Os primeiros dias dum governo são interessantes. Tenho estado a acompanhar o nosso com algum interesse (aquelas dores de cotovelo…). Alguns pronunciamentos, senão todos eles, dos novos governantes fizeram-me recuar no tempo. Lembrei-me do meu avô materno que era curandeiro. Só tinha um remédio que servia para todas as doenças. Chamava-se “nthla-nthla ngati” (tradução literal: dilui ou liberta o sangue). O remédio consumia-se aos litros. Até dá volta no meu estômago só de pensar nisso. Quem se sentir tentado a rir por achar o meu avô curioso vá com calma, por favor. Ele não foi diferente dos europeus, uns 100 anos antes dele, que também tinham esta obsessão com o sangue. Nos meados do século XIX a França chegou a importar 40 milhões de sanguessugas que eram utilizadas nas famosas sangrias, o principal método de curar doenças durante 2000 anos… A ideia era simples. A doença tinha a ver com o equilíbrio dos líquidos do corpo (bílis, muco e sangue) que se restabelecia sugando o sangue do doente. Milhares de europeus morreram desta forma às mãos dos descendentes de Hipocrates, sobretudo barbeiros. E o curioso é o seguinte: não é que eles não tivessem consciência de que na maior parte dos casos esse método de cura fosse uma autêntica perca de tempo. Tinham. Mas não conheciam nenhum outro método melhor.
E isto traz-me de volta ao novo governo. Sistemas complexos – e o corpo humano é um sistema complexo – têm o condão de nos encorajar a desenvolvermos teorias que não abandonamos de qualquer maneira sem que haja uma melhor. Ficamos reféns das velhas maneiras de fazer coisas. Ouvi vários depoimentos dos novos governantes. O da educação diz que as suas prioridades consistem em colocar carteiras nas escolas e pagar os salários em atraso; o da ciência e tecnologia diz que a sua prioridade é de constituir o ministério, depois reconverter os desistentes da universidade para o ensino técnico-profissional e depois ajudar as universidades privadas a terem o mesmo nível da UEM, o do interior diz que vai reduzir a criminalidade e os acidentes de viação, o da terra diz que vai ajudar o povo a produzir riqueza a partir dessa importante conquista e a governadora de Gaza – que esse traidor do Jaime Langa já começou a bajular – diz que ainda vai conhecer a província, repetindo, na verdade, a exortação do seu chefe feita a todos os governadores para primeiro irem conhecer as suas províncias e aprenderem do povo, o novo patrão. Etecetera.
Tudo isto dito 40 anos após a nossa independência. Praticamente o mesmo discurso de sempre. Há 40 anos que os nossos governantes são nomeados para irem “ganhar experiência” ou “resolver os problemas do povo”. Antes que seja mal-entendido e que o texto seja compartilhado efusivamente pelos que normalmente me consideram desvairado, apresso-me a dizer o seguinte: é bom aprender e é bom se preocupar com a sorte do povo. Mas governar devia ser mais do que isto. Dum governante, não importa o sector, nem a sua experiência, nem a sua formação, devíamos ouvir muito mais do que este tipo de lugar-comum. Colocar carteiras nas escolas, aumentar a segurança, pôr a terra a produzir riqueza, etc. é o que realmente deve acontecer. Mas o mais interessante, pelo menos para mim cá do conforto da minha mesa de trabalho, é saber qual vai ser a estratégia e porquê essa estratégia. E a razão é simples. Os seus antecessores também deviam ter logrado isso. O que é que se passou? Mudaram de prioridades ao meio do caminho, ou a estratégia por eles determinada falhou ou ainda não surtiu efeito?
E com isto volto à sangria. Os médicos primeiro cortavam uma artéria do braço e deixavam o sangue brotar, assim meio litro, até o doente desmaiar. No dia seguinte repetiam a mesma operação várias vezes até não sair mais sangue. Depois colocavam um frasco de vidro com ar quente sobre a ferida. À medida que o ar arrefecia criava um vácuo que espremia mais sangue. Finalmente, colocavam as importações francesas (as sanguessugas) na ferida que se refastelavam até nem mais. Ao fim de três meses o doente recebia alta, vivo ou morto. Mais morto do que vivo. Por falta duma teoria melhor para abordar um problema complexo.
E repito: não estou a criticar (apesar de estar). Eles estão a agir de acordo com o que sabem e na melhor das intenções. Portanto, o que estou a dizer é que se queremos mesmo que os nossos governantes sejam melhores teremos que os interpelar a um outro nível. Não ao nível dos resultados finais que eles deviam alcançar, mas sim ao nível do que eles pretendem fazer para alcançar esses resultados. Seria por aí que a discussão iria animar. É claro que quem aborda os assuntos politicamente vai sempre chamar a atenção dos governantes para os resultados. E isso é legítimo, ainda que não seja tudo. Mas se queremos ser mesmo parte do processo – já que fomos declarados patrões – devemos interpelar os nossos governantes a um outro nível. E recusarmo-nos a ecoar declarações, em minha opinião, vazias de sentido. Carteiras, sim, menos crime, sim, riqueza da terra, sim, melhor formação, sim, mais conhecimento da província, sim, mas COMO e porquê ASSIM?
É a falta deste tipo de interpelação que leva muita gente a pensar que também pode governar, basta fazer uma lista enorme dos resultados que espera alcançar. E é isso que empobrece a nossa política.
Lyndo A. Mondlane "É
a falta deste tipo de interpelação que leva muita gente a pensar que
também pode governar, basta fazer uma lista enorme dos resultados que
espera alcançar. E é isso que empobrece a nossa política."...pensando eu
em muitos dos quais 1..mais nao disse..
Inacio Chire Caro Elisio Macamo, falta diagnosticar as causas "desse comportamento".
Elisio Macamo só bebendo mais nthla-nthla ngati, Inacio Chire, mas com esta história do phombe pode ser complicado...
Inacio Chire Okay...mas
a volta do phombe se garante a continuidade de geracoes (tirando esse
incidente terrível). Se faz a passagem de visão, liderança e muito mais.
A mim me parece que muitas vezes faz falta uma passagem "efectiva"
(smooth e genuina) de testemunho.
Elisio Macamo sem dúvidas. o problema é que alguns pronunciamentos até sugerem "descontinuidade" quando não me parece ser o caso...
Alfredo Chambule Quando
mais novo, "fui curado" com o "mutlan tlha ngati" depois da fenomenal
sova que apanhei do meu defunto pai por ter reprovado no terceiro ano.
Andava eu no Liceu de António Enes em Lourenço Marques.
Elisio Macamo há males que vêm por bem, Alfredo Chambule!
Eusébio A. P. Gwembe Fiquei
inconsolado quando escutei de alguém que foi ministra do trabalho
enunciando como prioridade «conhecer o terreno». Quer dizer, ainda vamos
aprender fazer fazendo, isto é, vamos ao terreno sem método de modo que
o terreno é que determina o método. É
altura de exigirmos dos nossos governantes o método para a
materialização das suas boas intenções que também são o desejo de todos
nós. Mas isso, Elisio Macamo,
é um problema que parte mesmo da forma como os manifestos eleitorais
são elaborados. Por exemplo, o MDM - só para convidar um exemplo -
criticou a falta de carteiras nas escolas, denunciou a exploração e
posterior exportação da nossa madeira para à China, mas nunca foi claro
em dizer como ia fazer para inverter o cenário. Igualmente, o manifesto
da Frelimo está cheio de boas intenções e muito genérico - somos por
isto, somos por aquilo - sem observar o «como» chegará aos resultados.
Como consequência, torna-se difícil que se faça uma avaliação final
quando os governantes estão de saída porque não se sabe de facto como
quantificar as metas, por ausência do método. Dai que lhes seja fácil
dizer «saio de cabeça erguida, missão cumprida». Boa reflexão, sua! :)
Elisio Macamo pois, Eusébio A. P. Gwembe.
mas a questão que eu quero levantar refere-se a nós mesmo como
comentadores. é isso que devemos interpelar e deixar a discussão
política para quem age politicamente.
Alexandre Devissone Sei
que não é a idade dos governantes que produz resultados esperados mas
também governar provincia de Gaza e Cabo Delgado não é pra aventureiras
na função pública pra aferirem experiência. A provincia de Gaza por
estar adormecido no desenvolvimento económico
e constando nos mais pobres do país, com o povo embalado no comodismo
politico deveria ter um(a) governador (a) flexivel a modelo do atingo
administrador de Chimbutsu(Chibuto) Francisco Bobo alcunhado
Tchapo-tchapo.Gaza precisa dum dirigente capaz de imprimir reformas e
com coragem de mexer o xadrez de governação local e não acabar tempo em
reconhecer problemas já diagnosticados pelo Djalma Lourenço antecessor
do Diomba.
Elisio Macamo bom, Alexandre Devissone,
apesar de eu estar sempre a dizer que quero ser governador de gaza a
minha opinião sobre este assunto é de que os governos provinciais, e na
sua actual estrutura, são das instituições que o país menos precisa.
considero os governos provinciais
altamente supérfluos e quanto mais cedo a gente acabar com eles melhor.
olha que temos um governador nomeado pelo presidente e que vai trabalhar
com administradores nomeados pela ministra da função pública e com
directores provinciais nomeados pelos respectivos ministérios... não faz
nenhum sentido isso. penso que a municipalização é o caminho mais certo
e a criação de gabinetes regionais de fomento ou qualquer coisa assim.
só espero que acabem com isso depois de eu ter sido governador de gaza,
claro...
Paulo Goque Caro Elisio Macamo,
essa é das perguntas que o meu team ( sou da banca) de administração
trabalha no detalhe para responder ao board sempre que apresntamos a
estratégia para o ano seguinte. Esse tipo de pergunta faz muito sentido
quando se responsabiliza as pessoas
pelos resultados não alcançados, seja por má planificação ou por
factores que estavam foroa do controlo da equipa. Neste caso quem faria o
papel do board? Diria que é o povo, mas o board tem que saber qual é o
seu papel e o poder que tem, o que não é o nosso caso.
Elisio Macamo essa é uma analogia interessante e pertinente, Paulo Goque!
o povo, de facto, pode ser esse "board", mas 5 anos é muito tempo. a
esfera pública, através da interpelação crítica pode ajudar nisso. e a
oposição através da insistência noutras estratégias,
noutros caminhos e, claro, na interpelação constante dos governantes. o
que me incomoda é que o debate na esfera pública por vezes repete o
discurso dos governantes. uns vão aplaudir a colocação ds carteiras,
outros vão perguntar porque não se fez antes, mas poucos vão discutir a
estratégia por detrás dessa desiderato.
Hermes Sueia O
exercicio ainda não começou sequer........a máquina ainda está a ser
montada e calibrada, num contexto em que desafios mais altos como a
emergência cujo ciclo se torna cada vez mais curto, se tornaram a
primeira prioridade. Nos meus tempos de escola, tive um professor que
nos dizia que gostava mais de avaliar aquilo que os alunos não
sabem........
Paulo Goque Elisio Macamo!
Estou de acordo e remete-me a uma pergunta que faço aos demais. Quais
são as nossas prioridades/desafios agora? Como é que vamos superar?
De facto se os analistas sao indivíduos que estão a espera de repescagem para sairem da "fome", temos um grande problema. De outra forma, se continuamos a olhar para o dirigente como abençoado com a sabedoria não vamos longe! Temos que questionar sempre "how"!
De facto se os analistas sao indivíduos que estão a espera de repescagem para sairem da "fome", temos um grande problema. De outra forma, se continuamos a olhar para o dirigente como abençoado com a sabedoria não vamos longe! Temos que questionar sempre "how"!
Paulo Goque Hermes Sueia,
você não passaria numa sessão de perguntas se dissesse o que vsi fazer e
não explicasse como. Como é que vamos reduzir as asssimetrias
regionais? Esse é um dos pontod apresentados. Segundo o teu post, temos
que aceitar sem perguntar como nao é?
Elisio Macamo isso, Paulo Goque, o Hermes Sueia
diz que a prioridade agora é a emergência e que como ainda estão a
montar a máquina pode ser prematuro nos pronunciarmos. é evidente que
não concordo com isso. se a coisa mais inteligente que um governante me
pode dizer quando alguém lhe pergunta qual é a sua prioridade é a
colocação de carteiras, talvez esse indivíduo não esteja no lugar certo.
Alcídes André de Amaral So
esperemos que interpelemos mesmo... O processo (os meios) nao `e muito
levado a serio por muitos de nos... E nao notamos que `e nas falhas do
processo (o nao conhecimento das estrategias) que nos zangamos e nos
frustramos com um governante, com o governo
so porque nao vimos a solucao (imediata) dos problemas alistados pelos
governantes enquanto suvam nas ruas, ao sol em tempos de campanha
eleitoral! Portanto, enquanto candidatos! Deve ser por isso que tem-se
aplaudido tanto os pronunciamentos de Afonso Dhlakama, e queremos que
ele seja dirigente, e nunca perguntamos como ele iria governar e muito
menos o que ira fazer enquanto estiver na governacao... So queremos que
ele governe e prontos!
Hermes Sueia Paulo
Goque, continuo a pensar que a melhor forma de passar numa sessão de
perguntas é fazer aquilo. O que nós pretendemos é capacidade de
realização. As estratégias foram já todas documentadas e divulgadas. É
tempo de dar lugar à prática. O jogo tem noventa
minutos. O melhor jogador só é eleito depois do apito final. Não é o
jogador que melhor responde aos jornalistas,antes da partida começar,
mas aquele que melhor interpreta a estratégia e a táctica definida
durante o decorrer do jogo, e assegura resultados que é eleito o melhor.
E o apito só agora acabou de soar.
Hermes Sueia Portanto, mãos à obra que por uma questão de cidadania estaremos aqui para avaliar o decorrer do jogo......
Paulo Goque Hermes Sueia,
não temos resposta a pergunta "How"! Queira dar-me um exemplo para que
eu leia e dê a minha opinião! Sem isso, não vamos a lado algum. Note
que não digo que sou especialista, porém tenho alguma capacidade de
análise e opinião a tecer.
Oyubo Lucy Profesa, I wish I could understand but all the same I say Amen...Ver Tradução
Júlio Mutisse Mano Elisio Macamo
eu acho que falta um pacto entre o nomeador (PR) e os nomeados
(ministros e governadores). Um pacto no qual o PR explica o que espera
do nomeado, as suas prioridades até tendo em conta o seu próprio plano e
o nomeado coloca o seu compromisso, da a
sua visão e estabelece uma visão alternativa. Talvez se ocorresse isso
as coisas fossem diferentes. O que me parece é que as pessoas são
nomeadas e... como pouco sabem de u sector ou de um local e até dos
dossiers e das expectativas daí, tem que ir conhecer!
Eusébio A. P. Gwembe criticar a forma como o manifesto estava redigido valeu alguns cognomes na altura da campanha com reflexos que se mantém até hoje, um dos quais a desconfiança.
Eusébio A. P. Gwembe criticar a forma como o manifesto estava redigido valeu alguns cognomes na altura da campanha com reflexos que se mantém até hoje, um dos quais a desconfiança.
Hermes Sueia Paulo
Goque, o que eu sublinho é que agora é hora de deixar trabalhar a nova
equipa, tranquila e serenamente. Haverá muito tempo pela frente para as
críticas, subsidios e avaliações. Foi publicamente anunciado, que agora
haverá mais abertura para escutar também as opiniões e os pontos de
vista dos "apóstolos da desgraça".
Elisio Macamo sobre isso, Júlio,
já escrevi aqui. não acho sensato que a tarefa dum ministro seja de ir
"cumprir uma missão". não sei, evidentemente, como é que se passa a
coisa quando alguém é convidado para tal, mas a impressão que tenho é de
que alguém recebe "orientações" para ir cumprir. até no sentido do que foi proposto pelo Paulo Goque
aqui haveria maior responsabilização se todo o ministro dissesse ao seu
chefe como ele interpreta o programa do partido e como pretende
alcançar os objectivos definidos. caso contrário, não há como alguém ser
responsabilizado.
Elisio Macamo jambo, Lucy, rafiki yangu, habari? hmmmm, ni shauri laku? oh dear!
Hermes Sueia O
mais importante é que os ministros encontrarão já equipas de trabalho e
rotinas já há muito consolidadas. Trata-se como foi sublinhado de
privilegiar o trabalho em equipa e imprimir um novo dinamismo, em que
existe abertura à crítica e ao questionamento
permanente. Não escangalhar, mas sim acrescentar valor e outras formas
de fazer. E isso não se prescreve por antecipação, mas se faz durante o
processo de implementação. Já basta de enunciados e abordagens
académicas. Como dizia alguém, "...a prática é o critério da verdade".
Torres Lameque Remigio Desculpa pela ousadia professor Elisio Macamo
mas eu irei completar talvez, o titulo. "Na falta do melhor, o pior
serve" como sempre diz o dito popular. Mas os piores provavelmente nem
sejam estes que nos irao (tentar governar, repito tentar governar),
ja que os discursos que muitos deles proferiram na tomada de posse
inferem-me a dizer que eles estao ainda numa introspecção a ver se isto
vai correr bem. Dizia que os piores nao sao eles, mas nós os outros ca,
que nada faremos pra impor que quem recebeu o martelo pra chancelar
nossas vidas nao o va fazer a seu bel prazer. Em nome desta República
Hermes Sueia Concordo,
Torres Remigio. O mais importante é a nossa contribuição, cada um no
seu posto de trabalho dando o máximo para facilitar e promover a
melhoria da acção governativa. Isso faz-se com acções concretas no palco
dos acontecimentos.
Elisio Macamo acho que é isso, Torres Lameque Remigio.
nós os outros, como destaquei mais acima num comentário, mas também no
texto, é que temos a tarefa de responsabilizar quem por nós trabalha. o
desafio é de cidadania. cidadania activa.
Paulo Goque Hermes Sueia,
meu caro. Repito, sem se saber como faremos algo não faz sentido inciar
nada! Todo o palavreado bonito não faz sentido se não sabemos como
iremos medir o nosso desempenho, pois quando medimos é porque fizemos
um plano, e esse plano inclue quem, como, onde, e quando!
Hermes Sueia Paulo
Goque, concordo em absoluto. Mas já agora, quem é que no seu entender
não sabe como irá fazer? Quem é que no seu entender só tem palavreado
bonito?
Hermes Sueia Donde vêm os seus receios, Paulo Goque? Quais são os seus fantasmas?
Torres Lameque Remigio E
agora vai ficando cada vez mais claro para mim, porque certos
governantes tendencialmente africanos nao mais querem sair do poder
assim que eles mesmo, com suas iniciativas ou por via de sufrágio justo e
tambem as vezes transparente se tornam dirigentes.
Quando um dirigente no dia da sua outra investidura, quando nao é a
primeira vez que é nomeado pra dirigir, diz na zona da "flash
interview" que primeiro quer conhecer a cidade ou província", significa
isto que durante muito tempo foi um lunático e que por isso nao sabe e
nao leu quais os desafios e ou problemas pra os quais toma posse. Faz me
muita pena ainda ouvir isto neste século e ao mesmo tempo cria me uma
irritacao pra puxar o remoto controlo e o consequente switch off. E
venha o 3 100. Deve estar na hora de nós moçambicanos permitirmos que
quem toma possa fique a governar até que a morte o tire da sociedade a
fim de que nao oiçamos mais coisas do tipo "vamos ou estamos a estudar o
terreno. Ou entao nunca deviam governar se nao podemos deixar que nos
governem até as cinzas. A sociedade nunca impediu que no exercício dum
mandato o dirigente fulano tivesse ido varias vezes ao território do
dirigente belcrano nem que fosse apenas contemplar beldades e mergulhar
nas praias para que assim que o primeiro, um dia for escalado pra
dirigir o território outrora dirigido pelo segundo nao se debata á
partida com problemas ligados ate ao conhecimento dos limites do sitio
que passa a governar e o modus vivendi das suas gentes
Rildo Rafael Caro Elisio Macamo.
As luzes da interpelação foram aqui lançadas. Achei interessante a
forma como os membros do novo governo formaram os discursos sem o
denominador comum de por exemplo, combate à pobreza, ao espírito de
deixa-fazer e ou deixa-andar. Pelo menos
não existe um slogan de orientação. Sinceramente não sei se é bom ou
não! Penso que as estratégias podem ser flexíveis ao longo do tempo, a
pergunta que me ocorre seria: Como definir estratégia sem antes
diagnosticar o problema que justifique a opção pela estratégia? Deve-se
perspectivar uma boa análise FOFA dessa mesma estratégia. Ter a calma
de não apresentar estratégia no primeiro discurso não é estar desprovido
dela no futuro. Mas talvez seja o ponto de partida para uma elaboração
conjunta. Se não corremos o risco de elaborar estratégia para combater
um problema "bem ou mal elaborado" por outros num outro contexto. Há
muitos problemas que se colocam no discurso dos novos dirigentes, que é
do receio do mesmo (o discurso) estar ou não em conformidade com o
discurso da força política ou do Presidente. O opção pelo discurso da
continuidade (ex, vamos dar continuidade com as realizações do nosso
partido e com seu legado) pode reforçar a ideia de um partido político
certeiro e ofuscar a capacidade criativa dos empossados. O apelo aos
ideais dos líderes históricos é dos aspectos marcantes deste exercício,
apesar de ter um intuito mobilizador. Um dos maiores desafios será
realmente de se reconhecer que algumas estratégias foram mal definidas e
aplicadas e servir de pressupostos para definição do caminho a seguir. E
isto não deve ser entendido como um ataque aos antecessores, mas sim
como reformulação da estratégia e que possibilite a clarificação das
etapas a seguir para o alcance dos resultados. Explicar dói tal como
pensar! Temos certos problemas com a cultura de interpelação. Se
interpelações algo corremos o risco de ser rotulado como "CONTRA".
Preferimos a cultura dos likes e ou aplausos. Excelente Elisiio. Um
abraço.
Elisio Macamo Rildo,
tu que és fã dum clube de futebol. vamos supor que ele contrata um novo
treinador a quem os jornalistas perguntam qual vai ser a sua
prioridade. vais confiar num que te diz "tentar ao máximo ganhar os
jogos", num que te diz "eu tenho que conhecer
ainda a equipa, suas fraquezas, potencial, etc." ou num que te diz
"minha filosofia de jogo é esta e vou fazer tudo para que a equipa a
interiorize de modo a alcançarmos os objectivos almejados pela massa
associativa"? é claro que este pessoal vai ter que aprender muita coisa,
mas o que eu e outros aqui estamos a dizer é que não os devemos julgar
apenas a partir dos objectivos que pretendem alcançar, mas sim a partir
de como os querem alcançar. aceitar esse posto sem ideia de como
parece-me irresponsável e oportunista. mas nós temos que ganhar o hábito
de interpelar os nossos governantes a partir dessa perspectiva. é esta a
parte da responsabilidade cívica que falta interiorizarmos.
Rildo Rafael Prezado Alexandre Devissone....sabes
que já temos o Ministério da Acção Social, Género e Crianças...o
presidente Nyussi disse que o seu coração tem lugar para todos os
moçambicanos até para "aventureiros" na função pública. Repare que
coloquei a palavra aventureiro entre
aspas. Moçambique ganhará se colocarem bons aventureiros. Como aferir
que os indicados para Gaza e Cabo Delgado sejam aventureiros. Penso que a
juventude tem a oportunidade de mostrar que podem contribuir para o
desenvolvimento do país. A idade e o sexo e experiência não podem
constituir condições necessárias e suficientes para ser um bom
governante...Já agora, qual era o "modus operandi" do Administrador do
Chimbutsu (Chibuto), o Tchapo-Tchapo? Abraços.
Luisa Fernando Uachisso Concordo contigo Elisio Macamo
que precisamos de um nivel estrategico que se ocupe dos COMO e PORQUE
EH ASSIM! Na minha opiniao deve ser o nivel do Governo que eh por forca
da Constituicao da Republica responsavel pela concepcao das politicas
publicas orientadas pelos resultadoa dos
COMO e PORQUE eh ASSIM , que se concretizam em Programa Quinquenal e em
Planos anuais aprovados pelo parlamento. A execucao deste
programa/plano deve ser ao nivel provincia/distrital.
Construir/apetrechar as escolas pode na minha opiniao ser da
responsabilidade dos governos locais. Ao governo central caberia o papel
de assessoria, monitoria e fiscalizacao! Para alem deste orgao temos os
parlamentares e os membros das Assembleias Provinciais que tambem
fiscalizam a execucao do programa/plano do Governo central e local sem
contar com as Inspeccoes e com o Tribunal Admnistrativo! Dai que nunca
percebi o " medo/ receio" do nivel central em libertar se das rotinas e
concentrar - se nas questoes "macro"! Jah vivi experiencias
"desagraveis' de dirigentes locais visitarem uma localidade e depararem -
se com situacoes de obras abandonadas cujo concurso e adjudicacao foram
conduzidos ao nivel central sem o envolvimento do governador e nem do
administrador e terem que justificar o atraso ou falta do cumprimento do
Contrato de trabalho celebrado com parte da populacao que governam! Eu
acho que a nomeacao dos Administradores Distritais e dos Directores
Provinciais pode ser do governador provincial cabendo ao Governo Central
a definicao dos requisitos e do conteudo de trabalho destas funcoes!
Quer me parecer que ( respondendo a pergunta PORQUE eh ASSIM) a
escassez de tecnicos na altura justificou a gestao centralizada mas
julgo que hoje pode se dar maior autonomia aos dirigentes locais e
reduzir/ eliminar a interferencia dos governantes de nivel central na
gestao corrente!
João Barros Professor Elisio Macamo,
seu avô deve ser julgado por também ter se portado como os médicos das
sanguessugas! Fando sério, alguns não terão feito alguns dos
pronunciamentos por ironia?
Paulo Goque Hermes Sueia
meu caro. Eu não tenho receios, sou claro no que pretendo. Até agora
não me deste a resposta ao "how"! Sem essa resposta não podemos avançar
pois não sabemos para onde vamos. Não é justo eu fazer essa pergunta?
Paulo Goque Hermes Sueia,
o palavreado bonito é usado por quem vai governar! A pergunta que se
repete é "como", neste caso eu, tu e o governo não sabemos como será
feito. Ja te pedi um documento que explique como e não mo facultaste!
Quero também clarificar que estamos no mesmo barco, só que não sei como
chegaremos ao destino!
Egidio Vaz Eu
achei razoáveis os discursos dos ministros. E, para mim, estes fizeram o
seu máximo para emitir mensagens claras. Atenção, estou a falar como
comunicologo, colocando-me "na pele de minlhões de cidadãos" que a
partida estavam a espera exactamente do que
eles disseram. 20 valores a todos aqueles ministros que se dignaram a
dizer alguma coisa apesar de alguns terem simplesmente emitido o seu
Estado de Espírito naquele momento solene. Claro, existe uma visão que
precisa ser seguida. Este, na verdade, seria e é o trabalho que todos
aqueles empossados irão fazer nos próximos tempos: conceber um plano
quinquenal e respectivo orçamento; uns planos anuais e sectoriais no
geral.
Todos os intelectuais que comentaram aqui deveriam saber deste simples pormenor. Que aqueles ministros estavam a expressar, estavam a falar, estavam a encarnar as expectativas populares em si. E isto acontece até na Alemanha, EUA e Portugal. Quando Obama põe o acento tónico a necessidade de criar mais emprego fortalecendo a classe média, ou quando Passos Coelho se esgrime em não aumentar mais impostos ou quando a questão da segurança social é discutida, a maioria destes povos nem se quer discute metodologia. Ora, gostaria de vos introduzir um outro aspecto que, quanto a mim, está na origem da pobreza da notícia.
Os jornalistas que cobriram a cerimónia de empossamento estavam todos eles emocionados. Eles próprios nem sabiam o que falar perante o recem-empossado, sorriam para eles, aparentavam mais distraídos. Fizeram perguntais banais, portanto, perguntas à medida da sua ignorância. E este é quanto a mim, o grande problema. O problema de os políticos não dizerem coisas sérias, ou prestarem informação séria nem sempre é dos políticos. É dos nossos jornalistas, do nosso jornalismo, que nem sempre está ao serviço do público e da informação. Para não me chamarem de "escova", gostaria de vos recordar uma entrevista feita pelo Gabriel Muthisse a Blomberg TV e outra do antigo Presidente Guebuza a BBC Africa disponiveis na Youtube. Nestas entrevistas os dois dirigentes falarm muito bem, melhor do que quando o fizeram por aqui. Muthisse deu a entrevista na STV recentement e no dia seguinte o titulo foi que "Ele não trabalhava para europeus, mas sim para moçambicanos". Guebuza deu recentemente uma entrevista alusiva aos 72 anos e a manchete foi que Guebuza disse que derrotou os apostolos da desgraça. Para quem viu as mesmas entrevistas na TV, estas foram as partes menos relevantes, menos informativas e menos úteis ao tema que estava em questão. É verdade sim que os discursos foram menos informativos, redundates e acima de tudo miméticos. Não tinham como fazer o contrário. As únicas fontes para aqueles discursos de ocasião foram o discurso de Nyusi e as reuniões que antecederam o evento. Nestes, eles tinham a certeza que deviam ter algo "entregável" dentro dos 100 dias; algo que fixasse as esperanças das pessoas. O método não seria percebido por muitos. Pelo contrário, se se alongassem a explicar COMO, numa entrevista de 30 segundos corriam o risco de serem apelidados de "filósos" e não práticos e pragmáticos. Os ministros tanto como o Presidente tinha que tomar opções. Ou falava para os filósofos ou para a maioria analfabeta. E tomaram a decisão correcta, cientes de que aqueles interessados em discutir mais pormenorizadamente teriam a oportunidade de o fazer quando estivessem perante os documentos, ainda por serem produzidos.
Todos os intelectuais que comentaram aqui deveriam saber deste simples pormenor. Que aqueles ministros estavam a expressar, estavam a falar, estavam a encarnar as expectativas populares em si. E isto acontece até na Alemanha, EUA e Portugal. Quando Obama põe o acento tónico a necessidade de criar mais emprego fortalecendo a classe média, ou quando Passos Coelho se esgrime em não aumentar mais impostos ou quando a questão da segurança social é discutida, a maioria destes povos nem se quer discute metodologia. Ora, gostaria de vos introduzir um outro aspecto que, quanto a mim, está na origem da pobreza da notícia.
Os jornalistas que cobriram a cerimónia de empossamento estavam todos eles emocionados. Eles próprios nem sabiam o que falar perante o recem-empossado, sorriam para eles, aparentavam mais distraídos. Fizeram perguntais banais, portanto, perguntas à medida da sua ignorância. E este é quanto a mim, o grande problema. O problema de os políticos não dizerem coisas sérias, ou prestarem informação séria nem sempre é dos políticos. É dos nossos jornalistas, do nosso jornalismo, que nem sempre está ao serviço do público e da informação. Para não me chamarem de "escova", gostaria de vos recordar uma entrevista feita pelo Gabriel Muthisse a Blomberg TV e outra do antigo Presidente Guebuza a BBC Africa disponiveis na Youtube. Nestas entrevistas os dois dirigentes falarm muito bem, melhor do que quando o fizeram por aqui. Muthisse deu a entrevista na STV recentement e no dia seguinte o titulo foi que "Ele não trabalhava para europeus, mas sim para moçambicanos". Guebuza deu recentemente uma entrevista alusiva aos 72 anos e a manchete foi que Guebuza disse que derrotou os apostolos da desgraça. Para quem viu as mesmas entrevistas na TV, estas foram as partes menos relevantes, menos informativas e menos úteis ao tema que estava em questão. É verdade sim que os discursos foram menos informativos, redundates e acima de tudo miméticos. Não tinham como fazer o contrário. As únicas fontes para aqueles discursos de ocasião foram o discurso de Nyusi e as reuniões que antecederam o evento. Nestes, eles tinham a certeza que deviam ter algo "entregável" dentro dos 100 dias; algo que fixasse as esperanças das pessoas. O método não seria percebido por muitos. Pelo contrário, se se alongassem a explicar COMO, numa entrevista de 30 segundos corriam o risco de serem apelidados de "filósos" e não práticos e pragmáticos. Os ministros tanto como o Presidente tinha que tomar opções. Ou falava para os filósofos ou para a maioria analfabeta. E tomaram a decisão correcta, cientes de que aqueles interessados em discutir mais pormenorizadamente teriam a oportunidade de o fazer quando estivessem perante os documentos, ainda por serem produzidos.
Egidio Vaz Podem ver as entrevistas por mim referenciadas no comentário anterior aqui:
Guebuza: https://www.youtube.com/watch?v=EVOfncIcuZ8...Ver mais
Guebuza: https://www.youtube.com/watch?v=EVOfncIcuZ8...Ver mais
Elisio Macamo caro Egidio Vaz,
o que o meu post diz é que devemos forçar outro tipo de intervenção.
sim, intervenção para "filósofos", pois é isso que constitui esfera
pública responsável. a diferença entre esta posição e a que pareces
estar a defender é de que nos pedes para
confiarmos no que virá porque, de certeza, eles sabem o que estão a
fazer. esse pedido vale para os membros do partido que formou o governo,
não para a esfera pública. é possível dizer "como" em segundos
compatíveis com os constrangimentos da comunicação. sr. ministro, quais
são as suas prioridades para o sector da educação? a minha prioridade
número um é reforçar o poder decisor local para que sejam os municípios a
resolverem os problemas da falta de equipamento. está aí uma indicação
de estratégia útil para o debate responsável.
Manuel Bude Concordo
Elisio Macamo mas já tive conhecimento de dirigentes que foram
comunicados que seriam isso ou aquilo no dia anterior a tomada de posse.
Simplesmente não há estratégia nenhuma para partilhar, no caso,
estratégia pré-elaborada. Seria uma aventura
perigosa pronunciar-se sobre algo do qual nunca se exercitaram antes.
Infelizmente é assim, foram sinceros, ao mostrarem que nada sabem sobre a
área que passarão a cuidar.
Hermes Sueia Paulo
Goque. Venha ao Vale do Zambeze, ao terreno, onde nos encontramos a
responder a esse "Como" que lhe inquienta.......respondemos ao seu
"Como" no nosso dia a dia de trabalho com as comunidades rurais, em
condições dificeis. E se quiser avaliar venha ao terreno.
Hermes Sueia Será um prazer recebe-los nestas paragens e ser objecto da sua profissional avaliação. No terreno, não no facebook.
Paulo Goque Hermes Sueia,
cada pessoa tem o seu terreno, por essa razão estamos divididos por
sectores. E não me diga que no Vale do Zambeze é que residem as
respostas do como? Nesse caso, responda-me como se evitarão tragédias
como esta que vivemos agora como resultado das chuvas intensas?
Julião João Cumbane Bom, Elisio Macamo, o Egidio Vaz
já disse por outras palavras o que eu pensava dizer, ao chegar ao fim
da leitura de todos os comentários que precederam este meu. Excepto o Egidio, ninguém mais considerou que as respostas que os nossos dirigentes têm dado
aos órgãos de comunicação social são anunciadas antecipadamente pelas
próprias perguntas dos "jornalistas". Como se responde a um jornalista
que pergunta assim: "sr. Ministro, quais são as prioridades do 'seu'
Ministério?" Não vejo como o entrevistado pode responder à esta
pergunta, em 30 segundos, de modo a cobrir até a resposta à uma pergunta
que os nossos "jornalistas" nunca fazem, nomeadamente "quais são os
problemas mais prementes do seu sector e a(s) estratégia(s) para a sua
abordagem?" A fuga do Ministro à esta pergunta seria óbvia e indicadora
da sua predisposição para o sucesso ou insucesso no posto. Por esta
razão, embora concordando com a ideia central desta 'postagem',
nomeadamente que os dirigentes deveriam privilegiar respostas que
indicassem as estratégias de abordagem dos problemas mais prementes dos
sectores que dirigem nas suas respostas aos jornalistas, sou tentando a
subscrever a ideia de que os entrevistadores são a causa central da
ausência de menção do "como" se vai fazer o que se pensa fazer. Numa
'postagem' que data do tempo da última campanha eleitoral no país
(Moçambique) [https://www.facebook.com/jj.cumbane/posts/634329836685039],
eu denunciava a redacção dos manifestos eleitorais como simples
expressões de vontades e não de acções e estratégias para as levar a
cabo. O uso do tal discurso empobreceu os manifestos. Presumo que as
perguntas feitas aos recém-empossados visavam apurar se os mesmos têm
algum domínio do manifesto eleitoral da Frelimo, que brevemente será
convertido em programa de governação cuja implementação os empossados
terão que dirigir nos seus sectores. Enfim, eu julgo que as respostas
que ouvimos dos recém-empossados foram adequadas para as questões
colocadas. À uma pobre pergunta corresponde sempre uma pobre resposta.
(Em modelação computacional de processos a gíria usada é: "garbage in,
garbage out".) Os "perguntadores" é que devem aprender a fazer perguntas
relevantes, para termos respostas relevantes, de qualidade.
Hermes Sueia Ja agora em que terreno se encontra.Paulo Goque?
Hermes Sueia Faca uma pergunta relevante...Como aconselha e bem Egidio Vaz
Elisio Macamo caro Manuel Bude,
não sei se é uma questão de sinceridade como sugere. é uma questão
cultural. de cultura política. não esperamos outra coisa dos nossos
governantes, por isso eles não se preocupam com essas coisas. o que
estou a dizer no meu post é que nós, os
cidadãos, os novos patrões, devemos exigir isso deles. essa é uma coisa
que tem que mudar. ser governante não devia ser uma oportunidade para
"ganhar experiência". alguém que aceita essa tarefa tem que ter alguma
ideia do que quer fazer. é como um maestro que vai ajudar a banda a
interpretar uma composição. ele não pode dizer que vai pôr os músicos a
tocarem. não! ele tem que dizer que ritmo ele vai incutir, que cadências
vai favorecer. música vai ser o resultado final, mas como produzi-la é o
que torna um governante diferente de nós. devemos acabar com este
nivelamento por baixo.
Elisio Macamo bom, Julião João Cumbane, dei, na minha resposta ao Egidio Vaz,
um exemplo de como essa resposta pode ser dada. eu acho que há um
equívoco aqui. uma coisa é fazer uso das técnicas de comunicação para
não comunicar, mas deixar as pessoas com a impressão
de que se comunicou; outra é exigir comunicação de qualidade para a
esfera pública. samora machel era exímio nisso, por exemplo, retorquindo
com perguntas retóricas que todo o mundo aplaudia. na verdade, qualquer
desses ministros poderia ter reagido assim aos jornalistas: qual é a
sua prioridade? pois, é a minha também. soa bem, faz rir, etc. mas
empobrece a política. ao invéss de transferirmos o problema para o
jornalista estou a dizer que nós, portanto tu e eu que nos interessamos
muito pela qualidade da política no nosso país, não devemos encorajar
esse tipo de resposta. temos que forçar os nossos governantes a
abordarem questões estratégicas, pois isso é que conta. nenhum político
por aqui na europa passa numa entrevista com aquele tipo de resposta e
isso não porque não queira. é porque as pessoas não aceitam isso. é o
que tenho dito em relação à má qualidade de alguma imprensa. enquanto
houver pessoas interessadas em consumir isso não haverá como ter
imprensa de qualidade. nós os leitores é que devemos ser mais exigentes.
Julião João Cumbane "[...]ao
invés de transferirmos o problema para o jornalista estou a dizer que
nós, portanto tu e eu que nos interessamos muito pela qualidade da
política no nosso país, não devemos encorajar esse tipo de resposta.
Temos que forçar os nossos governantes a abordarem questões estratégicas, pois isso é que conta". Estou parcialmente de acordo contigo neste ponto, Elisio.
Não se trata de transferir o problema para o jornalistas. O ponto é que
nós—o público—não entrevistamos os governantes; os jornalistas fazem
isso por nós. Julgo ser mais efectivo forçarmos, primeiro, a estes
(jornalistas) a fazerem boas perguntas. São eles, quanto a mim, que
contribuem grandemente para a pobreza das respostas que temos
tido/ouvido dos entrevistados. À uma boa pergunta não há como responder
mal sem ser detectado. São boas perguntas que levam aos entrevistados a
recorrer às técnica de "comunicar sem comunica", que Samora Machel
tanto abusou e nós aplaudíamos. Ai seria mais fácil nós compreendermos
que o entrevistado está a fugir às questões, para negarmos respostas
superficiais. Mas quando tudo começa com uma pergunta mal feita, a
avaliação da qualidade da resposta fica comprometida. O exemplo que dás
ao Egidio Vaz,
nomeadamente «sr. Ministro, quais são as suas prioridades para o sector
da educação? A minha prioridade número um é reforçar o poder decisor
local para que sejam os municípios a resolverem os problemas da falta de
equipamento» não é tão feliz quanto parece, pois a resposta continua
omissa na clarificação da estratégia de acção. O que significa "reforçar
o poder decisor local" e COMO é que este Ministro vai fazer isso? Esta
omissão é consequência da má formulação da questão pelo entrevistador.
Temos que forçar também aos jornalistas para façam perguntas pertinentes
e completas. Por exemplo, "sr. Ministro, quais são os problemas
prementes do seu sector e como os pensa resolver?" Nesta formulação está
claro que a resposta esperada tem que conter a lista dos problemas
prioritários do sector e a indicação da estratégia de sua resolução, sem
descurar a menção da razão que sustenta a CONVICÇÃO de que essa
estratégia será efectiva. São perguntas assim que os nossos jornalistas
também precisam aprender a formular para podermos exigir dos
entrevistados respostas de qualidade (i.e. breves, esclarecedoras e
objectivas).
Dercio Mandlaze Professor
Elisio Macamo, quiçá a lista enorme dos resultados que são arrolados ,
tivessem as propriedades curativas como nthla nthla ngati, mas não é o
casos sábio era p seu avô paterno que não se deixa influenciar pelos
método de cura europeu.
24 de janeiro de 2015 às 8:44 · Gosto
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