quarta-feira, 5 de novembro de 2014

o prefeito de Iguala e sua mulher foram presos


Foragidos, prefeito de Iguala e mulher são presos no México

Os dois estavam escondidos em uma casa simples de um dos bairros mais pobres da capital mexicana

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RIO — Após mais de um mês fugidos, o prefeito de Iguala, José Luis Abarca, e sua mulher, María de los Ángeles Pineda, foram presos nesta terça-feira, num bairro pobre no subúrbio da capital mexicana. Os dois são acusados pela Procuradoria-Geral da República de serem os responsáveis pelo assassinato de seis pessoas e pelo desaparecimento de 43 estudantes de uma faculdade rural de magistério no dia 26 de setembro, após ação conjunta da polícia e de narcotraficantes do grupo Guerreros Unidos. Os estudantes participariam de protestos em Iguala. Abarca e a mulher seriam os mentores do crime.
O sequestro causou uma comoção nacional, derrubou o governador do estado de Guerrero, Ángel Aguirre, e pôs o governo do presidente Enrique Peña Nieto sob forte crítica dentro e fora do país por sua incapacidade de controlar a violência.
O prefeito e sua mulher foram presos de madrugada numa casa humilde em Iztapalapa, considerada uma das zonas mais pobres da Cidade do México. As autoridades chegaram até o casal através da proprietária da casa em que eles estavam. O casal foi encaminhado para a subprocuradoria especializada em investigação do crime organizado, onde foi interrogado.
LIGAÇÃO COM O CARTEL
Em entrevista por telefone ao GLOBO, o advogado dos pais das vítimas, Vidulfo Rosales Sierra, disse que vai se encontrar na quarta-feira com o procurador Jesús Murillo Karam.
— Estou a caminho da Cidade do México para saber como foram os depoimentos do prefeito e sua mulher — disse Sierra, entusiasmado. — As investigações finalmente estão avançando.
O novo governador interino de Guerrero, Rogelio Ortega, disse que “a captura representa a possibilidade de encontrar pistas substanciais” sobre o que ocorreu com os jovens desaparecidos.
“Abarca e sua esposa eram os principais responsáveis por ter uma polícia infiltrada pelo crime organizado. Tenho certeza que conhecem quem são os principais dirigentes e onde estão escondidos”, acrescentou Ortega.
Dois dias depois do desaparecimento dos estudantes, o prefeito pediu licença e sumiu com sua mulher, o que levantou suspeitas da Procuradoria-Geral da República. Nos primeiros dias das investigações, veio à tona um relatório da Inteligência mexicana que ligava María de los Ángeles e sua família ao cartel Guerreros Unidos, que atua em Iguala. Dois irmãos da mulher do prefeito teriam trabalhado para o cartel Beltrán Leyva e foram executados em 2009. Um outro irmão está preso por narcotráfico e é acusado de ser um dos comandantes dos Guerreros Unidos. Já a sogra do prefeito é apontada pelos serviços de Inteligência como laranja do narcotráfico.
Criminosos presos recentemente — desde o desaparecimento, mais de 50 pessoas foram detidas acusadas de envolvimento com o sequestro e 11 valas comuns foram encontradas — disseram que Maria de los Ángeles seria a principal operadora do grupo Guerreros Unidos.
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PROCESSOS ARQUIVADOS
Abarca já foi acusado de matar três adversários políticos — e mesmo com o testemunho de um motorista que sobreviveu para contar como foi alvo de uma tentativa de assassinato, teve os processos arquivados, como muitos outros no México.
Mas a ascensão meteórica de Abarca sempre chamou atenção. Ele estreou na política em 2012, com o apoio de um ex-senador do PRD e, mesmo sem experiência, ganhou as eleições em Iguala, cidade com 130 mil habitantes e enclave estratégico para narcotraficantes. Maria de los Ángeles dirigia um organismo municipal de Desenvolvimento Integral da Família e cogitava candidatar-se à prefeitura em 2015.


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