Os EUA estão dispostos a tomar medidas de caráter diplomático, econômico e militar para assegurar que a Rússia não irá obter vantagens significativas ao violar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio. Isso mesmo foi anunciado pela subsecretária de Estado dos EUA Rose Gottemoeller em audições do Congresso.
No entanto, não foram registrados fatos que provem a violação do Tratado INF pela Rússia, a própria possibilidade de ocorrer um incumprimento do Tratado por parte da Rússia serve de fundamento para o Departamento de Estado dos EUA discutir as formas de pressão, diz o perito militar Viktor Murakhovsky:
“Os EUA consideram como violação do Tratado INF a entrada ao serviço da Rússia do sistema tático operacional Iskander-M, que pode lançar tanto mísseis balístico de alcance até 280 km, como mísseis de cruzeiro R-500 com alcance oficial de cerca de 480 km. Os norte-americanos consideram que esses mísseis de cruzeiro podem atingir mais de 500 km de alcance. Apesar de a Rússia ter apresentado aos EUA todas as especificações oficiais desse tipo de arma. Eles não saem fora do âmbito do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio.”
Essa questão nem sequer teria surgido se o Ocidente tivesse concordado em colaborar com a Rússia de forma construtiva na área da segurança. Em 2010, na cúpula do Conselho da OTAN-Rússia, Moscou propôs a construção de um sistema único de defesa antimísseis na Europa. Mas os países da OTAN recusaram e preferiram a variante norte-americana da EuroDAM. Assim, junto às fronteiras da Rússia surgiram novos sistemas militares. A resposta da Rússia, através do estacionamento de lançadores Iskander provocou uma reação nervosa por parte do Ocidente e os antimísseis usados pelos Iskander serviram de pretexto para ele acusar a Rússia de violação do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio.
Contudo, são precisamente os EUA que contornam gravemente o Tratado INF, refere o perito militar Viktor Murakhovsky:
“Os norte-americanos possuem veículos aéreos não-tripulados com armas de ataque, os quais representam, de fato, mísseis de cruzeiro. Seu alcance está precisamente fora dos limites impostos pelo Tratado: há modelos com 700 km e outros com 1200 km.”
Mas as autoridades norte-americanas não reparam em suas próprias violações, como é seu hábito. Eles só se preocupam com o fato de Moscou poder realmente sair do Tratado. Já há muito tempo que se prolongam as discussões entre peritos a esse respeito.
Esse Tratado foi assinado pelos presidentes da URSS e dos EUA Mikhail Gorbachev e Ronald Reagan em 1987. Os participantes do Tratado se comprometeram a não fabricar, não testar e a não estacionar mísseis balísticos e de cruzeiro de baseamento terrestre de médio (de 1000 a 5500 quilômetros) e curto (de 500 a 1000 quilômetros) alcance. Mas nos últimos anos a correlação de forças no mundo se modificou e hoje o Tratado já não corresponde aos interesses de segurança da Rússia, considera o perito militar Mikhail Khodarenok:
“O Tratado diverge radicalmente dos interesses geopolíticos e geoestratégicos da Rússia. Os EUA não precisam de mísseis dessa classe, porque eles estão separados dos principais teatros de operações militares por dois oceanos. Já a Rússia tem uma necessidade extrema dessa classe de armas. A situação consiste em que a Rússia está proibida pelo Tratado de ter esses mísseis. Contudo, a Índia pode ter, o Paquistão também, o Irã está desenvolvendo aceleradamente programas que abrangem mísseis dessa classe. A China também tem mísseis desses.
“Nesse contexto, o Tratado deixou de corresponder aos interesses nacionais da Rússia. Denunciar esse Tratado é uma questão para os tempos mais próximos. Pode ser feito o mesmo que fizeram os estadunidenses na altura com o Tratado Antimísseis Balísticos de 1972: saíram unilateralmente e mais nada.”
As consultas entre a Rússia e os EUA sobre o Tratado INF foram realizadas a 11 de setembro de 2014 em Moscou. Ambas as partes saíram insatisfeitas com as respostas uns dos outros. Mas, segundo referiu o MRE da Rússia, por enquanto não se fala do recomeço das consultas sobre o tema.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_12_11/EUA-tencionam-obrigar-R-ssia-a-cumprir-Tratado-de-destrui-o-de-m-sseis-7789/
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