Eusébio A. P. Gwembe adicionou 2 fotos novas.
29/12 às 15:03 ·
Mondlane e a questão das autonomias étnicas
Mondlane já ponderava dar mais autonomia a certas etnias. Como explicou ao Marıo de Andre, "seria uma "forma para acelerar o desenvolvimento e progresso economico mais ou menos equilibrado ao mesmo tempo que ajudaria a reduzir as tensoes e as assimetrias regionais". Deixo um bilhete manuscrito que ele fez para Mário Pinto de Andrade (de cujo arquivo consegui este bilhete), de OUT.1965, na II Conferência da CONCP em Dar Es-Salam, em que fala do problema das etnias na luta de libertação.
“Mário,
Falta de tempo força me a fechar a minha boca sobre o problema das etnias dentro e fora dos nossos países em luta de libertação. Mas, eu discordo completamente com a interpretação da função das etnias na luta revolucionaria. O que posso citar aqui, como ilustração, é a historia muito recente da China Popular, e mesmo a da União Soviética, onde as etnias as vezes eram tao importantes que foi necessário estabelecer-se um sistema de governo (China e União Soviética) que toma em consideração a existência de unidades sociais puramente baseadas na identidade nacional de certos grupos. Os maconde (Angola- bacongos) de Moçambique representam, de facto, um exemplo vivo de tal unidade nacional dentro dum povo. Se quiseres podemos conversar sobre o assunto fora das sessões.
Eduardo”.
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Comentários
Siachukeni Lucas Então este assunto de autonomias não é de hoje?
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 15:17
Melo David Mogoa O que significa dizer que a descentralização e autonomização das províncias ñ constitue um debate recente, se considerarmos recente como período pôs independência, desde em tempos de período da luta revolucionária já havia visão de que as autonomias ajudariam a reduzir as assimetrias regionais no diz respeito ao desenvolvimento. Agora precisamos pagar com vida através de ataques da renamo porque exige autonomia nas províncias onde ganhou?
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 15:19
Eusébio A. P. Gwembe O assunto nao é de hoje. Ao longo da hıstorıa tentou-se abafar com a maxıma "matar a tribo para nascer a nacao". E um assunto que tınha sıdo largamente debatıdo com Nkavandame (acerca dos maconde) e recorde-se que este foı acusado de trıbalısta, Siachukeni Lucas.
Gosto · Responder · 5 · 29/12 às 15:19
Melo David Mogoa Aprendemos nós em ciências políticas que o conjunto de etnias, ou tribos faz a nação, e o conceito de nação traz a solidez e unidade nacional dentro do estado. Porém concordo há teorias de governação que se ajustavam naquela época por ser propenso a de revolução e que hoje ñ fazem nenhum sentido.
Gosto · Responder · 3 · 29/12 às 15:25
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Siachukeni Lucas Infelizmente é o mesmo que esta a se assistir hoje, pessoas morrendo, só porque alguém levantou um assunto que até o próprio "arquitecto"?? Da unidade nacional já fazia menção. Será que os membros da comissão política tem acesso a esses recortes da nossa história?
Gosto · Responder · 5 · 29/12 às 15:23
Mário João Francisco Francisco não se preocupe, hoje já não ha carne para armas, ja vão se entender: os dois estão cansados.
evidências: combinaram tréguas mesmo sem mediadores nacionais nem internacionais
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 16:36
Mario Albano Claro que têm, hipocrisia e exclusao na mente dos camaradas.
Gosto · Responder · 29/12 às 18:43
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Eusébio A. P. Gwembe Alguns deles (Marcelıno dos Santos, Sergıo Vıeıra, Pascoal Mucumbi, Armando Guebuza, Jorge Rebelo, Oscar Monteıro, entre outros) partıcıparam dos debates, quando Mzee (Nkavandame) colocou o problema no prato, Siachukeni Lucas. Foı dentro deste debate que entre os maconde sobressaıram Chıpande, Pachınuapa, por exemplo.
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 15:31
Cardoso Armando Ó! meu caro Siachukeni Lucas, as vezes distância me destes debates, mas neste vou deixar ficar minha pobre visão e é: olhando o percurso politico e histórico de alguns membros da referida comissão quero acreditar k têm sim esses recortes da nossa epopeia, mas como dizia Samora, por causa dos interesses e egoísmo de alguns, como fruto da revolução nasceriam colonos pretos pra colonizar os próprios irmãos. E esses nunca vão escutar a voz da razão.
Não gosto · Responder · 8 · 29/12 às 15:38
Eduardo Domingos Os bandidos tentaram e tentam esconder o chifre no saco.
Gosto · Responder · 3 · 29/12 às 15:42
Eusébio A. P. Gwembe Quem eram os bandıdos, Eduardo Domingos? Aquı tratou-se de projecto polıtıco, penso
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 15:51
Eduardo Domingos Os mesmos que dizem ter matado a tribo e etnia.
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 15:58
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Raul Novinte Eusébio A. P. Gwembe, muito obrigado por nos trazer esses pedaços de histórias. Entretanto, eu apenas quero reforçar aqui o pensamento daqueles q chegam a conclusão que a descentralização não é algo novo no país. Sim, meus caros, devemos entender que o ser humano é egoísta por natureza, ele quer ter algo seu próprio, sua casa, seu negocio e tudo mais. Assim também ele quando age em conjunto pensa do mesmo jeito. Pessoas de uma tribo, uma cidade , uma vila , um estado querem ser eles próprios a decidir sobre o destino das suas sociedades, cidades, províncias, assim em diante. Fica estranho quando os assuntos de uma província, uma certa cidade são decididos por um grupo de pessoas que não conhece aquela província, nem o seu povo, muito menos a cultura do povo que vive nela, isso é uma pura colonização. O que a Frelimo fez em Moçambique foi substituir os Portugueses colonizadores por moçambicanos colonizadores. Eu apoio a descentralização de todo país e a devolução de autonomias as localidades, distritos, cidades ,províncias e daí poderemos falar da tal "Unidade Nacional"
Gosto · Responder · 7 · 29/12 às 17:44 · Editado
Benedito Macaua Excelente!!!
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 17:09
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Eusébio A. P. Gwembe Raul Novinte, um aspecto a ter em conta é que Mondlane fez seus estudos unıversıtarıos e vıveu num estado federado (EUA) tal como v. excıa vıve no Brasil e isso tem ınfluencıa no tıpo de modelo polıtıco a ser seguıdo. A ala de Marcelıno dos Santos, Chıssano, Mucumbı e outros da UNEMO que tınham ıdo a Franca tınham outra vısao e ısso deve ter pesado, a seguır a Independencıa
Gosto · Responder · 3 · 29/12 às 15:55
Raul Novinte Caro Eusébio A. P. Gwembe concordo absolutamente contigo. Eu nasci e cresci em Moçambique, e também como o Mondlane, me formei e vivi nos EUA num país federado e hoje moro no Brasil também em um estado federado, e que daí pelas experiencias vividas eu acho que vivermos num país descentralizados é recomendável para Moçambique. Agora, o engraçado é que esses que tiveram as experiencias de França, Russia , China não conseguem ver que esses sistemas não servem para nosso país devido as características sociais que o nosso país apresenta. Começo a concluir que o pensar do Mondlane era tão diferente dos que negociaram a nossa independência em Luzaka e também daqueles que içaram a bandeia no dia da Independência do nosso país dia 25/06/1975. O Mondlane era pro-descentralização (Federalismo) por sua forma de entender as coisas, daí chego a uma conclusão que o Mondlane era um homem sábio , mas muito sábio. Pois existem pessoas que estudam nos EUA, ou na Inglaterra mas quando voltam aos seus países continuam pensar e agir do mesmo jeito.
Gosto · Responder · 5 · 29/12 às 16:14 · Editado
Benedito Macaua Excelente!!!
Gosto · Responder · 29/12 às 17:11
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Elvino Dias Muito interessante
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 16:21
Gervasioa Absolone Chambo A descentralização é combatida há anos pelos homens do país tal que há cientistas morto por resgatá-la em pleno século XXI. Qual é o problema das autonomias provinciais hoje?
Gosto · Responder · 3 · 29/12 às 16:46
Antonio A. S. Kawaria Provaram mandar de Maputo e viverem em casas do governador-geral
Gosto · Responder · Ontem às 0:29
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Wilson Profirio Nicaquela Assunto de etnias e autonomias não é novo? Mas o professor Kabengel Munanga na sua aula inaugural na UP-Nampula (2016), esforcou-se em acusar os outros como responsáveis pelo mal (des)entendimento sobre o aforismo: "matar a tribo para erguer a nacao". Dizia ele, que precisamos entender o tempo da frase. Pois as tribos foram orquestra do colonos que dividiam o povo pra dominar. E este reconhecimento ante-Independência?
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 17:06 · Editado
Benedito Macaua No actual contexto de Moçambique, sim faz sentido a descentralização! No passado (no tempo da luta de libertação nacional), não era compatível, se se tiver em conta que os "aliados naturais" de Moçambique não pautavam por essa forma de actuação. O Mondlane, cresceu e formou-se nos EUA, país capitalista, logicamente que, como capitalista, agiria. Tudo para dizer que o contexto político vigente e dominante que se vivia (na altura) ditou a não implementação da "descentralização" em Moçambique.
Gosto · Responder · 3 · 29/12 às 17:21
Raul Novinte Benedito Macaua, faz sentido a sua explicação. Entretanto temos pessoas no nosso país que querem viver o passado no presente. Pessoas que não fazem o inventário do país e comparação dos tempos para que possamos redesenhar um novo rumo. Eles resistem às mudanças . It´s so sad!
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 17:26
Benedito Macaua Sabe, ilustre Raul Novinte, Moçambique sonha/almeja um desenvolvimento equilibrado e proporcional entre todas as suas Províncias. Agora, "descentralizar", na óptica de muitos, pode significar que cada uma das Províncias, em função dos seus recursos naturais e respectivas potencialidades, umas avancem em detrimento das outras, aliado ao hábito histórico de se tomar decisões a partir do topo (Maputo) - realidades estas que não agradam a velha e revolucionária guarda.
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 17:35 · Editado
Raul Novinte Benedito Macaua, muito bem dito! É exatamente esse, beneficio de descentralização: O Desequilíbrio para Equilíbrio. A descentralização trará a oportunidade de competição de criatividade na governabilidade das nossas províncias. Não podemos desenvolver províncias que só esperam o governo de Maputo fazer planos, enviar dinheiro e planejar tudo para elas. Deixemos as nossas províncias a se tornarem autônomas.....mas isso, só pode acontecer com a descentralização!
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 17:52 · Editado
Benedito Macaua É isso mesmo!
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 17:53
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Francisco Wache Wache A decisão de matar a tribo para erguer a nação foi recomendação do ii congresso da frelimo, realizado em Niassa. Para Mondlane, a tribo era dicotómica. Nela encontrava aspectos que podiam ajudar a vencer facilmente o inimigo, por serem todos bantu, mas a diversidade linguística punha em causa esse projecto, já que ela criava fissuras dentro do movimento.
Não gosto · Responder · 1 · 29/12 às 18:33
Elisio Macamo obrigado pela partilha deste documento histórico, Eusébio A. P. Gwembe. sem prejuízo da iniciativa, acho que a discussão poderia ser ainda mais útil se observasse três questões. primeiro, seria bom dar-nos a conhecer a questão para a qual mondlane estava a reagir. é isso que ele parece estar a discutir. sem saber isso, é difícil (pelo menos para mim) entender o seu raciocínio. segundo, o termo "autonomia" parece seu e não o encontro na missiva de mondlane. pode ser que a sua intenção fosse essa, mas não sei se vocês têm o mesmo entendimento. terceiro, do reconhecimento da existência de etnias como unidades sociais básicas à questão da descentralização parece ir uma grande distância. não está dito em nenhum manual de ciência política ou de constitucionalismo que esse reconhecimento deva desembocar numa estrutura descentralizada ou federal. etnias podem ser opressoras também. em minha opinião o que torna a descentralização importante em moçambique não é necessariamente o reconhecimento da identidade étnica, mas sim a responsabilização do exercício do poder.
Gosto · Responder · 4 · 29/12 às 18:50
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Gervasioa Absolone Chambo De facto, o raciocínio de Mondlane não está explícito no manuscrito. Ora, a parte final do seu post o prof. refere que a descentralização seria, na sua opinião, a responsabilização do exercício do poder. O que quer dizer com esta opinião? Estaria a sugerir que as etnias deveriam gerir as estruturas governativas montadas pelo governo central ou seria mais ou menos como os bantustões numa versão não separatista como aconteceu com o apartheid? Ahibuleni!
Gosto · Responder · 29/12 às 19:19
Elisio Macamo não, o contrário. etnias não são, nem podem ser boas unidades administrativas. é o equívoco que inviabiliza a "autoridade tradicional" orquestratada pelo ministério da administração estatal sob assessoria de cientistas sociais à deriva. a descentralização é a devolução do poder ao nível local porque é difícil responsabilizar o ministro ou presidente lá em maputo a partir de alto molócue. há mais de 10 anos defendi o abandono do "gradualismo" a favor duma descentralização radical à largura do país, incluíndo a abolição ou pelo menos eleição directa do governador provincial. tenho repetido esse apelo regularmente.
Não gosto · Responder · 3 · 29/12 às 19:27
Juma Aiuba Pergunta: a "descentralização" que aqui se fala equivale a "províncias ou regiões autonomas" que a Renamo reivindica?
Gosto · Responder · 29/12 às 20:47 · Editado
Gervasioa Absolone Chambo Nakutwa. Teria pensado na capacidade de tomada de decisão dos elementos do poder local em temáticas mais políticas? Como purificá-los para que sejam tenham actuação sob isenção ou imparcialidade partidária? Digo isto porque todo o sistema de poder local está desnaturalizado pelo poder do governo e partido no poder. Interessa-me avaliar como este poder local pode ser de facto livre, emancipado, independente dos poderes de topo de qualquer que seja (omlierf, omanre, dmm...). Será que seria possível ter esses poderes locais imparciais, como foco nos interesse local no contexto de Moçambique de hoje?
Gosto · Responder · 29/12 às 20:52
Gervasioa Absolone Chambo Juma Aiuba, pelo que entendi do Elisio Macamo, a descentralização seria mais profunda, isto é, descer-se-ia para além das províncias e dos distritos rumo aos poderes locais que representam o sistema político tradicional. Há poucos questionava a purificação dos agentes ou líderes dos poderes locais para que desempenhem um papel mais proactivo em defesa do bem e estar local e de forma mais imparcial, independente e livre dos poderes de cima.
Gosto · Responder · 29/12 às 20:58
Raul Novinte Elisio Macamo Certo e eu gosto e gostei do que estás falando....
Gosto · Responder · 29/12 às 21:27
Eusébio A. P. Gwembe Obrigado Elisio Macamo, pela atençao. Confesso que, por vezes coloco as coisas como se todos estivessem informados sobre o que escrevo (um erro que me persegue). A questão para a qual Mondlane estava a reagir era, entre tantas, a afirmação Houari Boumédiène, então Presidente do Conselho Revolucionário da Argélia (na ımagem) que disse "In the new political order, traditional structures must be replaced by revolutionary structures. We must begin today and now if not neutralize them at least dispense their collaboration. Ethnic groups delay the construction of states " ou seja “na nova ordem politica as estruturas tradicionais deverão ser substituídas por estruturas revolucionárias. Devemos começar hoje e agora se não a neutraliza-las pelo menos dispensar a sua colaboração. As etnias retardam a construção dos Estados”. Depois vou responder o resto das perguntas na base da conversa que se seguiıu entre Mondlane e Mario.
Gosto · Responder · 3 · 29/12 às 22:27
Eusébio A. P. Gwembe Juma Aiuba acho que nao era esse tıpo tendo em conta que Mondlane falou de etnias. Tratava-se, ate certo ponto, de recompensa. No caso Moçambicano um dos problemas que surgiu foi que algumas tribos eram facilmente utilizadas pelo regime colonial para fazer desaparecer ou fragilizar a Frelimo. Exemplos? MacQueen, Norrie, no A Descolonização da África Portuguesa – A Revolução Metropolitana e a Dissolução do Império, traz numeros de soldados zambezianos que desertavam da Frelimo e engrossavam as fileiras colonıaıs. Porem, havia os maconde que se tinham entregue de corpo e alma para a causa da libertacao porque "queriam manter os seus privilegios como é o caso de cada homem possuir uma arma" nas palavras de um dos adminıstradores coloniais. Mondlane parece que tinha compreendido isso quando a certa altura disse ao Mario que deviam identificar o que as etnias defendiam na sua revolta contra o colonıalısmo para nao correr o risco de continuarem a defender isso a seguir a independencıa. Estou a citar de memorıa algo lido, passa algum tempo.
Gosto · Responder · 3 · 29/12 às 22:46
Juma Aiuba Obrigado, Eusébio A. P. Gwembe. Agora está claro. Então, acho que modelo de Mondlane hoje seria ainda mais problemático. Seria muito mais dificil hoje falar de unidade nacional e de nação moçambicana. Talvez até teriamos governos tribais anarquistas, ou piores que o colono. Era mais facil colocar um ditador no poder. Sei la, me ocorren mil e uma coisas. Eu acho que o modelo de descentralização politico-administrativo é mais viavel. Estou a falar de se elegerem governadores, administradores e até chefes de posto ou mesmo localidades numa base democratica.
Gosto · Responder · 4 · 29/12 às 23:03 · Editado
Raul Novinte É isso aí... essa é que é descentralização. Não estamos falando de de descentralização tribalismo, não mas sim da descentralização territorial e administrativa.......
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 23:05 · Editado
Eusébio A. P. Gwembe Sim, o modelo era dificil, Juma Aiuba mas estavamos na infancia da Luta (um ano apos o ınıcıo da luta) e foi largamente debatido no II Congresso, como Francisco Wache Wache diz. Transcrevo aqui a essencia da conversa que se seguiu ao encontro, ao mesmo tempo penso poder responder as restantes questoes do Prof. Dr.Elisio Macamo..
Mondlane, a certa altura diz o seguinte “(…) fiquei com a impressão de que alguns dos intervenientes que usaram da palavra julgaram etnias inteiras na base do comportamento das suas chefias. Mário, a maior parte das revoluções que abalaram o mundo foram, em minha opinião, movimentos contra o regime vigente. A nossa não é apenas contra o regime vigente mas também em defesa dos direitos negados entre eles o direito das etnias. Não basta decretar a igualdade política de todos os cidadãos como forma de apagar as diferenças étnicas, é preciso que os cidadãos saiam das etnias”. E Mário levanta o problema do poder hereditário nas etnias que “vai contrastar com o poder das massas porque a dado passo precisaremos de chefes eleitos” ao que Mondlane responde: “é verdade, na eleição tribal, a única coisa que habitualmente se faz é consagrar ou declarar formalmente o facto material da supremacia, já previamente estabelecida por determinados chefes. Porem, seria absurdo negarmos, mais tarde, um dos motivos por que as massas apoiam a nossa causa. Uhuru é também devolve-lhes o que lhes foi negado”. Aqui Mondlane não diz o que lhes foi negado e continua “ (…) Os chefes étnicos têm um poder apreciável sobre as massas. Precisaremos de colocar os olhos neles dando-lhes um certo grau de autonomia politica como fórmula para acelerar o seu desenvolvimento e progresso económico”.
Fonte: gravação do manuscrito de Mário Pinto de Andrade, intitulado Eduardo Mondlane - um construtor da Revolução em Moçambique. lido, em 05.FEV.1969, na RTA (Rádio Televisão Argelina). Algumas notas deste manuscrıto foram escritas Revista El Moudjahid, MAR.1969 .
Gosto · Responder · 4 · Ontem às 0:45
Juma Aiuba Obrigado, irmão. Vendo dessa maneira, diria que Mondlane tinha razão. A sua vivência lhe conferia tal sabedoria. Mas que era um modelo arriscado, isso era. Contudo, era um bom início desse conceito de descentralização.
Gosto · Responder · Ontem às 8:08
Benedito Mamidji Gostaria de alertar para uma grande dose de teleologia neste interessante debate. Por teleologia quero dizer olhar para o passado com os olhos do presente. Eu próprio sou adepto de exemplos do passado que possam iluminar o presente. Mas como estudante de história não posso deixar essa ânsia ditar a minha perspectiva e narrativa do passado. A questão da descentralização, por mais importante que seja no presente conturbado de Moçambique, não pode ser forçosamente imputada a actores históricos que a não formularam, pelo menos não nos termos em que a questão está a ser debatida aqui neste fórum. Mondlane era, apesar de tudo, um homem do seu tempo (embora em muitos outros aspectos ele estivesse muito para além desse tempo). O seu pensamento sobre as etnias ou tribos não era, como se vê da correspondência que o Gwambe partilhou aqui, tão radical como a dos seus pares. Mas também não era muito diferente. O bem maior, politicamente falando, era a nação. E é isso que os patriotas em toda a África estavam engajados em inventar/construir. E era de consenso que as etnias eram um entrave à empresa. Mondlane pensava o mesmo (muito infelizmente). Se ele tinha alguma ideia de federação, de certo que ela não se basearia em grupos étnicos. A sua idea era que com a formação do estado-nação as pessoas largariam as suas identidades étnicas e abraçariam a nação (seja lá o que isso queira significar). Um aspecto importante nisto é que Mondlane acreditava que as chefias tribais existentes em Moçambique não eram autênticas, e que as guerras de "pacificação" haviam deixado um vácuo de tradição política em Moçambique (as divergências com Mzé Nkavandame, por exemplo, situavam-se a este plano). E era tarefa da FRELIMO preencher esse vácuo. Veja se a sua entrevista no texto "The Tribal Question in the Advanced State of the Struggle" em Bragança & Wallerstein, The African Liberation Reader - ou Quem é o Inimigo em edição portuguesa). Se há alguma validade no documento que Gwambe nos apresenta , ela está na evolução do pensamento político de Mondlane, um estudo que ainda está por fazer. O Mondlane de 1965 não é o mesmo de 1960 nem de 1968 (ideológica e politicamente falando). Em 68 Mondlane tinha endurecido com os anos da guerra. O que ele haveria de ser em 75 se tivesse vivido, isso jamais saberemos. Quanto ao modelo administrativo, as experiências da URSS ou da RDA ou qualquer outra nunca chegaram de ser implementadas. O nosso modelo continua a ser o da administração colonial portuguesa. Não obstante toda retórica do escangalhamento, a máquina colonial sobrevive até hoje. Em certo sentido, o debate da descentralização é um debate de descolonização.
Gosto · Responder · 5 · Ontem às 9:09
Elisio Macamo obrigado, Eusébio A. P. Gwembe. o contexto ficou claro. o que me parece ter ficado evidente é que mondlane, pelo menos nessa discussão, estava a argumentar de forma muito pragmática e em referência à sua formação como antropólogo e sua vivência da missão suíça que de certo modo tinha elevado unidades domésticas ao estatuto de nação. portanto, aqui a discussão era entre revolucionários algo dogmáticos e um revolucionário pragmático. o ponto mais interessante da intervenção de mondlane por si citada é o que me parece ter sido a sua sensibilidade para o respeito pela diferença, algo que o fervor revolucionário dos anos subsequentes perdeu completamente. muito interessante. talvez lhe interesse entrar em contacto com um amigo e colega no brasil, o Livio Sansone, que tem estado a trabalhar numa biografia de mondlane. livio, esta discussão pode te interessar.
Gosto · Responder · 2 · Ontem às 13:47
Livio Sansone Caro Elísio, certamente! Obrigado pela dica e os contatos. Aproveito para fazer votos de um bom 2017 para todos nós!
Gosto · Responder · 1 · Ontem às 13:59
Elisio Macamo beleza. igualmente!
Gosto · Responder · Ontem às 14:02
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Álvaro Xerinda Viva o desenvolvimento, Viva descentralização
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 19:00
Blessed Paulo Simbe Melo Molinho
Gosto · Responder · 29/12 às 20:22
Alberto Kavandame O meu avo teria reunido em Agosto de 1967 com Eduardo Mondlane com apreseca de um tal de nome Mmole, um dos fundadores da Frelimo, aconselhando o acerca de existencia de regionalismo e tribalismo protagonizado por Ala sulista principalmente quando chegou Mateus Sansao Mutemba. Infelizmente quando morreu Mondlane tudo o mal passou para o Mze Chairman Kavandame
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 20:43
Jemusse Abel A descentralizaçao nao pode estar alicerçada na base da etnicizaçao. Acredito que mesmo os politicos do moçambique actual nao optariam por esta. A questao seria sim permitir que os projectos de desenvolvimento sejam traçados e executados a nivel local isto seria sim a responsabilizaçao do poder local. Ora o que temos assistido e rejeitar as ideias mesmo sabendo que elas seriam uteis pra edificačao de um močambique melhor pra todos e que facilitaria ainda a fiscalizaçao do exercicio da politica de facto... Ou seja no real sentido.
Gosto · Responder · 29/12 às 20:44
Tony Ciprix Não confundamos a descentralização com a tribalizacao e muito menos com a étnização.
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 20:49
Francisco Wache Wache Mas no solo pátrio as coisas funcionam assim. Veja a noção de Universidades regionais
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 20:50
Jemusse Abel KKKK Francisco Wache Wache se a descentralizačao é uma necessidade óbvia do povo moçambicano.. Os individuos podem impedir mas as instituiçoes amadurecem e respondem os anseio da maioria. Kkk
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 20:53
Zuma Zuma "Matar a tribo para poder erguer a nacao" MA que tribo we refers neste contexto em mocambique? E quais as razors d matar a tribo para poder erguer a nacao? É verdade k Mozambique n seu universo sociolinguistico possui 11 linguas k compoe as etnias existent em moz.bom a mnha preocupacao é saber porque esta expressao acima referida
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 20:57
Francisco Wache Wache 11 linguas? 43, veja o site etnologue.
Gosto · Responder · 29/12 às 21:05
Zuma Zuma MA Wasche, as linguas consideradas maternas ak em Mozambique sao 11 viste o manual PCEB
Gosto · Responder · 23 h
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Zuma Zuma "Matar tribo p poder erguer a nacao" que tribo se refere neste contexto mocambicano? E quais sao as razoes de matar os tribos? Mozambique n seu universo sociolinguistico possui 11 linguas k compoe as etnias existentes. A minha outra preocupacao o que o autor desta expressao keria dizer na realidad mocambicana.
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 21:08
Francisco Wache Wache Já disse, Moçambique tem mais de 40 línguas e não 11
Gosto · Responder · 29/12 às 21:21
Raul Novinte No contexto atual como Benedito Macaua disse, a descentralização é bem vinda. Também é preciso entendermos que não estamos a pedir a descentralização na base de etnias ou tribos mas sim na base de uma administração territorial; temos províncias, e distritos que deveriam todos serem radicalmente tornar autarquias (Municípios).........
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 22:46 · Editado
Alberto Kavandame Metemos confusao entre linguas e dialetos.
Gosto · Responder · 29/12 às 22:47
Francisco Wache Wache Nao temos dialectos de origem bantu
Gosto · Responder · 29/12 às 22:48
Yasmin Karim
Não gosto · Responder · 1 · 29/12 às 22:51
Alberto Kavandame Me parece makwe ser dialeto da lingua maconde ou meto de macua .
Gosto · Responder · 29/12 às 22:52
Francisco Wache Wache Quem fez tal estudo?
Gosto · Responder · 29/12 às 22:52
Alberto Kavandame Kkk, depois vou defender. Tenho que cabular, mas parece k vou ganhar razao
Gosto · Responder · 29/12 às 22:54
Francisco Wache Wache Não acredito
Gosto · Responder · 29/12 às 22:58
Estevao Pangueia Interessante debate, tenho algumas questões:
Gostaria de saber que tipo de autonomia das etnias Mondlane se referia, e qual seria o provável modelo de organização administrativa?
Um Estado Federal com base em Etnias?
Como é que isso seria em Moçambique se nem todas províncias são culturalmente homogêneas?!
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 23:06 · Editado
Raul Novinte Eu acredito que o Mondlane falava de um modo geral sobre a descentralização. Não creio que ele estivesse falando sobre autonomia das tribos em forma administrativa ou governativa mas sim uma descentralização do estado moçambicano e é isso que queremos. Quando falamos de descentralização falamos de como os governos locais, provinciais e Nacional se correspondem administrativamente tendo em conta a autonomias dos governos provincial e local em decidir seus interesses econômicos, políticos e sociais respeitando a lei estabelecida que nesse caso se chamaria Nacional ou federal. A descentralização de um estado não tem nada a ver com uma língua ou tribo.....
Gosto · Responder · 29/12 às 23:29 · Editado
Eduardo Muachissene O que dizer dos macuas?
Gosto · Responder · Ontem às 11:53
Eduardo Muachissene Pese embora se diz que nalgum momento nao se envolveram "agressivamente" na luta tal os macondes mas, ja constituiam uma maioria superior aos macondes e, clamaram por privilégio na frente e em Moçambique.
Gosto · Responder · Ontem às 11:56
Eusébio A. P. Gwembe Estevao Pangueia, ha muıtos elementos a ter em conta. Prımeıro, houve um acordo entre Mondlane e Nyerere sobre a autonomıa dos Maconde do lado portugues que partılhavam as mesmas caracterıstıcas com os maconde do outro lado da fronteıra. Este acordo serıa o meıo termo encontrado contra as pretensoes de Nyerere de ıncluır o planalto ao Tanganyıca. Aında nao estudeı em profundıdade os contornos do referıdo acordo. Outro acordo foı com Banda que pretendıa expandır as fronteıras do seu paıs ate ao Zambeze (Tete), ıncorporando todos os falantes do Chewa/Nyanja dos povos de Tete, Zambezıa e do Nıassa. A luz deste acordo, Banda apoıarıa a causa da Frelimo e Mondlane ıa fazer de tudo para que o grupo de Chıpembere nao tıvesse nenhum santuarıo em Moçambıque. Foı na base deste acordo, por exemplo, que o Inkosı Gomanı Chıkuse tem influencıa sobre as populacoes de Moçambique nas terras deJemusse Abel. Segundo, é necessarıo ter em conta o facto de que a proprıa luta foı uma escola. Mondlane nao tınha ıdeıas fıxas e prıvılegıava consultas aos lıderes afrıcanos.
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Jemusse Abel Ahh sim...!
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Castro Impija Quantas linguas? 40? Estao a confundirq povo com lingua? Essas 40 linguas correspondem a quantas etnias? A quantas tribos?
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Eusébio A. P. Gwembe Aqui temos o mapa linguistico de Moçambique, Impija,Alberto Kavandame e Francisco Wache Wache
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Eusébio A. P. Gwembe Curiosidade: A primeira etnia a ter um código de leis próprias foi a Khokha-Bitonga. Trata-se da primeira povoação de Moçambique com direito consuetudinário codificado; o célebre «código de Milandos» traz a data de 1852.
Sobre quantos grupos étnicos ou tribais constituem o mosaico nacional os autores são divergentes . Silva Rego oferece-nos uma classificação em dez grupos principais: Angone, chona e Chope, grupo do Zambeze e Maraves, Macua-Lomwe e Ajaua, Maconde e Suahili. Aos numerosos grupos e subgrupos étnicos corresponde uma pluralidade de línguas. Oliveira Boléo, citando estudos de Peixe e J. Santos e de A. Rita-Ferreira fala de quinze agrupamentos linguísticos, que compreendem uma série de subgrupos e dialectos que atingem a 8 dezenas (83 linguas) .
Não gosto · Responder · 3 · Ontem às 15:05
Raul Novinte Eu gostaria que falássemos da descentralização, e não dos Macuas, macondes , masenas, shanganas, mathewes, Nhanjas, Jawas ou shopes. Seria melhor e contribuinte para nossa democracia se aqui falássemos do contexto da "descentralização" do país, ao em vez de falarmos de grupos étnicos ou línguisticos. A descentralização de Moçambique nada tem a ver com línguas mas sim a divisão administrativa e política, econômica e social do país.........
Gosto · Responder · Ontem às 15:50 · Editado
Eusébio A. P. Gwembe Raul Novinte, a descentralizacao é um projecto vıavel e so saımos a ganhar. Talvez o problema seja o de quem sera protagonısta e como faze-lo. O actual modelo esta a excuır a maıorıa dos mocambıcanos dos processos de decısao, num paıs em que maıs da metade do seu povo vıve nas areas nao munıcıpalızadas mas contınua desejosa de partıcıpar dos processos de construcao do estado
Gosto · Responder · 2 · Ontem às 15:50
Raul Novinte Eusébio A. P. Gwembe, é daí que precisamos de uma descentralização total do país. Deixemos de dar desculpas; tais como "Ah, aqui é Moçambique ou ah ainda não estamos maduros"... Nada disso. A descentralização nos ajudará amadurecer; as vilas, cidades com seus perfeitos, os governos províncias com seus governadores eleitos terão a oportunidade de competir nas suas governabilidades e fazer diferenças nas suas comunidades. Em Moçambique precisamos ter a coragem de mudar!..........
Gosto · Responder · Ontem às 16:07 · Editado
Eusébio A. P. Gwembe mas ambem podemos pensar na descentralızacao regıonal, Raul Novinte. Elımınamos o excesso de governadores mantendo 3.
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Raul Novinte " A descentralizacao é um projecto vıavel e so saımos a ganhar. Talvez o problema seja o de quem sera protagonısta e como faze-lo" (Eusébio A. P. Gwembe) Ora viva meu caro Eusébio A. P. Gwembe, a descentralização não pode ser visto como algo da oposição, da Frelimo, Renamo , MDM ou de qualquer outro partido mas algo que pertence a todos moçambicanos onde todos saímos a ganhar. Todavia há aqueles que têm medo da descentralização, isso é mais que verdade sobretudo os libertadores da Frelimo e não sei os porquês eles têm medo da descentralização.
Gosto · Responder · Ontem às 16:17 · Editado
Francisco Wache Wache Eusébio A.P. Gwembe, esse mapa é bem antigo. Na verdade há muitos estudos que quiseram esconder a realidade linguística do país. As razões são totalmente políticas. Em meu trabalho, fiz o levantamento de 43, e não possuem dialectos uma vez não possuirmos estudos que nos levem a tal afinação. Precisa_se de se elaborar um mapa dialetologico, que exiba a complexidade das nossas línguas, apesar de se saber que há línguas que possuem a mesma origem. O emakua e o elomwe, por exemplo, os seus falantes tem a mesma origem.
Gosto · Responder · Ontem às 16:24
Eusébio A. P. Gwembe Esse seu levantamento é que deve ser actualizado,Francisco Wache Wache. Estudos antropologıcos foram os bem feitos pelo regime colonıal porque tınham em vısta conhecer para governar. Fazendo cruzamente entre o mapa lınguıstıco com o mapa etnıco pode-se chegar a conclusao de que 43 e pouco.
Gosto · Responder · Ontem às 16:36 · Editado
Francisco Wache Wache O que estão aqui são etnias e não línguas. Há etnias diferentes que falam a mesma língua. De facto, as etnias são muitas. Por exemplo, os matsuas e os matlengues fala a mesma língua, com uma ligeira difereça, os kossas e os changanes falam xixangana. Repara que as etnias são também estão repetidas
Gosto · Responder · 1 · Ontem às 16:44
Jemusse Abel Quero ver o teu trabalho pelo menos bibliografia!
Gosto · Responder · Ontem às 17:33
Francisco Wache Wache Pode buscar na NET. Encontre na biblioteca virtual da UA
Gosto · Responder · Ontem às 17:35 · Editado
Jemusse Abel Ok..vou faze-lo!
Gosto · Responder · 1 · Ontem às 17:37
Raimundo Pitagoras Lauma Raul Novinte bate na tecla da descentralização no país, a frelimo partido no poder a 40 anos, deve se preparar, sob riscos de cair e para nunca levantar como MCP de Kamuzu Banda no Malawi, partido de kwa Nkruma do Guana o hoje ficou com deputado na AR. Se a frelimo se com a iniciativa de indicação dos governadores, o dia k deixar o poder, vai ficar a sobre viver nos municípios sob sua governação, as eleições seguintes perde todos. Com eleição dos governadores, perdendo o poder Central, no mínimo vai sobreviver através de alguns governos provinciais k conseguir eleger.
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Siachukeni Lucas Eu acho que a questão de descentralização não tem nada a ver com a sobrevivência desse ou daquele partido, tem a ver com o próprio desenvolvimento de Moçambique, e acho eu que essa era a ideia de Mondlane. Ciente de que o país era grande havia de facto uma necessidade de se conceder a autonomia com vista a viabilizar a governação do país. O mais engraçado é que também o Reverendo Urais Simango defendia o mesmo, e meses após a morte de Mondlane foi considerado reaccionário o que nos leva a questionar sobre os verdadeiros autores do assassinato de Mondlane.
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Raul Novinte Descentralizar o nosso Moçambique em três regiões não é uma boa solução, Eusébio A. P. Gwembe. Não estamos falando de regionalização ou regionalismo mas sim a descentralização administrativa. Elaboremos uma lei da descentralização, digamos uma legislação Nacional (federal) onde serão expressos os deveres e poderes dos governos Nacional, provincial e local. Descentralizar Moçambique em regiões não é aconselhável. Descentralizar Moçambique por exemplo em três regiões do país estaríamos segmentando o problema que enfrentamos hoje em dia. O que precisamos é uma descentralização total, onde mantemos nossas províncias com governadores eleitos, assembleias provinciais com poder de fiscaliza-los, onde o governador não seja refém do PR mas sim servo do povo que o elegeu mas que os mesmos governadores respeitem as regras da legislação nacional e poderes do governo nacional......
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Joao Cabrita Eduardo Mondlane:
«In principle, FRELIMO has no discrimination against whites; we accept them to work in technical jobs, but not at the top level of politics. They can be members of FRELIMO, they can work in any job, but they cannot be members of the Central Committee, and so on.
The problem doesn’t arise concerning mulatoes. Any mulato who wants to be a member of FRELIMO can be, and he may be elected to the highest levels of FRELIMO’s structures.»
(«Portuguese Colonies: Victory or Death. Chapter 10: The Real Challenge, p. 229»
Instituto Cubano del Livro, Havana, Cuba, April 1971)
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Joao Cabrita Interessante, a semelhança entre este conceito de etnia e o defendido na «Carta dos Antigos Combatentes», Outubro de 1986, sobre o 'moçambicano não originário', que dizia abertamente que os 'não originários' (brancos, mestiços, asiáticos) não podiam desempenhar cargos políticos.
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Joao Cabrita Mas há sempre excepções à regra (ou respeito pelo conceito inicialmente traçado): a filha de Mondlane é vice-ministra dos negócios estrangeiros.
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Eusébio A. P. Gwembe Joao Cabrita, em que ano foi proferıdo o dıscurso de Mondlane?
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Joao Cabrita Não é discurso, Eusébio A. P. Gwembe. É uma entrevista. Junto capa do livro em que vem a entrevista, que uma companheira da Radio Havana Cuba me enviou há uns largos anos. Não diz quem entrevistou.
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Eusébio A. P. Gwembe Muito contradıtorıo este pensamento de Mondlane, sabıdo que ele proprıo foı vıtıma de ataques por possuır uma mulher que conhecemos,Joao Cabrita. Alias, dız-se que em Harare foı salvo por Urıa Sımango de mondo a que nao fosse vısto pelos defensores da pureza racıal e ser mandado de volta (em 1961). Sınceramente nao vejo como Mondlane serıa capaz de dızer ısso.
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Joao Cabrita Junto a página do livro. Os dados sobre a edição já indiquei acima. Se tentar procurar pelo livro no AHM, agradeço que traga uma cópia da tal «circular» que me deixou em situação muito delicada no Facebook deEgidio Vaz, fazendo até que alguns encetassem um fuga para a frente, alegando serem como felinos escaldados que de água fria fogem a sete pés.
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Joao Cabrita Também me custa a ver, Eusébio A. P. Gwembe, especialmente à luz de toda a campanha contra o avô de Alberto Kavandame e outros da chamada «Linha Reaccionária».
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Eusébio A. P. Gwembe Obrıgado pelo documento, Joao Cabrita. Ajuda a esclarecer algumas coısas, ıncluındo o estabelecımento de hıpoteses de conluıos racıaıs pre-morte dele. Um ınvestıgador cubano, numa troca de ımpressoes, me tınha falado de uma hıpotese racıal por detras da morte de Mondlane. Segundo ele, Mondlane terıa sıdo retırado da RAS (1949) para Lısboa e daquı para EUA pela PIDE em conluıo com a CIA (mas sem o conhecımento claro dele). Toda a promocao que foı tendo tınha em vısta a preparacao "do homem que nos sera fiel" mas veıo a vacılar quando se lhe envıaram "outros brancos". Faleı muıto Joao Cabrita, por ısso nao gramo do FB. kakakaka
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Joao Cabrita Eusébio A. P. Gwembe, compreendo. Quando houver uma oportunidade e depois conto-lhe o que me disse a tal companheira cubana. A miudagem que esteve circunscrita a Nueva Gerona teria dificuldades em digerir.
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Eusébio A. P. Gwembe Esta bom, Joao Cabrita. Contudo, oreste atençao neste documento em que se fala de um arranjo para Mondlane fazer o exame de admissao em Maputo, para ır estudar na RAS (1949) . Boas saıdas e boas entradas
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Joao Cabrita Obrigado, Eusébio A. P. Gwembe. Fala-se da expulsão de Mondlane. Também li que com a subida do Partido Nacionalista ao poder em 1948, os estudantes não brancos passaram a frequentar a Rhodes University. Sabe o que se passou concretamente com o caso de Mondlane ? Um visto emitido em 1945, mas ele matriculou-se na Wits em 1949? Seria para a fase em que estudou (creio) no ensino secundário no Transvaal?
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Gabriel Muthisse Eusébio A. P. Gwembe, a luta e o processo de libertação nacionais foram uma pedagogia incessante. A participação dos brancos na luta de libertação tinha um potencial de provocar conflitos, como se viu com a sua expulsão da Tanzânia em 1968.
No ANC, a participação dos brancos foi, também, problemática. Terá, inclusivamente, sido uma das razões da cisão no ANC, culminando com o surgimento do PAC.
No MPLA, os mestiços, como Viriato da Cruz e outros, tiveram que ceder lugares de proeminência na liderança do movimento a militantes negros.
Com toda esta conflitualidade, é natural que, mesmo líderes cosmopolitas, como Mondlane, tenham tido que ser prudentes, na forma como manejavam estas questões. A clareza de Mondlane em relação à questão racial e à participação dos brancos na luta de libertação nunca foi segredo.
Basta, de resto, ler as memórias de militantes como Helder Martins (um dos expulsos en 1968), Jacinto Veloso e outros, para entender a elevada estima que tinham por Mondlane. Foi graças a este líder que, apesar de expulsos da Tanzânia, os brancos permaneceram nas fileiras da FRELIMO e desempenharam, na Argélia e na Europa, tarefas fundamentais no âmbito da diplomacia, informação e inteligência do movimento.
Os racistas dentro da FRELIMO sao bem conhecidos. A sua acção está mais do que documentada. Os seus ataques a Mondlane, à volta da questão racial estão bem documentados também.
Claramente, Mondlane não estava entre os que se opunham à participação dos brancos.
A ausência de brancos em órgãos centrais nos movimentos de libertação foi geral em todos eles, na África Austral. Era uma questão meramente táctica.
Joe Slovo, por exemplo, muito influente do Inkoto wa Nsizwe, estava lá na sua condição de membro do Partido Comunista e não de membro do ANC. Só muito mais tarde, já na década de 70', creio, é que brancos puderam aceder a órgãos superiores do ANC.
Por tudo isto, é preciso ler com cuidado os trechos de entrevista que alguém partilhou aqui, sem nenhuma contextualização. Ademais, haveria que tomar em consideração outras afirmações pedagógicas de Mondlane, na mesma esteira. E haveria que tomar em consideração testemunhos de outros combatentes, negros, brancos e mestiços, sobre a postura de Mondlane em relação a este assunto.
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Gabriel Muthisse Haveria que rever quem, dentro da FRELIMO, fez lobbies junto de uma parte da liderança tanzaniana, para que os militantes brancos fossem expulsos daquele país.
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Joao Cabrita Eduardo Mondlane expressou agrado pela decisão da Tanzânia em não permitir a estadia de João Ferreira nesse país, quando para aqui fugiu com Jacinto Veloso.
De acordo com um "Telegrama Confidencial" expedido pela Embaixada dos Estados Unidos em Dar-es-Salam a 13 de Outubro de 1963, Mondlane, em conversa com funcionários dessa missão diplomática , não se mostrou agastado pela decisão do governo tanzaniano, pois estava certo que Ferreira era um comunista.
PS Eusébio A. P. Gwembe, deseja que disponibilize a pergunta e a resposta completa de Eduardo Mondlane, acima transcrita? Não tenho conhecimento que o teor do livro, editado por um regime com quem a Frelimo passaria a manter estreitas relações, tenha alguma vez sido contestado pelo Partido Frelimo ou pelo governo que dirige.
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Gabriel Muthisse Bem, primeiro devo dizer que, como já lhe disse, tenho reservas em relação às fontes da CIA ou do Departamento do Estado, que são as únicas que Joao Cabrita cita. Até parece que, no mundo, não há outras.
Em segundo lugar, os dados em discussão aqui, e que você trouxe, não são sobre comunismo. São sobre participação dos brancos em órgãos superiores da FRELIMO.
Em terceiro lugar, Marcelino dos Santos era, aparentemente, comunista. E isso não impediu que houvesse uma relação de trabalho e de camaradagem entre os dois. E Marcelino foi membro do CC desde o I Congresso. Isto quer dizer que, se Mondlane poderia trabalhar com dos Santos, não vejo como ficaria preocupado com um personagem sem história no movimento comunista internacional. Ou, pelo menos, com menos história que Marcelino que era conhecido em Moscovo, em Pequim, em Praga, em Havana, no MUD Juvenil, no PCP e outras esferas do movimento comunista internacional.
Em quanto lugar, e voltando para o tema que você trouxe, é importante recordar que Mondlane terá sido instrumental na definição do inimigo que ficou consagrada no I Congresso. Ou seja, este era definido não como sendo o branco, mas sim, o sistema colonial. Por outro lado, para muitos combatentes, desde analfabetos, escolarizados, seminaristas, sacerdotes e outros, a experiência de opressao que tinham colocava o "branco" como agente central das humilhações. Para muitos destes, na FRELIMO, no MPLA e no ANC (que representavam colónias de povoamento branco em luta de libertação na África Austral) essa definição do inimigo não foi imediatamente perceptível. Para esses, resultava difícil, se não impossível, encarar o branco como um Camarada de luta por mudanças fundamentais de status quo. Era difícil entender como brancos poderiam querer juntar-se aos negros para lutar contra a sua própria gente.
Destas premissas não é difícil perceber a prudência que os líderes da FRELIMO, do ANC e do MPLA tiveram que ter em relação a esta matéria. E muitos desses líderes eram, reconhecidamente, anti-racistas e cosmopolitas. Mas se fossem, imprudentemente, contra a corrente dominante, poderiam ficar sozinhos ou ser derrubados.
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Joao Cabrita Professor Luís Benjamim Serapião, da Universidade de Howard, Estados Unidos, cita declarações de Eduardo Mondlane contidas no livro editado em Cuba:
«Sem escrúpulos e sem vergonha, Sérgio Vieira acusa os estudantes/ex-seminaristas de serem racistas. Os estudantes criticaram, sim, a influência política desproporcional dos moçambicanos, que, com o tempo, os veteranos da Frelimo consideraram moçambicanos não originários. Aliás, os estudantes/ex-seminaristas estavam a interpretar fielmente o pensamento genuíno do Dr. Eduardo Mondlane. Senão vejamos: Numa entrevista em Havana, quando perguntaram ao Dr. Mondlane se a Frelimo era racista, ele explicou. : “Na Frelimo não somos racistas. Temos brancos, mulatos, e asiáticos na nossa organização. Deixamos os brancos desempenhar quaisquer funções técnicas na Frelimo. Mas nunca vamos permitir que eles assumam responsabilidades máximas na esfera política, como por exemplo serem membros do Comité Central.” (Eduardo Mondlane,” The Real Challenge” in Instituto Cubano del Libro, Portuguese Colonies: Victory or Death (Havana: Cuba), Abril de 1971, 229.) Estou seguro que é dentro deste espírito que o Presidente Joaquim Chissano, durante o seu reinado, reduziu o poder de moçambicanos não originários no desempenho de funções de alto nível. »
(Canal de Moçambique, Abril de 2010. Como estudante, o Professor Luís Benjamim Serapião foi sucessivamente secretário, vice-presidente e presidente da UNEMO, Secção dos Estados Unidos, de 1971 a 1974.
http://manueldearaujo.blogspot.com/.../canal-de-opiniao... )
Canal de Opinião, por Luís Benjamim Serapião (*)
MANUELDEARAUJO.BLOGSPOT.COM
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Gabriel Muthisse E porque não encara, Joao Cabrita, a redução do poder dos moçambicanos brancos, na governação de Chissano, com pressupostos meramente demográficos?
Tanto a FRELIMO, como o MPLA e o ANC vieram, muito mais tarde, a integrar brancos no CC (ou equivalente). Isso não lhe diz nada? A sincronia com que essa consagração se deu não significa nada para si?
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Elisio Macamo este é um não assunto. a posição de mondlane, como diz o Gabriel Muthisse, é perfeitamente plausível e se ele celebra a expulsão de alguns brancos por serem "comunistas" já temos uma indicação do que o terá movido a defender essa postura. alguém lamentava um certo anacronismo nas análises que fazemos. eu também.
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Joao Cabrita Interessante como académicos esforçam-se por ter um pé em campo - para o que der e vier. Alguém lamentava uma certa ambiguidade nas análises que fazem. Eu também.
29/12 às 15:03 ·
Mondlane e a questão das autonomias étnicas
Mondlane já ponderava dar mais autonomia a certas etnias. Como explicou ao Marıo de Andre, "seria uma "forma para acelerar o desenvolvimento e progresso economico mais ou menos equilibrado ao mesmo tempo que ajudaria a reduzir as tensoes e as assimetrias regionais". Deixo um bilhete manuscrito que ele fez para Mário Pinto de Andrade (de cujo arquivo consegui este bilhete), de OUT.1965, na II Conferência da CONCP em Dar Es-Salam, em que fala do problema das etnias na luta de libertação.
“Mário,
Falta de tempo força me a fechar a minha boca sobre o problema das etnias dentro e fora dos nossos países em luta de libertação. Mas, eu discordo completamente com a interpretação da função das etnias na luta revolucionaria. O que posso citar aqui, como ilustração, é a historia muito recente da China Popular, e mesmo a da União Soviética, onde as etnias as vezes eram tao importantes que foi necessário estabelecer-se um sistema de governo (China e União Soviética) que toma em consideração a existência de unidades sociais puramente baseadas na identidade nacional de certos grupos. Os maconde (Angola- bacongos) de Moçambique representam, de facto, um exemplo vivo de tal unidade nacional dentro dum povo. Se quiseres podemos conversar sobre o assunto fora das sessões.
Eduardo”.
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Comentários
Siachukeni Lucas Então este assunto de autonomias não é de hoje?
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 15:17
Melo David Mogoa O que significa dizer que a descentralização e autonomização das províncias ñ constitue um debate recente, se considerarmos recente como período pôs independência, desde em tempos de período da luta revolucionária já havia visão de que as autonomias ajudariam a reduzir as assimetrias regionais no diz respeito ao desenvolvimento. Agora precisamos pagar com vida através de ataques da renamo porque exige autonomia nas províncias onde ganhou?
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 15:19
Eusébio A. P. Gwembe O assunto nao é de hoje. Ao longo da hıstorıa tentou-se abafar com a maxıma "matar a tribo para nascer a nacao". E um assunto que tınha sıdo largamente debatıdo com Nkavandame (acerca dos maconde) e recorde-se que este foı acusado de trıbalısta, Siachukeni Lucas.
Gosto · Responder · 5 · 29/12 às 15:19
Melo David Mogoa Aprendemos nós em ciências políticas que o conjunto de etnias, ou tribos faz a nação, e o conceito de nação traz a solidez e unidade nacional dentro do estado. Porém concordo há teorias de governação que se ajustavam naquela época por ser propenso a de revolução e que hoje ñ fazem nenhum sentido.
Gosto · Responder · 3 · 29/12 às 15:25
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Siachukeni Lucas Infelizmente é o mesmo que esta a se assistir hoje, pessoas morrendo, só porque alguém levantou um assunto que até o próprio "arquitecto"?? Da unidade nacional já fazia menção. Será que os membros da comissão política tem acesso a esses recortes da nossa história?
Gosto · Responder · 5 · 29/12 às 15:23
Mário João Francisco Francisco não se preocupe, hoje já não ha carne para armas, ja vão se entender: os dois estão cansados.
evidências: combinaram tréguas mesmo sem mediadores nacionais nem internacionais
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 16:36
Mario Albano Claro que têm, hipocrisia e exclusao na mente dos camaradas.
Gosto · Responder · 29/12 às 18:43
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Eusébio A. P. Gwembe Alguns deles (Marcelıno dos Santos, Sergıo Vıeıra, Pascoal Mucumbi, Armando Guebuza, Jorge Rebelo, Oscar Monteıro, entre outros) partıcıparam dos debates, quando Mzee (Nkavandame) colocou o problema no prato, Siachukeni Lucas. Foı dentro deste debate que entre os maconde sobressaıram Chıpande, Pachınuapa, por exemplo.
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 15:31
Cardoso Armando Ó! meu caro Siachukeni Lucas, as vezes distância me destes debates, mas neste vou deixar ficar minha pobre visão e é: olhando o percurso politico e histórico de alguns membros da referida comissão quero acreditar k têm sim esses recortes da nossa epopeia, mas como dizia Samora, por causa dos interesses e egoísmo de alguns, como fruto da revolução nasceriam colonos pretos pra colonizar os próprios irmãos. E esses nunca vão escutar a voz da razão.
Não gosto · Responder · 8 · 29/12 às 15:38
Eduardo Domingos Os bandidos tentaram e tentam esconder o chifre no saco.
Gosto · Responder · 3 · 29/12 às 15:42
Eusébio A. P. Gwembe Quem eram os bandıdos, Eduardo Domingos? Aquı tratou-se de projecto polıtıco, penso
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 15:51
Eduardo Domingos Os mesmos que dizem ter matado a tribo e etnia.
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 15:58
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Raul Novinte Eusébio A. P. Gwembe, muito obrigado por nos trazer esses pedaços de histórias. Entretanto, eu apenas quero reforçar aqui o pensamento daqueles q chegam a conclusão que a descentralização não é algo novo no país. Sim, meus caros, devemos entender que o ser humano é egoísta por natureza, ele quer ter algo seu próprio, sua casa, seu negocio e tudo mais. Assim também ele quando age em conjunto pensa do mesmo jeito. Pessoas de uma tribo, uma cidade , uma vila , um estado querem ser eles próprios a decidir sobre o destino das suas sociedades, cidades, províncias, assim em diante. Fica estranho quando os assuntos de uma província, uma certa cidade são decididos por um grupo de pessoas que não conhece aquela província, nem o seu povo, muito menos a cultura do povo que vive nela, isso é uma pura colonização. O que a Frelimo fez em Moçambique foi substituir os Portugueses colonizadores por moçambicanos colonizadores. Eu apoio a descentralização de todo país e a devolução de autonomias as localidades, distritos, cidades ,províncias e daí poderemos falar da tal "Unidade Nacional"
Gosto · Responder · 7 · 29/12 às 17:44 · Editado
Benedito Macaua Excelente!!!
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 17:09
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Eusébio A. P. Gwembe Raul Novinte, um aspecto a ter em conta é que Mondlane fez seus estudos unıversıtarıos e vıveu num estado federado (EUA) tal como v. excıa vıve no Brasil e isso tem ınfluencıa no tıpo de modelo polıtıco a ser seguıdo. A ala de Marcelıno dos Santos, Chıssano, Mucumbı e outros da UNEMO que tınham ıdo a Franca tınham outra vısao e ısso deve ter pesado, a seguır a Independencıa
Gosto · Responder · 3 · 29/12 às 15:55
Raul Novinte Caro Eusébio A. P. Gwembe concordo absolutamente contigo. Eu nasci e cresci em Moçambique, e também como o Mondlane, me formei e vivi nos EUA num país federado e hoje moro no Brasil também em um estado federado, e que daí pelas experiencias vividas eu acho que vivermos num país descentralizados é recomendável para Moçambique. Agora, o engraçado é que esses que tiveram as experiencias de França, Russia , China não conseguem ver que esses sistemas não servem para nosso país devido as características sociais que o nosso país apresenta. Começo a concluir que o pensar do Mondlane era tão diferente dos que negociaram a nossa independência em Luzaka e também daqueles que içaram a bandeia no dia da Independência do nosso país dia 25/06/1975. O Mondlane era pro-descentralização (Federalismo) por sua forma de entender as coisas, daí chego a uma conclusão que o Mondlane era um homem sábio , mas muito sábio. Pois existem pessoas que estudam nos EUA, ou na Inglaterra mas quando voltam aos seus países continuam pensar e agir do mesmo jeito.
Gosto · Responder · 5 · 29/12 às 16:14 · Editado
Benedito Macaua Excelente!!!
Gosto · Responder · 29/12 às 17:11
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Elvino Dias Muito interessante
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 16:21
Gervasioa Absolone Chambo A descentralização é combatida há anos pelos homens do país tal que há cientistas morto por resgatá-la em pleno século XXI. Qual é o problema das autonomias provinciais hoje?
Gosto · Responder · 3 · 29/12 às 16:46
Antonio A. S. Kawaria Provaram mandar de Maputo e viverem em casas do governador-geral
Gosto · Responder · Ontem às 0:29
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Wilson Profirio Nicaquela Assunto de etnias e autonomias não é novo? Mas o professor Kabengel Munanga na sua aula inaugural na UP-Nampula (2016), esforcou-se em acusar os outros como responsáveis pelo mal (des)entendimento sobre o aforismo: "matar a tribo para erguer a nacao". Dizia ele, que precisamos entender o tempo da frase. Pois as tribos foram orquestra do colonos que dividiam o povo pra dominar. E este reconhecimento ante-Independência?
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 17:06 · Editado
Benedito Macaua No actual contexto de Moçambique, sim faz sentido a descentralização! No passado (no tempo da luta de libertação nacional), não era compatível, se se tiver em conta que os "aliados naturais" de Moçambique não pautavam por essa forma de actuação. O Mondlane, cresceu e formou-se nos EUA, país capitalista, logicamente que, como capitalista, agiria. Tudo para dizer que o contexto político vigente e dominante que se vivia (na altura) ditou a não implementação da "descentralização" em Moçambique.
Gosto · Responder · 3 · 29/12 às 17:21
Raul Novinte Benedito Macaua, faz sentido a sua explicação. Entretanto temos pessoas no nosso país que querem viver o passado no presente. Pessoas que não fazem o inventário do país e comparação dos tempos para que possamos redesenhar um novo rumo. Eles resistem às mudanças . It´s so sad!
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 17:26
Benedito Macaua Sabe, ilustre Raul Novinte, Moçambique sonha/almeja um desenvolvimento equilibrado e proporcional entre todas as suas Províncias. Agora, "descentralizar", na óptica de muitos, pode significar que cada uma das Províncias, em função dos seus recursos naturais e respectivas potencialidades, umas avancem em detrimento das outras, aliado ao hábito histórico de se tomar decisões a partir do topo (Maputo) - realidades estas que não agradam a velha e revolucionária guarda.
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 17:35 · Editado
Raul Novinte Benedito Macaua, muito bem dito! É exatamente esse, beneficio de descentralização: O Desequilíbrio para Equilíbrio. A descentralização trará a oportunidade de competição de criatividade na governabilidade das nossas províncias. Não podemos desenvolver províncias que só esperam o governo de Maputo fazer planos, enviar dinheiro e planejar tudo para elas. Deixemos as nossas províncias a se tornarem autônomas.....mas isso, só pode acontecer com a descentralização!
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 17:52 · Editado
Benedito Macaua É isso mesmo!
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 17:53
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Francisco Wache Wache A decisão de matar a tribo para erguer a nação foi recomendação do ii congresso da frelimo, realizado em Niassa. Para Mondlane, a tribo era dicotómica. Nela encontrava aspectos que podiam ajudar a vencer facilmente o inimigo, por serem todos bantu, mas a diversidade linguística punha em causa esse projecto, já que ela criava fissuras dentro do movimento.
Não gosto · Responder · 1 · 29/12 às 18:33
Elisio Macamo obrigado pela partilha deste documento histórico, Eusébio A. P. Gwembe. sem prejuízo da iniciativa, acho que a discussão poderia ser ainda mais útil se observasse três questões. primeiro, seria bom dar-nos a conhecer a questão para a qual mondlane estava a reagir. é isso que ele parece estar a discutir. sem saber isso, é difícil (pelo menos para mim) entender o seu raciocínio. segundo, o termo "autonomia" parece seu e não o encontro na missiva de mondlane. pode ser que a sua intenção fosse essa, mas não sei se vocês têm o mesmo entendimento. terceiro, do reconhecimento da existência de etnias como unidades sociais básicas à questão da descentralização parece ir uma grande distância. não está dito em nenhum manual de ciência política ou de constitucionalismo que esse reconhecimento deva desembocar numa estrutura descentralizada ou federal. etnias podem ser opressoras também. em minha opinião o que torna a descentralização importante em moçambique não é necessariamente o reconhecimento da identidade étnica, mas sim a responsabilização do exercício do poder.
Gosto · Responder · 4 · 29/12 às 18:50
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Gervasioa Absolone Chambo De facto, o raciocínio de Mondlane não está explícito no manuscrito. Ora, a parte final do seu post o prof. refere que a descentralização seria, na sua opinião, a responsabilização do exercício do poder. O que quer dizer com esta opinião? Estaria a sugerir que as etnias deveriam gerir as estruturas governativas montadas pelo governo central ou seria mais ou menos como os bantustões numa versão não separatista como aconteceu com o apartheid? Ahibuleni!
Gosto · Responder · 29/12 às 19:19
Elisio Macamo não, o contrário. etnias não são, nem podem ser boas unidades administrativas. é o equívoco que inviabiliza a "autoridade tradicional" orquestratada pelo ministério da administração estatal sob assessoria de cientistas sociais à deriva. a descentralização é a devolução do poder ao nível local porque é difícil responsabilizar o ministro ou presidente lá em maputo a partir de alto molócue. há mais de 10 anos defendi o abandono do "gradualismo" a favor duma descentralização radical à largura do país, incluíndo a abolição ou pelo menos eleição directa do governador provincial. tenho repetido esse apelo regularmente.
Não gosto · Responder · 3 · 29/12 às 19:27
Juma Aiuba Pergunta: a "descentralização" que aqui se fala equivale a "províncias ou regiões autonomas" que a Renamo reivindica?
Gosto · Responder · 29/12 às 20:47 · Editado
Gervasioa Absolone Chambo Nakutwa. Teria pensado na capacidade de tomada de decisão dos elementos do poder local em temáticas mais políticas? Como purificá-los para que sejam tenham actuação sob isenção ou imparcialidade partidária? Digo isto porque todo o sistema de poder local está desnaturalizado pelo poder do governo e partido no poder. Interessa-me avaliar como este poder local pode ser de facto livre, emancipado, independente dos poderes de topo de qualquer que seja (omlierf, omanre, dmm...). Será que seria possível ter esses poderes locais imparciais, como foco nos interesse local no contexto de Moçambique de hoje?
Gosto · Responder · 29/12 às 20:52
Gervasioa Absolone Chambo Juma Aiuba, pelo que entendi do Elisio Macamo, a descentralização seria mais profunda, isto é, descer-se-ia para além das províncias e dos distritos rumo aos poderes locais que representam o sistema político tradicional. Há poucos questionava a purificação dos agentes ou líderes dos poderes locais para que desempenhem um papel mais proactivo em defesa do bem e estar local e de forma mais imparcial, independente e livre dos poderes de cima.
Gosto · Responder · 29/12 às 20:58
Raul Novinte Elisio Macamo Certo e eu gosto e gostei do que estás falando....
Gosto · Responder · 29/12 às 21:27
Eusébio A. P. Gwembe Obrigado Elisio Macamo, pela atençao. Confesso que, por vezes coloco as coisas como se todos estivessem informados sobre o que escrevo (um erro que me persegue). A questão para a qual Mondlane estava a reagir era, entre tantas, a afirmação Houari Boumédiène, então Presidente do Conselho Revolucionário da Argélia (na ımagem) que disse "In the new political order, traditional structures must be replaced by revolutionary structures. We must begin today and now if not neutralize them at least dispense their collaboration. Ethnic groups delay the construction of states " ou seja “na nova ordem politica as estruturas tradicionais deverão ser substituídas por estruturas revolucionárias. Devemos começar hoje e agora se não a neutraliza-las pelo menos dispensar a sua colaboração. As etnias retardam a construção dos Estados”. Depois vou responder o resto das perguntas na base da conversa que se seguiıu entre Mondlane e Mario.
Gosto · Responder · 3 · 29/12 às 22:27
Eusébio A. P. Gwembe Juma Aiuba acho que nao era esse tıpo tendo em conta que Mondlane falou de etnias. Tratava-se, ate certo ponto, de recompensa. No caso Moçambicano um dos problemas que surgiu foi que algumas tribos eram facilmente utilizadas pelo regime colonial para fazer desaparecer ou fragilizar a Frelimo. Exemplos? MacQueen, Norrie, no A Descolonização da África Portuguesa – A Revolução Metropolitana e a Dissolução do Império, traz numeros de soldados zambezianos que desertavam da Frelimo e engrossavam as fileiras colonıaıs. Porem, havia os maconde que se tinham entregue de corpo e alma para a causa da libertacao porque "queriam manter os seus privilegios como é o caso de cada homem possuir uma arma" nas palavras de um dos adminıstradores coloniais. Mondlane parece que tinha compreendido isso quando a certa altura disse ao Mario que deviam identificar o que as etnias defendiam na sua revolta contra o colonıalısmo para nao correr o risco de continuarem a defender isso a seguir a independencıa. Estou a citar de memorıa algo lido, passa algum tempo.
Gosto · Responder · 3 · 29/12 às 22:46
Juma Aiuba Obrigado, Eusébio A. P. Gwembe. Agora está claro. Então, acho que modelo de Mondlane hoje seria ainda mais problemático. Seria muito mais dificil hoje falar de unidade nacional e de nação moçambicana. Talvez até teriamos governos tribais anarquistas, ou piores que o colono. Era mais facil colocar um ditador no poder. Sei la, me ocorren mil e uma coisas. Eu acho que o modelo de descentralização politico-administrativo é mais viavel. Estou a falar de se elegerem governadores, administradores e até chefes de posto ou mesmo localidades numa base democratica.
Gosto · Responder · 4 · 29/12 às 23:03 · Editado
Raul Novinte É isso aí... essa é que é descentralização. Não estamos falando de de descentralização tribalismo, não mas sim da descentralização territorial e administrativa.......
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 23:05 · Editado
Eusébio A. P. Gwembe Sim, o modelo era dificil, Juma Aiuba mas estavamos na infancia da Luta (um ano apos o ınıcıo da luta) e foi largamente debatido no II Congresso, como Francisco Wache Wache diz. Transcrevo aqui a essencia da conversa que se seguiu ao encontro, ao mesmo tempo penso poder responder as restantes questoes do Prof. Dr.Elisio Macamo..
Mondlane, a certa altura diz o seguinte “(…) fiquei com a impressão de que alguns dos intervenientes que usaram da palavra julgaram etnias inteiras na base do comportamento das suas chefias. Mário, a maior parte das revoluções que abalaram o mundo foram, em minha opinião, movimentos contra o regime vigente. A nossa não é apenas contra o regime vigente mas também em defesa dos direitos negados entre eles o direito das etnias. Não basta decretar a igualdade política de todos os cidadãos como forma de apagar as diferenças étnicas, é preciso que os cidadãos saiam das etnias”. E Mário levanta o problema do poder hereditário nas etnias que “vai contrastar com o poder das massas porque a dado passo precisaremos de chefes eleitos” ao que Mondlane responde: “é verdade, na eleição tribal, a única coisa que habitualmente se faz é consagrar ou declarar formalmente o facto material da supremacia, já previamente estabelecida por determinados chefes. Porem, seria absurdo negarmos, mais tarde, um dos motivos por que as massas apoiam a nossa causa. Uhuru é também devolve-lhes o que lhes foi negado”. Aqui Mondlane não diz o que lhes foi negado e continua “ (…) Os chefes étnicos têm um poder apreciável sobre as massas. Precisaremos de colocar os olhos neles dando-lhes um certo grau de autonomia politica como fórmula para acelerar o seu desenvolvimento e progresso económico”.
Fonte: gravação do manuscrito de Mário Pinto de Andrade, intitulado Eduardo Mondlane - um construtor da Revolução em Moçambique. lido, em 05.FEV.1969, na RTA (Rádio Televisão Argelina). Algumas notas deste manuscrıto foram escritas Revista El Moudjahid, MAR.1969 .
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Juma Aiuba Obrigado, irmão. Vendo dessa maneira, diria que Mondlane tinha razão. A sua vivência lhe conferia tal sabedoria. Mas que era um modelo arriscado, isso era. Contudo, era um bom início desse conceito de descentralização.
Gosto · Responder · Ontem às 8:08
Benedito Mamidji Gostaria de alertar para uma grande dose de teleologia neste interessante debate. Por teleologia quero dizer olhar para o passado com os olhos do presente. Eu próprio sou adepto de exemplos do passado que possam iluminar o presente. Mas como estudante de história não posso deixar essa ânsia ditar a minha perspectiva e narrativa do passado. A questão da descentralização, por mais importante que seja no presente conturbado de Moçambique, não pode ser forçosamente imputada a actores históricos que a não formularam, pelo menos não nos termos em que a questão está a ser debatida aqui neste fórum. Mondlane era, apesar de tudo, um homem do seu tempo (embora em muitos outros aspectos ele estivesse muito para além desse tempo). O seu pensamento sobre as etnias ou tribos não era, como se vê da correspondência que o Gwambe partilhou aqui, tão radical como a dos seus pares. Mas também não era muito diferente. O bem maior, politicamente falando, era a nação. E é isso que os patriotas em toda a África estavam engajados em inventar/construir. E era de consenso que as etnias eram um entrave à empresa. Mondlane pensava o mesmo (muito infelizmente). Se ele tinha alguma ideia de federação, de certo que ela não se basearia em grupos étnicos. A sua idea era que com a formação do estado-nação as pessoas largariam as suas identidades étnicas e abraçariam a nação (seja lá o que isso queira significar). Um aspecto importante nisto é que Mondlane acreditava que as chefias tribais existentes em Moçambique não eram autênticas, e que as guerras de "pacificação" haviam deixado um vácuo de tradição política em Moçambique (as divergências com Mzé Nkavandame, por exemplo, situavam-se a este plano). E era tarefa da FRELIMO preencher esse vácuo. Veja se a sua entrevista no texto "The Tribal Question in the Advanced State of the Struggle" em Bragança & Wallerstein, The African Liberation Reader - ou Quem é o Inimigo em edição portuguesa). Se há alguma validade no documento que Gwambe nos apresenta , ela está na evolução do pensamento político de Mondlane, um estudo que ainda está por fazer. O Mondlane de 1965 não é o mesmo de 1960 nem de 1968 (ideológica e politicamente falando). Em 68 Mondlane tinha endurecido com os anos da guerra. O que ele haveria de ser em 75 se tivesse vivido, isso jamais saberemos. Quanto ao modelo administrativo, as experiências da URSS ou da RDA ou qualquer outra nunca chegaram de ser implementadas. O nosso modelo continua a ser o da administração colonial portuguesa. Não obstante toda retórica do escangalhamento, a máquina colonial sobrevive até hoje. Em certo sentido, o debate da descentralização é um debate de descolonização.
Gosto · Responder · 5 · Ontem às 9:09
Elisio Macamo obrigado, Eusébio A. P. Gwembe. o contexto ficou claro. o que me parece ter ficado evidente é que mondlane, pelo menos nessa discussão, estava a argumentar de forma muito pragmática e em referência à sua formação como antropólogo e sua vivência da missão suíça que de certo modo tinha elevado unidades domésticas ao estatuto de nação. portanto, aqui a discussão era entre revolucionários algo dogmáticos e um revolucionário pragmático. o ponto mais interessante da intervenção de mondlane por si citada é o que me parece ter sido a sua sensibilidade para o respeito pela diferença, algo que o fervor revolucionário dos anos subsequentes perdeu completamente. muito interessante. talvez lhe interesse entrar em contacto com um amigo e colega no brasil, o Livio Sansone, que tem estado a trabalhar numa biografia de mondlane. livio, esta discussão pode te interessar.
Gosto · Responder · 2 · Ontem às 13:47
Livio Sansone Caro Elísio, certamente! Obrigado pela dica e os contatos. Aproveito para fazer votos de um bom 2017 para todos nós!
Gosto · Responder · 1 · Ontem às 13:59
Elisio Macamo beleza. igualmente!
Gosto · Responder · Ontem às 14:02
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Álvaro Xerinda Viva o desenvolvimento, Viva descentralização
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 19:00
Blessed Paulo Simbe Melo Molinho
Gosto · Responder · 29/12 às 20:22
Alberto Kavandame O meu avo teria reunido em Agosto de 1967 com Eduardo Mondlane com apreseca de um tal de nome Mmole, um dos fundadores da Frelimo, aconselhando o acerca de existencia de regionalismo e tribalismo protagonizado por Ala sulista principalmente quando chegou Mateus Sansao Mutemba. Infelizmente quando morreu Mondlane tudo o mal passou para o Mze Chairman Kavandame
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 20:43
Jemusse Abel A descentralizaçao nao pode estar alicerçada na base da etnicizaçao. Acredito que mesmo os politicos do moçambique actual nao optariam por esta. A questao seria sim permitir que os projectos de desenvolvimento sejam traçados e executados a nivel local isto seria sim a responsabilizaçao do poder local. Ora o que temos assistido e rejeitar as ideias mesmo sabendo que elas seriam uteis pra edificačao de um močambique melhor pra todos e que facilitaria ainda a fiscalizaçao do exercicio da politica de facto... Ou seja no real sentido.
Gosto · Responder · 29/12 às 20:44
Tony Ciprix Não confundamos a descentralização com a tribalizacao e muito menos com a étnização.
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 20:49
Francisco Wache Wache Mas no solo pátrio as coisas funcionam assim. Veja a noção de Universidades regionais
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 20:50
Jemusse Abel KKKK Francisco Wache Wache se a descentralizačao é uma necessidade óbvia do povo moçambicano.. Os individuos podem impedir mas as instituiçoes amadurecem e respondem os anseio da maioria. Kkk
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 20:53
Zuma Zuma "Matar a tribo para poder erguer a nacao" MA que tribo we refers neste contexto em mocambique? E quais as razors d matar a tribo para poder erguer a nacao? É verdade k Mozambique n seu universo sociolinguistico possui 11 linguas k compoe as etnias existent em moz.bom a mnha preocupacao é saber porque esta expressao acima referida
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 20:57
Francisco Wache Wache 11 linguas? 43, veja o site etnologue.
Gosto · Responder · 29/12 às 21:05
Zuma Zuma MA Wasche, as linguas consideradas maternas ak em Mozambique sao 11 viste o manual PCEB
Gosto · Responder · 23 h
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Zuma Zuma "Matar tribo p poder erguer a nacao" que tribo se refere neste contexto mocambicano? E quais sao as razoes de matar os tribos? Mozambique n seu universo sociolinguistico possui 11 linguas k compoe as etnias existentes. A minha outra preocupacao o que o autor desta expressao keria dizer na realidad mocambicana.
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 21:08
Francisco Wache Wache Já disse, Moçambique tem mais de 40 línguas e não 11
Gosto · Responder · 29/12 às 21:21
Raul Novinte No contexto atual como Benedito Macaua disse, a descentralização é bem vinda. Também é preciso entendermos que não estamos a pedir a descentralização na base de etnias ou tribos mas sim na base de uma administração territorial; temos províncias, e distritos que deveriam todos serem radicalmente tornar autarquias (Municípios).........
Gosto · Responder · 2 · 29/12 às 22:46 · Editado
Alberto Kavandame Metemos confusao entre linguas e dialetos.
Gosto · Responder · 29/12 às 22:47
Francisco Wache Wache Nao temos dialectos de origem bantu
Gosto · Responder · 29/12 às 22:48
Yasmin Karim
Não gosto · Responder · 1 · 29/12 às 22:51
Alberto Kavandame Me parece makwe ser dialeto da lingua maconde ou meto de macua .
Gosto · Responder · 29/12 às 22:52
Francisco Wache Wache Quem fez tal estudo?
Gosto · Responder · 29/12 às 22:52
Alberto Kavandame Kkk, depois vou defender. Tenho que cabular, mas parece k vou ganhar razao
Gosto · Responder · 29/12 às 22:54
Francisco Wache Wache Não acredito
Gosto · Responder · 29/12 às 22:58
Estevao Pangueia Interessante debate, tenho algumas questões:
Gostaria de saber que tipo de autonomia das etnias Mondlane se referia, e qual seria o provável modelo de organização administrativa?
Um Estado Federal com base em Etnias?
Como é que isso seria em Moçambique se nem todas províncias são culturalmente homogêneas?!
Gosto · Responder · 1 · 29/12 às 23:06 · Editado
Raul Novinte Eu acredito que o Mondlane falava de um modo geral sobre a descentralização. Não creio que ele estivesse falando sobre autonomia das tribos em forma administrativa ou governativa mas sim uma descentralização do estado moçambicano e é isso que queremos. Quando falamos de descentralização falamos de como os governos locais, provinciais e Nacional se correspondem administrativamente tendo em conta a autonomias dos governos provincial e local em decidir seus interesses econômicos, políticos e sociais respeitando a lei estabelecida que nesse caso se chamaria Nacional ou federal. A descentralização de um estado não tem nada a ver com uma língua ou tribo.....
Gosto · Responder · 29/12 às 23:29 · Editado
Eduardo Muachissene O que dizer dos macuas?
Gosto · Responder · Ontem às 11:53
Eduardo Muachissene Pese embora se diz que nalgum momento nao se envolveram "agressivamente" na luta tal os macondes mas, ja constituiam uma maioria superior aos macondes e, clamaram por privilégio na frente e em Moçambique.
Gosto · Responder · Ontem às 11:56
Eusébio A. P. Gwembe Estevao Pangueia, ha muıtos elementos a ter em conta. Prımeıro, houve um acordo entre Mondlane e Nyerere sobre a autonomıa dos Maconde do lado portugues que partılhavam as mesmas caracterıstıcas com os maconde do outro lado da fronteıra. Este acordo serıa o meıo termo encontrado contra as pretensoes de Nyerere de ıncluır o planalto ao Tanganyıca. Aında nao estudeı em profundıdade os contornos do referıdo acordo. Outro acordo foı com Banda que pretendıa expandır as fronteıras do seu paıs ate ao Zambeze (Tete), ıncorporando todos os falantes do Chewa/Nyanja dos povos de Tete, Zambezıa e do Nıassa. A luz deste acordo, Banda apoıarıa a causa da Frelimo e Mondlane ıa fazer de tudo para que o grupo de Chıpembere nao tıvesse nenhum santuarıo em Moçambıque. Foı na base deste acordo, por exemplo, que o Inkosı Gomanı Chıkuse tem influencıa sobre as populacoes de Moçambique nas terras deJemusse Abel. Segundo, é necessarıo ter em conta o facto de que a proprıa luta foı uma escola. Mondlane nao tınha ıdeıas fıxas e prıvılegıava consultas aos lıderes afrıcanos.
Gosto · Responder · 3 · Ontem às 12:14
Jemusse Abel Ahh sim...!
Gosto · Responder · Ontem às 13:26
Castro Impija Quantas linguas? 40? Estao a confundirq povo com lingua? Essas 40 linguas correspondem a quantas etnias? A quantas tribos?
Gosto · Responder · Ontem às 14:51
Eusébio A. P. Gwembe Aqui temos o mapa linguistico de Moçambique, Impija,Alberto Kavandame e Francisco Wache Wache
Gosto · Responder · 1 · Ontem às 14:59
Eusébio A. P. Gwembe Curiosidade: A primeira etnia a ter um código de leis próprias foi a Khokha-Bitonga. Trata-se da primeira povoação de Moçambique com direito consuetudinário codificado; o célebre «código de Milandos» traz a data de 1852.
Sobre quantos grupos étnicos ou tribais constituem o mosaico nacional os autores são divergentes . Silva Rego oferece-nos uma classificação em dez grupos principais: Angone, chona e Chope, grupo do Zambeze e Maraves, Macua-Lomwe e Ajaua, Maconde e Suahili. Aos numerosos grupos e subgrupos étnicos corresponde uma pluralidade de línguas. Oliveira Boléo, citando estudos de Peixe e J. Santos e de A. Rita-Ferreira fala de quinze agrupamentos linguísticos, que compreendem uma série de subgrupos e dialectos que atingem a 8 dezenas (83 linguas) .
Não gosto · Responder · 3 · Ontem às 15:05
Raul Novinte Eu gostaria que falássemos da descentralização, e não dos Macuas, macondes , masenas, shanganas, mathewes, Nhanjas, Jawas ou shopes. Seria melhor e contribuinte para nossa democracia se aqui falássemos do contexto da "descentralização" do país, ao em vez de falarmos de grupos étnicos ou línguisticos. A descentralização de Moçambique nada tem a ver com línguas mas sim a divisão administrativa e política, econômica e social do país.........
Gosto · Responder · Ontem às 15:50 · Editado
Eusébio A. P. Gwembe Raul Novinte, a descentralizacao é um projecto vıavel e so saımos a ganhar. Talvez o problema seja o de quem sera protagonısta e como faze-lo. O actual modelo esta a excuır a maıorıa dos mocambıcanos dos processos de decısao, num paıs em que maıs da metade do seu povo vıve nas areas nao munıcıpalızadas mas contınua desejosa de partıcıpar dos processos de construcao do estado
Gosto · Responder · 2 · Ontem às 15:50
Raul Novinte Eusébio A. P. Gwembe, é daí que precisamos de uma descentralização total do país. Deixemos de dar desculpas; tais como "Ah, aqui é Moçambique ou ah ainda não estamos maduros"... Nada disso. A descentralização nos ajudará amadurecer; as vilas, cidades com seus perfeitos, os governos províncias com seus governadores eleitos terão a oportunidade de competir nas suas governabilidades e fazer diferenças nas suas comunidades. Em Moçambique precisamos ter a coragem de mudar!..........
Gosto · Responder · Ontem às 16:07 · Editado
Eusébio A. P. Gwembe mas ambem podemos pensar na descentralızacao regıonal, Raul Novinte. Elımınamos o excesso de governadores mantendo 3.
Gosto · Responder · Ontem às 15:59
Raul Novinte " A descentralizacao é um projecto vıavel e so saımos a ganhar. Talvez o problema seja o de quem sera protagonısta e como faze-lo" (Eusébio A. P. Gwembe) Ora viva meu caro Eusébio A. P. Gwembe, a descentralização não pode ser visto como algo da oposição, da Frelimo, Renamo , MDM ou de qualquer outro partido mas algo que pertence a todos moçambicanos onde todos saímos a ganhar. Todavia há aqueles que têm medo da descentralização, isso é mais que verdade sobretudo os libertadores da Frelimo e não sei os porquês eles têm medo da descentralização.
Gosto · Responder · Ontem às 16:17 · Editado
Francisco Wache Wache Eusébio A.P. Gwembe, esse mapa é bem antigo. Na verdade há muitos estudos que quiseram esconder a realidade linguística do país. As razões são totalmente políticas. Em meu trabalho, fiz o levantamento de 43, e não possuem dialectos uma vez não possuirmos estudos que nos levem a tal afinação. Precisa_se de se elaborar um mapa dialetologico, que exiba a complexidade das nossas línguas, apesar de se saber que há línguas que possuem a mesma origem. O emakua e o elomwe, por exemplo, os seus falantes tem a mesma origem.
Gosto · Responder · Ontem às 16:24
Eusébio A. P. Gwembe Esse seu levantamento é que deve ser actualizado,Francisco Wache Wache. Estudos antropologıcos foram os bem feitos pelo regime colonıal porque tınham em vısta conhecer para governar. Fazendo cruzamente entre o mapa lınguıstıco com o mapa etnıco pode-se chegar a conclusao de que 43 e pouco.
Gosto · Responder · Ontem às 16:36 · Editado
Francisco Wache Wache O que estão aqui são etnias e não línguas. Há etnias diferentes que falam a mesma língua. De facto, as etnias são muitas. Por exemplo, os matsuas e os matlengues fala a mesma língua, com uma ligeira difereça, os kossas e os changanes falam xixangana. Repara que as etnias são também estão repetidas
Gosto · Responder · 1 · Ontem às 16:44
Jemusse Abel Quero ver o teu trabalho pelo menos bibliografia!
Gosto · Responder · Ontem às 17:33
Francisco Wache Wache Pode buscar na NET. Encontre na biblioteca virtual da UA
Gosto · Responder · Ontem às 17:35 · Editado
Jemusse Abel Ok..vou faze-lo!
Gosto · Responder · 1 · Ontem às 17:37
Raimundo Pitagoras Lauma Raul Novinte bate na tecla da descentralização no país, a frelimo partido no poder a 40 anos, deve se preparar, sob riscos de cair e para nunca levantar como MCP de Kamuzu Banda no Malawi, partido de kwa Nkruma do Guana o hoje ficou com deputado na AR. Se a frelimo se com a iniciativa de indicação dos governadores, o dia k deixar o poder, vai ficar a sobre viver nos municípios sob sua governação, as eleições seguintes perde todos. Com eleição dos governadores, perdendo o poder Central, no mínimo vai sobreviver através de alguns governos provinciais k conseguir eleger.
Gosto · Responder · Ontem às 18:18
Siachukeni Lucas Eu acho que a questão de descentralização não tem nada a ver com a sobrevivência desse ou daquele partido, tem a ver com o próprio desenvolvimento de Moçambique, e acho eu que essa era a ideia de Mondlane. Ciente de que o país era grande havia de facto uma necessidade de se conceder a autonomia com vista a viabilizar a governação do país. O mais engraçado é que também o Reverendo Urais Simango defendia o mesmo, e meses após a morte de Mondlane foi considerado reaccionário o que nos leva a questionar sobre os verdadeiros autores do assassinato de Mondlane.
Gosto · Responder · 1 · Ontem às 18:54 · Editado
Raul Novinte Descentralizar o nosso Moçambique em três regiões não é uma boa solução, Eusébio A. P. Gwembe. Não estamos falando de regionalização ou regionalismo mas sim a descentralização administrativa. Elaboremos uma lei da descentralização, digamos uma legislação Nacional (federal) onde serão expressos os deveres e poderes dos governos Nacional, provincial e local. Descentralizar Moçambique em regiões não é aconselhável. Descentralizar Moçambique por exemplo em três regiões do país estaríamos segmentando o problema que enfrentamos hoje em dia. O que precisamos é uma descentralização total, onde mantemos nossas províncias com governadores eleitos, assembleias provinciais com poder de fiscaliza-los, onde o governador não seja refém do PR mas sim servo do povo que o elegeu mas que os mesmos governadores respeitem as regras da legislação nacional e poderes do governo nacional......
Gosto · Responder · Ontem às 19:23 · Editado
Joao Cabrita Eduardo Mondlane:
«In principle, FRELIMO has no discrimination against whites; we accept them to work in technical jobs, but not at the top level of politics. They can be members of FRELIMO, they can work in any job, but they cannot be members of the Central Committee, and so on.
The problem doesn’t arise concerning mulatoes. Any mulato who wants to be a member of FRELIMO can be, and he may be elected to the highest levels of FRELIMO’s structures.»
(«Portuguese Colonies: Victory or Death. Chapter 10: The Real Challenge, p. 229»
Instituto Cubano del Livro, Havana, Cuba, April 1971)
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Joao Cabrita Interessante, a semelhança entre este conceito de etnia e o defendido na «Carta dos Antigos Combatentes», Outubro de 1986, sobre o 'moçambicano não originário', que dizia abertamente que os 'não originários' (brancos, mestiços, asiáticos) não podiam desempenhar cargos políticos.
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Joao Cabrita Mas há sempre excepções à regra (ou respeito pelo conceito inicialmente traçado): a filha de Mondlane é vice-ministra dos negócios estrangeiros.
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Eusébio A. P. Gwembe Joao Cabrita, em que ano foi proferıdo o dıscurso de Mondlane?
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Joao Cabrita Não é discurso, Eusébio A. P. Gwembe. É uma entrevista. Junto capa do livro em que vem a entrevista, que uma companheira da Radio Havana Cuba me enviou há uns largos anos. Não diz quem entrevistou.
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Eusébio A. P. Gwembe Muito contradıtorıo este pensamento de Mondlane, sabıdo que ele proprıo foı vıtıma de ataques por possuır uma mulher que conhecemos,Joao Cabrita. Alias, dız-se que em Harare foı salvo por Urıa Sımango de mondo a que nao fosse vısto pelos defensores da pureza racıal e ser mandado de volta (em 1961). Sınceramente nao vejo como Mondlane serıa capaz de dızer ısso.
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Joao Cabrita Junto a página do livro. Os dados sobre a edição já indiquei acima. Se tentar procurar pelo livro no AHM, agradeço que traga uma cópia da tal «circular» que me deixou em situação muito delicada no Facebook deEgidio Vaz, fazendo até que alguns encetassem um fuga para a frente, alegando serem como felinos escaldados que de água fria fogem a sete pés.
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Joao Cabrita Também me custa a ver, Eusébio A. P. Gwembe, especialmente à luz de toda a campanha contra o avô de Alberto Kavandame e outros da chamada «Linha Reaccionária».
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Eusébio A. P. Gwembe Obrıgado pelo documento, Joao Cabrita. Ajuda a esclarecer algumas coısas, ıncluındo o estabelecımento de hıpoteses de conluıos racıaıs pre-morte dele. Um ınvestıgador cubano, numa troca de ımpressoes, me tınha falado de uma hıpotese racıal por detras da morte de Mondlane. Segundo ele, Mondlane terıa sıdo retırado da RAS (1949) para Lısboa e daquı para EUA pela PIDE em conluıo com a CIA (mas sem o conhecımento claro dele). Toda a promocao que foı tendo tınha em vısta a preparacao "do homem que nos sera fiel" mas veıo a vacılar quando se lhe envıaram "outros brancos". Faleı muıto Joao Cabrita, por ısso nao gramo do FB. kakakaka
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Joao Cabrita Eusébio A. P. Gwembe, compreendo. Quando houver uma oportunidade e depois conto-lhe o que me disse a tal companheira cubana. A miudagem que esteve circunscrita a Nueva Gerona teria dificuldades em digerir.
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Eusébio A. P. Gwembe Esta bom, Joao Cabrita. Contudo, oreste atençao neste documento em que se fala de um arranjo para Mondlane fazer o exame de admissao em Maputo, para ır estudar na RAS (1949) . Boas saıdas e boas entradas
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Joao Cabrita Obrigado, Eusébio A. P. Gwembe. Fala-se da expulsão de Mondlane. Também li que com a subida do Partido Nacionalista ao poder em 1948, os estudantes não brancos passaram a frequentar a Rhodes University. Sabe o que se passou concretamente com o caso de Mondlane ? Um visto emitido em 1945, mas ele matriculou-se na Wits em 1949? Seria para a fase em que estudou (creio) no ensino secundário no Transvaal?
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Gabriel Muthisse Eusébio A. P. Gwembe, a luta e o processo de libertação nacionais foram uma pedagogia incessante. A participação dos brancos na luta de libertação tinha um potencial de provocar conflitos, como se viu com a sua expulsão da Tanzânia em 1968.
No ANC, a participação dos brancos foi, também, problemática. Terá, inclusivamente, sido uma das razões da cisão no ANC, culminando com o surgimento do PAC.
No MPLA, os mestiços, como Viriato da Cruz e outros, tiveram que ceder lugares de proeminência na liderança do movimento a militantes negros.
Com toda esta conflitualidade, é natural que, mesmo líderes cosmopolitas, como Mondlane, tenham tido que ser prudentes, na forma como manejavam estas questões. A clareza de Mondlane em relação à questão racial e à participação dos brancos na luta de libertação nunca foi segredo.
Basta, de resto, ler as memórias de militantes como Helder Martins (um dos expulsos en 1968), Jacinto Veloso e outros, para entender a elevada estima que tinham por Mondlane. Foi graças a este líder que, apesar de expulsos da Tanzânia, os brancos permaneceram nas fileiras da FRELIMO e desempenharam, na Argélia e na Europa, tarefas fundamentais no âmbito da diplomacia, informação e inteligência do movimento.
Os racistas dentro da FRELIMO sao bem conhecidos. A sua acção está mais do que documentada. Os seus ataques a Mondlane, à volta da questão racial estão bem documentados também.
Claramente, Mondlane não estava entre os que se opunham à participação dos brancos.
A ausência de brancos em órgãos centrais nos movimentos de libertação foi geral em todos eles, na África Austral. Era uma questão meramente táctica.
Joe Slovo, por exemplo, muito influente do Inkoto wa Nsizwe, estava lá na sua condição de membro do Partido Comunista e não de membro do ANC. Só muito mais tarde, já na década de 70', creio, é que brancos puderam aceder a órgãos superiores do ANC.
Por tudo isto, é preciso ler com cuidado os trechos de entrevista que alguém partilhou aqui, sem nenhuma contextualização. Ademais, haveria que tomar em consideração outras afirmações pedagógicas de Mondlane, na mesma esteira. E haveria que tomar em consideração testemunhos de outros combatentes, negros, brancos e mestiços, sobre a postura de Mondlane em relação a este assunto.
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Gabriel Muthisse Haveria que rever quem, dentro da FRELIMO, fez lobbies junto de uma parte da liderança tanzaniana, para que os militantes brancos fossem expulsos daquele país.
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Joao Cabrita Eduardo Mondlane expressou agrado pela decisão da Tanzânia em não permitir a estadia de João Ferreira nesse país, quando para aqui fugiu com Jacinto Veloso.
De acordo com um "Telegrama Confidencial" expedido pela Embaixada dos Estados Unidos em Dar-es-Salam a 13 de Outubro de 1963, Mondlane, em conversa com funcionários dessa missão diplomática , não se mostrou agastado pela decisão do governo tanzaniano, pois estava certo que Ferreira era um comunista.
PS Eusébio A. P. Gwembe, deseja que disponibilize a pergunta e a resposta completa de Eduardo Mondlane, acima transcrita? Não tenho conhecimento que o teor do livro, editado por um regime com quem a Frelimo passaria a manter estreitas relações, tenha alguma vez sido contestado pelo Partido Frelimo ou pelo governo que dirige.
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Gabriel Muthisse Bem, primeiro devo dizer que, como já lhe disse, tenho reservas em relação às fontes da CIA ou do Departamento do Estado, que são as únicas que Joao Cabrita cita. Até parece que, no mundo, não há outras.
Em segundo lugar, os dados em discussão aqui, e que você trouxe, não são sobre comunismo. São sobre participação dos brancos em órgãos superiores da FRELIMO.
Em terceiro lugar, Marcelino dos Santos era, aparentemente, comunista. E isso não impediu que houvesse uma relação de trabalho e de camaradagem entre os dois. E Marcelino foi membro do CC desde o I Congresso. Isto quer dizer que, se Mondlane poderia trabalhar com dos Santos, não vejo como ficaria preocupado com um personagem sem história no movimento comunista internacional. Ou, pelo menos, com menos história que Marcelino que era conhecido em Moscovo, em Pequim, em Praga, em Havana, no MUD Juvenil, no PCP e outras esferas do movimento comunista internacional.
Em quanto lugar, e voltando para o tema que você trouxe, é importante recordar que Mondlane terá sido instrumental na definição do inimigo que ficou consagrada no I Congresso. Ou seja, este era definido não como sendo o branco, mas sim, o sistema colonial. Por outro lado, para muitos combatentes, desde analfabetos, escolarizados, seminaristas, sacerdotes e outros, a experiência de opressao que tinham colocava o "branco" como agente central das humilhações. Para muitos destes, na FRELIMO, no MPLA e no ANC (que representavam colónias de povoamento branco em luta de libertação na África Austral) essa definição do inimigo não foi imediatamente perceptível. Para esses, resultava difícil, se não impossível, encarar o branco como um Camarada de luta por mudanças fundamentais de status quo. Era difícil entender como brancos poderiam querer juntar-se aos negros para lutar contra a sua própria gente.
Destas premissas não é difícil perceber a prudência que os líderes da FRELIMO, do ANC e do MPLA tiveram que ter em relação a esta matéria. E muitos desses líderes eram, reconhecidamente, anti-racistas e cosmopolitas. Mas se fossem, imprudentemente, contra a corrente dominante, poderiam ficar sozinhos ou ser derrubados.
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Joao Cabrita Professor Luís Benjamim Serapião, da Universidade de Howard, Estados Unidos, cita declarações de Eduardo Mondlane contidas no livro editado em Cuba:
«Sem escrúpulos e sem vergonha, Sérgio Vieira acusa os estudantes/ex-seminaristas de serem racistas. Os estudantes criticaram, sim, a influência política desproporcional dos moçambicanos, que, com o tempo, os veteranos da Frelimo consideraram moçambicanos não originários. Aliás, os estudantes/ex-seminaristas estavam a interpretar fielmente o pensamento genuíno do Dr. Eduardo Mondlane. Senão vejamos: Numa entrevista em Havana, quando perguntaram ao Dr. Mondlane se a Frelimo era racista, ele explicou. : “Na Frelimo não somos racistas. Temos brancos, mulatos, e asiáticos na nossa organização. Deixamos os brancos desempenhar quaisquer funções técnicas na Frelimo. Mas nunca vamos permitir que eles assumam responsabilidades máximas na esfera política, como por exemplo serem membros do Comité Central.” (Eduardo Mondlane,” The Real Challenge” in Instituto Cubano del Libro, Portuguese Colonies: Victory or Death (Havana: Cuba), Abril de 1971, 229.) Estou seguro que é dentro deste espírito que o Presidente Joaquim Chissano, durante o seu reinado, reduziu o poder de moçambicanos não originários no desempenho de funções de alto nível. »
(Canal de Moçambique, Abril de 2010. Como estudante, o Professor Luís Benjamim Serapião foi sucessivamente secretário, vice-presidente e presidente da UNEMO, Secção dos Estados Unidos, de 1971 a 1974.
http://manueldearaujo.blogspot.com/.../canal-de-opiniao... )
Canal de Opinião, por Luís Benjamim Serapião (*)
MANUELDEARAUJO.BLOGSPOT.COM
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Gabriel Muthisse E porque não encara, Joao Cabrita, a redução do poder dos moçambicanos brancos, na governação de Chissano, com pressupostos meramente demográficos?
Tanto a FRELIMO, como o MPLA e o ANC vieram, muito mais tarde, a integrar brancos no CC (ou equivalente). Isso não lhe diz nada? A sincronia com que essa consagração se deu não significa nada para si?
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Elisio Macamo este é um não assunto. a posição de mondlane, como diz o Gabriel Muthisse, é perfeitamente plausível e se ele celebra a expulsão de alguns brancos por serem "comunistas" já temos uma indicação do que o terá movido a defender essa postura. alguém lamentava um certo anacronismo nas análises que fazemos. eu também.
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Joao Cabrita Interessante como académicos esforçam-se por ter um pé em campo - para o que der e vier. Alguém lamentava uma certa ambiguidade nas análises que fazem. Eu também.
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