Herói da luta pela independência, os últimos anos de Mugabe no poder foram marcados pelas dificuldades económicas do país, com o seu regime a degenerar no autoritarismo e caos.
Morreu Robert Mugabe, que durante 37 anos liderou os destinos do Zimbabwe. Tinha 95 anos e morreu em Singapura, segundo a Reuters, onde estava internado desde Abril.
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Mugabe foi o primeiro chefe do Executivo eleito depois da independência do Reino Unido, em 1980 – cargo que o próprio aboliu sete anos mais tarde, tornando-se presidente. Foi afastado do poder em 2017, depois de um golpe militar.
A sua morte foi anunciada pelo presidente Emmerson Mnangagwa na sua conta oficial do Twitter. “É com a maior tristeza que anuncio a morte do pai fundador e antigo presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe”, pode ler-se na mensagem publicada na rede social. Um “ícone da libertação” e um “pan-africanista que dedicou a sua vida “a emancipação e empoderamento do seu povo”, descreve Mnangagwa. “A sua contribuição para a história da nossa Nação e continente nunca será esquecida.”
Mnangagwa foi vice-Presidente do país quando Mugabe estava no poder. Foi destituído em 2017.
Robert Mugabe já viajava regularmente para Singapura para consultas médicas especializadas. Em Agosto, o actual Presidente do país, Emmerson Mnangagwa, afirmou que o estado de saúde de Mugabe estava a evoluir “bem” e que poderia “ter alta em breve”.
Herói da luta pela independência, os últimos anos de Mugabe no poder foram marcados pelas dificuldades económicas do país, com o seu regime a degenerar no autoritarismo e caos. E foi o último dos da geração dos libertadores a sair do poder.
Robert Gabriel Mugabe nasceu numa missão católica em Kutama, no que era então a Rodésia do Sul, a 21 de Fevereiro de 1924. Filho de um carpinteiro, foi educado em escolas missionárias católicas e formou-se como professor.
Estudou na Universidade de Fort Hare na África do Sul, onde conviveu com alguns dos futuros líderes históricos africanos como Julius Nyerere (Tanzânia) ou Kenneth Kaunda (Zâmbia). Foi depois para o Ghana ensinar e regressou à Rodésia do Sul para se juntar ao movimento de libertação, que continua a ser um garante de legitimidade do regime até aos dias de hoje.
Nos anos 60 do século passado foi preso pela primeira vez liderar a luta contra a minoria branca que governava a Rodésia. Sem julgamento, passou dez anos nas cadeias do regime branco de Ian Smith de onde sai para Moçambique – de onde continua a liderar os ataques de guerrilha.
Negociador experiente, conseguiu os acordos políticos necessários para dar a independência ao Zimbabwe, com as primeiras eleições (que o próprio viria a ganhar) a acontecer em 1980.
Com o passar do tempo, tornou-se uma figura que dividia não só o próprio país, mas todo o continente africano. Os últimos anos da sua governação culminaram com a sua resignação, depois de um golpe militar. Mugabe viu os veteranos da “guerra da libertação”, onde forjou a sua legitimidade, liderarem manifestações contra si, mas resistiu a todos os apelos para que abandonasse o poder até ao limite. A sua lacónica carta de demissão
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