O ataque a uma escola de filhos de militares em Peshawar causou mais de 141 mortos, na sua esmagadora maioria crianças. O grupo foi o mesmo que, em 2012, atacou Malala. VEJA AS FOTOS
Lusa - Esta notícia foi escrita nos termos do Acordo Ortográfico
17:09 Terça feira, 16 de Dezembro de 2014 |
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O exército paquistanês informou que 141 pessoas, 132 das quais crianças, foram mortas hoje no ataque de um comando talibã a uma escola para filhos de militares em Peshawar, o mais sangrento ataque terrorista da história do Paquistão.
O pior até agora tinha sido um atentado que causou 139 mortos em Carachi (sul) em 2007 aquando do regresso ao país da antiga primeira-ministra Benazir Bhutto.
O porta-voz do exército paquistanês, general Asim Bajwa, disse ainda, numa conferência de imprensa, que 124 pessoas, entre as quais 121 crianças, ficaram feridas no ataque que durou mais de seis horas e que terminou com a morte dos seis elementos do comando talibã.
Malala condena
A adolescente paquistanesa Malala Yousafzai, ícone mundial da luta pela educação das raparigas, criticou os "atos atrozes e cobardes" dos talibãs.
"Condeno estes atos atrozes e cobardes e estou ao lado do Governo e das forças armadas do Paquistão" nos seus esforços para gerir a situação, indica um comunicado da jovem de 17 anos, que no passado dia 10 recebeu o prémio Nobel da Paz, juntamente com o indiano Kailash Satyarthi.
Originária do noroeste do Paquistão e também vítima de um atentado talibã em 2012, quando foi atingida a tiro na cabeça, Malala confessa-se de "coração partido" e diz chorar os estudantes, a maioria dos mortos no ataque.
Seis atacantes mortos
O ataque de um comando talibã a uma escola pública militar em Peshawar, no noroeste do Paquistão, terminou e todos os seis atacantes foram mortos, anunciou a polícia.
O ataque foi lançado cerca das 10:30 locais (05:30 TMG e Lisboa) quando um grupo de homens armados entrou na escola e começou a disparar sobre as centenas de alunos e funcionários que ali se encontravam.
Objetivo era "partilhar sofrimento"
Os talibãs paquistaneses disseram ter atacado hoje a escola para filhos de militares em Peshawar para que o exército sentisse "o sofrimento de ver um ente querido morto" como os seus combatentes sentem.
O Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP) declarou ter realizado o ataque, com um balanço de 130 mortos, em represália pela operação militar "Zarb-e-Azb" lançada em junho e ainda em curso contra os seus esconderijos e os dos seus aliados da Al-Qaida no Waziristão do Norte, zona tribal no noroeste junto à fronteira afegã.
O TTP, que junta várias fações islamitas armadas e foi criado em 2007, declarou a "guerra santa" ao governo e ao exército do Paquistão e tinha prometido uma resposta dura à operação que já matou mais de 1.600 combatentes rebeldes, segundo os militares.
Escolas são alvos frequentes e este foi o grupo que atacou Malala
Alvos de grupos fundamentalistas ou atacantes isolados, vários estabelecimentos escolares foram palcos de atentados. No Paquistão, onde o movimento dos talibãs (TTP) ataca regularmente escolas, o combate da adolescente Malala, em defesa da educação das raparigas quase lhe custou a vida.
O Movimento dos Talibãs do Paquistão, ou Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), que reivindicou o ataque de hoje a uma escola em Peshawar, é o maior grupo extremista do país e o mesmo que tentou assassinar a jovem Malala Yousafzai.
Formado em 2007, o movimento reúne uma série de grupos extremistas das zonas tribais do noroeste do Paquistão, junto à fronteira com o Afeganistão, e trava uma "guerra santa" contra o governo de Islamabad pela aliança que forjou com os Estados Unidos para combater o terrorismo na região.
A 9 de outubro de 2012, os talibãs intercetaram o transporte escolar de Malala, em Swat (noroeste), e deixaram a adolescente ferida, com um bala na cabeça. Malala foi galardoada com o prémio Nobel da paz este ano.
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