Elvino Dias
Historiadores Eusébio A. P. Gwembe e Egidio Vaz em que contexto foi tirada esta foto? Foi durante a Guerra dos 16 anos ou na Luta de Libertação Nacional? Estamos cansados de ler aldrabices nos livros. Só vocês para nos esclarecer.
Nb. Grande Eusébio, Parabéns pelas recentes publicações sobre a nossa história. Precisamos de conhecer o nosso passado.
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Eusébio A. P. Gwembe Elvino Dias, das investigações que fiz em torno da foto ficou claro para mim que esta foi tirada provavelmente entre 25 e 29 de Março de 1979, nas matas da Gorongosa. O contexto era muito complicado. O regime de Maputo tentava acusar a Rodesia pelos ataques da Renamo o que “desagradava o comandante André” e para fazer o desmentido, “Matsangaissa e Daniel Lacerda Caetano organizaram o bem-sucedido ataque aos depósitos de combustível da Munhava, ocorrido num fim-de-semana, 23 de Março”. Estou a citar trechos de meus rascunhos. A seguir ao ataque, Roberto Chitanga, assumindo-se como porta-voz da Resistência, fez uma ligação a um Jornalista (não sei se foi da mesma agência noticiosa) assumindo o ataque, “we caused Beira Fire” Rand Daily de 25 de Março; ao mesmo tempo que as autoridades rodesiadas, quando questionadas pelo Daily Mail, davam a simples resposta: “is news for us” em sinal claro de que estavam a margem da situação. Depois deste ataque, a imprensa da Direita passou a interessar-se pelo André Matsangaissa e foi neste contexto que lhe sacaram a foto.
O cruzamento de fontes permite decifrar que a Renamo e o regime de Ian Smith eram coisas distintas que atacavam o mesmo alvo: o governo moçambicano. Porem, esta realidade não era publicamente reconhecida pelo regime de Maputo até a altura destes acontecimentos. O resultado foi devastador: 10 depósitos completamente destruídos, 17 atingidos com balas (das tropas governamentais que disparavam indiscriminadamente), 18 militares mortos, 37 horas de chamas e 100.000. contos de prejuízos. O governo pediu apoio do regime do Apartheid que enviou (ironicamente) um grupo de seis bombeiros que estavam na Rodesia (não faria sentido pedir ajuda do atacante, não é?). O grupo foi liderado por Rodney Camps. Com seus equipamentos cuja lista tenho algures, conseguiram extinguir as chamas. Estranhamente, foram obrigados a assinar o relatório que acusava a Rodesia de ter sido autor do ataque. Quando o grupo regressou a Rodesia, Rodney fez a famosa declaração: “Assinei o papel porque não queria colocar os meus homens em perigo”. O Daily Telegraph, London, 27 March 1979 traz algumas informações sobre este episódio. A seguir, Chissano fez relatório a ONU. Nele, Chissano conseguiu separar a Rodesia, embora com pouca clareza e pedia que a ONU desse ao pais 62 milhões de Dólares porque estava sendo alvo de agressão por estar a cumprir com o mandato da ONU, acerca de sanções.
AS REVELAÇÕES DE EUSÉBIO GWEMBE SOBRE ALGUNS EVENTOS HISTÓRICOS DESAFIAM A QUALQUER ESPECILIASTA EM HISTORIOGRAFIA MOÇAMBICANA(em particular)
A dado passo, o Historiador Eusébio Gwembe (foto 1) respondendo à inquietação do "curioso" Elvino Dias (foto 2) em 23/12/2016, diz e cito:
"(...) o cruzamento de fontes permite decifrar que a Renamo e o regime de Ian Smith eram coisas distintas que atacavam o mesmo alvo: o governo moçambicano. Porém, esta realidade não era publicamente reconhecida pelo regime de Maputo (...)".
GWEMBE,
a) Será ou não verdade que a Renamo terá sido usada e ou instrumentalizada pelo regime de Ian Smith (Apartheid em adicção) para desistruturar o país com a Frelimo incluída?
b) Quando falas de "Regime de Maputo" no teu "texto-resposta" à preocupação do Elvino Dias, referes-te ao Governo da Frelimo? Se sim, por quê tal/assim se o Governo que se constitui no período transitório (1974?/vale para o pós) é nacionalmente representativo?
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Historiador que igualmente sou, com Gwembe, vejo-me um eterno aluno. Há coisas que ele vem escrevendo, sobre as quais não aprendi nos meus intensos 4 anos de Licenc. em História (2004-2008)! Obrigado pelo tempo que tomar-te-ei!
Historiador que igualmente sou, com Gwembe, vejo-me um eterno aluno. Há coisas que ele vem escrevendo, sobre as quais não aprendi nos meus intensos 4 anos de Licenc. em História (2004-2008)! Obrigado pelo tempo que tomar-te-ei!
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