A atual doutrina militar foi adotada em 2010. Desde então, mudou a situação política e militar no mundo, surgiram novas ameaças externas à Rússia. Uma delas é a aproximação da infraestrutura militar da OTAN às fronteiras da Rússia, a expansão do bloco para leste. Recentemente, está se tornando cada vez mais acentuada a tendência dos Estados Unidos e países da OTAN a aumentarem seu potencial de ofensiva estratégica. Primeiramente através do desenvolvimento de um sistema de defesa antimíssil global, da criação de armas hipersônicas e de novos conceitos de uso de tropas e forças.
Ameaças militares à Rússia emergiram também nos acontecimentos da Primavera Árabe, no conflito armado na Síria, na situação na Ucrânia e em torno dela. Estes desafios sugerem que a doutrina militar atual precisa ser esclarecida, acredita o perito do Instituto russo de Estudos Estratégicos Adzhar Kurtov:
“Surgiu uma necessidade urgente de ajustar a nossa doutrina militar, talvez excessivamente otimista e pacífica para estas circunstâncias. Nós já estamos enfrentando ameaças diretas de uso de força militar, de modo que, provavelmente, isso deve ser refletido nos documentos diretivos”.
O docente da faculdade de política mundial da Universidade Estatal de Moscou, Anatoli Tsyganok, acredita que a crescente ameaça à segurança da Rússia por parte da OTAN deve ser refletida em primeiro lugar no novo documento:
“Antes, a doutrina militar declarava vagamente que a OTAN é o inimigo da Rússia, embora a OTAN não fosse diretamente mencionada. Agora temos que definir claramente que a OTAN ameaça a segurança da Rússia. Atualmente, a OTAN está criando quatro bases militares na Europa para colocar pressão sobre a Rússia. A doutrina militar modificada deve responder a isso e definir as intenções da Rússia”.
Perante a crescente ameaça por parte da OTAN, a Rússia precisa reforçar as relações, inclusive na esfera militar, com os países BRICS, com parceiros na América Latina, Cuba, Argentina, todos aqueles que hoje realmente receiam a expansão dos Estados Unidos. Assim acredita o veterano do Serviço de Inteligência Externa, membro do comitê parlamentar para assuntos externos Igor Morozov. Ele também acredita que a nova doutrina militar da Rússia deve ter em conta também a ameaça representada pelo sistema de ataque global com armas de precisão que possuem os Estados Unidos e a OTAN.
A atual doutrina militar da Rússia define os objetivos e tarefas das Forças Armadas numa guerra em grande escala, em conflitos armados locais e em operações de paz. O documento, em particular, estabelece o direito da Rússia à aplicação de retaliação nuclear em caso de uma invasão militar de seu território em larga escala.
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