidades e dificuldades
próprias. Dois dos meus livros preferidos
são de Moçambique: Niketche,
da Paulina Chiziane, e O último vôo
do Flamingo, de Mia Couto. Acho
que são visões diferentes e parecidas
ao mesmo tempo, complementares,
frisa. (A.S)
Jovens de vários bairros de Maputo protagonizam a peça
C
om o título, “A Caminho da
Paz Definitiva – O Iceberg, o
Interesse Nacional e a Segurança
do Estado”, esta é a última
obra de Jacinto Veloso, já a circular
no mercado, e que será apresentada
oficialmente no dia 13 de Dezembro.
O livro tem como principal motivação
o envolvimento do autor no processo
de negociação entre o governo e a Renamo,
quando Jacinto Veloso chefiou
a delegação do governo na comissão
mista.
Veloso esteve directamente envolvido
nas negociações desde Março de 2016,
vindo a sua missão a terminar em Fevereiro
de 2017, momento em que o
Presidente Filipe Nyusi convocou a
delegação governamental para a informar
de que “as negociações iam entrar
numa nova etapa e que a nossa missão
tinha chegado ao fim”.
Foi a partir deste momento que Nyusi
passou a dirigir pessoalmente as negociações
com o falecido líder da Renamo,
Afonso Dhlakama, o que viria a
culminar com o encontro directo entre
os dois, no dia 6 de Agosto do mesmo
ano, na Gorongosa. Antes, no dia 26
de Dezembro de 2016, Dhlakama havia
anunciado uma trégua de sete dias
nos confrontos militares, a qual viria a
ser renovada várias vezes antes da sua
confirmação final.
No livro, Veloso faz uma retrospectiva
das principais questões que estiveram
na mesa das negociações, assim como
o relacionamento entre as duas delegações
e a equipa internacional de mediação.
Tendo como sua principal linha de
pensamento a importância da defesa
do interesse nacional, Veloso faz uma
abordagem sobre as questões de fundo
que considera que sempre tornaram
difícil o entendimento entre o governo
da Frelimo e a Renamo, concluindo
que “o fracasso das várias rondas anteriores
de negociações para a paz com
a Renamo, desde o Acordo Geral de
Paz de Roma (1992), se deveu essencialmente
ao facto de, no seu conjunto,
a Frelimo ter sempre em mente que os
‘bandidos armados’ deviam ser neutralizados,
e a própria Renamo, de uma
vez por todas, aniquilada”.
Para encontrar uma solução para este
problema, diz o autor, ele tomou a iniciativa
de “introduzir nas negociações
com a Renamo algumas ideias de dimensão
estratégica, sendo a principal a
Veloso reflecte sobre os caminhos
para a “paz definitiva”
Depois de “Memórias em voo rasante”
aplicação, com prioridade, do princípio
da defesa intransigente do interesse nacional
do Estado, ou, melhor dizendo,
a defesa do interesse nacional de todos
os moçambicanos, sem qualquer discriminação”.
Um dos aspectos importantes é o esclarecimento
que Veloso faz em relação
à controvérsia gerada em torno do
acordo que as duas partes assinaram no
dia 17 de Agosto de 2016, considerado,
em alguns sectores, como representando
“cedências políticas exageradas” por
parte da delegação governamental, o
qual obrigou o autor a convocar uma
conferência de imprensa para explicar
melhor o que estava a acontecer.
Mas a obra não é apenas sobre o envolvimento
de Veloso nas negociações
para a paz. É também um retrato do
seu longo percurso como guerrilheiro
da luta pela independência, funcionário
superior do governo e militante da
Frelimo. Com uma passagem também
pelo sistema nacional de defesa e segurança,
o autor espelha a sua visão sobre
o papel das Forças de Defesa e Segurança
na protecção do interesse nacional
do Estado, fazendo-se socorrer de
uma palestra por si proferida no Estado
Maior-General das Forças Armadas de
Defesa de Moçambique (FADM).
No plano externo, de entre outras questões,
Veloso revela o seu envolvimento
num plano para salvar o antigo líder da
Líbia, Muammar Gaddafi, na sequência
dos levantamentos políticos da primavera
árabe, que culminaram eventualmente
com o seu derrube e morte.
O papel de Veloso, a pedido do antigo
Presidente da África do Sul, Jacob
Zuma, que actuava em nome da União
Africana, era convencer o Conselho
Nacional de Transição (CNT), que
lutava contra o governo, a ser mais flexível
e permitir que Gaddafi abandonasse
a Líbia.
Aparentemente, se tudo tivesse corrido
bem, Gaddafi teria se refugiado
na África do Sul, onde Zuma estava
disposto a acolhê-lo. O facto é que o
CNT, apesar de temer que um Gaddafi
no exílio poderia vir a ser um elemento
de desestabilização para a nova ordem
política na Líbia, acabou aceitando
a proposta. Mas depois, foi o próprio
Gaddafi que recusou sair da Líbia.
O livro será apresentado publicamente
numa cerimónia que terá lugar no dia
13 de Dezembro no Centro Cultural
Brasil-Moçambique, onde o autor terá
uma conversa com o público.
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1300 7 DE DEZEMBRO DE 2018
...ESTES GAJOS
NÃO PRECISAM
DE BUDWEISER.
PRECISAM É DO
BUD SPENCER...
AFENAL!!!!!A EDM APRENDEU MESMO
FOI COM O COLONO.
2 Savana 07-12-2018 SUPLEMENTO Savana 07-12-2018 3
NOS ANTIGAMENTE HAVIA ESTRADAS MAS NÃO
HAVIA PONTES.AGORA QUE JÁ TEMOS PONTES.....
Savana 07-12-2018 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto)
Naíta Ussene (Fotos)
E
xistem pessoas que têm uma elevada sensibilidade sobre
os animais que vivem nas reservas espalhadas pelo
nosso país. Entregam as suas energias para defender
este bem precioso que é fauna que temos. Sabemos que
enfrentam muitas dificuldades no desempenho das suas funções.
Falta de meios é um dos principais problemas.
Já estamos cansados de ouvir notícias que falam da destruição
dessa riqueza. Os que estão distantes do assunto podem fazer
comentários que quiserem. Mas quem enfrenta as dificuldades
diariamente tem outra realidade sobre o que acontece
nas reservas. Deve estar a dizer isso José Dias, administrador
da reserva de Gilé, que os engravatados não imaginam o que
acontece na realidade nas reservas. Pelo meu trabalho já esqueci
a última vez que andei com gravata para Adam Iyussuf
e Inácio Menete. Ambos funcionários do Moza Banco.
Não é por acaso que vimos um olhar quase que comparado
à lamentação por parte de Baldes Chande, administrador da
reserva do Niassa e C. L. Pereira perante a falta de sensibilidade
por parte dos engravatados. Quando falam do assunto
dizem coisas bonitas, mas na prática não vimos nada. Recursos
são devastados no meio de impunidade.
Vejam como Mark Lundell, representante do Banco Mundial
em Moçambique, defende a sua opinião sobre a realidade das
reservas nacionais para João Figueiredo, do BCI. É mesmo
para dizer que é a linguagem dos bancários.
Nisso tudo, existe aqueles que procuram saber sobre o que se
tem feito concretamente para preservar as reservas no país.
Procuram a todo o custo saber da realidade muito pouco vista.
É o que deve estar a dizer o jornalista Adérito Caldeira,
a Celso Correia, ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento
Rural, que tenta dar o seu posicionamento sobre o
questionamento.
Esse cenário fez com que alguns presentes no local concentrassem
as suas atenções ao que sucedia. Estamos a falar
de Luís Bernardo Honwana, escritor, Anabela Adrianopolos,
comunicadora, e Mateus Muthemba, director-geral da
ANAC. Tudo isso aconteceu no decorrer da sétima reunião
da ANAC, deve haver outra explicação sobre este comportamento.
Outra explicação
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF %F[FNCSP EF t "/0 997 t /o
1300 Diz-se... Diz-se
IMAGEM DA SEMANA
A
Frelimo, partido no poder
em Moçambique,
comporta-se como se fosse
um partido único, disse
em Lisboa Samora Machel Júnior,
filho do primeiro Presidente do
país, que defende um processo de
mudança dentro da estrutura partidária
de que é militante.
Samora Machel Júnior, que esteve em
Lisboa sexta-feira passada para participar
numa homenagem ao seu pai, Samora
Machel, primeiro Presidente da
República de Moçambique, promovida
pela Câmara de Comércio Portugal
Moçambique, criticou, em entrevista à
Lusa, o comportamento actual do seu
partido, a Frelimo, defendendo que este
está a pedir mudanças e admitindo que
existem clivagens dentro da organização
a que prefere, no entanto, chamar
“diferenças de opinião”.
“Primeiro acho que o partido afastou-se
muito do seu eleitorado, que é o povo,
tornou-se arrogante”, afirmou, acrescentando:
“Temos que começar a ser
mais humildes, voltar a aproximarmo-
-nos das pessoas, temos que apresentar
propostas e programas que sejam
fazíveis e realistas, temos que evitar
prometer algo que depois não cumprimos
e comportarmo-nos como um
partido que está dentro de um procesTP
EFNPDSÈUJDP /ØT
OFTUF NPNFOUP
comportamo-nos como partido único”,
afirmou.
0 mMIP EP BOUJHP 1SFTJEFOUF EB 3FQÞblica
de Moçambique assegura que “há
um sentimento dentro do partido” de
que este tem de melhorar, contudo, há
quem dificilmente aceite as mudanças,
mas também que as assimile com facilidade.
“Pode haver pessoas que estejam desDPOUFOUFT
P RVF FV BDIP OPSNBM 0
importante é que todos nos sentemos
e conversemos, falemos e discutamos
Frelimo comporta-se como partido único
dentro da organização para melhorar a
situação e evitar que existam elementos
ou camaradas descontentes”, referiu.
" SFVOJÍP EF RVBESPT PV B SFVOJÍP
EP DPNJUÏ DFOUSBM TÍP GØSVOT POEF B
discussão pode começar, indica como
exemplos.
Samora Machel Júnior admite que há
uma faixa da Frelimo a exigir mudanças
e outra que entende que a mudança
não deve existir. Porém, a isso, diz, “não
chamaria clivagens, mas sim diferença
de opiniões”.
“Temos de nos sentar todos e definir o
caminho que o partido tem que tomar”,
disse.
0T NFNCSPT EP QBSUJEP EFWFN TFS B
força motriz dessa mudança, defende.
“Estamos cientes que é preciso fazer
mudanças é preciso melhorar o que já
FTUÈ CPN
NBT UFNPT EF TFS UPEPT OØT
que temos de participar nisto, não é
um único elemento que o vai fazer. E
acredito que essa mudança já começou”,
afirmou.
Questionado sobre a abertura de Filipe
/ZVTJ
BDUVBM MÓEFS EB 'SFMJNP F 1SFTJdente
da República de Moçambique, a
essas mudanças Samora Machel Júnior
responde: “acredito que há abertura pela
parte de quem lidera o partido.”
/B PQJOJÍP EP NJMJUBOUF F NFNCSP EP
comité central da Frelimo não deve ser
atribuída unicamente à liderança do
partido os bons ou maus momentos
deste.
“Todos fazemos parte do partido e o
partido tem de ser aberto a críticas e
autocríticas. Se não somos capazes de
nos criticarmos e não estamos preparados
para fazer as mudanças, obviamente
que o desempenho há de ser mau”,
afirmou.
" MJEFSBOÎB UFN VNB QBSUF EB SFTQPOsabilidade,
com a obrigação de dar a
orientação ou caminho que o partido
deve seguir, mas todos os militantes
EFWFN BTTVNJS PT FSSPT
BT WJUØSJBT F PT
maus momentos, considera.
i/ÍP OPT QPEFNPT FTRVFDFS RVF .Pçambique
não está numa ilha, está no
mundo”, afirmou.
Com a globalização há efeitos que influenciam
directamente o desempenho
do país, ao nível da economia, da sociedade
e em outras áreas. Sendo um país
em desenvolvimento, que saiu de uma
guerra civil em que praticamente ficou
de rastos, tem um processo de reconstrução
para fazer e isso não acontece do
dia para a noite, lembrou.
“É preciso calma, é preciso tempo, é
preciso paciência, muito trabalho, muito
esforço e muita dedicação para que
isso aconteça”, afirmou.
& BDSFTDFOUPV i0CWJBNFOUF RVF UPEPT
ansiamos que o crescimento seja mais
acelerado e os resultados sejam imediatos,
não acontece, mas é preciso que
continuemos a trabalhar.
"MJBEP B FTUFT BTQFDUPT TVSHJSBN PVUSPT
problemas, como a corrupção, a falta de
transparência e a falta de honestidade,
refere.
“Tudo a acontecer na vigência do partido
Frelimo, o que desgasta a imagem do
partido. E o eleitorado começa a olhar
para outras soluções”, defendeu.
Depois de fazer os alertas conclui: “Mas
acredito que a Frelimo se vai reencontrar”.
Samora Machel Júnior foi impedido de
concorrer a autarca de Maputo, porque
a candidatura da lista que o apoiou, a
"TTPDJBÎÍP +VWFOJM QBSB P %FTFOWPMWJNFOUP
EF .PÎBNCJRVF "+6%&.
viu-se com um número insuficiente de
TVQMFOUFT
BQØT BMHVOT EPT TFVT JOUFgrantes
terem desistido.
0 QPMÓUJDP EFDJEJV TFS P DBCFÎB EF MJTUB
EB "+6%&.
BQØT B TVB QSFUFOTÍP EF
concorrer nas internas da Frelimo, partido
no poder, para a candidatura ao
município de Maputo nas autárquicas
EF 0VUVCSP
UFS TJEP WFUBEB QPS SB[ÜFT
nunca esclarecidas.
- Samora Machel Jr.
Estrada Nacional No
1, troço Inchope/Caia
A
multinacional norte-americana
Anadarko vai contratar
empresas de seguros
para as suas operações em
Moçambique, onde vai liderar um
consórcio que vai produzir gás natural
na região norte do país.
" DPNQBOIJB EJWVMHPV FTUB TFNBna
que vai contratar empresas de
seguros contra todos os riscos nas
obras em terra e ao largo da costa
EB 1FOÓOTVMB EF "GVOHJ
QSPWÓODJB
de Cabo Delgado.
" "OBEBSLP QSFUFOEF JHVBMNFOte
contratar entidades seguradoras
para carga marítima, cobrindo danos
físicos dos materiais a serem
instalados no projeto em terra, durante
o transporte marítimo.
&TUB TFNBOB
B "OBEBSLP BOVODJPV
mais um “passo importante” para a
exploração de gás natural na bacia
do Rovuma, ao seleccionar as empresas
que vão construir o sistema
submarino de extracção.
i" "OBEBSLP FTDPMIFV BT FNQSFTBT
5FDIOJQ'.$ F 7BO0PSE QBSB PT
trabalhos de engenharia, aquisição,
construção e instalação do sistema
submarino ‘offshore’ do seu projecto
de gás natural liquefeito em Moçambique”,
anunciou a empresa.
" DPNQBOIJB MJEFSB P DPOTØSDJP EF
desenvolvimento da Área 1 da bacia
do Rovuma que nos últimos meses
tem anunciado estar a fechar contratos
de venda, já com preço estabelecido,
para o gás que vai produzir
em Moçambique.
0 DPOTØSDJP RVF FYQMPSB B «SFB
é constituído pela norte-americana
"OBEBSLP
B KBQPOFTB .JUTVJ
B JOEJBOB 0/($
a petrolífera estatal moçambicana
&/)
DBCFOEP QBSUJDJQBÎÜFT
menores a outras duas companhias
JOEJBOBT
0JM *OEJB -JNJUFE
F
#IBSBU 1FUSP 3FTPVSDFT
F Ë
UBJMBOEFTB 155&1
Anadarko contrata seguradoras
para operações em Moçambique
t 0 JSNÍP NBJT OPWP EP TBVEPTP %)- WFJP DPMPDBS B CPDB OP USPNCPOF
Denunciou planos de alto nível para o seu afastamento, sem poupar pesadas
críticas contra a actual direcção interina. Basicamente veio dizer que
FTUÈ FN GBMUB B NÍP EVSB EP QBJ EB EFNPDSBDJB " QSPDJTTÍP QBSFDF JS BJOEB
ao adro.
t 2VFN UBNCÏN OÍP RVJT EFJYBS PT TFVT HBMÜFT FN NÍPT BMIFJBT GPJ P QSØprio
interino que, na abertura da polémica reunião, mandou recados para
dentro, apelando que se evite declarações que ponham em causa a coesão
EP QBSUJEP 6N EJTDVSTP Ë NPEB DBDIJNCP
OP ÞMUJNP TVTQJSP OP TBOHSFOUP $PNJUÏ $FOUSBM EF .BSÎP EF
t $PN P BWJTP Ë OBWFHBÎÍP MBOÎBEP OBT ÞMUJNBT FMFJÎÜFT
P HMPSJPTP QBSUJEÍP
optou por sacrificar a cabeça do homem-tractor como forma de fumar
o cachimbo da paz com a ala dissidente que foi apoiar Samito e assim
QSFQBSBS P FNCBUF EF 4Ø SFTUB B GFEFSBÎÍP EF CPMB BP DFTUP
t .BT RVFN EFWF FTUBS B FTGSFHBS BT NÍPT EF DPOUFOUF Ï P $PNJUÏ TJOEJDBM
da companhia de bandeira pela avaria do passarinho da companhia das
terras do tio Seleisse, quatro dias depois de ter iniciado com as operações
RVF TF FTQFSBWB RVF mDBTTFN CBTFBEBT OP FMFGBOUF CSBODP EF /BDBMB "
FTUSBUÏHJB Ï BCBUFS UJQP "JS $PSSJEPS
t 0 OPWP GBSEBNFOUP EPT IPNFOT EB MFJ F PSEFN QPEF TFS WJTUP DPNP VNB
verdadeira falta de prioridades do executivo do timoneiro do planalto,
numa altura em que a crise resultante das dívidas ocultas sacrifica milhares
de nacionais nos centros de saúde, educação entre outros. Esperamos
RVF B NVEBOÎB EF GBSEB TFKB TJOØOJNP EF NVEBOÎB EF DPNQPSUBNFOUP
t 3FTUB TBCFS RVFN OB WFSEBEF GPJ P TPSUVEP RVF FTUÈ QPS EFUSÈT EP DIPSVEP
OFHØDJP "T NÈT MÓOHVBT GBMBN EF VN DBNBSBEB QPMÓDJB DPN DPSEÍP VNbilical
enterrado algures na Zambézia, que também tem altas ambições
QBSB
t 0 IPNFN RVF FNQSFTUB P TFV OPNF Ë CJCMJPUFDB EB NBJT BOUJHB VOJWFSTJEBEF EP QBÓT EFWF UFS EBEP VN UJSP OP TFV QSØQSJP QÏ BP FYJHJS B DBCFÎB
EPT ØSHÍPT FMFJUPSBJT %FWF UFS TF FTRVFDJEP RVF P CPN EP TIFJL DIFHPV
onde chegou pela sua mão...
t 4JUVBÎÍP EJGÓDJM DPOUJOVB MÈ NBJT QBSB P /PSUF
QMBDB HJSBUØSJB EF UPEP P
OFHØDJP EF HÈT .BOUÏN TF P DPOnJUP EF CBJYB JOUFOTJEBEF DPN JOTVSHFOtes
a movimentarem-se na região e a protagonizarem ataques a aldeias,
deixando um rasto de morte e destruição. Estaremos perante uma guerra
perdida?
Em voz baixa
t "OEB QPS BÓ JNQVOFNFOUF VN KPWFN EPVUPSBOEP OB 'SBOÎB B QJSBUFBS
jornais e distribuir pelas redes sociais, com o argumento de “direito à informação”,
não se importando com a violação da propriedade intelectual.
"HVBSEFNPT RVF BP SFHSFTTBS UBNCÏN QJSBUFJF P Le Monde e o Libération
Savana 07-12-2018
EVENTOS
1
0DSXWR GH'H]HPEURGH $12;;91o 1300
EVENTOS
O
distrito de Larde, na
província de Nampula,
conta com uma nova
agência bancária do
Barclays Bank Moçambique,
empreendimento inaugurado
pela Secretária Permanente daquela
província, Verónica Langa.
O novo balcão está instalado
na localidade de Topuito, onde
antes, a população era obrigada
a percorrer cerca de 250 e 100
quilómetros, até Angoche e
Barclays Bank abre nova agência em Nampula
Moma, respectivamente, como
forma de usufruir dos serviços
bancários existentes nestes dois
distritos.
O Director da Banca de Retalho
e Negócios do Barclays, Pedro
Carvalho, sublinhou que a instalação
do balcão no distrito de
Larde enquadra-se na política
de inclusão financeira e do desenvolvimento
do país.
Carvalho afirmou que o banco
acredita no potencial da região,
mas acima de tudo no espírito
batalhador das pessoas do distrito,
acrescentando ainda que este
balcão traz consigo soluções e
serviços financeiros à população,
abrangendo também os distritos
vizinhos de Moma e Mogovolas,
contribuindo para a inclusão financeira
e o desenvolvimento da
região e da província.
O Barclays soma cerca de 44
agências em todo o território
nacional, o que, segundo Pedro
Carvalho, reafirma o compromisso
do banco em continuar a
melhorar e expandir a qualidade
e modernidade para todos os balcões
do Rovuma ao Maputo.
“Nesta oportunidade, queremos
reafirmar que o desenvolvimento
e o futuro do Banco só fazem sentido
à luz dos objectivos do desenvolvimento
de Moçambique
e da Província de Nampula, com
os quais estamos profundamente
comprometidos”, concluiu.
Por seu turno, a Secretária Permanente
de Nampula, Verónica
Langa, disse que, com a inauguração
da agência do Barclays, no
distrito Larde, apenas três, dos
23 distritos da província ficam
sem Banco.
Langa avançou ainda que a
inauguração daquele balcão enquadra-se
na iniciativa do Presidente
da República, Filipe Jacinto
Nyusi, conhecida como “Um
distrito, um banco”, visando
assim garantir que cada distrito
tenha pelo menos uma agência
bancária e que todos os cidadãos
tenham acesso aos serviços
destes mesmos Bancos, a menos
quilómetros das suas residências
ou locais de trabalho.
Entretanto, os residentes do distrito
de Larde também apontam
o encurtamento da distância,
como uma das mais-valias da
instalação da infra-estrutura do
Barclays Bank Moçambique,
defendeu Amisse Ibraimo, residente
daquela região.
“Sinto-me satisfeito por ter um
Banco na nossa localidade, isto
significa que vai encurtar as distâncias
que percorríamos, para
ter acesso aos serviços bancários,
e estou certo que esta solução irá
apoiar a população a poupar com
segurança”, referiu.
Contudo, com a inauguração
desta agência, o Barclays Bank
Moçambique passa a contar
com quatro balcões nas cidades
de Nampula, Nacala e distrito de
Larde, em Moma.
O
economista chefe
do Standard Bank,
Fáusio Mussá, considera
que o retorno
à estabilidade económica e
cambial, bem como o controlo
da inflação têm contribuído
para a atracção de mais
investidores estrangeiros ao
País, que pretendem tirar
proveito das oportunidades
de negócio que o país oferece.
Fáusio Mussá falava, semana
passada, durante a apresentação
sobre o ambiente macroeconómico
de Moçambique a
uma missão empresarial sul-
-africana que esteve no país
Empresários sul-africanos incentivados a investir em Moçambique
para se inteirar das oportunidades
de investimento existentes em diversos
sectores.
Para o economista do Standard
Bank, há um grande entusiasmo
em relação a um conjunto de sectores
(energia, agricultura, recursos
minerais e energéticos, entre
outros), o que tem levado os empresários
estrangeiros a procurar
cada vez mais informações sobre
o País.
“Os empresários procuram informações
sobre o nível das taxas
de juro, sectores que oferecem
maiores oportunidades de negócio,
áreas em que o País precisa
de melhorar e, sobretudo, o apoio
que podem ter da banca local, do
sector privado e do governo para
implementar os seus negócios”,
explicou Fáusio Mussá.
Durante a sua estadia no País, a
delegação empresarial sul-africana
escalou a cidade de Pemba,
província de Cabo Delgado, para
se inteirar da implementação dos
projectos de gás natural, tendo,
para o efeito, estabelecido contactos
e parcerias com o governo
e empresariado locais.
“Trata-se de projectos à escala regional
e mundial e é natural que
estas empresas, sendo de um país
vizinho, pretendam participar na
sua implementação”, disse o economista
chefe do Standard Bank.
O Standard Bank tem uma experiência
acumulada ao longo
dos 124 anos de implantação em
Moçambique e é um banco com
forte presença na região Austral
de África.
“Como banco, temos a habilidade
de contactar e interligar várias
empresas. Ajudamos a fazer a
ponte entre as oportunidades de
negócio que Moçambique oferece
e as fontes de investimento”.
Por seu turno, o alto-comissário
da África do Sul em Moçambique,
Mandisi Mpahlwa, referiu
que a delegação é composta por
18 empresários ligados aos sectores
de energia, equipamentos
eléctricos, ferroviário, aço e manutenção
de estradas, interessados
em estabelecer os seus negócios
em Moçambique.
“Obtivemos informações
de diversas entidades governamentais
e do sector
privado, tanto em Cabo
Delgado como em Maputo,
e a vinda desta missão
empresarial acontece depois
de o Governo ter lançado
importantes projectos, tais
como a Estratégia Nacional
de Electrificação, associada
ao Programa Nacional de
Energia Para Todos, que, a
par dos projectos de exploração
de gás natural e das
potencialidades em diversos
sectores, despertaram o
interesse dos empresários
sul-africanos”, disse o diplomata.
Savana 07-12-2018 EVENTOS
2
O
s governos de Moçambique
e do Reino dos Países Baixos
rubricaram, na passada
sexta-feira, um acordo de
financiamento, a título de donativo,
para construção do um centro de
tratamento e distribuição de água na
província de Nampula.
Estimado em 21,6 milhões de euros,
o acordo vai contribuir para melhoria
do abastecimento de água naquela
província.
Para o Ministro das Obras Públicas
Habitação e Recursos Hídricos
(MOPHRH), João Machatine, o
acordo resulta do esforço conjunto
do governo de Moçambique e da
Holanda na busca contínua de recursos
de investimentos para revitalização
e expansão de infra-estruturas,
cumprindo desta forma com uma
das prioridades do Programa Quinquenal
do Governo que versa sobre
a necessidade de desenvolver infra-
-estruturas económicas e sociais.
Por sua vez, Michiel Van Der Pompe,
encarregado de negócios da embaixada
do Reino dos Países Baixos, assinalou
que o investimento vai contribuir
para a melhoria das condições de
vida dos moçambicanos. Sublinhou
que o sector de águas será prioritário
nos próximos quatro anos no âmbito
da cooperação entre os dois países.
Desde o estabelecimento do FIPAG
em 1998, o executivo moçambicano
já investiu cerca de USD 900 milhões
para expansão da rede de abastecimento,
o que culminou com o incremento
da cobertura para cerca de 3.5
milhões de beneficiários.
Machatine anotou que, apesar deste
esforço empreendido, ainda prevalece
o desafio de continuar a expandir a
rede para cobrir o universo populacional
residente nas áreas consideradas
da jurisdição do FIPAG.
Apelou, o dirigente, às entidades que
operam no sector de água para trabalharem
de forma que uma complemente
a outra nesta operação de
visa aumentar a cobertura do abaste21.6
milhões de
euros para água
cimento de água, de modo que a população
não seja sacrificada.
Na mesma cerimónia, Machatine
procedeu à inauguração da Academia
de Desenvolvimento de Competências
e Carreiras Profissionais do
FIPAG, um organismo que no seu
primeiro ano de actividades (2019)
estará focado para formação interna,
sendo que a partir do segundo estará
aberto ao público em geral.
Orçada em 26 milhões de meticais,
com 11 salas de formação equipadas
com tecnologia de ponta, a academia
visa responder às necessidades
formativas da instituição para elevar
a qualidade do trabalho prestado ao
público.
Segundo foi explicado, o FIPAG
conta com 2.613 funcionários, dos
quais mais de 60% por cento não
possuem uma formação específica
no sector das águas, facto que pode
comprometer num futuro próximo os
objectivos da instituição, numa altura
em que a gestão da água mostra-se
cada vez mais pertinente.
De acordo com Machatine, a conjugação
de factores como crescimento
demográfico e alterações climáticas
impõe a necessidade de dotar os profissionais
do sector das águas e saneamento
de conhecimento adequado
para que possam antecipar e ajustar
estas dinâmicas e permitir que possamos
evoluir normalmente com o domínio
das tendências que demandam
o sector.
“A academia que hoje inauguramos
deverá constituir um verdadeiro laboratório
de conhecimento, onde a
investigação com base nas experiências
do passado, dos países com que
cooperamos, possam contribuir para
a busca de soluções aos problemas relacionados
com sustentabilidade dos
investimentos, eficiência dos sistemas
e qualidade dos serviços prestados”,
disse, acrescentando que com recurso
a novas tecnologias e com o saber
encubado nesta academia impõe-se
que os sistemas sejam cada vez mais
eficientes, optimizando desta forma
os recursos disponíveis.
A
Cidade de Maputo vai acolher,
no dia 08 de Dezembro,
o festival de verão denominado
“We love Summer”,
um evento que tem como objectivo
promover a criação de sinergias culturais
e intercâmbio turístico entre
músicos e diferentes actores culturais
nacionais e internacionais.
Promovido pela SB Entertainment
e parceiros, o festival realiza-se na
Quinta Beija-Flor, no Bairro das Mahotas,
cidade de Maputo, devendo
contar com a presença de músicos e
DJ’s moçambicanos e internacionais,
com destaque para o aclamado grupo
de DJ’s sul-africanos Strange Loving.
A presente edição conta com o apoio
do Ministério da Cultura e Turismo
e tem como principais parceiros
a COMSERV, Cine Group, Volare,
Perfect Clean, Paez, Pro Segurança,
Sir Motors, Fidelidade, Millennium
Maputo acolhe 4ª edição do
Festival “We love Summer”
bim, entre outros.
A Directora-geral da SB Entretainment,
Luana Jane, destacou que a
presente edição do evento não vai
somente trazer uma simples inovação,
mas também contribuir na promoção
da cultura, para que as pessoas vejam
o We Love Summer como uma garagem
de marcas que podem um dia ser
uma referência para qualquer marca
inovadora.
Por outro lado, Luana Jane referiu que
vai ser uma honra ter a presença de
todos os jovens, para que possam desfrutar
da boa música como também
da decoração que vai ser feita pensando
no jovem e no verão.
Com origem na Cidade do Cabo, o
festival já escalou as cidades de Roma
e Joanesburgo, para além de Moçambique,
onde acontece duas vezes por
ano, estando actualmente na sua 4ª
edição, sob direcção da SB Entertainment.
(C.C)
A
cantora moçambicana Anita
Macuácua vai realizar, no
dia 07 de Dezembro corrente
em Maputo, um concerto
alusivo ao lançamento do seu mais
recente álbum intitulado Xidossana.
O álbum é composto por várias
faixas musicais e comporta composições
de sucesso como Xidossana,
Khanimambo, Tio João, entre outros.
Produzido pela Big Brother Entretenimento,
o concerto terá lugar no
Anita Macuácua lança Xidossana
Espaço Big Brother onde Anita Macuácua
vai partilhar o palco com convidados
vários artistas da praça, de
entre eles Ubakka, Mr. Bow, Liloca,
Wazimbo, António Marcos, Shelsy e
Zander Baronet, Marlene, Dama do
Bilng, Júlia Duarte, Yolanda Kakana,
Euridse Jeque, Dilon Ndjindje, Matilde
Congo, Zav, Abuchamo, Os do
momento, entre outros músicos.
De acordo com Anita Macuácua, o
álbum foi produzido com muito carinho
e tem a participação de vários
músicos, com um vasto leque de canções
com diferentes ritmos. Segundo
Macuácua, este é mais que um
simples álbum, mais sim filho que
foi muito esperado tanto pela artista
como pelo público.
Entretanto, Júlio Sitoe, proprietário
da marca Big Brother Entretenimento
e um dos parceiros, conta que
é uma honra abraçar o sonho da cantora
Anita Macuácua, por ser uma
mulher batalhadora e por ser filha da
casa. (C.C)
Savana 07-12-2018
EVENTOS
3
1. Génese:
Em 2009, o Governo de Moçambique representado pelo Ministério da
Agricultura e Segurança Alimentar (MASA), a Agência Japonesa de
Cooperação Internacional (JICA), a Agência Brasileira de Cooperação
(ABC), iniciaram uma discussão sobre um modelo para o desenvolvimento
da agricultura em Moçambique que culminou com a assinatura
de um memorando do Programa de Cooperação Triangular e denominaram
por Savana Tropical, abreviadamente designado por (ProSAVANA).
O ProSAVANA é um Programa do Governo de Moçambique, que será
implementado pelo Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar
(MASA), com o apoio dos Governos do Japão e do Brasil e tem como
foco de investimento as áreas de Tecnologias, Inovação e Infra-estruturas,
visando melhorar as condições de vida da população no Corredor
de Nacala através de um desenvolvimento agrícola regional sustentável
e inclusivo.
2. Missão:
O programa tem como missão melhorar e modernizar a agricultura com
YLVWDDXPDXPHQWRGDSURGXWLYLGDGHHSURGXomR HGLYHUVLÀFDomRGD
produção agrícola, bem como gerar emprego através de investimentos
agrícolas e de estabelecimento de cadeias de valor.
3. Objectivos do Programa
O programa tem como objectivos:
a) Criar novos modelos de desenvolvimento agrícola, tendo em conta
aspectos ambientais e sócio económicos, buscando o desenvolvimento
agrícola rural e regional orientado para o mercado e com vantagens
competitivas.
b) Contribuir e incentivar para o aumento da consciência da população
na regularização da terra através da aquisição dos Documentos de Uso
e Aproveitamento da Terra (DUAT).
4. Abrangência do programa
A área de abrangência compreende 19 distritos, das províncias da Zambézia
(Gurué e Alto Molócuè), Nampula (Monapo, Meconta, Muecate,
Mogovolas, Rapale, Murrupula, Mecuburi, Ribáuè, Lalaua e Malema) e
Niassa (Chimbonila, N’gauma, Mandimba, Cuamba, Sanga, Majune e
Mecanhelas) e ao longo do Corredor de Nacala.
Em termos de população (número de habitantes) abrangida, de acordo
com do censo populacional de 2007, trata-se de cerca de 2.992.233 (dois
milhões, novecentos e noventa e dois mil e duzentos e trinta e três) habitantes
em 2009, com projecção para 4.058.964 (quatro milhões, cinquenta
e oito mil e novecentos e sessenta e quatro) habitantes em 2018.
5. Projectos concluídos e em curso
$WUDYpVGDFRRSHUDomRWpFQLFD IRUDPLGHQWLÀFDGRV TXDWUR SURMHFWRV
a saber:
a) Estudo de Base para o Desenvolvimento da Agricultura das Savanas
Tropicais de Moçambique (2009 – 2010);
b) Projecto da melhoraria na Capacidade de Pesquisa e Transferência
de Tecnologia para o Desenvolvimento Agrário no Corredor de Nacala
(ProSAVANA-PI) - de 2011 à 2014, tendo como actividades desenvolvidas:
(i) construção do laboratório de análise de solos e plantas de Nampula;
(ii) ensaios de várias tecnologias (ex. genótipos para a produção
de sementes melhoradas);
c) Projecto de melhoria e criação de Modelos de Desenvolvimento ao
Nível das Comunidades, com Melhoria do Serviço de Extensão Agrária
(ProSAVANA-PEM) - 2013 a 2019.
Actualmente estão em teste cinco (5) modelos, a saber: (i) de apoio às
comunidades; (ii) de apoio as associações; (iii) de apoio as cooperativas;
(iv) de produção sob contrato; (v) de desenvolvimento de cadeias de
valor (produtivas);
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E SEGURANÇA ALIMENTAR
GABINETE DO MINISTRO
Comunicado de Imprensa
Programa de Cooperação Triangular (ProSAVANA)
d) Plano Director para o Desenvolvimento Agrário no Corredor de
Nacala (ProSAVANA - PD – 2012 a 2015, instrumento que dará as linhas
de orientação estratégicas do desenvolvimento da agricultura no
Corredor de Nacala.
Em relação a este documento, realizaram-se debates e consultas em
2015, que permitiram a produção da versão provisória do Plano Director,
(vide página da internet: www.prosavana.org.mz ), que é resultado
das acções seguintes:
i. Revisão e análise de relatórios, planos e legislação existentes;
ii. Entrevistas a entidades do governo, sector privado, organizações
não-governamentais e outras organizações da sociedade civil com
enfoque para as áreas abrangidas;
iii. Trabalho de campo no sentido de compreender as condições prevalecentes,
incluindo entrevista a produtores individuais e empresas
privadas;
iv. Inquéritos a organizações de produtores e inquéritos sobre comércio
agrícola;
Y $QiOLVHGHGDGRVH[LVWHQWHVQRVLVWHPDJHRJUiÀFR EHPFRPRRXWURV
dados para compreender a distribuição de recursos naturais e uso
da terra, e avaliar o potencial agrícola.
De salientar que, o programa tem recebido várias contribuições da sociedade
civil e organismos especializados no sentido de melhorar a
qualidade do documento de base do ProSAVANA.
6. Ponto de situação
2SURJUDPDHVWiDLQGDQDIDVHGHFRRSHUDomRWpFQLFDYLVDQGRDÀQDOLzação
do Plano Director que dará as linhas de orientação estratégicas
do desenvolvimento da agricultura no Corredor de Nacala, devendo
ajustar-se o seu período de implementação.
Desde 2015, o projecto de elaboração do Plano Director sofreu várias
interrupções relacionadas com as petições de diferentes actores interessados
na matéria, no concernente ao processo e o próprio conteúdo
do Plano Director (em elaboração).
Relativamente ao processo, o ProSAVANA nas suas acções tem pautado
pelo princípio da transparência, valoração dos direitos humanos
e inclusão social, mecanismo inclusivo e democrático de diálogo com
todas as esferas da sociedade.
É neste contexto que no dia 4 de Abril de corrente ano, o MASA promoveu
um encontro com as organizações da sociedade civil, incluindo
a ordem dos advogados de Moçambique, visando recolher contribuio}HVVREUHRSURFHVVRGHUHYLVmRHÀQDOL]DomRGR3ODQR'LUHFWRU
Etapas para aprovação do Plano Director:
Para a aprovação do plano Director serão observadas as seguintes etapas:
a) Consulta participativa;
b) Harmonização;
c) Revisão e incorporação das contribuições;
d) Aprovação pelo Governo.
Neste contexto, a colaboração, o reforço dos mecanismos de diálogo
com a participação activa de todos os interessados e o empenho de todos
os intervenientes, é determinante para a conclusão do Plano Director,
instrumento basilar para a implementação das fases subsequentes
do programa.
Caso queira obter mais informação favor de contactar os Governos
provinciais onde o programa abrange, a coordenação do ProSAVANA
no edifício sede do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar
e pelo sítio do ProSAVANA através do endereço www.prosavana.org.
mz.
Maputo, aos de Novembro de 2018.
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Savana 07-12-2018 EVENTOS
4
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Bank of the Year 2018
MOZAMBIQUE
Savana 07-12-2018
EVENTOS
5
Dezembro de 2018
ANÁLISE DUM PONTO DE
VISTA MACROECONÓMICO*
A Proposta do Orçamento do
Estado para 2019 Assenta-se em
Pressupostos Pouco Prováveis
Introdução
A presente nota analisa a Proposta do Orçamento
de Estado (POE) 2019 sob um ponto de vista
macroeconómico (parte III sobre a POE 2019)1
,
pretendendo elucidar o Governo e o público em geral
sobre a permanente necessidade de detalhar e alinhar
cada vez mais o documento de fundamentação do
Orçamento do Estado com os planos de longo e de
curto prazo (Programa Quinquenal do Governo e Plano
Económico e Social).
A POE para 2019 tem como principais linhas de
intervenção as seguintes: (i) melhoria das fontes de
arrecadação de receitas internas, (ii) racionalização da
despesa pública, (iii) reforma do sector empresarial do
Estado e (iv) autonomia faseada do Fundo de Pensões
dos Funcionários e Agentes do Estado.
Esperava-se que a presente proposta incluísse
discussões de forma activa com as Organizações da
Sociedade Civil (OSCs), uma vez que o Governo se
comprometeu, em anos passados, em aumentar a
cooperação com as OSCs. Porém, ano após ano, o
Governo ignora estes compromissos frustrando a
intenção das OSCs de contribuir e influenciar as políticas
e o envelope de recursos públicos destinados a sectores
produtivos e sociais2
. O CIP questiona por que razão o
Governo não toma em consideração as necessidades
de acesso à informação dos cidadãos e da sociedade
civil, de modo a, já com a fundamentação da proposta,
deixar participar a sociedade civil na auscultação sobre a
intenção do Governo no gasto público.
Pressupostos de Recursos do
Orçamento
A nível interno o Governo pretende manter a pressão
sobre o sector privado na cobrança do IVA, do ICE, do
imposto sobre comércio externo e a identificação da
utilização dos tipos de combustíveis.
O documento menciona também que o Governo
pretende rever os Regimes Específicos de Tributação
e Benefícios Fiscais das Operações Petrolíferas e da
Actividade Mineira. Contudo, não especifica quando o
pretende fazer.
1. A parte I sendo https://cipmoz.org/2018/10/17/mais-uma-vez-asoberania-da-assembleia-da-republica-foi-ignorada-o-uso-dos-fundosreferentes-as-mais-valias-carece-de-aprovacao-do-parlamento/;
e a parte II
sendo https://cipmoz.org/2018/10/28/sectores-sociais-de-saude-e-aguaslonge-de-serem-prioridade-do-governo-baixo-nivel-de-execucao-dasdespesas-entre-as-causas-da-marginalizacao-destes-sectores/
2. Entretanto o Ministério de Economia e Finanças (MEF) realizou um
encontro com os jornalistas para a apresentação da Proposta do OE 2019,
o encontro foi convocado depois do MEF ter depositado a proposta na AR.
* Todas as conclusões desta análise são baseadas exclusivamente no
documento “Proposta de Fundamentação do Orçamento 2017” -- http://
www.dno.gov.mz/docs/OE2019/OE2019_PROPOSTA_AR/OE2019_
PROPOSTA_AR_PACOTE_COMPLETO.zip
A POE 2019 prevê o uso de receitas fiscais de maisvalias3
de cerca de 5,2 mil milhões de meticais (MMT),
equivalentes a 0,5% do PIB.
A POE 2019 pretende, também, mobilizar
recursos financeiros do estrangeiro apostando na
implementação de novos projectos de investimentos
pelos parceiros de cooperação. A rúbrica de donativos
para projectos aumenta 85,6% comparativamente à Lei
2018, o que agrega 1(um) ponto percentual (pp) ao PIB
para o agregado de recursos externos. Dada a situação
actual de Moçambique (classificado como em “default”
pelas agências de rating) a POE 2019 não apresenta
argumentos suficientes que permitam pensar que os
recursos aumentem de uma forma tão pronunciada.
O Governo identificou o Banco Mundial4 como uma
das instituições financeiras que prevê contribuir para a
POE 2019 em forma de donativos, não obstante deve
ter-se em conta que os processos do Banco Mundial
para um desembolso efectivo são bastante lentos. O
CIP acha que o forte aumento orçado cria problemas de
credibilidade do OE 2019.
Pressupostos de Despesas do
Orçamento
Como consequência das projecções demasiado
optimista dos recursos, as despesas são orçadas com um
aumento em 2,8 pp do PIB. Isto afecta tanto despesas
de funcionamento (mais 0,8 pp) como as despesas de
investimento (mais 1,8 pp). O CIP propõe ao Governo
reduzir as despesas identificadas e criar uma rúbrica de
“despesas contingentes” a serem efectivadas só quando
houver recursos disponíveis sem agravar o défice. Esta
estratégia diminuiria muito o risco fiscal e daria mais
credibilidade ao orçamento. Caso os recursos não se
3. Vide: https://cipmoz.org/2018/10/17/mais-uma-vez-a-soberania-daassembleia-da-republica-foi-ignorada-o-uso-dos-fundos-referentes-asmais-valias-carece-de-aprovacao-do-parlamento/
4. Por Adriano Maleiane, Ministro de Economia e Finanças na sessão de
perguntas e respostas à Comissão de Plano e Orçamento da Assembleia da
República em 12 de Novembro de 2018.
DIVULGAÇÃO DESPORTO
Savana 07-12-2018 EVENTOS
6
2 Maputo, Novembro de 2018
ANÁLISE DAS PROPOSTAS
DO PES E OE 2019 FÓRUM DE MONITORIA DO ORÇAMENTO |Novembro de 2018
materializem (o que é fortemente provável) o Governo
estará em muito melhor posição de evitar recorrer (de
forma não programada) ao crédito interno.
Do montante das despesas de investimento interno
estão previstas ainda despesas que serão financiadas
com recurso às receitas sobre as mais-valias recebidas
no contexto das vendas de participações da ENI à Exxon
Mobil em Dezembro 2017. Esta transacção foi coberta
em detalhe numa nota separada do CIP5. O montante
de 5.274,0 milhões de Meticais será alocado para
reforçar os projectos de manutenção de emergência da
N1 (estrada nacional n°1), na aceleração da construção
de infra-estruturas de Água e Saneamento e infraestruturas
do sector da Saúde.
A POE 2019 também inclui 6,5 mil milhões de Meticais
(MMT) (equivalente a 0,6% do PIB) para eleições. O
CIP quer enfatizar que estas despesas são indicadas
na POE 2019 na rúbrica de investimento interno. Só
que, com base em normas internacionais em vigor em
todo o mundo, despesas eleitorais são despesas de
funcionamento, independentemente de como são
financiados. Mesmo se incluíssem uma componente
de investimento, seriam só estes montantes que
poderiam ser classificados como investimento. O
restante deve ser necessariamente considerado
despesa de funcionamento. Efectivamente, em
2013-2014 as despesas para as eleições estavam
incluídas, correctamente, na rúbrica de bens e serviços
das despesas de funcionamento. O CIP propõe ao
Governo que respeite as classificações fiscais aceites
internacionalmente eque inclua as despesas para
eleições em despesas de funcionamento, em vez de sobreestimar
de forma ilusória as despesas de investimento
para garantir um orçamento inteiramente financiado.
As Operações Financeiras Activas (acordos de
retrocessão) mostram uma diminuição dada a
conclusão de grandes projectos, com destaque para
a construção da Ponte Maputo–Catembe e da estrada
para Ponta d´Ouro. As Operações Financeiras Passivas
(amortizações das dívidas externas e internas) mostram
aumentos significativos, continuando as tendências
desde 2015 em consequência dos aumentos da
dívida pública. O CIP propõe ao Governo introduzir
medidas para evitar mais aumentos na dívida pública,
especialmente tomando em consideração que 2019 é ano
das eleições presidenciais, para não agravar os riscos de
aumento de inflação e desvalorização do Metical, o que
prejudicaria todos os Moçambicanos.
No que concerne à contenção da despesa pública, a
POE 2019 menciona a fixação dos limites de despesas
de combustível e serviços de telefonia móvel para os
dirigentes superiores do Estado, titulares de cargos
5. https://cipmoz.org/2018/10/17/mais-uma-vez-a-soberania-daassembleia-da-republica-foi-ignorada-o-uso-dos-fundos-referentes-asmais-valias-carece-de-aprovacao-do-parlamento/
governativos, membros dos órgãos sociais do sector
empresarial do Estado, dos Institutos e Fundos Públicos,
e outras instituições do Estado com autonomia
administrativa e financeira, bem como a introdução de
limites para as despesas de arrendamento de imóveis
para instalação de serviços da Administração Pública.
Foi emitido o Decreto 75/2017 de 27 de Dezembro de
2017, mas este não permite medir o impacto orçamental
destas medidas, porque a POE 2019 não inclui detalhes
suficientes. O CIP chama atenção ao Executivo de que a
divulgação do impacto orçamental serviria para fortificar
a confiança dos moçambicanos quanto à efectivação das
políticas de austeridade para todos.
Sector Estrutural
O CIP lamenta que o Governo não tenha publicado
ainda o Cenário Fiscal de Médio Prazo (CFMP) tanto para
2018-2020 como para 2019-2021. O CIP chama atenção
ao Governo sobre a importância da publicação deste
documento (fundamental até mesmo para melhorar a
sua pontuação no índice de transparência orçamental),
tanto mais que provavelmente tenha sido elaborado para
uso interno (é um documento crucial para elaboração da
POE 2019). A total ausência deste documento implicaria
que as projecções orçamentais carecessem de devida
fundamentação e corressem o risco de estar fora do
contexto económico do país.
Um dos temas da POE 2019 é “reforma do sector
empresarial do Estado”. Entretanto a proposta limita-se
a fazer referência a leis no que concerne a este tema.
O CIP propõe ao Governo a inclusão no OE 2019 de uma
secção que fale das consequências financeiras dos défices
significantes do sector das empresas públicas, enfatizando
medidas financeiras de correcção para mitigar o mau uso
de recursos próprios do Governo para apoiar empresas
que, na realidade, na maior parte estão falidas.
Dado que 2019 é o último ano deste Governo, seria
bom ter uma secção de reflexão sobre os resultados
obtidos no contexto do Plano Quinquenal do Governo
(PQG) 2015-2019. Nota-se que, em relação às metas
macroeconómicas do PQG 2015-2019, a POE 2019
não menciona a grande divergência que há com todas
as metas estabelecidas6 (salvo a de inflação, veja
quadro 6 do PQG 2015-2019 abaixo. Assim, a receita
do Estado está em só 24,4% comparado com 32,5%
no PQG; valor presente de dívida (82,8% imputado do
relatório do FMI para 2019, contra menos de 40% do
PQG); taxa de crescimento do PIB (4,7% contra 7-8%).
O CIP chama atenção ao Governo sobre a importância
de apresentar avaliações do PQG, pelo menos nas áreas
macroeconómicas e sociais.
6. Não se entendem as cifras no PQG para o défice orçamental, pois a base
em 2014 foi de 14,7% (e não de 22,7).
DIVULGAÇÃO DESPORTO
Savana 07-12-2018
EVENTOS
7
Maputo, Novembro de 2018 3
ANÁLISE DAS PROPOSTAS
DO PES E OE 2019 FÓRUM DE MONITORIA DO ORÇAMENTO | Novembro de 2018
Fonte: Plano Quinquenal do Governo 2015-2019
O Governo indicou que está a finalizar as investigações
sobre as dívidas atrasadas a fornecedores nacionais.
Documentos publicados no portal do MEF indicam
que a dívida total a fornecedores de 2007 a 2017 foi
estabelecida em 19,3 MMT até Novembro de 2018.
Deste montante, 13,4 MMT foram validados7. O
documento também indica que 60 milhões de Meticais,
aumentado com 10% da dívida validada, serão pagos
imediatamente (uns 10.5% da dívida validada). O
resto será convertido em títulos registados8. Esta
acção constitui um passo bem-vindo e apresenta uma
oportunidade única para o Governo passar de contas
fiscais na base de caixa a contas fiscais na base de
compromissos, tal com o fazem quase todos os outros
países do mundo. Porém, se já começou o processo
de reembolso de dívidas aos fornecedores ainda não
fica claro quanto já se pagou: o processo ia começar
em Novembro 2018 e terminar em Dezembro 2018.
Também não fica claro com que fundos os pagamentos
serão feitos—o mais provável é que se vão converter
em nova dívida interna mediante títulos de tesouraria.
O CIP propõe ao Governo a adopção de contas fiscais na
base de compromissos, tudo para permitir um melhor
controlo das gastos públicos e assim diminuir os riscos
fiscais.
Dívida Pública
O serviço da dívida pública segue o seu crescimento
vertiginoso, podendo alcançar em 2019 3,4% do PIB
quanto a juros e 3,1% quanto a amortizações. A CGE
2017 mostrava cifras mais baixas em 1 pp do PIB para
cada rúbrica – 2,2% e 2,3% do PIB, respectivamente,
numa situação onde as taxas médias anuais de bilhetes
do Tesouro baixaram de 25% em 2017 para 15% em
Outubro de 20189,isto, sem incluir as dívidas externas
que não estão sendo pagas, nomeadamente as
chamadas dívidas ilegais da EMATUM, ProIndicus, e
MAM. No dia 8 de Novembro de 2018, o CIP publicou
um comunicado manifestando a sua oposição a uma
proposta sendo negociada com os credores da dívida
7. http://www.mef.gov.mz/index.php/documentos/1578-estrate-gia-parapagamento-da-di-vida-do-estado-a-fornecedores/file?force-download=1
8. Transaccionados na Bolsa de Valores de Moçambique, com um prazo de
10 anos, com possibilidade de amortização antecipada depois do ano 3 e
taxa de juro equivalente á taxa de inflação média anual acrescida de 0,75%
de spread
9. Banco de Moçambique, http://www.bancomoc.mz/fm_MercadosMMI.
aspx?id=4
EMATUM de hipotecar receitas futuras do gás10. Esta
proposta antecipa pagamentos de juros em Março
e Setembro de 2019 (e de anos futuros). Para fins
de transparência, o CIP propõe ao Governo que dê
indicações de como pretende financiar este gasto
adicional (que seria de uns 2,16 MMT anuais nos
primeiros anos)11. Neste contexto, o CIP também lembra
ao Exmo. Sr. Ministro das Finanças que foi ele mesmo a
propor, no dia 21 de Agosto de 201712, que as maisvalias
fossem salvaguardadas num Fundo soberano —
portanto admitindo que fazem parte dos recursos do
sector de petróleo.
No que concerne a dívida interna, o aumento dos juros
de 1,1% em 2017 para 2,4% na POE 2019 implica que
os défices orçamentais são altos demais para permitir
uma gestão prudente da dívida pública. Isto é contrário
às acções de seguimento que o Governo supostamente
está a implementar. “Para 2019, estão previstas as
seguintes acções de seguimento:… Prosseguimento
da gestão rigorosa da dívida pública.”13 O CIP propõe
ao Governo que adopte medidas verídicas de controlo
da divida pública para evitar que as necessidades de
financiamento do Governo aumentem ainda mais a
dívida interna pública e portanto as taxas de juro, o que
prejudicaria a todos os moçambicanos.
O Artigo 11 (Garantias e avales) da Proposta de Lei do
Orçamento do Estado para 2019 autoriza o Governo
a emitir garantias e avales no montante máximo de
151.250.000,00 mil MT, incluindo o “Apoio ao sector
empresarial do Estado da indústria extractiva” por
136.125.000,00 mil Meticais. Isto representa um risco
fiscal enorme embora o Governo não dê mais detalhes.
De declarações do Ministro das Finanças14 soubese
que a garantia será outorgada à Empresa Nacional
de Hidrocarbonetos (ENH) num contexto onde essa
empresa pública não vai ter recursos, até depois
de 2023, para poder reembolsar a garantia. O CIP
propõe, a bem da transparência, que o Governo explique
claramente os riscos da emissão desta garantia à ENH.
Note-se que o valor das garantias (equivalentes a uns
USD 2.300.000.000) aproxima o das dívidas ilegais, que se
encontram em fase de reestruturação por incumprimento
do serviço da dívida.
10.. https://cipmoz.org/2018/11/07/governo-hipotecou-o-bem-estar-dosmocambicanos/
11. Taxa de juros da proposta de 4% a ser paga em dinheiro sobre um capital
de aproximadamente de USD 900 milhões = USD 36 milhões * 60 Meticais/
dólar = 2,16 MMT.
12. MacauHub, “Moçambique cria Fundo Soberano com dotação inicial de
350 m de dólares”, 22 de Agosto de 2017.
13. POE 2019, Parágrafo 55.
14. Na sessão de perguntas e respostas à Comissão de Plano e Orçamento
da Assembleia da República em 12 de Novembro de 2018.
DIVULGAÇÃO DESPORTO
Savana 07-12-2018 EVENTOS
8
4 Maputo, Novembro de 2018
ANÁLISE DAS PROPOSTAS
DO PES E OE 2019 FÓRUM DE MONITORIA DO ORÇAMENTO |Novembro de 2018
Recomendações
Os pressupostos de recursos do orçamento devem
ser revistos para os tornar mais realistas e evitar
que a sobrestimação de recursos crie problemas de
viabilidade do OE 2019. Tendo em conta este ponto
de vista, o Governo deveria reduzir as despesas
identifi cadas e criar uma rúbrica de “despesas
contingentes” (a serem efectivadas só quando houver
recursos disponíveis sem agravar o défi ce), o que daria
muito mais credibilidade ao orçamento.
O Governo deve respeitar as classifi cações fi scais
aceites internacionalmente e incluir as despesas para
eleições em despesas de funcionamento, em vez
de sobrecarregar de forma ilusória as despesas de
investimento.
O Governo deve apresentar o CFMP, sem o qual as
projecções de recursos orçamentais carecem de
devida fundamentação e correm o risco de estar fora
da realidade económica que o país está enfrentando.
Dado que 2019 é o último ano deste Governo, o CFMP
deveria ter uma secção de refl exão sobre os resultados
obtidos no contexto do Plano Quinquenal do Governo
(PQG) 2015-2019.
O Governo, no OE 2019, deveria enfatizar as
consequências fi nanceiras dos défi ces signifi cantes do
sector das empresas públicas, especifi cando medidas
fi nanceiras de correcção para mitigar o mau uso de
recursos próprios do Governo para apoiar empresas
que na realidade, na maior parte, estão falidas.
Quanto às despesas atrasadas, o Governo poderia
adoptar contas fi scais com base em compromissos em
vez de ser com base em caixa como está sendo utilizado
pelo Governo até o momento, tudo para permitir um
melhor controlo das gastos públicos e assim diminuir
os riscos fi scais.
O Governo poderia adoptar medidas verídicas
de controlo da divida pública para evitar que as
necessidades de fi nanciamento do Governo aumentem
ainda mais as taxas de juro, o que prejudicaria a todos
os moçambicanos. Neste contexto, o OE 2019 poderia:
especifi car o benefi ciário e as nuances do aval
autorizado de 136,1 MMT (uns USD 2,3 mil milhões de
dólares americanos, quase o mesmo montante que
as dívidas ilegais) e dar indicações de como propõe
fi nanciar os juros anuais de uns 2,16 MMT previstos na
proposta de restruturação da dívida do 6 de Novembro
de 2018.
Membros do FMO
DIVULGAÇÃO DESPORTO
(VWHGRFXPHQWRIRLHODERUDGRFRPDSDUWLFLSDomRÀQDQFHLUDGD8QLmR(XURSHLD 2VHXFRQWH~GRp
GDUHVSRQVDELOLGDGHH[FOXVLYDGRSURMHFWRQmRSRGHQGR HPFDVRDOJXP FRQVLGHUDU VHTXHUHÁHWHD
posição da União Europeia
O texto é da responsabilidade do CIP
Savana 07-12-2018
EVENTOS
9
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Savana 07-12-2018 EVENTOS
10
Eni Rovuma Basin B.V., Sucursal de Moçambique - Operadora
Delegada Offshore, em nome da Mozambique Rovuma
Venture, Operadora da Área 4, convida as Empresas interessadas
a apresentar as suas Manifestações de Interesse para
provisão de Embarcação de Instalação de Equipamentos Submarinos
em apoio à campanha de perfuração de poços submarinos,
actividades de intervenção e manutenção dos poços de
produção, que serão realizadas na Área 4 da Bacia do Rovuma,
aproximadamente a 135 milhas náuticas da costa nordeste de
Pemba, Moçambique.
ÂMBITO DO TRABALHO
$HPEDUFDomRSURSRVWDSDUDRVVHUYLoRVGHYHVHUFODVVLÀFDGD
SRU XPD 6RFLHGDGH &ODVVLÀFDGRUD DSURYDGD SDUD WDUHIDV GH
construção submarina. A embarcação deve estar disponível
para acomodar o representante do Cliente durante todo período
de execução das atividades.
A Embarcação deverá operar numa faixa de profundidade de
água de 2.500m e deverá atender aos seguintes requisitos mínimos:
*UXD$FLRQDGDSRU(OHYDomR FDSD]GHUHDOL]DUDFWLYLGDGHV
de instalação / recuperação de equipamentos submarinos
com um peso aproximado de 80 toneladas e dimensões de
6m x 6m x 5m;
'RLV VLVWHPDVGH9HtFXORGH&RPDQGR5HPRWR 529 GH
classe pesada (working Class ROV) para atividades de instalação
submarina em até 3000 metros de profundidade de
água;
(VSDoRGHFRQYpVGH P
6LVWHPDGH3RVLFLRQDPHQWR'LQkPLFR &ODVVH'3
2VVHUYLoRVVHUmRQHFHVViULRVLQGLFDWLYDPHQWHDSDUWLUGRÀQDO
de 2019 por um período de até 4 meses.
DOCUMENTAÇÃO SOLICITADA
As empresas interessadas poderão enviar a sua Manifestação de
Interesse, fornecendo a seguinte documentação:
)RUPXOiULRGH4XDOLÀFDomRSUHHQFKLGRGRVUHTXLVLWRVSDUD
DSUp TXDOLÀFDomRWpFQLFDGRVSURSULHWiULRVGHHPEDUFDo}HV
offshore;
2. Documento de Conformidade (DOC) emitido sob SOLAS
74/78 Chapt.IX, Reg.4 para o tipo de embarcação a ser gerida;
caso o DOC não esteja em nome da entidade que deseja
participar da Manifestação de Interesse, deve ser fornecida
evidência da relação entre essa entidade e o proprietário do
DOC;
&HUWLÀFDomRH RXGRFXPHQWRVGR6LVWHPDGH*HVWmRGH+67
que comprovem a conformidade da empresa com os padrões
internacionais (ISO 14001 e 45001);
4. Caso deseje manifestar o interesse como Consórcio ou joint
venture, informações sobre cada membro do consórcio ou
joint venture e o papel de cada participante no potencial projeto.
Essa intenção de formar um consórcio ou uma JV deve
ser apoiada por um Acordo ou “Memorando de Entendimento”
devidamente assinado por cada entidade no grupo;
5. Relatórios Financeiros e Anuais dos últimos três anos incluindo
Balancete, Lucros e Perdas e demonstração do Fluxo
GH&DL[DTXHFRPSURYHPQRPtQLPRDFDSDFLGDGHÀQDQFHLUD
MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE
PARA PROVISÃO DE EMBARCAÇÃO DE INSTALAÇÃO DE
EQUIPAMENTOS SUBMARINOS
de executar as actividades do objecto deste anúncio público.
Estes documentos deverão ser fornecidos pelo grupo da
Empresa (se aplicável), e também pela Empresa que poderá
entrar como objecto do Contracto;
6. Registo da empresa em Moçambique, caso esteja disponível;
&ySLDFHUWLÀFDGDGLJLWDOL]DGDGR5HJLVWR&RPHUFLDO QRPH
da Entidade Jurídica/Legal e pessoa de contacto para receEHUTXDOLÀFDomRHRXWUDLQIRUPDomRUHOHYDQWHGD(QL5RYXma
Basin B.V.;
8. Estrutura da Empresa ou Grupo com a lista dos principais
DFFLRQLVWDVHEHQHÀFLiULRVÀQDLV VHQmRHVWLYHUHPOLVWDGRV
em qualquer bolsa de valores);
9. Qualquer outra informação que comprove que a Empresa
é capaz de executar o Âmbito do Trabalho.
Empresas interessadas deverão submeter a Manifestação de
Interesse anexando toda a documentação solicitada acima,
para o e-mail:
Erb.Public.announcement@eni.com
IMPORTANTE:
O e-mail de submissão deverá fazer referência ao Anúncio
Público “Subsea Installation Vessel – December 2018” e
também ao seguinte código:
SS05BC05: DIVING SUPPORT VESSELS AND LIGHT
SUBSEA WORK VESSELS
Sujeito à entrega e conformidade de toda a documentação
acima, as Empresas poderão receber da Eni Rovuma Basin
% 9 R3DFRWHGH4XDOLÀFDomR HSRGHPDLQGDVHULQFOXtGDVQR
processo de licitação para as referidas actividades.
A presente consulta não deve ser considerada como um convite
à apresentação de propostas e, portanto, não representa
nem constitui qualquer promessa, obrigação ou compromisso
de qualquer tipo seja por parte da Mozambique Rovuma
Venture quer por parte da Eni Rovuma Basin B.V. e suas Sucursais
Moçambicanas, de celebrar qualquer acordo ou memorando
de entendimento com qualquer Empresa que participe
desta Manifestação de Interesse.
Qualquer custo incorrido pelas Empresas interessadas na
preparação da Manifestação de Interesse será da total responsabilidade
das Empresas que não poderão recorrer a este
respeito nem à Mozambique Rovuma Venture S.p.A., nem à
Eni Rovuma Basin B.V., e suas Sucursais Moçambicanas.
Todos os dados e informações fornecidos ao abrigo desta Manifestação
de Interesse serão tratados como estritamente conÀGHQFLDLVHQmRVHUmRGLYXOJDGRVRXFRPXQLFDGRVDSHVVRDV
ou empresas não autorizadas.
A data limite para submissão da Manifestação de Interesse por
H PDLOLQGLFDGRDFLPDpÀ[DGRSDUD GH'H]HPEURGH
as 23:59 CAT. A Eni Rovuma Basin B.V. não irá aceitar nenhuma
documentação recebida após a data e hora indicada.
DIVULGAÇÃO DESPORTO
Savana 07-12-2018
EVENTOS
11
Eni Rovuma Basin B.V., Mozambique Branch –
Offshore Delegated Operator, acting for and on behalf
of Mozambique Rovuma Venture, Area 4 Operator,
invites interested companies to submit Expression of
Interest for the provision of Subsea Installation Vessel
services in support of subsea well construction, intervention
and maintenance activities. The activities are
to be performed in Area 4 of Rovuma Basin, at approximately
135 nautical miles offshore from the north
east coast of Pemba, Mozambique.
SCOPE OF WORK
The vessel proposed for the services shall be rated by
DQ DSSURYHG &ODVVLÀFDWLRQ 6RFLHW\ IRU VXEVHD FRQVtruction
tasks. The vessel has to be available to accommodate
Client personnel for the entire duration of the
activities.
The Vessel shall operate in a water depth range of
2,500 m and shall comply with the following minimum
requirements:
+HDYH$FWXDWHG FUDQH FDSDEOH RILQVWDOODWLRQ UHtrieval
tasks of subsea equipment with a weight of
about 80 ton and dimension 6m x 6m x 5m;
1U ZRUN FODVV 529 V\VWHPV IRU VXEVHD LQVWDOODtion
activities up 3000m WD;
P RI'HFNVSDFH
'\QDPLF3RVLWLRQLQJ&ODVV'3
Services will be required indicatively starting from
end 2019 for a period of up to 4 months.
DOCUMENTATION REQUIRED
Companies interested in this invitation may submit
their Expression of Interest by providing the following
mandatory information and documentation:
)LOOHG4XDOLÀFDWLRQ)RUPRI WKH5HTXLUHPHQWV IRU
WKH7HFKQLFDO3UH 4XDOLÀFDWLRQRI2IIVKRUH9HVVHOV
Owners;
2-Document of Compliance (DOC) issued under SOLAS
74/78 Chapt.IX, Reg.4 for the type of vessel to
be managed; in case DOC is not in the name of the
entity wishing to participate to the Expression of Interest,
evidence shall be provided of the relationship
between such entity and the DOC owner;
+HDOWK 6DIHW\0DQDJHPHQW 6\VWHP FHUWLÀFDWLRQ
and/or documents proving the company compliance
with international standards (ISO 14001 and
45001);
4-In case you wish to participate in the Expression of
Interest as a consortium or as a joint venture, information
about each member of consortium or joint
venture and role of each participant in the potential
project. Such intention to form either a consortium
or a JV, must be supported by an Agreement or
“Memorandum of Understanding” duly signed by
each entity in the group;
EXPRESSION OF INTEREST
Subsea Installation Vessel
5-Last three years of Financial Statements and Annual ReSRUWVLQFOXGLQJ%DODQFH6KHHW 3URÀWDQG/RVVDQG&DVK
)ORZ6WDWHPHQWSURYLQJPLQLPXPÀQDQFLDOFDSDELOLW\WR
carry out the scope. These documents must be provided
for the Company Group (if applicable), and also for the
Company’s entity that will potentially enter into the subject
contract;
6- Company’s registration in Mozambique, if available;
6FDQQHGFHUWLÀHGFRS\RIWKH7UDGH5HJLVWHU /HJDO(QWLW\QDPHDQGFRQWDFWSHUVRQIRUUHFHLYLQJTXDOLÀFDWLRQ
and other relevant information from Eni Rovuma Basin
B.V.;
8- Company and Group structure with the list of major
6KDUHKROGHUV DQGXOWLPDWHEHQHÀFLDULHV LIQRWOLVWHGLQ
the stock exchange);
9- Any other information that will establish that your ComSDQ\LVDFDSDEOHRIIXOÀOOLQJWKHVFRSHRIZRUN
Companies interested in this invitation may submit their
Expression of Interest by sending all the requested documentation
to the following email address:
Erb.Public.announcement@eni.com
IMPORTANT:
The Email submission must refer to the Public Announcement
object “Subsea Installation Vessel – December
2018”, and also to the following commodity code:
SS05BC05: DIVING SUPPORT VESSELS AND LIGHT
SUBSEA WORK VESSELS
Subject to the delivery and compliance of all the above documentation,
Companies may receive from Eni Rovuma
%DVLQ% 9 WKH4XDOLÀFDWLRQ3DFNDJH DQGPD\ IXUWKHUEH
included in the tender process for the subject activities.
This enquiry shall not be considered as an invitation to
Tender and therefore it does not represent or constitute
any promise, obligation or commitment of any kind on the
part of neither Mozambique Rovuma Venture S.p.A. nor
Eni Rovuma Basin B.V. and their Mozambican Branches, to
enter into any agreement or arrangement with you or with
any Company participating in this Expression of Interest.
Any cost incurred by interested companies in preparing
the Expression of Interest shall be fully born by Companies
who shall have no recourse in this respect to neither Mozambique
Rovuma Venture S.p.A. nor Eni Rovuma Basin
B.V., and their Mozambican Branches.
All data and information provided pursuant to this Expression
of Interest ZLOO EH WUHDWHG DV VWULFWO\ FRQÀGHQWLDO DQG
will not be disclosed or communicated to non-authorized
persons or companies.
The deadline for receipt of Expression of Interest by the email
address indicated above is set to 14 December 2018, 23:59
pm Central Africa Time. Eni Rovuma Basin B.V. will not
accept the documentation received after the set deadline.
DIVULGAÇÃO DESPORTO
Savana 07-12-2018 EVENTOS
12
O
vice-Ministro da Administração
Estatal e Função
Pública, Albano Macie,
desafiou, esta semana, o
Instituto Nacional de Gestão de
Calamidades (INGC) a melhorar
a sua actuação social, mudando o
paradigma de que existe apenas
para colectar, organizar e distribuir
donativos, apostando cada vez mais
nas acções de prevenção de risco de
desastres.
Falando esta quarta-feira, na abertura
do XI Conselho Consultivo daquela
instituição, que termina hoje,
no Município da Praia de Bilene,
província de Gaza, Macie disse ser
necessário mudar-se a concepção
social sobre o papel daquela instituição,
investindo-se cada vez mais
em acções de prevenção de riscos de
INGC desafiado a melhorar a sua actuação
casa”, anota, sublinhando que este
“olhar clínico” só é possível com a
psicologia para uma ética de cuidado,
pois, “auxilia-nos a compreender
os valores culturais que mediam as
nossas relações.
Num discurso recheado de desafios,
o número dois do MAEFP afirmou
também ser necessário ensinar as
comunidades a serem resilientes,
adaptando-se, bem como aprendendo
com os desastres passados para a
sua protecção futura e melhoria das
suas medidas de redução de riscos.
Para tal, anota o dirigente, é preciso
investir numa comunicação comunitária,
como ferramenta para a
mobilização social, pois, “permite a
escolha da melhor metodologia de
abordagem na tarefa de sensibilização”.
O XI Conselho Consultivo do
INGC decorre sob o lema “prontidão
estratégica e operacional na gestão
do risco de desastre, um dever
de todos” e acontece 15 dias, após
a aprovação, pelo governo, do Plano
de Contingência 2018/2019 que
prevê a ocorrência de ventos fortes,
inundações localizadas, secas, cheias
nas bacias hidrográficas e ciclones,
que poderão afectar cerca de 1600
mil pessoas; perto de 614 mil alunos
(com a destruição de 8367 salas de
aulas); e 688 mil agricultores (com
a devastação de 962.140 hectares).
Para responder a estes desafios serão
necessários cerca de 1400 milhões
de meticais, mas, até ao momento,
estão garantidos 206 milhões, através
do Orçamento do Estado, havendo
um défice de 1.1 mil milhões.
(A.M)
desastre.
Segundo Macie, o INGC deve apostar
na “gestão integrada de riscos e
desastres”, intimamente ligada a
uma visão de desenvolvimento sustentável
da sociedade, pois, só assim
ajudará a perceber a necessidade de
incorporar o tema dos desastres nas
políticas e programas de redução da
pobreza, governabilidade, estratégias
ambientais e outras áreas de desenvolvimento
sustentável.
“Esta visão de gestão terá como
foco o engajamento comunitário e a
participação de todos possibilitará a
construção de novos bairros, povoações,
vilas ou cidades mais seguras”,
defende o governante, para quem é
preciso também reflectir-se acerca
do “horizonte ético da psicologia
na gestão de riscos e desastres”, de
modo a vencer a resistência das pessoas
de saírem das zonas de risco.
O facto é que, em quase todos os
períodos chuvosos, milhares de moçambicanos
residentes nas zonas
de risco têm sido afectados pelas
inundações, encarregando enormes
responsabilidades ao Estado, apesar
dos alertas de emergência emitidos
pelo INGC.
Aliás, sobre este aspecto, Macie defende
que, para além rotular as pessoas
de “teimosas”, é preciso compreender
as razões que as levam a
recusar de sair daqueles sítios, desde
os aspectos antropológicos até aos
culturais.
“Há situações em que as gerações de
uma família habitaram certo lugar e
os laços afectivos são tão fortes que a
pessoa prefere morrer que deixar sua
D
ecorreu semana passada, no
Município de Bilene, provincial
de Gaza, a V Conferência
anual da comunicação,
com o objectivo de discutir
a igualdade de género na media. O
evento co-organizado pelo Centro
de Estudos e Pesquisa de Comunicação
SEKELEKANI e o Centro de
Estudos Interdisciplinares de Comunicação
CEC, juntou jornalistas
dos diferentes órgãos de comunicação
social.
V Conferência da Comunicação discute igualdade de Género
Na Conferência, foram debatidos
diversos assuntos ligados à igualdade
e equidade de género nas redacções,
onde foram ilustrados alguns desafios
existentes para a permanência
das mulheres nas Redacções moçambicanas.
No entanto, a Oficial de Programas
do SEKELEKANI, Palmira Velasco,
afirma que não existem ainda condições
para a afirmação da mulher nas
redacções, visto que há ainda um certo
preconceito sobre aquilo que é a
presença da mulher nas mesmas.
E
ntoando cânticos e ostentando
dísticos exigindo
empoderamento
da pessoa deficiente, os
membros da Associações dos
Deficientes de Moçambique
(ADEMO), em Boane, província
de Maputo, realizaram,
nesta segunda-feira, uma marcha
para celebrar a passagem
do seu dia.
Foi mais um momento de reflexão
e de clamor de modo
que sejam criadas condições
para que a pessoa deficiente
leve uma vida condigna. Os
filiados à ADEMO entendem
que o governo deve criar condições
para que tenham acesso
ao emprego, educação e saúde.
Falando momentos após a deposição
de uma coroa de flores
na Praça dos Heróis, o secretário
executivo da ADEMO
em Boane, Nelson Mahesse,
lamentou a discriminação do
deficiente no país, desde o nível
familiar e outros, facto que
faz com que sejam vistos como
indivíduos que passam a vida
a medicar.
Deste modo, apela às autoridaEntrega
de rampa marca dia
do deficiente em Boane
des governamentais que trabalhem
no sentido de enquadrar a pessoa
deficiente em locais de trabalho.
A nível da educação, referiu que
muitos dos associados queixam-se
de estigma, o que faz com que até
crianças desistam da escolaridade
obrigatória. Mahesse diz que
o principal desafio para combater
este mal o passa por um diálogo
com as famílias, professores e dirigentes
do país sobre os princípios
de igualdade de direitos para todos.
Para Mahesse, outro ponto preocupante
para a sua agremiação é
a acessibilidade em algumas instituições
devido à falta de rampas.
Diz que neste ponto fizeram um
mapeamento das instituições sem
rampas e enviaram o expediente ao
governo distrital bem como para as
autoridades municipais que depois
iniciaram um trabalho para inverter
a situação.
Um dos resultados disso é a inauguração
da rampa que dá acesso ao
comando distrital da Polícia de República
de Moçambique em Boane.
Falando na ocasião, a Comandante
distrital, Amina Simango, disse que
se trata de uma obra importante
para que pessoas menos capacitadas
fisicamente tenham acesso aos serviços
do comando. Explicou,
por outro lado, que ninguém
sabe o seu futuro, pois é possível
amanhã ter um acidente e
tornar-se deficiente, pelo que
há que fazer réplica da acção
em todos os locais públicos.
Recordou que antes tinham
de carregar as pessoas deficientes
para acederem aos serviços
do comando, facto que
lhes causava um certo desconforto,
mas com a inauguração
da rampa a vida fica facilitada.
Quem também tomou parte
das festividades foi o edil local,
Jacinto Loureiro, que falou
de acções de fiscalização
das obras de instituições públicas
ou de interesse pública
para cumprir com o preceituado
na lei 53/2008 sobre
acessibilidade das instituições.
Do lado do município apontou
que o jardim infantil já
conta com rampas de acesso,
sendo que o edifício municipal
em construção também
deverá contar com esta facilidade,
uma vez que no edifício
onde funciona actualmente
não conta com rampa.
Velasco denuncia também o uso de
uma linguagem pejorativa por parte
dos homens para designar ao género
feminino, bem como a atribuição
de assuntos considerados fracos para
que as mulheres façam cobertura.
Por seu turno, o Director Executivo
do SEKELEKANI, Tomás Viera
Mário, criticou o facto de em alguns
textos noticiosos publicados nos
meios de comunicação social não
existir equilíbrio de género, deixando
de fora a opinião feminina e dando
destaque à posição masculina.
Para Viera Mário, existe a necessidade
de se negociar com as redacções
para a adopção de uma política escrita
de género, é preciso que haja observação
de aspectos como equilíbrio
de fontes quando o jornalista estiver
a realizar suas entrevistas, como também
é o dever dos chefes de redacções
orientarem os seus repórteres a
adoptarem políticas de equilíbrio de
género nos textos noticiosos.
Entretanto, Sérgio Vilanculos, representante
da sociedade civil, avançou
que existem vários trabalhos que
estão sendo feitos no sentido de
consciencializar a sociedade no geral
sobre a questão da equidade de
género, que se deve lutar para que as
mulheres tenham oportunidades no
seu país.
Vilanculos acrescentou ainda que é
preciso também se educar politicamente
as mulheres para que a sua
participação seja visível para que
possa discutir abertamente os seus
direitos e deveres perante o mundo.
(Cleusia Chirindza)
A
cidade de Maputo acolheu
entre os dias 05 e 06, a
conferência Nacional sobre
Mulher e Género. Trata-
-se de um evento organizado pelo
Ministérios do Género, Criança e
Acção Social (MGCAS) que pretende
reflectir sobre os progressos
na implementação de políticas de
igualdade de género sobretudo o
papel da mulher no desenvolvimento
sustentável; combate a violência;
divulgação de instrumentos de protecção
da mulher e rapariga, bem
como a troca de experiências sobre
empoderamento feminino.
Falando na ocasião, a Primeira-
-dama da República de Moçambique,
Isaura Nyusi, destacou a importância
do evento, referindo que a
conferência realiza-se sob o lema: “
O Papel da Mulher Rural, rumo a
Igualdade de Género e Desenvolvimento
Sustentável, realça que todos
devem caminhar juntos e unidos na
promoção da Unidade Nacional, da
democracia e da Paz, na busca de
soluções que se colocam aos desafios
que se colocam à mulher rural e
urbana, nos domínios político, religioso,
económico e cultural.
“O lema enquadra-se nos esforços
do Governo tendentes à promoção
de acções para que a mulher tenha
Maputo acolhe a
VI conferência da Mulher
mais acesso à educação, à água, aos
serviços de saúde, aos recursos produtivos
e oportunidades nas várias
actividades, contribuindo, deste
modo, para o seu bem-estar social
validando o slogan ‘ educar uma
mulher é educar uma nação’”, -disse.
Por sua vez, a Representante da
ONU Mulheres, Marie Laetitia
Kayisire, refere que dados do Banco
Mundial de 2015, indicam que 35%
da população de Moçambique contribui
significativamente para o alcance
de um dos objectivos chave da
agenda 2030: a eliminação da fome.
Entretanto, ao nível global, as mulheres
rurais dentre todas as mulheres,
são as que ainda têm menos
acesso a terra, ao capital e outros
insumos; menos acesso aos serviços
básicos e educação.
Nos últimos dois anos, a ONU contribuiu
para a expansão dos serviços
de saúde às mulheres sobreviventes
de violência em 734 unidades sanitárias
nas zonas rurais, acrescentou.
Durante a reunião, foi assinado um
memorandum de entendimento
entre o MGCAS e a ExxonMobil
com objectivo de desenvolver acções
viradas à promoção do empoderamento
económico das mulheres e
raparigas, na protecção dos direitos
da criança e outros grupos vulneráveis
no país. (EC)
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