"Estamos profundamente preocupados com a detenção arbitrária de dois canadianos no início deste mês e pedimos a sua libertação imediata", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros.
Ottawa exigiu publicamente na sexta-feira, pela primeira vez, que Pequim liberte imediatamente os dois canadianos detidos numa aparente retaliação à detenção no Canadá da diretora financeira da ‘gigante’ de telecomunicações chinesa Huawei. Os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia também emitiram declarações de apoio ao Canadá.
“Estamos profundamente preocupados com a detenção arbitrária das autoridades chinesas de dois canadianos no início deste mês e pedimos a sua libertação imediata”, afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Chrystia Freeland.
Freeland disse que o Canadá está a honrar o seu tratado de extradição com os Estados Unidos e que está a ser conduzido um processo legal justo e transparente em relação à responsável financeira da Huawei, Meng Wanzhou.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Robert Palladino, também reiterou que o Canadá está a honrar os seus compromissos com o tratado de extradição.
Também expressamos a nossa profunda preocupação pela detenção de dois canadianos pelo Governo chinês no início deste mês e pedimos a sua libertação imediata”, afirmou Palladino. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, também pediu a libertação dos dois canadianos na semana passada.
Já o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Jeremy Hunt, declarou em comunicado que o Reino Unido está confiante de que o Canadá está a respeitar o seu tratado de extradição com os EUA e disse estar “profundamente preocupado” com a possibilidade de a China ter detido os dois canadianos por razões políticas.
A União Europeia, enquanto isso, emitiu uma declaração, sublinhando que “o motivo declarado para a prisão e detenção de Michael Kovrig e Michael Spavor, ambos cidadãos canadianos, levanta preocupações sobre (…) práticas comerciais na China”. Freeland agradeceu aos aliados por se manifestarem e frisou que o Canadá não comprometerá nem politizará o Estado de Direito. “É o alicerce da democracia”, defendeu.
Canadá e China enfrentam um conflito diplomático desde a detenção, no início do mês, da executiva da Huawei, Meng Wanzhou, quando fazia escala em Vancouver.
As autoridades dos EUA pediram ao Canadá que detivesse Meng, por suspeita de que a Huawei tenha exportado produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, violando as suas leis. Uma lei federal norte-americana proíbe responsáveis governamentais e militares de utilizarem aparelhos fabricados pela Huawei e as suas alegadas ligações ao Partido Comunista chinês são frequentemente salientadas.
Na semana passada, e após advertirem Otava com “graves consequências”, as autoridades chinesas detiveram Michael Kovrig e Michael Spavor. A declaração de Freeland marca agora um tom mais duro das autoridades canadianas, depois das críticas da oposição dirigidas ao primeiro-ministro Justin Trudeau devido à gestão que tem feito do dossiê.
Na quinta-feira, a China confirmou a detenção de uma canadiana, no terceiro caso do género desde que as autoridades do Canadá detiveram a diretora financeira da Huawei.
Hua Chunying, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, confirmou que a cidadã canadiana sofreu uma “punição administrativa”, por “trabalhar ilegalmente” no país.
“Foi punida de forma administrativa pelas autoridades chinesas competentes, por trabalhar ilegalmente”, disse. A porta-voz salientou que este caso é “distinto” dos dois casos anteriores, envolvendo o ex-diplomata Michael Kovrig e o empresário Michael Spavor. “Creio que este caso é distinto” disse Hua Chunying, apontando que os dois casos anteriores envolveram “atividades que punham em perigo a segurança nacional da China”.
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