Foto: AP/Christian Lutz
Divergências em resultado da aplicação de sanções contra a Rússia mostram patentemente a fraqueza da unidade europeia. Até parece às vezes que essa unidade não existe. Cada vez mais políticos e observadores da Europa Ocidental afirmam que a União Europeia se aproximou da beira de ruína.
Mas tudo começava de boas e razoáveis intenções – da união dos recursos europeus de extração de carvão e de produção de aço em 1951. Lembrado que a luta por esses recursos no passado levava reiteradamente a guerras sangrentas. A união da Europa decorria com um objetivo de acelerar o desenvolvimento econômico e de não admitir conflitos militares.
Mas, com o passar do tempo, a Europa unificada passou a mudar seu caráter. Pouco a pouco, o enorme aparelho administrativo tornava-se mais e mais burocratizado. Ritt Bjerregaard, política dinamarquesa, que durante um tempo desempenhava funções de comissária da União Europeia, pretendia descrever esse fenômeno em seu livro que, já escrito, não veio ao mundo (apareceu apenas sua variante de imprensa), porque a autora foi submetida a uma pressão política extraordinária.
O burocratismo, o carreirismo e outros fatores negativos transformaram gradualmente a União Europeia da comunidade de Estados iguais em direitos numa estrutura hierárquica, do que falou muito bem Emmanuel Todd, historiador francês, ao participar há dias no programa televisivo Deadline. Em suas palavras, países europeus, inicialmente, concentravam-se ao que parece em torno da Alemanha e França que ocupavam um local embora central, mas equitativo em relação aos outros. Agora, na estrutura hierárquica, estes países encontram-se no topo da “pirâmide de poder” por cima de tais países com a Grécia, Romênia, Bulgária…
Tal posição, naturalmente, provoca desconfiança, descontentamento e até inimizade nas relações entre os membros da União Europeia. Não é segredo que os países que estão em baixo da “pirâmide”, sentem hostilidade nomeadamente em relação à Alemanha e não à Rússia, acusada por líderes da União Europeia de todos os pecados mortais.
Tudo isso transforma a União Europeia de uma organização convocada a garantir a paz e o desenvolvimento sustentável num foco de tensão. Nesse contexto, é sobretudo perigosa a cisão entre o grupo dirigente dos membros da União Europeia e a própria população que considera que o cume não leva em conta nem os interesses de amplas massas, nem os dos círculos empresariais, contribuindo para que um país concreto se torne cada vez menos independente. Tal descontentamento foi revelado, por exemplo, em Dresden, onde os manifestantes recolheram a chanceler Angela Merkel com cartazes: “Incendiária de guerra!” e “Não à guerra com a Rússia!”.
E agora voltaremos à pergunta, se a Europa precisa da União Europeia? A resposta é evidente: de modo nenhum.
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