No post anterior prometi justificar porque considero Gabriel Muthisse, Ministro dos Transportes e Comunicações a minha figura do ano. Na verdade, não gostaria que fosse apenas eu. Gostaria que fosse o país todo a concordar comigo. E, parece que pelo menos 25 pessoas já concordam comigo pelo menos aqui nas redes sociais, entre as quaisErminio Jocitala e Ercílio Zacarias Zacarias. Um dos principais desafios em avaliar o desempenho de um político ou governante e declarar “figura do ano” é o método. Eu julgo que para muitas declarações faltou esta explicação. A maioria limitou-se em descrever aquilo que se recordam que foi o “desempenho” deste ou daquele indivíduo ao longo do ano. Na verdade, porque a nossa mente ainda pode ser selectiva se quiser satisfazer este ou aqueloutro, gostaria de recordar que qualquer avaliação despida do método pode ser disputável. Aliás, o método pode permitir-nos que diversas pessoas sejam avaliadas através de um critério claro e, na base dele, chegar a um consenso.
Ora, Gabriel Muthisse é sem dúvida o dirigente que Moçambique precisa na medida em que preenche os cinco critérios que um dirigente político deve ter. É obrigatório, se quiser ser um dirigente de sucesso. Nem que seja apenas “pau mandado”, se não tiver estas competências dificilmente logrará algum resultado. Na verdade, trata-se de competências-chave para um dirigente. Estas competências são o resumo de 28 competências que se espera de um dirigente competente. O desempenho deste ou daquele sector só é possível quando ao nível da liderança estão pessoas que sabem o que fazem.
Este conjunto de competências é usado por governos na maioria dos países civilizados e estão disponíveis em diversos websites governamentais como Reino Unido, Estados Unidos, África do Sul, Portugal. É possível que em Moçambique também haja mas não consegui encontrar em nenhuma parte, pelo menos nos websites institucionais.
COMPETÊNCIA EM LIDERAR OS OUTROS
Líderes eficazes comunicam claramente em todas as situações, tanto ao nível oral ou por escrito e por telefone. Eles desenvolvem habilidades de ouvir os outros; na interacção com os outros, fazem perguntas, parafraseiam e indagam. Falam com todos, desde subordinados aos seus superiores. Bons líderes sabem lidar com as reclamações, resolvem os conflitos e negoceiam soluções.
COMPETÊNCIA EM GESTÃO DE TAREFAS
Um líder deve ter habilidades para resolver problemas, executar tarefas complexas, gerir informação, alocar recursos e monitorar o desempenho. Também deve saber delegar, oferecer feedback e coordenar o fluxo de trabalho
COMPETÊNCIA NA INOVAÇÃO
Os líderes eficazes criam um ambiente de trabalho produtivo para seus subordinados. Eles estimulam a criatividade e a inovação incentivando os funcionários a resolver problemas usando novas abordagens. Eles sabem mudar de ideias ou de posicionamento ou decisão quando necessário.
COMPETÊNCIA NA RESPONSABILIDADE SOCIAL
Os líderes devem saber agir com integridade. Devem estabelecer um código de conduta individual e liderar pelo exemplo. Acima de tudo, os líderes eficazes trabalham para SEMPRE emprestar um clima de confiança aos seus subordinados e ao público.
COMPETÊNCIA EM AUTODISCIPLINA
Os líderes precisam mostrar competência em eficácia pessoal para manter uma vantagem competitiva. Ao gerir o stress, fazer bom uso do tempo, estabelecer metas realistas e dar seguimento aos compromissos, os líderes devem saber gerir seu próprio comportamento para que possam liderar os outros de forma eficaz.
PARA CADA COMPETÊNCIA, EXISTEM CINCO NÍVEIS DE DESEMPENHO, NOMEADAMENTE
0 - Não demonstram comportamentos para a competência
I-Demonstra alguma compreensão prática do comportamento necessário para esta competência
II-Demonstra algum tipo de impacto para esta competência através de aconselhamento e orientação aos outros
III-Demonstra inspiração para esta competência através do exemplo e influencia os outros
IV-Demonstra excelência e inovação para esta competência e é visto como modelo.
De seguida trago alguns excertos de amigos daqui do Facebook sobre Gabriel Muthisse.
Erminio Jocitala escreveu: “Para mim ele e um dirigente/politico moderno- escreve bem, e equilibrado na forma de comunicar, domina as TICs, anda aqui connosco nas redes sociais e ainda tem tempo de ser ministro, negociador, ponta-de-lança do seu partido, além de ser certamente, pai de família”.
Ercilio Zacarias escreveu: ”Quando foi da tragédia com a aeronave das Linhas Aéreas de Moçambique na Namíbia que resultou na morte de todos ocupantes, Gabriel Muthisse na qualidade de Ministro dos Transportes e Comunicações sempre esteve presente e disponível a prestar informações aos Moçambicanos sobre o ocorrido. Era novo naquele Ministério, contudo demonstrou maturidade para lidar com tamanho problema. Sempre disponível à imprensa e aos familiares das vítimas”. E acrescentou “Lembro também que durante as várias rondas negociais para o fim das hostilidades militares no país, Gabriel Muthisse mostrou-se muito mais maduro para lidar com os beligerantes que o próprio chefe Pacheco. É um dos poucos dirigentes de alto nível que se cruza com o povo nas redes sociais. É meu amigo no Facebook porque não se fez de rogado, aceitou meu pedido de amizade. Mesmo quando estava no Ministério das Pescas notabilizou-se melhor que o seu chefe, aliás, Muthisse era Vice. Quando foi do sequestro da embarcação do Vega 5 pelos piratas somalis quem sempre apareceu nos órgãos de informação a dar conta de todo o processo a volta daquele acontecimento, Gabriel Muthisse”.
Nacer Choy disse, a propósito do proceso negocial em curso no CCJC "Para mim o ilustre Gabriel Muthisse destacou-se nas negociações. Numa altura em que a situação estava a ficar inserta e o cidadão Pacheco estava na disputa do candidato às presidenciais, o ilustre Gabriel Muthisse foi feliz [...] trazendo uma grande felicidade nas suas abordagens no final de cada sessão."
Helder Shenga disse: "Gabriel Muthisse é aberto e muito comunicativo com diferentes estratos da sociedade. É dos poucos no governo do dia que tem a sensibilidade de que é possível construir uma país que seja caracterizada por consenso, sentido de estado".
Ora, não estou aqui a dizer que Muthisse é um santo, que concordei com ele sempre ou que fez tudo que tinha a fazer no Ministério dos Transportes e Comunicação. Existem quanto a mim três características do ministro que o moçambicano precisa e Muthisse tem estas características, nomeadamente: BOM COMUNICADOR-para construir um diálogo permanente e profícuo com diferentes segmentos da sociedade, reduzir os danos resultantes da má comunicação ou da falta dela, da fofoca; para gerir as expectativas dos cidadãos e dos parceiros e acima de tudo para ganhar apoio público sobre o que estiver a fazer. Deve também SABER ESTAR – para transmitir confiança, necessária de um governante. Costuma dizer-se que à mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta para dizer que os governantes, além de serem honestos, precisam agir como tal. Enquanto vários dirigentes deste governo se notabilizaram por rumores e notícias de escândalos de varia índole, negociatas e notícias de intoxicação alcoólica em bares e clubes noturnos dentro e fora do país, sempre esperamos do Muthisse soluções espinhosas como a cessação de hostilidades ou resgate do Vega V; acidente das LAM ou mesmo o “foguinho” da STARTIMES envolvendo a filha do Presidente, com implicações para a migração digital que vai acontecer logo no próximo ano. Em todos estes momentos, Muthisse soube estar: humilde e sereno, confiante e seguro numa solução airosa que por sua vez foi transmitindo aos outros. E no dia-a-dia, Mutisse é acessível por todos, mas principalmente por jornalistas. É a primeira lição de boas relações públicas. Não existe melhor dirigente moçambicano que o bate nesta categoria. Por fim, a terceira característica é a COMPETÊNCIA TÉCNICA. Infelizmente, para muitos governos moçambicanos que conheço este critério não tem sido muito privilegiado na nomeação de ministros. A minha sensação é que a nomeação de ministros, para além de basear-se na confiança política é igualmente clientelista. Uma coisa é aceitável mas a segunda já não porque é perniciosa. É sim possível compatibilizar a competência técnica à confiança política. Mas quando onde entrar o clientelismo, as coisas estragam-se irremediavelmente porque este dirigente não conseguira pôr em prática nem apreender as competências-chave de uma liderança, mesmo que seja inteligente. No caso de Muthisse, mostrou-se um bom político merecedor da confiança do seu chefe mas competente o suficiente para desempenhar as suas funções devido a sua larga bagagem de gestor.
Por estas razões eu considero o Ministro, Gabriel Muthisse, a figura do ano. Podem fazer o mesmo exercício com outras figuras políticas e o scoring. Chegariam a resultados diferentes dos meus com certeza, mas não tão longe.
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