segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

PRM e Polícia Municipal envolvem-se em escaramuças com vendedores no Terminal Rodoviário da Missão Roque

Município de Maputo
 
Maputo (Canalmoz) – A Polícia da República de Moçambique (PRM) e a Polícia Municipal da cidade de Maputo estão numa guerra sem quartel com os vendedores e transportadores interprovinciais no Terminal Interprovincial da Missão Roque, na Estrada Nacional Número 1, em frente à fábrica de detergentes Modet e do local da Inspecção de Veículos, em Maputo.
Os vendedores e transportadores dizem que não vão arredar pé daquele local, pois é lá que ganham a vida “honestamente”. A Polícia decidiu que o local é inapropriado quer para os vendedores assim como para os transportadores.
De facto aquele local expõe os vendedores e transportadores assim como os passageiros a iminente perigo, assim como não há condições para a venda de comida. Mas o facto é que o Conselho Municipal assistiu de forma impávida ao nascimento daquela paragem interprovincial e permitiu desde há mais de quatro anos que muitos concidadãos ganhem a vida naquele local. Agora a Polícia está a escorraçá-los sem indicar um espaço alternativa. E é isto que está a levantar a ira dos utentes. O Município está pura e simplesmente a obrigar as pessoas a abandonar um local onde instalaram a sua fonte de sobrevivência, sem lhes indicarem onde possam ir continuar a lutar pela vida.
Na semana passada a Polícia teve uma brutal actuação no local ao disparar de forma indiscriminada para dispersar os vendedores. Um cidadão acabou baleado na perna. Mais: a Polícia soltou cães para morderem os vendedores numa atitude que todos classificam de “simplesmente irresponsável”.
É a actuação policial que faz com que a população entre em desespero e parta para o conflito. “Dizem-nos que temos que trabalhar para combatermos a pobreza absoluta. Não temos emprego. É desta maneira que querem combater a pobreza?”, ouvia-se dizer pelos revoltosos indignados com a atitude das autoridades.
O porta-voz da Polícia Municipal da cidade de Maputo, Lázaro Valoi, admitiu, quinta-feira última, em declarações ao Canalmoz, que os vendedores alegam, para justificarem a sua resistência, que não foram informados pelo Conselho Municipal que deviam abandonar o local.
Lázaro Valoi assegurou, no entanto, que a sua corporação vai continuar a manter forças no local para desencorajar a presença de vendedores que “quando são retirados dão alguns passos e montam de novo os seus produtos”.
O chefe do Departamento de Relações Públicas no Comando da Polícia Municipal de Maputo justifica a actuação da Polícia alegando “visa assegurar a segurança de vendedores e seus clientes”. Recomenda que os vendedores devem se deslocar para o Mercado do Zimpeto a fim de ali venderem os seus produtos. “Quem quiser vender para passageiros tem que ir ao terminal da Junta ou no nova que está em obras no Zimpeto”.
O subinspector Lázaro Valoi disse o terminal da Missão Roque vai passar para o Zimpeto.
Anteriormente, durante a campanha que dizem de “sensibilização” dos mercadores, a Polícia não tinha indicado o local para onde deveriam transferir o comércio, alegando que não era da sua responsabilidade indicar uma nova paragem aos transportadores e aos passageiros. Chegou mesmo alegar que “não foi a Polícia Municipal que mandou os transportadores para aquele local, daí que não sabia onde colocar a nova paragem”.
A paragem da Missão Roque esteve anteriormente situada no cruzamento de Malhazine. Foi removida para no local ser construído o supermercado “Pick n´Pay”. Perante a falta de local alternativo, os vendedores que ali exerciam comércio viram-se obrigados a ir vender para a berma da estrada.
A Polícia considera o local de paragem actual “perigoso e capaz de provocar acidentes do tipo atropelamento”. Diz ainda que nos últimos dias tem sido ponto de atracção de vendedores ambulantes, sobretudo de produtos comestíveis como pão, frangos e carne assada, refrigerantes, bebidas alcoólicas, e até de roupa e tal faz com que a rodovia seja bloqueada e prejudique a circulação de veículos. Por outras palavras: a estrada nacional N1 fica bloqueada.
Na verdade, uma campanha de sensibilização dos transportadores, passageiros, vendedores e outros utentes da paragem, decorreu durante mais de um mês, com o propósito de os levar a que se retirassem voluntariamente do local actualmente usado como paragem de transportes colectivos.
A Polícia afirma que as associações de transportadores e outras entidades, inclusive os próprios transportadores “devem ir aos locais indicados, mormente no Zimpeto ou na Junta, procurar encontrar outra paragem”. Dessa forma remete para os transportadores a responsabilidade de encontrar outro local para servir de paragem no futuro. (Bernardo Álvaro)

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