sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

PGR é irrelevante


Por Edwin Hounnou
A Procuradoria-Geral da República, PGR, está a fazer uma verdadeira maratona para se esquivar das suas responsabilidades de prender e acusar os mentores da contratação das dívidas inconstitucionais que atiraram o país para a sarjeta que obrigaram os parceiros programáticos do governo fechassem as torneiras de ajuda e atirar o país para caixa do lixo. 
O nosso país está ostracizado pela comunidade internacional devido à contratação de dividas ilegais que a PGR não vislumbra num crime nesse gangsterismo. Mesmo a codificação dos nomes dos implicados é da inteira iniciativa da PGR, agindo ao serviço de um grupinho, num esforço acrescentado para ocultar os gatunos que golpearam a nossa economia. Estamos de rastos, mas a PGR diz não haver nada de anormal nessa mafiosa operação de roubar, passando por cima das constatações de inquéritos conduzidos por experts internacionais. 
O inquérito parlamentar e o feito pela Kroll, uma empresa com créditos internacionais na área de investigação de fraudes financeiras, confirmam a existência de evidências criminais, tais como a violação da lei orçamental e das garantias oferecidas pelo estado, porém, a única instituição, no país, que não vê nenhum problema é, somente, a PGR, que persiste em seguir o seu próprio caminho errado. 
A equipa dirigida por Beatriz Buchili anda mais entretida com coisas fúteis, tais como a perseguição de elementos da oposição que com a legalidade, vimos isso no caso de Nampula. Apesar de todas as evidências de ter havido crimes na contratação das dívidas ocultas, a PGR preferiu fechar os olhos e chutou a bola para o Tribunal Administrativo, para dizer “isso não é comigo” e como forma de queimar tempo, contornando, assim as figuras implicadas na megaroubalheira de fundos públicos. 
Buchili transmitiu a mensagem para que o povo não esperasse nada da PGR, que não vai fazer nada. A PGR só mete medo ao peixe miúdo e deixa os tubarões passear a sua classe, pois, o ministério público é irrelevante na defesa do estado da sangria e assalto. 
Estamos habituados às brincadeiras da PGR. Num passado não muito longínquo, José Pacheco, então ministro da Agricultura, esteve na berlinda na devastação das nossas florestas, em conluio com os seus irmãos chineses, porém, para o ilibar das suspeitas e do crime em que ocorria, a PGR fez manobras de curvas e contracurvas com um falso inquérito para o inocentar. O único que ficou convencido daquelas invencionices foi a própria PGR e mais ninguém. Como não é filosofia dos governantes de colocar o seu lugar à disposição quando há suspeitas sobre a sua conduta, Pacheco continuou sossegado como se nada de errado tivesse feito. O seu nome foi, várias vezes, citado no caso FDA, mesmo assim, o Presidente da República, Filipe Nyusi, o promoveu para o honroso cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação. Moçambique é mesmo maningue bestial para os tubarões! 
A PGR não inspira confiança aos cidadãos porque, não cumpre com a lei. No caso EMBRAER, a PGR citou os nomes dos implicados. Não recorreu a nenhum código de ordem alfabética nem a de qualquer outra índole. Mas para ocultar a quadrilha dos camaradas das dívidas ocultas revisitou a cartilha maternal de abecedário e chutou a bola para o Tribunal Administrativo, à moda de Pôncio Pilatos que, dirigindo à enfurecida multidão, disse que “não vejo culpa alguma neste gajo, mas cabe a vocês decidir”. 
Assim, o incompetente Pilatos soltou o ladrão e atirou o justo aos carrascos que o condenaram a morte na cruz. A História da Humanidade repete-se ao longo de todo os tempos, ainda que tenham passado 2018 anos. Pilatos, Barrabás e Cristo sempre existirão.  
Buchili aprendeu a lição de côr e salteado. Ordenou a soltura do Barrabás, o salteador, e entregou Cristo, o salvador a seus algozes, que o açoitaram e o pregaram na cruz até à morte. Interpretando os personagens, Pôncio Pilatos são os tipos da PGR; incapazes de se submeterem a lei; Barrabás são os promotores das dívidas ocultas e inconstitucionais; Cristo é o povo moçambicano que vai ter que pagar com sangue e suor pela sopa que não tomou. 
O justo seria que cada um pagasse as suas dívidas porque essas não dizem respeito ao povo, mas, a um grupo bem identificado, com endereço físico caras conhecidas. Vemo-los, às vezes, tentando passar por professores de moral e outros a camuflarem-se de grandes patriotas. 
Num Estado de Direito e Democrático, ninguém está acima nem por cima da lei. No nosso país, apesar de haver, aparentemente, um Estado de Direito e Democrático há indivíduos que estão acima e por cima da Constituição que a PGR sempre os contorna como o diabo foge da cruz. 
Em Moçambique, os grandes do partido governamental podem roubar que o povo vai repor. Podem roubar que o povo vai pagar as favas. E se levantar a voz será esmagado pela FIR e capturado pelos esquadrões da morte e será forçado a procurar abrigo para além-fronteiras.

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