quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Eleições na Ucrânia: mais uma grande revolução de outubro? - Notícias - Internacional - Voz da Rússia

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Todos os principais partidos da Ucrânia já elaboraram suas listas de candidatos ao parlamento nacional (Suprema Rada). As eleições extraordinárias serão realizadas em 26 de outubro.

Na vanguarda da corrida ao parlamento estão participantes de combates no Sudeste do país e ativistas do movimento Maidan. O parlamento promete tornar-se de direita e extremamente nacionalista.
Mas a campanha eleitoral já conseguiu opor correligionários apoiantes do Maidan. Eles não apenas se recusaram a criar blocos unidos, mas conseguiram brigar com seus ex-aliados e agora estão dispostos a esmagar os oponentes por todos os meios possíveis.
Dada a vida turbulenta da Ucrânia nos últimos meses, a campanha, logicamente, deveria, no mínimo, estar trovejando por todo o país. Mas em vez disso, os campos de batalha eleitorais estão em silêncio, como se o resultado fosse conhecido de antemão. A batalha transferiu-se para os campos das agências de classificação.
O mais recente Bloco de Piotr Poroshenko, o presidencial, classifica-se consistentemente em primeiro lugar nas sondagens. Atribuem-lhe (dependendo do dono da empresa que realizou o estudo) entre 25 e 37 por cento dos votos. O próprio Poroshenko é dono de uma grande parte da mídia eletrônica ucraniana e de uma estação de televisão.
Em princípio, nas próximas eleições se repetirá o cenário da eleição de Poroshenko a presidência do país, quando não havia nenhuma concorrência real nem mesmo campanha eleitoral, houve apenas classificações, acredita o deputado da Suprema Rada da Ucrânia Alexander Golub:
“Esta campanha não tem nada a ver com eleições livres e democráticas. As regiões de Donetsk e Lugansk, com uma população de cerca de 7 milhões de pessoas, cerca de 2,5 milhões de eleitores, um sexto da Ucrânia, não irão votar. Em 40 regiões é impossível realizar eleições de todo. E naquelas partes do Sudeste que estão ocupadas pelas tropas de Kiev, as eleições serão falsificadas”.
No novo parlamento, o número de deputados verdadeiramente independentes será tão insignificante que simplesmente não os vão deixar trabalhar. E dado o gosto bem conhecido do atual parlamento por brigas e quezílias, acredita Alexander Golub, o novo parlamento não vai durar mais de um ano.
Quem mais precisa da vitória do bloco pró-presidencial é o próprio Poroshenko, que não tem nenhum apoio real no parlamento, e também aqueles que ainda acreditam na possibilidade de alcançar a paz e a tranquilidade na Ucrânia. Pois foi justamente Poroshenko que concordou com o plano de resolução pacífica em Donbass e está disposto a começar negociações com a Novorossiya.
Isso pode explicar a popularidade de seu bloco: os ucranianos estão cansados de guerra, supõe o diretor-geral do Conselho russo de Assuntos Internacionais Andrei Kortunov:
“Independentemente de como correrem as eleições para a Rada e de que partido ficará no poder, haverá a obrigação de implementar o plano que Poroshenko propôs. E se o conflito for prolongado, o tempo vai jogar contra Kiev. No leste vai continuar o processo de consolidação da soberania. Independentemente da vontade ou relutância de Moscou. Serão fixadas posições de negociação cada vez mais renhidas. Para preservar a Ucrânia o diálogo deve começar agora”.
Em segundo e terceiro lugares, segundo pesquisas de opinião, estão o Partido Radical de Oleg Lyashko e o Pátria (Batkivschina) da ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko. A eles atribuem 14-20 por cento dos votos. Por enquanto, a Frente Popular dos antigos “cavaleiros de Tymoshenko” que abandonaram sua “princesa do gás” (o premiê Yatsenyuk, o presidente do parlamento Alexander Turchinov, e o ministro do Interior Arsen Avakov) está um pouco atrás deles.
Pelo quarto-quinto lugar está lutando o partido nacionalista Svoboda (Liberdade) de Oleg Tyagnibok. A seguir, estão aqueles que esperam apenas superar a barreira de 5 por cento. A Ucrânia Forte do empresário Serguei Tigipko, de entre uma meia dúzia de partidos moderados.
As chances da oposição de ganhar lugares no parlamento são bem pequenas, acredita o editor-chefe do jornal Kievsky Telegraf, o analista político ucraniano Vladimir Skachko:
“Talvez, em alguns distritos, apesar da pressão, sejam eleitos deputados que representam forças de esquerda não nacionalistas. Mas em geral, na Ucrânia já foi concluída a limpeza dos segmentos pró-russo e de esquerda. Há uma grande probabilidade de que o cisma político interno na Ucrânia se venha a aprofundar”.
Segundo as previsões de analistas ucranianos, o novo parlamento vai se deparar com uma diarquia de partidos no poder: a Frente Popular de Yatsenyuk e o Bloco de Piotr Poroshenko. A base real da “frente” não são nem de perto os “comandantes” de batalhões de voluntários da operação antiterrorista, mas uma camada ministerial-governadora encabeçada por Yatsenyuk. Com tais recursos administrativos o premiê dificilmente perderá. Tudo vai depender das forças com quem os “veteranos de guerra” e Poroshenko conseguirem formar uma coalizão. Em qualquer caso, o novo parlamento não vai trazer estabilidade à Ucrânia.

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