quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

António Costa: qual é a pressa?

 

Paulo Gaião
António Costa esteve perto de apanhar o síndrome Santana Lopes de ir a todas, que acabou com a carreira do antigo primeiro-ministro laranja e deixou durante anos o PSD com o coração na boca 24 horas por dia.
Na Hora H, Costa fugiu a tempo da candidatura à liderança do PS. É apenas recandidato à Câmara de Lisboa e possível candidato presidencial em 2015 (hipótese que nunca rejeitou)...
Santana também disputou a liderança a Durão Barroso, perdendo a corrida. Um ano depois era candidato à Câmara de Lisboa. Estava apenas há um ano na capital e ensaiou uma candidatura presidencial contra Cavaco. De repente aceitou suceder a Durão Barroso em S. Bento (e foi o que se sabe). Para depois aceitar ser líder parlamentar. E depois tentar regressar à presidência do PSD. E depois de novo à capital...
Sempre este vai e vem, sempre esta inquietação.
António Costa podia estar apenas no início deste caminho. Tinha tudo para perder a disputa com Seguro (porque a sua candidatura era artificial, sustentada na mera estratégia pessoal e não numa diferente base programática). Paradoxalmente acabaria por fortalecer o hoje líder socialista, como Santana fez a Durão (que em 2000 era um líder enfraquecido pela derrota para Guterres).
Mesmo assim há grandes riscos em Lisboa. Fernando Seara vai dizer que Costa está com a cabeça no PS e que votar nele equivale a votar no seu nº 2, que o deverá substituir à frente da autarquia.
Se perder Lisboa, voltará a enfrentar Seguro? Pode ser. Mas também pode virar-se para Belém.
Anda por aí, à procura da oportunidade.
Não deixa de ser um jogo perigoso, rodeando tantos lugares, instável, com o risco de ser visto como inconsequente.
Para já soube resistir ao circuito fechado dos seus apoiantes, que fizeram tudo para que avançasse. O que é prova de sangue frio e discernimento. O perigo de o pote de ouro do poder ficar repentinamente a descoberto (com a decisão do Tribunal Constitucional sobre o OE, o agudizar da crise social e a demissão de Passos) e Costa não estar lá para o apanhar deixa as hostes costitas em pânico. A obrigação de um líder é por os soldados em sentido, como Costa agora fez.
Em 2004, recorde-se, Santana não conseguiu resistir aos apelos dos amigos para que aceitasse o pote à mão de semear que Durão lhe trespassou. Parecia tudo um sonho. Depois veio o pesadelo...
Costa tem de saber esperar. O golpe palaciano que espeta a faca em Seguro não é a melhor opção. Qual é a pressa? Seguro tem de enfrentar o teste supremo, o de eleições, e depois se verá.
Há sempre o perigo de uma luta fraticida entre Costa e Seguro, de ambos se destruirem um ao outro, e criarem grandes ondas de choque no PS.
Mas os socialistas têm uma grande vantagem em relação ao PSD. O pós Seguro e Costa vai muito para além de Marques Mendes, Luís Filipe Menezes e Manuela Ferreira Leite que eram eles próprios destroços do barrosismo (cavaquismo) e santanismo.
No PS há sangue novo, e de grande qualidade, para fazer o salto geracional e acabar com a política de marretas.
Sérgio Sousa Pinto, Pedro Adão e Silva, Fernando Medina, João Tiago Silveira, Pedro Marques que se preparem.

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