Em “1994”, Artur Ferreira resgata, de forma única e desembaraçada de qualquer preconceito partidário, a história das primeiras eleições multipartidárias realizadas no país, em 1994. E, diga-se, o expositor fá-lo com uma dose de surpresa, pois traz imagens inéditas de um momento ímpar que continuará gravado na memória colectiva dos moçambicanos.
No dia da sua abertura, 8 do mês em curso, o público lotou o espaço
cultural Joaquim Chissano da Mediateca do BCI para visualizar a
exposição fotográfi ca de Artur Ferreira. O afl uxo de visitantes no
decorrer de todo o período expositivo foi muito expressivo. Ou seja, ao
longo dos nove dias em que a mesma fi cou aberta ao público, pouco mais
de duas centenas de visitantes puderam apreciar as imagens do
fotojornalista português que reside em Moçambique. A exposição mostra
todo o percurso das eleições de 1994.
Desde a campanha eleitoral, passando pelo momento em que os moçambicanos exerciam o seu direito ao voto, até à tomada de posse do presidente eleito Joaquim Chissano. O objectivo da amostra é, diz o expositor, “dar a conhecer aos mais jovens que, há dezasseis anos, as eleições foram marcadas por maior adesão dos eleitores nos comícios apresentados nessa época”. Em cinquenta fotos, Artur Ferreira não só conta a história, tão-pouco revela o seu saudosismo em relação às eleições de 1994.
Pese embora se percebam esses aspectos quando se visualiza a exposição, o fotojornalista não se limitou a fazer um retrato do que as lentes da sua câmara podiam ver. Pelo contrário, exibindo todo seu virtuosismo no universo da fotografi a, ele elucida a sociedade sobre o quão desejado foi aquele processo eleitoral que, diga-se, marcava um ponto de viragem para um Moçambique novo.
Quando se aprecia as fotografi as, ou melhor, ao percorrer-se a exposição de Artur, a primeira reacção pode ser de repulsa, pois, a mesma transmite uma sensação de se estar perante mais uma amostra. Depois vem-nos à cabeça a ideia de que estamos diante de um trabalho de, diga-se, propaganda partidária.
Mas quando nos despimos de preconceitos e deixamo-nos levar pelo ângulo e pela perspectiva em que as fotos foram feitas, podemos surpreender-nos com o humanismo que elas imprimem. Porque a exposição não é só o olhar de um fotógrafo sobre o escrutínio eleitoral ou a sociedade, as objectivas de Artur captaram o outro lado da realidade.
Em suma, “1994” não é apenas mais uma exposição e nem uma soma de fotografias retiradas de um arquivo ou de um álbum de recordações. Porém, a arte daquele fotógrafo leva-nos a refl ectir sobre o que é necessário fazer para conseguir partilhar a história de um país. De forma íntima, o expositor que nasceu no Porto destaca, no seu trabalho, candidatos à Presidente da República dessa época, sobretudo Joaquim Chissano, Afonso Dhlakama, Carlos Reis e Domingos Arouca, e não só.
Aliás, na amostra, os eleitores são as personagens principais da história de “1994”. Cada fotografia que compõe a exposição conta uma história única e peculiar. E o adágio segundo a qual “uma imagens vale mais do que mil palavras” ganha vida nesta amostra. As fotos, por si só, traduzem a emoção e alegria vivida naquele momento.
Quase todas as fotografias sobressaem aos olhos dos visitantes, mas as que mais chamam atenção são a imagem de mulher falando num megafone e com um braço levantado. Numa outra foto, aparece outra mulher carregando uma criança e mostrando o seu dedo indicador marcado pela tinta indelével e o se cartão de eleitor. Outra fotografia conseguida com esmero é a de um homem fazendo a campanha de bicicleta.
Num plano aberto, Artur Ferreira retrata a multidão que superlotava o estádio da Machava - uma imagem equiparada a da noite da proclamação de independência de Moçambique. Num outro plano no mesmo recinto mas do alto da bancada, o fotojornalista traz uma mulher sorrindo. Essas são apenas algumas das cinquenta fotografias sobre a campanha eleitoral, os comícios, os principais intervenientes do processo, os boletins de voto, os eleitores saindo da Assembleias de voto, e tomada de posse do presidente eleito. Artur Ferreira juntou todas diferentes e, ao mesmo tempo, semelhantes numa exposição que denominou “1994”.
Quem é Artur Ferreira?
Nascido no Porto, Portugal, Artur Ferreira iniciou os seus estudos em Angola, onde obteve a sua instrução primária e secundária. Licenciado em Motricidade Humana em Lisboa, frequentou a Universidade do Porto e de Luanda.
Começou a dar os primeiros passos no jornalismo em Angola nas revistas de Notícia e Equipa e no Jornal de Angola, e não parou por ai. Em portugal, Artur fundou a Agência Noticiosa Photosprint e devotou-se ao fotojornalismo. Actualmente, é editor da revista “M de Moçambique”.
O fotojornalista expõe fotografias individualmente desde 1986. A sua primeira foi “Macau I” no Casino Estoril, em 1992, expõe “Angola I” em Lisboa. Um ano mais tarde, Artur apresentou ao público mais um trabalho individual designada “Moçambique I”, na Associação de Fotógrafos Moçambicanos. De 1994 a 2000, expõe um conjunto de 320 fotografias denominada “Por esses Oceanos ao Encontro de Culturas”, na Associação de Fotógrafos Moçambicanos e no Instituto Camões. Também apresentou outra colecção da mesma exposição em São Tomé, Macau e Portugal.
@VERDADE – 20.11.2010
Desde a campanha eleitoral, passando pelo momento em que os moçambicanos exerciam o seu direito ao voto, até à tomada de posse do presidente eleito Joaquim Chissano. O objectivo da amostra é, diz o expositor, “dar a conhecer aos mais jovens que, há dezasseis anos, as eleições foram marcadas por maior adesão dos eleitores nos comícios apresentados nessa época”. Em cinquenta fotos, Artur Ferreira não só conta a história, tão-pouco revela o seu saudosismo em relação às eleições de 1994.
Pese embora se percebam esses aspectos quando se visualiza a exposição, o fotojornalista não se limitou a fazer um retrato do que as lentes da sua câmara podiam ver. Pelo contrário, exibindo todo seu virtuosismo no universo da fotografi a, ele elucida a sociedade sobre o quão desejado foi aquele processo eleitoral que, diga-se, marcava um ponto de viragem para um Moçambique novo.
Quando se aprecia as fotografi as, ou melhor, ao percorrer-se a exposição de Artur, a primeira reacção pode ser de repulsa, pois, a mesma transmite uma sensação de se estar perante mais uma amostra. Depois vem-nos à cabeça a ideia de que estamos diante de um trabalho de, diga-se, propaganda partidária.
Mas quando nos despimos de preconceitos e deixamo-nos levar pelo ângulo e pela perspectiva em que as fotos foram feitas, podemos surpreender-nos com o humanismo que elas imprimem. Porque a exposição não é só o olhar de um fotógrafo sobre o escrutínio eleitoral ou a sociedade, as objectivas de Artur captaram o outro lado da realidade.
Em suma, “1994” não é apenas mais uma exposição e nem uma soma de fotografias retiradas de um arquivo ou de um álbum de recordações. Porém, a arte daquele fotógrafo leva-nos a refl ectir sobre o que é necessário fazer para conseguir partilhar a história de um país. De forma íntima, o expositor que nasceu no Porto destaca, no seu trabalho, candidatos à Presidente da República dessa época, sobretudo Joaquim Chissano, Afonso Dhlakama, Carlos Reis e Domingos Arouca, e não só.
Aliás, na amostra, os eleitores são as personagens principais da história de “1994”. Cada fotografia que compõe a exposição conta uma história única e peculiar. E o adágio segundo a qual “uma imagens vale mais do que mil palavras” ganha vida nesta amostra. As fotos, por si só, traduzem a emoção e alegria vivida naquele momento.
Quase todas as fotografias sobressaem aos olhos dos visitantes, mas as que mais chamam atenção são a imagem de mulher falando num megafone e com um braço levantado. Numa outra foto, aparece outra mulher carregando uma criança e mostrando o seu dedo indicador marcado pela tinta indelével e o se cartão de eleitor. Outra fotografia conseguida com esmero é a de um homem fazendo a campanha de bicicleta.
Num plano aberto, Artur Ferreira retrata a multidão que superlotava o estádio da Machava - uma imagem equiparada a da noite da proclamação de independência de Moçambique. Num outro plano no mesmo recinto mas do alto da bancada, o fotojornalista traz uma mulher sorrindo. Essas são apenas algumas das cinquenta fotografias sobre a campanha eleitoral, os comícios, os principais intervenientes do processo, os boletins de voto, os eleitores saindo da Assembleias de voto, e tomada de posse do presidente eleito. Artur Ferreira juntou todas diferentes e, ao mesmo tempo, semelhantes numa exposição que denominou “1994”.
Quem é Artur Ferreira?
Nascido no Porto, Portugal, Artur Ferreira iniciou os seus estudos em Angola, onde obteve a sua instrução primária e secundária. Licenciado em Motricidade Humana em Lisboa, frequentou a Universidade do Porto e de Luanda.
Começou a dar os primeiros passos no jornalismo em Angola nas revistas de Notícia e Equipa e no Jornal de Angola, e não parou por ai. Em portugal, Artur fundou a Agência Noticiosa Photosprint e devotou-se ao fotojornalismo. Actualmente, é editor da revista “M de Moçambique”.
O fotojornalista expõe fotografias individualmente desde 1986. A sua primeira foi “Macau I” no Casino Estoril, em 1992, expõe “Angola I” em Lisboa. Um ano mais tarde, Artur apresentou ao público mais um trabalho individual designada “Moçambique I”, na Associação de Fotógrafos Moçambicanos. De 1994 a 2000, expõe um conjunto de 320 fotografias denominada “Por esses Oceanos ao Encontro de Culturas”, na Associação de Fotógrafos Moçambicanos e no Instituto Camões. Também apresentou outra colecção da mesma exposição em São Tomé, Macau e Portugal.
@VERDADE – 20.11.2010
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