Críticas ao processo eleitoral endurecidas a cada dia que passa
- Acusando o CC de ser uma “secção” da Frelimo, o líder da Renamo confessa que não espera novidades do órgão constitucional
Depois de um momento pré-eleitoral bastante calmo e com um discurso reconciliador, o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, retomou no início desta SEMANA um discurso que começa a fugir do carácter pacifista que vinha demonstrado nos últimos dias.
Politicamente, os actuais discursos daquele que é considerado um verdadeiro “sobrevivente político”, são entendidos como uma pressão forte ao Conselho Constitucional (CC), órgão a quem cabe validar ou não os RESULTADOS eleitorais de 15 de Outubro passado. A pressão, entendem alguns analistas, não vai só para o Conselho Constitucional, mas também para o governo de Armando Guebuza, que continua a manter uma delegação na mesa de diálogo com a Renamo.
Não é por acaso que a bancada parlamentar do MDM acabou pedindo, na abertura da V extraordinária da AR, que o ponto relativo ao “governo de gestão” foi necessariamente discutido na Assembleia da República da 24 de Julho e não no “parlamento paralelo” da Miramar (Centro de Conferências Joaquim Chissano).
É que acredita-se que com o ACTUAL nível de pressão discursiva, o governo seja mesmo obrigado, nalgum momento, a fazer novas concessões à Renamo, mas não necessariamente em termos de formação de um “governo de gestão”, segundo a modalidade proposta por Dhlakama e Renamo.
No comício popular que teve lugar no bairro Maquinino, na cidade da Beira, o líder da Renamo, interrompido dezenas de vezes por uma multidão barulhenta, prometeu de forma literal, promover manifestações à escala nacional caso o assunto eleitoral não seja negociado.
Dhlakama CONTINUA a entender que o processo foi ganho por si e pelo seu partido, daí que exige a formação de um “governo de gestão”, anulando por completo, a votação de 15 de Outubro. Outra saída, na óptica de Dhlakama, é a recontagem de votos e a apresentação pelos órgãos eleitorais de todos os editais de contagem das mais de 14 mil mesas que funcionaram no dia 15 de Outubro.
“Se a Frelimo não acabar com a fantochada do Conselho Constitucional, vamos fazer revolução ou manifestação à escala nacional. Chega desta fantochada do CC que, na verdade, é um SECTOR criado pelo partido Frelimo” – disse Dhlakama, para quem, o CC não pode ser nem tão pouco confiável tendo em conta as suas ligações umbilicais com o partido Frelimo.
Colocando sempre FORA de questão a via armada, Dhlakama voltou a apontar o povo como entidade que vai encontrar solução para o actual problema.
“Em nome de todos os moçambicanos juntos, vamos despartidarizar o Estado. E digo mais, a Frelimo jamais formará um governo com base nosRESULTADOS eleitorais” – disse, jurando até em nome da sua mãe que, em nenhum momento, iria aceitar que “os que roubaram votos governem aqueles que de facto ganharam”.
Diante de gritarias que não paravam, Dhlakama continuou com o seu discurso mostrando o conhecimento profundo que tem do território nacional.
“Esse é um desafio de um político de mão cheia. Não sou político de meia tigela. Conheço Moçambique, sei o que aconteceu. Por isso chega” – determinou.
Na mesma ocasião, Dhlakama disse que já sabe que o Conselho Constitucional não vai dizer coisa diferente da que disse a Comissão Nacional de Eleições, mas não vai permitir que isso aconteça.
“O Conselho Constitucional é uma secção do partido Frelimo. É uma secção que está ao serviço do Comité CENTRAL da Frelimo, por isso, Alfredo Gamito, presidente do CC, não vai desobedecer a Guebuza. Aliás, se tentar desobedecer, Guebuza vai mandar rapta-lo ou então vai levar um tiro de AKM na testa” – avançou Dhlakama, demonstrando que não espera nada diferente por parte do CC.(Constantino André e redacção)
MEDIA FAX – 28.11.2014
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