quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

"Governos legitimados pelos cidadãos nas urnas não devem ser depostos", defende JES



Luanda - O Presidente da República defendeu nesta quinta-feira, 10, em Luanda, que "governos legitimados pela escolha livre dos cidadãos nas urnas não devem ser depostos por forças rebeldes ou por processos anti-democráticos". José Eduardo dos Santos falava durante a tradicional cerimónia de apresentação de cumprimentos de ano novo do corpo diplomático.
Fonte: Club-k.net
José Eduardo dos Santos pediu aos membros do corpo diplomático acreditado em Angola, a continuarem a realçar esta ideia. "Pois desse modo ajudarão a corrigir a visão distorcida e alguns preconceitos de certos sectores da comunidade internacional, que continuam a não acreditar na renovação da África", argumentou.
O Presidente da República considerou ainda que a situação prevalecente na Guiné-Bissau, Mali, e nas Repúblicas Democrática do Congo e Centro-Africana como um "retrocesso no processo de democratização" em África. Condenando assim o retorno à violência e o aparecimento de rebeliões como via de resolução de conflitos internos.
O Club-K anexa na íntegra o discurso pronunciado pelo Presidente da República durante a cerimónia:

EXCELENTISSIMOS SENHOR DECANO DO CORPO DIPLOMÁTICO,
EXCELENTISSIMOS SENHORES EMBAIXADORES E CHEFES DE MISSÃO,
MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES.

Eis-nos no limiar de um Novo Ano, que espero seja portador de muitos êxitos na vida pessoal e profissional de todos os presentes.

Agradeço os votos amáveis e as palavras encorajadoras do Senhor Decano, proferidas em seu nome e nome de todo o Corpo Diplomático acreditado em Angola.

A constatação de que Angola está a progredir e a resolver com sagacidade os seus problemas transmite para o mundo a imagem real da evolução do nosso país.

É importante que todos os membros do Corpo Diplomático continuem a realçar esta ideia, pois desse modo ajudarão a corrigir a visão distorcida e alguns preconceitos de certos sectores da Comunidade Internacional, que continuam a não acreditar na renovação da África.

Em pouco mais de dez anos de paz, fomos capazes de promover a reconciliação nacional e de restituir a esperança de uma vida melhor a todos os angolanos. É com o sentimento de dever cumprido que voltamos a pôr à disposição de todo o nosso povo infra-estruturas básicas modernas para viabilizar o desenvolvimento económico e social do País.

O Estado, e em especial as suas instituições democráticas, estão a consolidar-se alicerçados nos princípios do Direito e da Soberania Popular, através dos quais se promove a convivência pacífica e a participação cívica na resolução dos problemas nacionais, mesmo num continente como o nosso, onde os conflitos e as crises políticas começam a ressurgir.

Nunca nos deixamos influenciar pelo “afro - pessimismo” que certa elite propagou no passado recente. Acreditámos sempre na mudança e na renovação de África e na forma de conceber e fazer política neste continente.

Não é por mero acaso que Angola se encontra num processo de efectiva democratização que permite a paz, a estabilidade, o crescimento económico e o progresso social. Somos parte deste mundo, que é caracterizado por mudanças globais e pela alteração progressiva e positiva da ordem política e económica internacional.

Com o advento das potências económicas emergentes, o ambiente internacional é cada vez mais multipolar e os países subdesenvolvidos têm outras oportunidades para encontrar vias de crescimento e de progresso. Esta é uma circunstância histórica que a África não pode deixar de aproveitar.

Por isso condenamos energicamente o retorno à violência armada e às rebeliões como via para a resolução de contradições internas ou para a conquista do poder de Estado.

Governos legitimados pela escolha livre dos cidadãos nas urnas não devem ser depostos por forças rebeldes ou por processos anti-democráticos. A África tem hoje novos cortejos de refugiados em condições sub-humanas, e isso é inaceitável.

Por essa razão, a situação prevalecente no leste da República Democrática do Congo, no Mali, na República Centro Africana e na Guiné-Bissau representa um retrocesso no processo de democratização do nosso continente.

SENHOR DECANO
SENHORES EMBAIXADORES

Mas não é só o continente africano que é palco desses acontecimentos perversos.

Agrava-se também dia-a-dia a situação no Médio Oriente. É imperativo que sejam abertas as portas do diálogo e da concertação política entre os principais actores e que se procurem os entendimentos internos e internacionais conducentes a preservação da paz e da segurança internacional.

É necessário consagrar-se e realizar-se o princípio da existência e reconhecimento dos dois Estados soberanos de Israel e da Palestina. Diz-se que “enquanto há vida há esperança”.

Por isso estou convencido de que muitas crises serão superadas ou atenuadas. Acredito também que a actual tendência para a crescente islamização do Estado e que as causas da crise económica e financeira da Europa serão melhor controladas ou debeladas no ano que agora começa e nos seguintes.

É um mundo cada vez mais interdependente que a humanidade quer, um mundo equilibrado em que a concertação, a compatibilização de interesses e busca de consensos sejam a motivação e o propósito dos líderes que tratam das relações internacionais.

Convido assim todos os presentes para trabalharmos em conjunto por este mundo de paz, segurança e entendimento entre nações.

Desejo a todos

FELIZ ANO NOVO
Luanda, aos 10 de Janeiro de 2013

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