sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A Perdiz - edição nº 62

Editorial

Estamos perante um Estado mono-partidarista que procura desesperadamente transmitir uma imagem de "normalidade democrática", entretanto, ignorando a voz do povo. O nosso país enfermo de problemas crónicos de adulterações ao modelo universal e democrático, paz e reconciliação edireitos humanos. Os governantes gritam a plenos pulmões existir democracia mas, na verdade, sua existência é apenas formal, não havendo nenhum esforço de fazer valer suas instituições. O povo moçambicano continua longe do acesso à “Independência” conquistada com sangue e sacrifício pelos filhos queridos da Pátria em 1975. Se estamos lembrados, esta “Independência” foi conquistada por todos nós, através da participação de grupos distintos, com uma única finalidade: erguer a bandeira da verdadeira Independência e Liberdade para todos e não para justificar domínio de um único partido sobre o povo moçambicano.
Os libertadores da Pátria ao unirem os três movimentos sob liderança de Mondlane, tinham por intenção constituir uma Frente para como única força libertarem o País do jugo colonial.
Contudo, os exploradores de hoje, foram se demarcando da verdadeira intenção e, começaram a trabalhar para aniquilar os outros moçambicanos que discordassem da direcção que o movimento levava. Começaram a ignorara que uma Frente não era partido, mas uma diversidade que se juntava para alcançar um objectivo comum, a liberdade.
Foi assim que se instalou na FRELIMO da altura, uma autêntica carnificina, com um grupo a ganhar preponderância e fuzilando os adversários. Aliás! Nem eram adversários porque estavam no gozo dos seus direitos, de contribuírem para o sucesso da luta do povo.
Começou-se a rasgar os acordos que levaram a fusão dos três movimentos e a constituição da Frente de Libertação de Moçambique e a tentar joga-los para o esquecimento.
Como forma de evitar que os movimentos voltassem a assumir-se em partidos políticos depois de conquistada a Independência nacional, instalou-se uma férrea perseguição aos pensadores ligados a outras correntes de opinião diferentes dos comunistas. Tal foi a perseguição que culminou com os assassinatos que até hoje são comentados em surdina.
Ė antigo no seio da FRELIMO hábito de silenciar os adversários. Algumas figuras de proa do partido no poder continuam a evidenciar essa atitude assassina.
Como falharam as insistentes tentativas de eliminar o Líder da RENAMO, que tiveram como ponto culminante Sadjundjira, hoje, como búfalos feridos os operacionais das Forças de Defesa e Segurança são instruídos a assassinar os suspeitos de serem guerrilheiros da RENAMO.
É exemplo disso o que assistimos nos dias passados na região central do país e hoje na província de Nampula.
Sem sombra de dúvidas Moçambique continua a ser vítimas de uma ditadura de partido único, ainda que mesclada com um Parlamento multifacetado também manietado pelo partido no poder.
Contudo ninguém deve esquecer que aquela maioria frelimista no parlamento é resultado do enchimento de votos nas urnas protagonizada pelo partido no poder, através dos Membros das Mesas de Votação. Estas coisas a União Europeia, os EUA e toda a comunidade Internacional junta não entendem, mas elas acontecem aqui neste país.
E isso só ocorre porque os supostos representantes do povo actuam à margem das mais elementares normas defendidas pela civilização.
Moçambique é governado por uma ditadura sedenta de espoliar o otencial do solo, subsolo e do mar. Eles desrespeitam o Estado de Direito, as liberdades fundamentais e são paladinos na violação constante da Lei Constitucional.
O nosso País vive um conflito de interesse profundo, com um Presidente da República, a sua família, que são as figuras de relevância política do partido no poder, a enveredarem por um criminoso capitalismo, usando a coisa pública a seu bel-prazer, distribuindo entre si bens e fatias do orçamento de Estado, condenando o país e suas populações à extrema pobreza e à sobrevivência pela dependência da caridade internacional. Ainda assim se intitulam de “lutadores contra a pobreza absoluta”.
Certo é que a RENAMO é um Partido uno e detentor de um projecto político alternativo ao actual poder a RENAMO é o Partido que, de entre os vários partidos da Oposição, indispensáveis para um regime multipartidário, aquele que melhor está posicionado para combater o regime militar, viciado e corrupto da Ponta Vermelha.
A RENAMO acredita que a alternância e a sua efectiva possibilidade, é uma regra que caracteriza os sistemas democráticos, universalmente, e nenhum democrata pode prescindir deste princípio.
Na verdade, vale ressaltar que qualquer acto eleitoral neste país, hoje, exige o fim da instabilidade iniciada pelo Governo através das Forças da Defesa e Segurança contra o povo e a reconciliaçãonacional, assim como a instalação da justiça aos cidadãos que têm sido humilhados e ofendidos permanentemente e que haja garantia do respeito pelo Estado, chamado de Estado de Direito pelos direitos de todo o Povo, incluindo o direito de todos os cidadãos à vida, mesmo quando sejam membros da RENAMO.
Desde quando ser membro da RENAMO é crime?


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