05.06.2018 às 16h33
Um novo caso semelhante também quase acabou em tragédia, não fosse a intervenção de gente que se encontrava próxima
Escassos dias após a morte de Eyvi Agreda, uma jovem de 22 anos queimada por um homem que a perseguia, levar para as ruas do Peru milhares de pessoas em protesto contra a violência anti-mulheres, um novo caso está a chocar o país. No domingo, um homem de 37 anos agrediu uma mulher de 26 e pegou fogo ao quarto onde se encontravam antes de fugir. Valeu à mulher a ajuda dos vizinhos, que acorreram a apagar o incêndio.
Os comentários pelo Presidente do país sobre o acontecimento que envolveu Agreda continuam a ser alvo de indignação. Na sexta-feira, quando foi noticiado que a jovem não tinha conseguido sobreviver ao brutal ataque de que foi vítima em abril, o Presidente Martin Vizcarra publicou uma mensagem de condolências no Twitter. Exigia prisão perpétua para o criminoso e acrescentava: "Às vezes são os desígnios da vida. E temos de os aceitar".
A mensagem suscitou reações imediatas, entre elas a da líder de um partido de esquerda, Veronika Mendoza: "Não, senhor Martin Vizcarra, não são os desígnios da vida. Eyvi foi morta por Carlos Hualpa mas também pelo machismo no estado e na sociedade. Promova políticas com enfoque de género para prevenir e erradicar a violência, não permita que nos continuem a matar. Está nas suas mãos".
ERA SÓ PARA LHE "QUEBRAR O EGO", DIZ ASSASSINO
Muitas outras mensagens surgiram no mesmo tom, bem como protestos, e Vizcarra anunciou o estabelecimento de um comité de emergência. Mas várias vozes notaram que o estado de emergência era justificado, sim, contra o nível de violência de que as mulheres estão a ser alvo no país, com 121 assassinadas em 2017. Entre janeiro e março deste ano, o número foi de 29.
Hualpa, o assassino de Eyvi, disse tê-la conhecido quando ambos trabalhavam na universidade. Perseguiu-a durante dois anos e, finalmente, ante as recusas persistentes dela, decidiu vingar-se. Ao encharcá-la em gasolina e pegar-lhe fogo, disse-lhe: "Se não és minha, não és de ninguém". Agora garante que apenas pretendia quebrar o "ego" dela.
Queimada em 60% do corpo e submetida a intensos tratamentos médicos, a jovem resistiu mais de um mês antes de sucumbir a uma septicemia. Embora tenha comovido grande parte do país, o martírio de Eyvi também serviu de inspiração a pelo menos mais um ato de violência contra uma mulher.
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