Em Manica
Chimoio (Canalmoz) – A caça e a intimidação de membros de partidos políticos da oposição, fomentada por membros do partido Frelimo, continua um pouco por todo o País. Depois de termos noticiado que a sede do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foi vandalizada no Chókwè, na província de Gaza, agora outro episódio similar acaba de acontecer na província de Manica.
No distrito de Gondola, a administradora local, Ana Chapo, ordenou aos membros do Governo distrital por si chefiado, e à Polícia da República de Moçambique (PRM), que retirem bandeiras do MDM que se encontrem hasteadas em qualquer sede ou residência de qualquer membro daquele partido que forma a terceira bancada na Assembleia da República.
A medida continua em curso aparentemente com o aval do Governo Central e do chefe de Estado de quem não se ouviu até agora um único comentário de represália a tais práticas violadoras dos princípios constitucionais mais elementares.
As práticas de que agora nos chegam notícias também de Gondola já chegaram a ser alvo de uma ordem formal e expressa do presidente do Município de Chimoio, capital da província de Manica. O Ministério Público a nível de Manica chegou a condenar tais actos também formalmente mas na prática nada sucedeu aos prevaricadores.
O processo de tentativa de intimidação continua em curso um pouco por todo o país.
De recordar que este ano é ano de eleições autárquicas e Gondola é uma autarquia.
Desta vez, funcionários do Governo distrital da Gondola, um dos distritos da província de Manica, na companhia de agentes da PRM (Polícia da República de Moçambique), estão a vandalizar bandeiras do MDM um pouco por todo o distrito, a mando da administradora local.
Para o ano, 2014, deverão realizar-se eleições Gerais (Presidenciais, Legislativas e para as assembleias provinciais).
Segundo o delegado político provincial do MDM em Manica, Manuel de Sousa, as bandeiras começaram a ser retiradas no início deste ano quando os membros do MDM começaram a divulgar as decisões do I Congresso, realizado na cidade da Beira, em Dezembro último.
Segundo a fonte, até aqui nove bandeiras foram retiradas das sedes distritais e de bairros. Duas bandeiras foram retiradas no posto administrativo de Matsinho, sob ordens do chefe do posto local. Sete bandeiras do MDM foram retiradas pela Polícia Municipal local, alegando estarem a violar o código da postura urbana, a nível do município de Gondola.
“As bandeiras ainda estão no município e não sabemos porque é que não nos devolvem, visto que as mesmas estavam nas sedes dos bairros daquele município”, o delegado político provincial do MDM em Manica, Manuel de Sousa.
“Nós pedimos espaço já há três anos atrás e não nos dão. Estamos a usar as casas dos nossos delegados e sedes distritais para içarmos as bandeiras, enquanto esperamos pelo espaço prometido”, acrescentou o dirigente do MDM na província de Manica.
Administradora diz que tem ordens para controlar as actividades dos partidos políticos
Entretanto, convidada pela nossa Reportagem em Manica a reagir às acusações do MDM, a administradora de Gondola, Ana Chapo, negou ter ordenado que fossem tiradas as bandeiras de qualquer formação política. Mas revelou que tem instruções para “controlar os partidos políticos”.
“Eu não ordenei isso, mas, sim, apelei à regularização dos seus espaços ou mesmo sedes para facilitar o controlo das actividades políticas de cada partido político e nós como Governo temos esta ordem”, disse a administradora de Gondola.
No caso do posto administrativo de Matsino, a chefe do executivo distrital em Gondola afirmou não lhe ter sido reportada a retirada das bandeiras do MDM, mas admitiu que estavam a fiscalizar locais onde se encontravam bandeiras em situação ilegal.
Procurador distrital preocupado
O Canalmoz foi ouvir o procurador chefe provincial de Manica, Augusto Serôdio Rututo, que se mostrou preocupado com a “caça aos opositores da Frelimo”. Referiu que é com preocupação que fica a saber que há bandeiras a serem queimadas e residências de membros da oposição destruídas. O procurador confirmou a entrada de queixas do MDM e da Renamo.
“Estamos preocupados e prometemos resolver esta situação”, conclui o procurador chefe provincial de Manica, Augusto Serôdio Rututo. (José Jeco)
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