A escala das operações realizadas pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) está ganhando proporções assustadoras. Segundo os dados mais recentes facultados pelos serviços de inteligência dos EUA e divulgados pelo diretor do Centro Nacional Antiterrorista (CNA), Matthew Olsen, este movimento terrorista passou a controlar uma parte do território iraquiano maior a 200 mil quilômetros quadrados, equiparado, pelo seu tamanho, ao da Grã-Bretanha. Para o efeito, o Estado Islâmico havia armado e equipado um exército de 10 mil combatentes que mantém sob seu controle uma considerável parte do litoral dos rios Tigre e Eufrates no Iraque. Segundo avaliações dos EUA, os islamitas faturam ao dia um milhão de dólares à custa de tráfico ilícito de petróleo, contrabando e extorsão.
O CNA faz parte da administração do diretor dos serviços de inteligência dos EUA, coordenando a atividade de 17 departamentos congéneres. Por isso, dá conta daquilo que afirma. Por ironia de destino, os EUA têm de lutar no Iraque contra os elementos que eles próprios haviam criado. Foi a CIA que, em 1984, tinha financiado, em Peshawar paquistanês, um grupo de mercenários designado Maktab-al-Hidamat, destinado para a luta contra as tropas soviéticas no Afeganistão. Um dos seus dirigentes era Osama Bin Laden. Em 1989 o grupo se desfez, tendo uma parte dele passado para o lado da Al-Qaeda.
O Estado Islâmico, por sua vez, recorda o analista do Instituto dos EUA e do Canadá, Alexander Shumilin, se formou aproximadamente há dez anos no território iraquiano, tendo então o nome de Al-Qaeda da Mesopotâmia. Os combatentes do Estado Islâmico eram tão cruéis que a eles voltou as costas a maioria dos sunitas iraquianos e a organização foi expulsa do Iraque:
“Por essa altura, “aconteceram” os acontecimentos na Síria. O Estado Islâmico veio participar, ganhando mais força e, a partir da Síria, retomou suas incursões para o Iraque. O objetivo era ocupar uma parte do Iraque e criar ali um califado autônomo”.
Ora, o surgimento do EI faz parte de uma enorme “extorsão política” praticada por Washington, considera o presidente da Academia de Problemas Geopolíticos, Konstantin Sivkov:
“Para assegurar a sua assistência à Europa, impor o seu patrocínio e a defesa a outras regiões, os EUA se propõem a efetuar quaisquer provocações, fraudes, maquinações, formando até grupos terroristas em determinados países. A envergadura da operação do EIIL na altura em que na Europa reside um grande número de islamitas irá fortalecer a influência dos EUA no Velho Mundo. A Europa não poderá sozinha combater o EIIL”.
Se levar em conta que a Al-Qaeda foi um produto norte-americano que saiu do seu controle, então o EI é um seu derivado, reputa o professor catedrático da Universidade Estatal de Moscou, Andrei Manoilo: “Na região vai pegando fogo tudo que alguma vez foi tocado pelos EUA. O pior é que os EUA se declaram pela luta contra o terrorismo e o extremismo, mas na realidade cooperam com eles. Para o resto do mundo o perigo está em que os EUA estão levando adiante uma política pragmática, útil apenas para eles. Colocam uma meta e em prol dela se prontificam a provocar o caos dirigido em regiões inteiras. É isso que acontece agora no Oriente Médio: Washington havia formado, educado e financiado grupos islamitas e depois foi embora. Para onde irão agora estes extremistas? Para os EUA? Não, eles irão fazer guerra nos países limítrofes”.
O EI está travando guerra não apenas contra os xiitas. Devido ao apoio do governo legítimo de Bashar Assad, este movimento até lançou ameaças ao presidente russo, Vladimir Putin, dizendo que irá “lutar pelo Cáucaso”. Os neo-conservadores da comitiva de George Bush sênior haviam indicado, repetidas vezes, que para derrubar a Rússia seria melhor agredi-la a partir do sul e do sudeste. De notar que, nessa mesma vertente, se encontram na mira dos EUA tanto o Cáucaso, como a Ucrânia, constituindo ambos o último palco de ação para adeptos da teoria de “caos dirigido”.
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