A chegada dos tanques à Europa Central e de Leste é esperada já nos próximos meses. Segundo o comandante do Exército dos EUA na Europa, o tenente-general Ben Hodges, em 2015 serão colocados na Europa cerca de 150 veículos blindados. Nas palavras do general, cerca de 50 unidades já foram transferidas e outros 100 tanques M1 Abrams e veículos de combate de infantaria Bradley seguirão.
A geografia específica de localização dos “bens” tão necessárias para a Europa de hoje “em crise” ainda não foi anunciada, mas o apetite do Pentágono é bem sério. Além da Alemanha, os tanques podem ser colocados num arco desde o Báltico até ao mar Negro: nos países bálticos, na Polônia, na Romênia e na Bulgária.
A operação de sua transferência será realizada no âmbito dos exercícios Atlantic Resolve, que devem durar todo o ano de 2015. Mas a artimanha dos norte-americanos consiste em que, após a conclusão dos jogos de guerra, os soldados da OTAN irão regressar aos seus locais de aquartelamento permanente, incluindo os EUA, mas os tanques ficarão. Ben Hodges já estimou que isso será “mais barato” do que transportar os veículos blindados norte-americanos de volta através do Atlântico.
O principal objetivo da Aliança é a “defesa coletiva em caso de um ataque externo”. No entanto, os líderes da OTAN, ao que parece, cansaram-se de esperar por um ataque externo e decidiram usar a crise na Ucrânia a fim de reforçar a componente militar das atividades do bloco. A eles nem sequer lhes importa que a crise ucraniana não encaixe de forma alguma na categoria de ameaça externa à OTAN porque ninguém lá tenciona atacar a Hungria, a Eslováquia ou a Polônia.
No entanto, os próprios líderes militares dos EUA e da OTAN negam de todas as formas qualquer relação entre a colocação de uma centena e meia de tanques norte-americanos na Europa do Leste e o desejo de jogar a “carta ucraniana” antirrussa. A porta-voz do Pentágono, Alayne Conway, fala apenas de encontrar “a melhor maneira de apoiar” a operação Atlantic Resolve, e entre os tipos de veículos colocados menciona até mesmo caminhões.
A escalada da histeria militar por parte do Ocidente não só prejudica os resultados da cooperação com a Rússia acumulados ao longo da última década, mas também pode ter consequências verdadeiramente fatais para o mundo inteiro. Pois enquanto os generais norte-americanos descontinuam a cooperação com Moscou e apontam os canhões de tanques na Europa do Leste contra imaginárias divisões russas, verdadeiros terroristas se preparam para ataques reais e não imaginários. E neste contexto, a ameaça mais perigosa deve ser considerado o terrorismo nuclear, para combater o qual a OTAN e a Rússia, o Ocidente e o Oriente devem se unir, disse em entrevista à agência Rossiya Segodnya o perito militar, major-general Vladimir Dvorkin:
“O terrorismo nuclear de hoje é um fenômeno muito perigoso e diversificado. A maior ameaça neste sentido é a explosão de um dispositivo nuclear improvisado. Isso pode dar o mesmo efeito que as explosões das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, que levaram centenas de milhares de vidas”.
A ameaça constantemente crescente do terrorismo internacional, ao que parecia, tornou não apenas possível, mas também necessária a cooperação militar e política entre a Rússia e a OTAN. No entanto, parece que hoje as capitais ocidentais decidiram novamente olhar para a Rússia através da mira de um tanque, ignorando os verdadeiros – e não imaginários – desafios e ameaças globais.
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