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Escrito por Adérito Caldeira em 06 Dezembro 2016 |
A cidade capital da província do Niassa foi fustigada na passada quinta-feira(01) e sexta-feira(02) por mau tempo caracterizado por chuvas moderadas, vento ligeiramente forte.
Em consequência do temporal, próprio da época chuvosa que o País habitualmente regista por esta altura do ano, o tecto de alguns dos pavilhões do Instituto Industrial e Comercial Ngungunhane soltaram-se da estrutura e caíram.
A instituição de ensino, que existe há mais de cinco décadas, foi recentemente reabilitada numa parceria entre os Governos de Moçambique e da Coreia do Sul orçada em cinco milhões de dólares norte-americanos.
Um antigo estudante do Instituto disse ao @Verdade que “desde a sua construção pelo colono nunca aconteceu coisa do género”, embora tenham a cidade de Lichinga, e o instituto em particular, tenha sido fustigados por diversas situações de mau tempo nestes 52 anos de existência, e confessou a sua decepção por constatar que um dos pavilhões cujo tecto foi levantado pelo vento beneficiou da recente reabilitação.
Entretanto o @Verdade apurou que além do Instituto a Escola Secundária de Muchenga, também em Lichinga, ficou parcialmente sem tecto devido ao vento forte, que diga-se não chegou a ser vendaval.
70% dos edifícios escolares em Moçambique vulneráveis às Calamidades Naturais
Não é novidade que o nosso País é todos os anos alvo de Calamidades Naturais que, devido às Mudanças Climáticas, tornaram-se cada vez mais frequentes e de maior intensidade afectando de entre várias infra-estruturas as escolas, um local não só de ensino e aprendizagem mas também utilizado como refúgio das população quando assoladas pelas referidas intempéries.
O projecto, que contou com a assistência técnica da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico da Universidade Eduardo Mondlane (UEM-FAPF) e do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-Habitat), produziu uma série de orientações sobre a segurança das escolas em Moçambique mas que continuam a ser ignoradas na construção e/ou reabilitação das instituições de ensino.
O projecto Escolas Seguras constatou que estavam expostas a um ou mais fenómenos naturais adversos 70% dos edifícios escolares em Moçambique.
Um recomendação, por exemplo para torna-las resilientes aos ventos fortes e ciclones, que é necessário que o edifício possua “fundações profundas e paredes o suficientemente pesadas ou com travamentos”.
Além disso “transferir as cargas directamente ao chão através de pilares e paredes portantes; conexões resistentes entre as componentes fundação-parede-cobertura; uma cobertura o suficientemente pesada ou resistente que evite as cargas do vento em diferentes direcções”.
“Telhados inclinados muito baixos ou muito íngremes, em geral, são menos resistentes às forças do vento. Apesar de cargas de elevação variarem de acordo com tipo de telhado (por exemplo: plano, mono-pitch, empena, quadril), a regra geral é a concepção de inclinação do telhado para estar entre 30 e 45 graus. Onde são desejados telhados de uma maior ou menor inclinação, sistemas de fixação adicionais devem ser projectados para resistir a cargas de elevação”, orienta ainda o estudo que é do conhecimento do Governo.
Relativamente aos custos o projecto a que o @Verdade teve acesso indica que uma Escola Segura custa aproximadamente 8% mais do que o custo de uma construção convencional. Ora o director do Instituto Industrial e Comercial Ngungunhane, Mário Sarajabo, estimou à Rádio Moçambique que a reabilitação poderá custar pelo menos 100 mil dólares norte-americanos, cerca de um quarto do que teria custado reabilita-la de resiliente às Calamidades Naturais.
Aliás no Plano Quinquenal do Governo de Filipe Nyusi, onde está plasmado o desejo de construir 1000 novas escolas, entre 2015 e 2019, não indica se esses estabelecimentos de ensino serão resilientes às Calamidades Natuais.
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terça-feira, 6 de dezembro de 2016
Reabilitação do Instituto Industrial e Comercial Ngungunhane durou apenas um vendaval
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