Entretanto, a probabilidade de serem responsabilizados os principais culpados da tragédia ucraniana, que são as atuais autoridades de Kiev, é pequena, dizem os peritos.
O principal “herói” do relatório dos ativistas dos direitos humanos é o batalhão Aidar. Segundo referiu o Ministério das Relações Exteriores russo, os fatos desmascaram a imagem patriótica dos “voluntários do Maidan” que Kiev tenta implantar nas mentes dos ucranianos. Junto dos habitantes das regiões ucranianas esse batalhão Aidar ganhou má fama por suas atrocidades e banditismo descarado.
Os fatos recolhidos pelos ativistas abrangem apenas uma pequena parte dos crimes, referiu o vice-diretor do programa da Anistia Internacional para a Europa e Ásia Central Denis Krivosheev:
“Nós falámos dos crimes dos chamados “batalhões de voluntários”. Eles são acusados de sequestros, detenções ilegais, roubos e chantagem, tortura de pessoas que, na opinião dos membros desses batalhões, teriam antes apoiado os separatistas. Tudo isso acontece em contexto de guerra, não é simples viajar para o local e investigar tudo pessoalmente. Nós temos colaboradores que monitorizam uma área muito pequena em que as pessoas ainda não se esqueceram dos combates ocorridos, e onde “trabalha” precisamente um desses batalhões. Seus combatentes tomam como prisioneiros os habitantes locais que alegadamente teriam colaborado com os separatistas.”
O início da investigação do processo dos crimes de guerra dos batalhões privados foi anunciado pelo procurador-geral da Ucrânia Vitali Yarema depois de o premiê Yatsenyuk ter prometido ao secretário-geral da Anistia Internacional Salil Shetty que iria investigar o comportamento dos combatentes do Aidar.
Só à primeira vista é que essa mudança parece ser surpreendente. Os defensores dos direitos humanos, neste caso, até fizeram uma espécie de favor a Kiev. O conflito entre os militares e as unidades financiadas por oligarcas se tem agravado há muito tempo. Ainda na primavera o Ministério do Interior abateu Alexander Muzychko, correligionário do líder do Setor de Direita Dmitri Yarosh. Agora, depois da recente derrota das tropas, da Guarda Nacional e dos batalhões punitivos pelo exército da Novorossiya, os líderes dos batalhões ameaçam Kiev cada vez mais com um novo Maidan.
É possível que os combatentes dos batalhões respondam por seus crimes. Isso se Kiev tiver forças para dominar o gênio que liberou da garrafa: os batalhões estão bastante decididos e estão mais bem equipados que o exército regular. Mas será possível julgar seus principais autores – aqueles que deram a ordem criminosa para o início da operação punitiva?
Segundo dados da ONU, durante os combates no sudeste da ucrânia morreram cerca de 3 mil pessoas. Entretanto os ativistas da Human Rights Watch registraram os fatos da utilização de bombas de fósforo e de sistemas Grad contra a população civil. Contudo, não será fácil punir internacionalmente as autoridades de Kiev, considera o ativista russo de direitos humanos Mikhail Salkin:
“O problema é que a Ucrânia não faz parte do Tribunal Penal Internacional, ela não assinou o Estatuto de Roma. Por isso, a comunidade internacional não os pode julgar por crimes contra a humanidade. Sem dúvida que na própria Ucrânia poderão ser abertos processos criminais contra seus dirigentes. Mas neste momento isso é irrealista – que sejam condenados o presidente ou o premiê que deram ordens para o bombardeio de civis.”
Estes crimes, porém, não podem ficar impunes. Tarde ou cedo terão de ser julgados tanto os executantes, como aqueles que davam ordens, diz o deputado da Suprema Rada da Ucrânia Alexander Golub:
“Além disso, essa responsabilidade será tanto legal, como criminal. Nós percebemos perfeitamente que isso só será possível depois da mudança do atual regime político de Kiev. No próximo meio ano isso será talvez impossível. Se bem que, olhando para um futuro não muito longínquo, muitas pessoas na Ucrânia têm uma perfeita noção do valor dessas pessoas e do valor dos slogans pelos quais eles combateram.”
Sem dúvida que o dia em que todos os culpados irão enfrentar a corte não será amanhã, continua o deputado. Mas algo sugere que todos eles terão caras conhecidas. Claro que eles dificilmente terão seus patronos sentados ao seu lado. Mas todos eles ficarão nos livros de história. E não serão apresentados como heróis de um movimento de liberação.
A esperança de um castigo justo também é alimentada por as organizações internacionais de direitos humanos terem de repente “aberto os olhos”, começando a encontrar confirmações dos atos criminosos das forças de Kiev. Com essa evolução poderá acontecer que os protetores ocidentais do poder de Kiev tenham também de o reconhecer.
1 comentário:
Amnistia Internacional falou em crimes "alegados" e disse que "os mesmos foram cometidos pelas milícias pró-russas", mas nada disso foi dito no artigo. Resumo: propaganda anti-ucraniana...
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