“Não está certo denegrir uma política para justificar as dificuldades actuais”A propósito, das afirmações proferidas pelo ministro Álvaro Barreto, no programa «Zoom» da RTP, na terça-feira, à noite, «O Jornal» solicitou um comentário ao general Vasco Gonçalves, que, confirmando-nos o teor e a autoria da carta que publicamos, nos confiou o seguinte depoimento escrito: 1. A carta referida pela Sr. mi¬nistro Álvaro Barreto foi escrita na sequência da solução encontrada pela Comissão Nacional da Descolonização, de que eu próprio fazia parte, quanto aos problemas que, em Maio de 1975, existiam entre Portugal e a Frelimo, relativas ao «contencioso económico-financeira de que se ocupava então, a Comissão B das negociações em curso, enquadradas no âmbito mais geral da transferência gradual dos poderes do Estado português para o futuro Estada de Moçambique. 2. O próprio Sr. ministro Ál¬varo Barreto, reconheceu que tal carta nada pode ter a ver com o problema que, ora, se levan¬tam, não se compreendendo, deste modo, como se permitiu censurar a forma como, em 1975, os poderes do Estado en¬tenderam resolver os diferendos, então existentes com a Frelimo, forma que permitiu a assinatura de importantes acordos e o lançamento das bases laços especiais de amizade e cooperação com o novo Estado tal como veio a ser preceituado no art.º 7.º, n.º 3 da Constituição da República. 3. Não está certo e não é de admitir que, para justificar dificuldades ora encontradas - sobre as quais, aliás, não emito qualquer juízo de valor, pois, ao contrário do Sr. ministro não tenho o hábito de me pronunciar sobre soluções cujo fundamento não conheça profundamente - o Sr. Álvaro Barreto pretende denegrir uma política que só poderia favorecer os interesses recíprocos dos dois povos, como a experiência tem vindo a demonstrar. 4. Vou remeter à Televisão Portuguesa uma resposta sobre as declarações do Sr. Ministro com o pedido da sua leitura em espaço noticioso de horário e audiência equivalentes aos do programa «Zoom». |
domingo, 7 de dezembro de 2014
“Vasco Gonçalves escreve a O Jornal”
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