Director: Ângelo Munguambe l Editor: Egídio Plácido l Maputo, 08 de Agosto de 2019 l Ano XIV l nº 867 50,00
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Onde a nação se reenc
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Supremo dá SEGUNDA NEGA de liberdade
condicional ao filho de Guebuza
Ndambi sem paz!
Nyusi e Ossufo sem desconfiança nem traição
Química
resulta em paz
A.Munguambe, E. da Graça, F. Esteves e L. Cumbe
2 | zambeze Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 | destaques |
Com assinatura do Acordo de Paz
O povo pediu, Nyusi e Ossufo
deram os megabaites da paz
Os órgãos eleitorais devem deixar de ser fonte de conflitos entre os moçambicanos. Esta foi a
mensagem vincada pelo governo e pelo partido Renamo, no âmbito do acordo definitivo de paz,
assinado esta terça-feira, pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo
Momade.
Os resultados pós-
-eleitorais não
devem nunca
definir o estado
de paz em Moçambique. Segundo o Presidente da República, Filipe Nyusi,
o processo de Desmobilização,
Desmilitarização e Reintegração (DDR) da força residual da
Renamo é irreversível.
Não deve, considera Nyusi,
haver mais derramamento de
sangue entre irmãos só por conta das diferenças de pensamento. O PR diz estar ciente de que
nem tudo será um mar de rosas,
mas assumiu que os moçambicanos são capazes de encontrar
soluções para a resolução dos
seus problemas e, de acordo
com o estadista moçambicano,
este acordo pretende capitalizar os aspectos positivos do
Acordo Geral de Paz.
Sustentar a paz é mais difícil do que sustentar a guerra
O PR realça que temos de
dar o máximo para que a paz
seja consolidada. “Temos de
proteger a conquista”, asseverou o Presidente da República
acolhendo aos que chamou de
”irmãos da Renamo” para a
sua reintegração na sociedade.
Para o Comandante em
Chefe das Forças de Defesa e
Segurança, a paz efectiva implica a eliminação de todos
elementos que alimentam os
conflitos entre os moçambicanos. Os partidos políticos
devem desenvolver as suas
actividades sem recurso a violência.
“O Acordo de Paz antecedeu a lei de amnistia”, lembrou o estadista moçambicano, dizendo também que não
devia haver mais mortes entre
irmãos.
Uma verdadeira lição
Para o líder da Renamo,
Ossufo Momade, o acordo deixa uma lição de que em momentos de desentendimento
podemos encontrar soluções
e ultrapassar os nossos problemas.
O líder da Renamo saudou o
estadista moçambicano pelo seu
empenho em afastar as influências negativas que minavam o
processo de paz. Para o líder da
perdiz, é preciso manter a paz e
a reconciliação nacional e união
entre os moçambicanos.
“O cessar-fogo marca uma
era de aceitação das diferenças
políticas, a boa-fé deve continuar entre as partes” salientou,
asseverando que Moçambique é
um estado de direito democrático e o acordo veio para ficar,
mas devemos despartidarizar o
estado, porque Moçambique é
um país uno e indivisível”.
Por último, o líder da Renamo disse que o cessar-fogo
surge numa altura em que o país
espera a chegada do sumo pontífice, momento que constituirá
ocasião para a purificação dos
nossos corações.
“Quer a Renamo quer o governo obrigam-se a cumprir os
acordos, criando um ambiente
propício para as eleições justas
e transparentes” disse.
Anúncio de uma nova era
-Embaixador dos EUA
A Embaixada dos Estados
Unidos em Maputo considerou a assinatura do Acordo de
Paz e Reconciliação Nacional
entre o Governo e a Renamo
um anúncio de uma nova era
para o país.
“A assinatura do Acordo
de Paz e Reconciliação entre
o Governo e a Renamo [na
terça-feira], poucos dias após
a assinatura do cessar-fogo
permanente, anuncia para
esta grande nação uma nova
era”, lê-se num comunicado
distribuído à imprensa.
Para a embaixada norte-
-americana, a assinatura do
acordo abre a oportunidade
para “uma vida melhor” para
os moçambicanos, que, apesar
deste marco, têm ainda desafios pela frente
Jacinto Veloso, ex-membro
da equipa do diálogo político-
-militar, representando o governo, disse que a paz deve ser
definitiva e a reconciliação está
em curso. Jacinto Veloso apela
para a não violação dos acordos
entre as partes.
A reconciliação está em curso
Dennis Walter Hearne
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 | destaques | zambeze | 3
“É isto que queremos: um
Governo que assente numa ética
que coloca a vida e a dignidade
humana acima do lucro. Um
programa que coloca a saúde e a
educação na liderança. Um governo que privilegia a paz, a paz,
a paz, e prioriza o diálogo acima
de disputas domésticas pelo poder.
Um governo que privilegie a solidariedade acima da competição
desleal. Uma governação que
pense nas gerações futuras, e por
isso entende a importância de agir
ecologicamente na exploração
de recursos naturais” (extracto
do discurso de Filipe Nyusi na
cerimónia de investidura a 15
de Janeiro de 2015). Para quê
mais palavras? Não servirão
estas para homenagear um país
que quer encontrar na paz a sua
identidade? O que está a acontecer por estes dias, no domínio
político, é sem dúvida histórico,
inimaginável há poucos meses
atrás. Um encontro de paz pelo
qual os moçambicanos rezaram
incessantemente.
No informe, na Assembleia
da República, sobre o estado do
país, Filipe Nyusi fez uma avaliação positiva, reafirmando momentos verdadeiramente históricos e importantes que marcam
o início de um caminho ainda
longo e árduo, mas sobre o qual
há esperanças, o que mostra uma
mudança de atitude de ambas
partes. As palavras fogo e fúria
serão substituídas no quotidiano
por palavras que falam de paz, de
relacionamentos baseados em
concórdia, cheios de esperança
e confiança, mostrando que,
quando existe vontade entre os
homens para encontrar caminhos de entendimento, nada é
impossível. A assinatura deste
acordo histórico entre Frelimo
e Renamo abre caminho para
a paz, numa comunidade que
protagonizou uma das mais violentas guerras civis, um conflito
que desgraçou Moçambique,
colocando o mundo perplexo.
A negociação sempre foi o
melhor dos caminhos. Após a
superação de duríssimas dificuldades, um acordo foi atingido.
Não é o fim de todos os problemas, mas é o começo de uma
solução, haverá por enfrentar
ainda muitos obstáculos, mas o
importante é a prevalência da
vontade comum de se abandonar as armas da destruição e
negociar soluções. Os cépticos
podem dizer que a paz ainda
está muito distante, lembrando
da existência de uma Junta Militar e quejandos, mas isto não
entra nas novas contas políticas, pois, mais do que nunca,
o povo moçambicano está
próximo da paz. O mais difícil
era chegar ao primeiro aperto de mãos, deixando caças
bombardeiros (migs) e caça às
bruxas de entremeio, como era
apanágio no tempo do outro.
Está aberto o caminho para
a pacificação, o estrondo do
avanço alcançado é irreversível, se as duas partes mantiverem acesa a chama da vontade
e da paz. Já era sem tempo. O
povo chora pela paz. As aves
não voam seguras. Os abutres e
os corruptos passeiam a classe.
Chegou o tempo da bonança.
Moçambique é de todos, digam
o que disserem os caluniadores
do sossego. O discurso de 2015
ainda mora nos corações do
povo, passados cincos anos.
São palavras que reactivam
a esperança, matam o divisionismo, deixam as crianças
sonharem como lhes compete
por natureza. Quem está contra a paz? O último que apague
a luz…
É isto que queremos!
A paz não é apenas
o calar das armas - Gilberto Correia
Instado a comentar sobre o Acordo
da Paz e Reconciliação, entre o Governo
e Renamo, o advogado Gilberto Correia disse que a paz não se pode cingir
apenas ao calar das armas, mas se deve
também descobrir eresolver todos os
aspectos que, eventualmente, possam
colocar em causa o processo de pacificação e reconciliação, daqui para
diante.
Gilberto Correia adianta ainda que
a eclosão dos conflitos, entre as partes
envolvidas, ocorrem porque existem
certos focos de conflitos que precisam
ser sanados. Daí a necessidade das
partes (Governo e Renamo) prestarem
maior atenção a estes aspectos.
‘’Senão forem tomados em consideração os aspectos levantados pelo
grupo dos envolvidos em conflitos, temos a máxima certeza que este acordo
apenas ficará firmado no papel e vamos assistir, de seguida, os contornos
de novos conflitos’’- referiu Gilberto
Correia, para de seguida apelar aos envolvidos no processo a prestar maior
atenção quanto as reais motivações
que geram conflitos neste país.
Momento de orgulho - Lourenço Bulha, cabeça-de-lista da Frelimo em
Sofala
Para o cabeça-de- lista da Frelimo
em Sofala, Lourenço Bulha, o Acordo
de Paz e Reconciliação significa um
momento de orgulho e satisfação para
os moçambicanos.
Segundo Bulha, a guerra nunca fez
bem a ninguém, acabando por matar,
destruir e atrasar o desenvolvimento do
país e a vida dos cidadãos. Daí haver
maior razão para os moçambicanos, do
Rovuma ao Maputo, sentirem-se orgulhosos e satisfeitos pela celebração
deste acordo que constitui um momento impar e histórico do nosso país.
Contudo, a fonte recomendou ao
Governo e a Renamo a cumprirem na
íntegra os pontos acordados ‘’como
forma de eliminar os focos de conflitos pós-assinatura deste acordo e, com
isso, garantir uma paz efectiva e duradoira para os moçambicanos’’- referiu
Bulha.
Traduzido em reformas profundas
Venâncio Mondlane, mandatário da
Renamo, entende que é importante que
o processo de paz seja traduzido em reformas profundas na máquina do estado.
O quadro eleitoral, segundo Mondlane, deve reflectir o espírito do acordo,
pois, se virmos, os últimos relatórios indicam que Moçambique regrediu muito na
economia. Por exemplo, continua Mondlane, o último relatório do repórteres
sem fronteiras (RSF) apontava para um
risco de o país se tornar autoritário. “Mas,
mais do que isso, temos que manter o processo de reconciliação, pois no meu ver o
acordo é um trampolim”, disse.
Renamo, garante, está preparado para
ser um partido genuíno, olhando para o
simbolismo desse acontecimento. “Uma
nação não é feita por pontualidades, mas
sim por processos. É preciso definir os reais problemas do país e evitar os superlativos do absurdo, pois são esses que podem
suscitar as desconfianças”, disse.
Questionado sobre a necessidade de
revisão do quadro eleitoral, Venâncio
Mondlane explicou que já existem matérias sobre as reformas do quadro eleitoral
e uma delas é a do Instituto dos Estudos
Sociais e Económicos (IESE), que propõe a reforma desde o recenseamento até
a própria fiscalização do processo eleitoral. Mondlane entende que os partidos
não devem fiscalizar sozinhos o processo
eleitoral. A sociedade civil pode também
fiscalizar, pode também um número de 10
eleitores fiscalizar o processo.
órgãos eleitorais não são os que
praticam desmandos
O presidente da Comissão Nacional
de Eleições, Abdul Carimo, afirmou
que os órgãos de gestão eleitoral não
são os que praticam desmandos. Abdul
Carimo explicou que os órgãos eleitorais devem desempenhar o seu papel
sem beneficiar um partido em detrimento dos outros.
“Não podemos fazer a gestão eleitoral, disse, se um determinado partido
ao não aceitar os resultados, recorre
as armas. Há um dispositivo eleitoral
que os órgãos eleitorais se orientam”,
sublinhou.
Carimo entende que o processo eleitoral envolve os partidos políticos, os
órgãos de comunicação social e outros
interessados em acompanhar o processo, reconhecendo que, vezes sem conta,
têm havido pequenas irregularidades.
Em relação a reclamação de algumas organizações da sociedade civil que
se dizem excluídas do processo devido a
não acreditação pelos órgãos eleitorais,
Abdul Carimo sacudiu a poeira, afirmando que, em algumas vezes, as organizações da sociedade civil submetem
o pedido de acreditação faltando, por
vezes, 48 horas para o início da votação, o que, segundo ele, faz impossível
a emissão das credenciais, pelo facto de
os órgãos eleitorais estarem ocupados
com outras tarefas.
A fonte salientou ainda que os pedidos de acreditação já estão abertos, quer
para as organizações da sociedade civil
quer para a comunicação social, bastando apenas aproximarem-se aos órgãos
competentes, evitando deixar as coisas
para o último dia.
Abdul Carimo fez ouvidos de mercador, quando questionado sobre a situação do governador de Cabo-Delegado,
Júlio Parruque, actual cabeça-de-lista
ao cargo de governador da província
de Maputo, pelo partido Frelimo, que,
segundo a Renamo, está repleta de irregularidades.
4 | zambeze | destaques | Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019
“Há fenómenos escondidos que
podem minar acordos de paz”
O académico e analista político Severino Ngoenha entende que há aspectos
por detrás dos acordos de cessação definitiva das hostilidades e reconciliação
nacional, ora assinados entre Governo
e a Renamo, que dado a sua pertinência não se podem ignorar, desde denúncias de falcatruas do processo eleitoral
às fricções na Renamo, passando pelos
ataques em Cabo Delgado, sob risco de
minar a paz que se espera definitiva.
Falando a jornalistas no debate subordinado ao tema “Uma análise à cobertura eleitoral dos media em contexto de crises”, Severino Ngoenha disse
existirem fenómenos escondidos e
ignorados por detrás dos acordos assinados entre as partes, como resultado
das negociações, que podem constituir
potencialidades que levem o país a novos conflitos.
Ngoenha entende que há uma necessidade de todos os actores, incluindo a sociedade no geral, bem como a
classe jornalística, tudo fazer no sentido de promover a democracia e a paz,
elementos fundamentais para o desenvolvimento do país.
No entanto, chama atenção para
questões que considera fundamentais
não se passar por cima delas, no contexto dos acordos, desde as fricções
dentro da Renamo, um dos actores
fundamentais dentro das negociações
aos ataques em Cabo Delgado, que
continuam como um dos elemento a
manchar a paz no país.
Fez notar que os conflitos pós-
-eleitorais caracterizam o processo de
eleições. No entanto, as eleições de
Outubro próximo, acrescenta Ngoenha, têm a particularidade de já terem
sido manchadas ainda no processo de
recenseamento eleitoral, o que que
eleva nivel de possivel conflito pós-
-eleitoral.
“Há uma paz desejada, mas ao
mesmo tempo minada por fenômenos
escondidos por detrás dos acordos assinados”, considerou.
Ninguém deve ficar de fora
Para o presidente do Movimento
Democrático de Moçambique, Daviz
Simango, a paz é um factor-chave.
Ninguém deve ficar de fora, mas para
isso é preciso que tenham a consciência de que não há vencedores nem
derrotados.
Daviz Simango diz que os grandes
conflitos no país surgem depois das
eleições, daí que espera para o presente ano harmonia e que o Secretariado
Técnico de Administração Eleitoral
(STAE) deixe de ser a fonte de conflitos.
Em relação ao conflito interno que
o partido Renamo está atravessar, Daviz Simango sugere a separação das
águas, pois, para ele, uma coisa é a
organização interna do partido e a outra são pessoas que estiveram sempre
com a “perdiz”, durante a guarda-civil, essas pessoas, ainda segundo o líder do partido do galo, não podem ser
rejeitadas agora.
“Não faz sentido também dizer
que são desertores, porque quando estavam nas matas a lutar e depois a salvaguardar as bases não eram desertores, só agora que há um benefício são
vistos como desertores pelo partido”,
disse.
Simango sugere que a Renamo
aproxime-se dos contestatários e abra
uma janela para a resolução do conflito sob o risco de os conflitos arrastarem-se a zona centro.
Cada moçambicano é dono
e responsável pela paz
Por último, o deputado municipal
Atul Laxmissanur disse que o país está
de parabéns por ter alcançado a paz definitiva. O que resta, ainda segundo a fonte, é o mantimento desta paz através da
humildade, paciência e muito diálogo.
“Que cada moçambicano se sinta dono
e responsável pela paz. Somos adversários apenas no campo. Mas depois que
terminamos o jogo não há inimigos é
desta forma que quero ver o meu país e
será possível”finalizou.
Segunda nega para Ndambi Guebuza
AJustiça moçambicana, através do Tribunal Supremo,acaba de negar o “habeas
corpus” a Ndambi Guebuza, filho de
Armando Guebuza; mas negou também
o deAntónio Carlos do Rosário,um antigo dirigente dos serviços secretos, alegando perigo
de fuga e perturbação das investigações.
Segundo fontes do Tribunal, Ndambi Guebuza e
António Carlos do Rosário, antigo director da Inteligência Económica do Serviço de Informação e Serviço
e Estado (SISE), vão continuar detidos, após o Tribunal Supremo ter negado provimento ao pedido de “habeas corpus” que submeteram há uma semana. Este é o
segundo pedido de “habeas corpus” negado a NdambiGuebuza e a António Carlos do Rosário, depois de lhes
ter sido recusado no início de Julho um outro pedido
de liberdade provisória.
O filho de Armando Guebuza e o antigo dirigente do SISE estão detidos desde Fevereiro deste ano,
acusados de envolvimento em actos de corrupção relacionados com subornos pagos com o dinheiro das
chamadas dívidas ocultas.O Tribunal Supremo negou
igualmente a liberdade provisória a Sérgio Alberto
Namburete, também implicado no caso das dívidas
ocultas.O acórdão do Tribunal Supremo aponta o risco
de fuga e perturbação das investigações como fundamentos para a manutenção da prisão preventiva.
O processo sobre estas dívidas está relacionado
com os avales, prestados secretamente pelo anterior
Governo moçambicano, de mais de dois mil milhões
de dólares, entre 2013 e 2014, a favor de empresas públicas de pesca e segurança marítima.A justiça nacional e a justiça norte-americana consideram que parte
desse dinheiro foi usado para o pagamento de subornos a cidadãos moçambicanos e estrangeiros.
Pedido de liberdade provisória
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 | Destaque | zambeze | 5
Jornal Publico-Pt
6 | zambeze | opinião | Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019
Almadina Sheikh Aminuddin Mohamad
Celebração ou reflexão?
Deus diz no Al-
-Qur’án, Cap. 40,
Vers. 39:
“Ó Meu povo!
Certamente esta
vida mundana é apenas um gozo
(temporário), enquanto o Além
é que é a Morada Permanente”.
Na vida de qualquer pessoa
há duas coisas que têm um
grande potencial de desânimo:
Cada início de um novo ano, e
cada data de aniversário que se
presencia.
À luz desta asserção, isto
pode ser um peso sobre nós,
tão enorme quanto uma grande
montanha.
Mas ironicamente isso são
apenas dois dias na vida de maior
parte das pessoas que vêm neles
motivos suficientes para alegria
e celebração.
E muitos de entre nós não
nos coibimos no que toca à celebração desses dois dias. Vamos
ao máximo, não só abstendo-nos
da poupança, como até gastando
o que não temos, e dando início
aos preparativos com uma grande antecedência.
Os festejos nesses dias vão ao
mais extremo dos limites. E agimos assim porque simplesmente
falhamos ao não prestar atenção
ao significado tão profundo
quanto fundamental que esses
dois dias encerram.
Cada novo ano e cada aniversário falam-nos de algo acerca
das nossas vidas. Transmitem-
-nos uma mensagem reverente e
séria. Falam-nos de uma passagem rápida do tempo, juntamente com o fim de cada um de nós
a aproximar-se de forma rápida.
Apenas as pessoas dotadas
da verdadeira inteligência e de
uma visão profunda conseguem
captar tais mensagens.
Como é que nos podemos
regozijar na vida sabendo que os
dias estão a eliminar os meses, e
os estes estão a devorar os anos?
E quando os anos tiverem
finalmente eliminado a nossa
existência, a morte estará lá,
esperando para nos fazer entrar
na inevitável destruição das
nossas vidas.
Toda a nossa existência é
constituída por um grande ou
pequeno conjunto de dias e
noites. E à medida que cada dia
e noite passam, as nossas vidas
também passam, pois à semelhança do cubo de gelo que se
vai derretendo, as nossas vidas
também se vão derretendo.
Sem que nos apercebamos, as
noites e os dias acorrentam-nos
a todos nós, e encarceram-nos.
Assim como cada noite nos
transporta para outro dia, cada
dia nos transporta para a noite
seguinte, e de uma forma algo
subtil ambos acabam sendo os
veículos que nos transportam
para os nossos túmulos.
A morte acena-nos a cada
dia que passa, e à medida que
tal vai acontecendo, a vida gradualmente vai desaparecendo
por detrás de nós.
Um verdadeiro crente só vê
de uma forma a passagem do
tempo e a aproximação do seu
fim, e isso motiva-o a preparar-se
para a residência em direcção à
qual está a caminhar, ao invés de
se concentrar naquilo que o está
a deixar para trás.
O Ser Humano é muito
estranho, pois enquanto a sua
vida se vai reduzindo todos os
dias, ele não se preocupa com
isso, mas quando a sua riqueza
tende a reduzir, aí ele preocupa-
-se, não obstante a riqueza ser
recuperável e a vida não.
Por cada dia que passa o Homem avança alguns metros em
direcção ao Além, distanciando-
-se do Mundo também alguns
metros, mas mesmo assim ele
não se preocupa com o Além
que é eterno, assim como se
preocupa com este Mundo que
um dia findará.
A pessoa tem de olhar para
o Mundo desta maneira, e só
assim a sua vida tornar-se-á
numa jornada preocupada na
preparação do Outro Mundo,
garantindo que se mantenha
à distância deste Mundo com
todos os seus prazeres.
Só assim cada novo ano e
cada aniversário tornar-se-ão
motivo para uma maior reflexão do ano que findou, e numa
maior motivação para uma
melhor preparação dos dias
que restam.
Nenhuma pessoa mentalmente sã celebra a perda de algo.
Como então nos permitimos
celebrar a perda do tempo que
cada novo ano nos traz?
Estamos nas vésperas de
mais um Eid-Ul-Ad’há, que
significa a passagem de mais um
ano nas nossas vidas.
É bom que cada um de
nós compreenda que cada Eid
que vem, cada ano que passa,
cada respiração que tomamos,
indicam-nos a aproximação do
nosso fim.
Por isso, é bom percebermos
o significado da passagem do
tempo.
À todos, desejos de Um Feliz
Eid-Ul-Ad’há.
Não há greves populares
Osindicalismo
“ s e l v a g e m ”
floresce onde
o sindicalismo
bem-comportado não tem resultados. Misteriosamente, o PS já nem importância dá aos seus dirigente
sindicais, colocando-os de fora
das listas de deputados – o que
é uma absoluta novidade num
partido que se integra na história dos partidos trabalhistas
europeus.
Marcelo Rebelo de Sousa
veio ontem fazer a sua tentativa
de apaziguamento relativamente à iminente greve dos motoristas. O argumento mais forte
do Presidente – que já protagonizou uma sessão de “afecto”
com motoristas em Dezembro passado, quando viajou a
bordo de um camião – é que
os trabalhadores se arriscam a
perder popularidade (que nunca tiveram). “Se de repente há
na sociedade portuguesa um
sentimento, uma reacção”, se
a sociedade se “sentir refém da
luta, deixa de se identificar com
a luta”.
A posição de Marcelo Rebelo de Sousa é uma variação
mais suave da que foi já expressa pelo primeiro-ministro,
que afirmou existir, contra a
greve dos motoristas, “um claro sentimento nacional de revolta e de incompreensão”.
A questão aqui é que este
argumento tem valor idêntico
para o caso dos motoristas de
matérias perigosas como para
outro sector de que dependa
a vida das pessoas normais:
médicos, enfermeiros, professores, trabalhadores dos transportes públicos… A história
não retém um caso de uma greve popular. Costa acha a greve
injusta, porque é desencadeada no meio de um processo
negocial; Marcelo admite a
justeza das reivindicações, ou
pelo menos aceita que “os fins
sejam legítimos”. “Há que ter
atenção que não basta que os
fins sejam legítimos, que as
aspirações sejam legítimas ou
justas, é preciso depois que os
meios não venham a prejudicar os fins”, disse o Presidente.
É verdade que estava a
decorrer um processo negocial em resultado da greve da
Páscoa e a convocação deste
novo round de paralisações
vem dar o dito por não dito
por parte dos motoristas. Por
alguma razão (eleições, como
apareceu naquele vídeo que foi
divulgado?), o sindicato que o
advogado lidera – mas não só
esse – decidiram estragar o
Agosto aos portugueses. Mas
uma exigência de 900 euros
de vencimento-base em 2022,
numa profissão de especial
desgaste e responsabilidade, é
assim tão absurdo?
O sindicalismo “selvagem”
floresce onde o sindicalismo
bem-comportado não tem resultados. Misteriosamente, o
PS já nem importância dá aos
seus dirigente sindicais, colocando-os de fora das listas
de deputados – o que é uma
absoluta novidade num partido que se integra na história
dos partidos trabalhistas europeus. Depois de o primeiro-
-ministro, foi a vez de o ministro das Infra-Estruturas,
o mais à esquerda deste Governo, admitir que se tem de
“revisitar” a lei da greve. Pedro Siza Vieira, o ministro da
Economia, mais recentemente
disse que a revisão da lei da
greve “é uma questão que tem
de ser equacionada do ponto
de vista político e os protagonistas políticos têm de ponderar a necessidade de rever a
lei da greve”.
Uma coisa sabe este Governo: esta greve e todas as
outras são impopulares e
quanto mais duro for com os
grevistas, mais ganha na opinião pública. Margaret Thatcher também sabia.
Zambeze, como se
sabe, é nome de
um dos maiores
rios de África, na
verdade o 4º, com
2,693 km, que flui de oeste
para o leste e “esvazia-se”
no Oceano Índico, depois de
percorrer países como Zâmbia (onde nasce), Zimbabwe,
Botswana, Moçambique, Namíbia e Angola. É este Zambeze, que deu nome a este
Jornal. É neste Zambeze, no
caso o Jornal, onde irei, a partir de hoje e durante o tempo
que Deus me conceder, navegar, o mesmo é dizer, verter as
minhas lucubrações sobre os
mais variados temas da vida
social, política, económica,
social, entre outros, do nosso país e do mundo. Escolhi,
para nome da rubrica, através
da qual entrarei em contacto
consigo caro leitor, “Ontem,
hoje e amanhã”. E não foi por
acaso. Não foi por distracção.
Não porque precisava apenas
de um nome. Desde que fosse nome. Escolhi-o pelo seu
significado, que é abrangente,
que transmite, na minha opinião, a ideia do “todo”. De
facto, semana sim, semana
sim, procurarei falar de coisas
do passado. De coisas do presente. E das coisas do futuro.
Pois, é preciso lembrar, por
exemplo, que eu, tu, e todos
os outros, temos passado. Estamos no presente. Pensamos
todos os dias no futuro. É também importante lembrar que o
mundo, é o que é porque tem
como referência o passado e é
lá (no passado) que estão alicerçadas todas as coisas, todas as ideias que fizeram com
que ele (o mundo) chegasse
onde chegou e é desse passado, e do presente que será
passado, que o mundo será o
que será amanhã… Por isso, é
importante falar das coisas de
ontem, das coisas de hoje, das
coisas de amanhã. E por falar
das coisas de ontem, de hoje
e de amanhã, junto-me hoje,
humildemente, àqueles que
saúdam os esforços do governo de Moçambique e do Partido Renamo, de criação de alicerces para uma paz efectiva,
duradoira e definitiva, para o
país. Saúdo particularmente
dois acontecimentos recentes, marcantes: a aprovação,
pela Assembleia da República, da Lei da Amnistia, um
instrumento através do qual
se “convida” a Nação moçambicana a perdoar alguns
dos seus filhos que, durante largos anos, estiveram de
costas voltadas contra o ordenamento jurídico vigente
no país, servindo-se de armas
para fazer valer as suas ideias
políticas. Segundo acontecimento: a assinatura do acordo de cessação definitiva das
hostilidades militares. São
eventos importantes e determinantes, que nos conduzirão
à estabilidade política, social
e económica, rumo ao desenvolvimento que todos almejamos. Voltarei a este tema na
próxima edição.
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 | opinião | zambeze | 7
A paz, aqui ao virar da esquina
TINFANELO TAVUMHUNU (Direitos Humanos)
Idosos “minhados” (excluídos) completamente do
processo eleitoral pelo STAE de Felisberto Naife!
Os ciclos eleitorais têm sido
marcados por
altos índices
de abstenção,
sobretudo desde1999, quando a nossa gloriosa Frelimo
começou a ganhar “milagrosamente”! Apesar desta fraca
participação de eleitores, o
STAE não se tem preocupado
em incentivar especificamente
uma grande franja da população, que regularmente se exime de participar no processo
eleitoral: as pessoas idosas!
Constituindo este grupo 5%
da população, a sua participação podia reduzir os níveis
de abstenção...
É verdade que o STAE fez
alguns muitos spots a convidar
aos cidadãos para que se recenseassem, mas uma vez que
as pessoas idosas têm características próprias, aquele organismo devia ter inserido spots
especificamente dirigidos a
elas! Quando apresentei esta
preocupação pessoalmente ao
STAE, chegou a parecer-me
que tinha levado em conta
este aspecto, tanto assim que
pensei que um dia desses seria
surpreendido com um spot
na TV a convidar especificamente as pessoas idosaspara
promoverem a sua inscrição,
mas nada! Os responsáveis
do STAE, FelisbertoNaife e
Helena Garrine,só estavam
a gozar com a minha cara...
Querem lá saber se osmadalas
votam ou não... Agiram como
quem diz: “Nós já contratamos o Stewart para convidar
todos os cidadãos, agora se
os madalas se auto-excluem
é com eles, não fazem falta!”.
Mas uma vez que as pessoas
idosas constituem 5% de toda
população, deviam ter sido
instadas especificamente a
promoverem a sua inscrição
para tomarem parte em todo
processo: elegerem e serem
eleitos!Sabe-se que muitas
pessoas idosas se eximem de
tomar parte no pleito alegando
as mais diversas razões. Por
exemplo, algumas (muitas)
pessoas daquele escalão etário
são indocumentadas e que,
por conseguinte, têm sido excluídas no usufrutode muitos
dos seus direitos sociais, como,
por exemplo, a percepção do
Subsídio Social Básico(SSB),
a isenção de pagamento nos
transportes públicos, etc. Alguns acabam se acomodando
na exclusão e, por conseguinte,
acabam se auto-excluindo do
processo de recenseamento
e, consequentemente, da votação, porque ignoram que é
possível recensear-se para as
eleições sem qualquer documento, recorrendo apenas ao
suporte de 2 testemunhas e
desse modo cumprir um dever
e gozar de um direito: votar e
ser votado!
Outras se abstêm pelo
receio de enfrentar as filas,
ignoram que gozam de prioridade; ora porque crêem que
para votar é preciso ser alfabetizado para conseguir fazer
o “X” muito apregoado pelos
políticos que muitas vezes se
esquecem de dizer que os não
alfabetizados também podem
votar com simples aposição
de impressão digital. Outros
ainda se abstêm pela simples
indiferença, porquanto não
crêem que o seu voto influencie o fiel da balança no escrutínio, quando na verdade faz
toda a diferença, uma vez que
as pessoas idosas representam
5% de toda população. Em
nosso entender, o STAE devia
ter tentado desconstruir todas
essas ideias erradas, concebendo mensagens especificamente dirigidas às pessoas
idosas de modo a sentirem-se
tocadas como parte importante do processo. Mas o STAE
preferiu mandá-las à fava...
Paciência!
Recentemente, terminou a
inscrição dos partidos que se
propõem a concorrer nestas
VI eleições, que terão lugar
no dia 15 de Outubro de 2019,
mas duvido que essas filiações
partidárias terãoincluído o
nome dalgum idoso, porque
a condição para eleger e ser
eleito é estar recenseado,
ecomo muitas pessoas idosas
não se recensearam, porque
não foram incentivados para
tal, acabaram ficando fora
das listas dos partidos e pelo
mesmo motivo também no
próximo dia 15 de Outubro
não poderão votar... Que pena
nós idosos termos que nos
sujeitar aos dirigentes que os
outros escolherão por nós, se
calhar votarão nos que jamais
devessem ser escolhidos...Fico
com uma vontade incontida de exigir a demissão do
Director-Geral do STAE, mas
tenho medo de pronunciar tal
reivindicação, pois receio ser
conotado com a RENAMO
e daí em diante começar a
ter a minha vida ainda mais
negra! Já aprendemos que é
isso que acontece a todos que
se confundem com a perdiz!
Para ter bom tacho,convém
ser confundido com a nossa
gloriosa Frelimo, que libertou
a pátria do jugo colonial para
o afundar nas dívidas ocultas
eque,quando não ganha as
eleições na urna, as ganha
“milagrosamente”...
Ontem hoje e amanhã Marcelino Silva – marcelinosilva57@gmail.com
Papa Francisco: a visita que honra
todos moçambicanos…
Map utadas Francisco Rodolfo
Avinda a Moçambique do
Papa Francisco,
anunciada pelo
Presidente da
República, Filipe Jacinto Nyusi, levou de júbilo todo povo
Moçambicano, do Rovuma
ao Maputo e do Zumbo ao
Oceano Índico.
De lá para cá a Humanidade
não conhece Moçambique
pelas calamidades naturais,
destacando-se nos últimos
tempos o Idai seguido do seu
irmão também mortífero, o
Kenneth, que assolaram as
províncias de Sofala, Manica,
Tete e parte da província de
Inhambane, bem como o segundo, que flagelou Nampula,
Cabo Delgado e Zambézia e
pela guerra de desestabilização implantada pelos regimes
racistas do apartheid e do
tabaqueiro Ian Smith, numa
tentativa de “para os ventos da
libertação com as mãos.
Num momento em que os
moçambicanos estão a saborear os adventos da Paz Efectiva
e Duradoira que foi alcançado
no passado dia 1 de Agosto de
2019, com a Assinatura do
Acordo Secessão Definitiva
das Hostilidades Militares
em Gorongosa, Parque de
Chitengo, pelo Presidente da
República de Moçambique,
Filipe Jacinto NYUSI e pelo
Presidente da RENAMO,
General Ossufo MOMADE,
não entendemos aqueles que
querem mais uma vez, desviar-
-nos a atenção escrevendo
mesmo que a visita devia ter
sido adiada e não ser no ano
eleitoral.
Quer dizer, pretendiam
impor a agenda do Sumo
Pontífice, o Papa Francisco à
sua “agenda caseira” do tipo:
“O Papa devia vir também
para Beira”; “devia ir a todas
as Provinciais”; “devia ir à
minha aldeia…”; “não devia
vir agora porque favorece a
FRELIMO nas eleições de 15
de Outubro”; “a igreja não foi
consultada”.
Esquecem os que andam a
inundar maliciosamente os
whatsApps que o Santo Padre,
Papa Francisco (escolheu o
nome Francisco, de Francisco
de Assis, lutador dos pobres)
pela sua simplicidade, pela
sua força e coragem, que está
a transformar o tradicionalismo retrógrado que sempre
caracterizou a Igreja Católica,
sobretudo em Moçambique,
onde alguns jovens nem sabem que antes da Independência Nacional em 25 de
Junho de 1975, não havia
nenhum Bispo preto aqui em
Moçambique.
O Cardeal D. Alexandre Maria dos Santos, por exemplo,
provavelmente não passaria
de Padre Superior, porque
mesmo para Padre Superior,
onde estivesse dois padres
numa Paróquia, o “Superior”
era o branco, estando o seu
colega preto relegado para o
segundo plano, se não fosse a
Independência Nacional, cujo
sucesso escusado será dizer que
foram graças à luta armada de
libertação nacional desencadeada pela FRELIMO (Frente de
Libertação de Moçambique).
Para alterar a situação foi
necessário produzir reformas,
com D. Manuel Vieira Pinto,
Bispo de Nampula (branco)
que tinha sido expulso pela
PIDE/DGS (Polícia Internacional de Defesa de Estado –
Direcção-Geral de Segurança)
no período colonial, bem como
muitos padres Colombianos e
os da Beira, que implicaram o
encerramento do “Diário de
Moçambique”, que foi adquirido pelo Engenheiro fascista,
amigo de Salazar, Jorge Jardim, que comprou a “Companhia Editora de Moçambique”,
transformando-o em “Notícias
da Beira”, isto é, mantendo este
matutino. O Monsenhor Padre
Martins “foram recambiados”
para Portugal, matando para
sempre o sonho de D. Sebastião
Soares de Resende, Primeiro
Bispo da Beira, patrono do
“Diário de Moçambique”, jornal que sempre sofreu encerramentos impostos pela PIDE/
DGS, por estar a combater
o regime colonial e fascista
português, esse regime que
não só deixou atrasado o povo
moçambicano, mas também o
povo português.
É esta a realidade, vivida na
altura, que certamente muitos
jovens são bombardeados pela
desinformação querem-nos
desviar desta grande vitória
dos moçambicanos pela vinda
do Papa Francisco a Moçambique.
Moçambique deve estar de
júbilo para receber o Santo
Padre, pois não faça como durante o colonialismo, quando
Samora Moisés Machel foi recebido pelo Papa no Vaticano,
ainda no período colonial e
vieram vozes da Igreja Católica, gritando: “O Papa não
devia ter recebido um turra”.*
O Vaticano reconheceu a
luta de libertação dos povos
das ex-colónias e por isso, fica
claro, que há reminiscência
de alguns sacerdotes em Moçambique, que não tiraram
o passado colonial nas suas
cabeças, como um pároco de
Nampula que não se cansa
de desviar-nos das atenções,
enviando cartas para jornais,
com a sua “Opinião”, querendo desvirtuar o trabalho dos
moçambicanos no alcance
da PAZ EFECTIVA e DURADOIRA, que brevemente será
“selado” com o “Acordo de Paz
de Maputo”, pelo Presidente
da República Filipe NYUSI
e o Presidente da RENAMO,
General Ossufo MOMADE.
Queremos que a “guerra” seja
coisa a ensinar na História de
Moçambique aos nossos filhos
e netos, bem como gerações
vindouras.
Visita do Papa Francisco:
honra todos os mo
Papa Francisco: a visita
que honra todos moçambicanos… - faça desta visita
momento de comemoração e
momento de reconciliação e
de PAZ entre moçambicanos.
Turra* - designação que em
plena guerra colonial era dado
aos “guerrilheiros” da FRELIMO (Frente de Libertação de
Moçambique).
• Jovens que nasceram ontem não sabem que certos sectores da Igreja Católica em Moçambique estavam
mancomunados com o “colonialismo português”…
• Os da Igreja Católica que eram excepção pagaram bem caro a “violência” do Regime de Salazar/Caetano…
8 | zambeze Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019
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Redacção: Ângelo Munguambe, Egídio Plácido
e Luís Cumbe
Colunistas: Sheikh Aminuddin Mohamad, Cassamo Lalá,
Francisco Rodolfo e Samuel Matusse
Colaboradores: Dávio David e Elton da Graça
Director: Ângelo Munguambe | Cell: 84 562 3544
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| opinião |
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 zambeze | 9
Editorial
O povo gritou: viva, viva a paz. O povo já vinha pedindo o aumento
dos incentivos para a paz. Nyusi e Ossufo não se fizeram de rogados.
Respeitaram a vontade popular. Afinal, como dizia o outro, o povo
é patrão. Assim sendo, viva o patrão que, a partir de terça-feira,
beneficia de todos os ingredientes para a colheita da paz. Moçambique está ao rubro. Já não era sem tempo!
Posto isto é imprescindível criar todas as condições para que a
paz se mantenha com êxito, pois a experiência demonstra que os
Estados que se encontram em paz precisam de se preparar contra
todas as contingências e, sobretudo, têm a necessidade de garantir
a estabilidade política e o desenvolvimento económico e social.
Apesar de alguns sectores da sociedade, em que pontificam comentadores e políticos, defenderem a ideia de nem tudo são rosas,
atirando setas em diferentes direcções, a estes temos que dizer, de
uma vez por todas, que somos moçambicanos e devemos dar um
voto de confiança aos mentores da paz. Basta de sermos fatalistas,
fantoches e apregoadores da má sina, devemos assumir que os que
assim cogitam estão redondamente enganados.
Moçambique reconquistou a paz em 2019 na sequência de um
processo longo. O acordo de terça-feira suscitou a admiração de
todo o mundo, como sendo um bom exemplo de tolerância e de
diálogo entre irmãos desavindos há já bastante tempo.
Filipe Nyusi e Ossufo Momade, em tempo recorde, mostraram
ao mundo que eram capazes de, eles próprios, resolverem os seus
problemas, desafiando uma metamorfose de consolidação de uma
cultura de paz e reconciliação nacional. A paz, queridos irmãos, é
um bem essencial para a vida dos povos, pois só com esta é possível
trabalhar para aumentar permanentemente a qualidade de vida
dos cidadãos. A paz cria condições para o crescimento económico
e desenvolvimento, por isso vale sempre a pena lutarmos pela sua
preservação, o mundo precisa de políticos que saibam promover
a concórdia e a paz, cultivando o respeito pela realidade cultural
do seu país.
O Estado é, seguramente, um exemplo claro de como se deve preservar a paz, a harmonia nas relações e, sobretudo, o reforço de
várias formas de cooperação. O caminho está aberto. Cada moçambicano deve assumir a paz como seu tesouro, sua relíquia, e
fazer de tudo para garantir o bem-estar das gerações vindouras. O
povo está satisfeito. Foi feita a sua vontade. Viva a democracia! O
povo pediu a paz. E os negociadores ofereceram megabaites deste
precioso bem social!
Txuna paz!
Editorial
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, e o líder
da Renamo, principal partido da oposição, Ossufo
Momade, assinaram em Maputo o terceiro Acordo
final de Paz desde a independência do país, cujo
grande teste será a 15 de outubro
O acordo de paz assinado na tarde desta terça-feira
na Praça da Paz, em Maputo, na presença de altos
dignitários nacionais e estrangeiros — entre os quais
a secretária de Estado portuguesa dos Negócios
Estrangeiros e Cooperação, Teresa Ribeiro, e Alta
Representante da União Europeia para a política
externa, Federica Mogherini — tem de ser ratificado
pelo Parlamento moçambicano até ao final do mês.
A cerimónia da assinatura culmina vários anos de
negociações entre o Governo moçambicano e a Renamo, processo iniciado ainda com o líder histórico
da Renamo, Afonso Dhlakama, falecido em maio de
2018. As negociações de paz foram mediadas pela
comunidade internacional, através do denominado
Grupo de Contacto, presidido pela Suíça e composto
pelos EUA, China e União Europeia, entre outros.
O acordo foi no entanto contestado por um grupo
residual de antigos combatentes da Renamo que não
aceitam a liderança de Ossufo Momade, por considerarem que está a “entregar as armas ao inimigo”.
Na base desta contestação está um dos principais
pontos do Acordo, o processo de Desarmamento,
Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço
armado da Renamo.
No entanto, em declarações feitas há algum tempo
ao Expresso, Ossufo Momade afirmou que, ao substituir o líder histórico, limitou-se a seguir o plano
já desenhado por Afonso Dhlakama para o futuro do
partido, porque era sua vontade que Moçambique
alcançasse uma paz efetiva e duradoura.
A assinatura deste Acordo final de Paz antecede o
início da campanha para as eleições legislativas e
presidencial de Moçambique, agendadas para 15 de
outubro, e irá permitir que os candidatos possam participar ativamente nesta campanha. Segundo vários
analistas, estas eleições irão ser um verdadeiro teste
aos compromissos assumidos neste que é o terceiro
Acordo de Paz (o primeiro foi assinado em 1992 e
o segundo em 2014) em Moçambique desde a independência do país, em 25 de Junho de 1975.
Um Acordo de Paz com
um pequeno óbice e
um grande teste à vista
| opinião |
Sílvia Fernandes
Stress hídrico desafia humanidade
Os países em que a água já é um recurso em falta
QQuase um terço da população global - 2,6 bilhões de pessoas - vive em países em
situação de stress hídrico extremamente alto.O crescimento populacional, o aumento
do consumo de carne e a intensificação da actividadeeconómica vêm pressionando
os recursos hídricos do mundo.Habitantes de quase 400 regiões do planeta já estão
vivendo sob condições de “extremostress hídrico”, segundo um novo relatório do
WorldResourcesInstitute (WRI), um centro de pesquisa sediado em Washington.
O temor é que a escassez de
água possa causar o deslocamento de milhões de pessoas,
gerando conflitos e instabilidade política.Do México ao
Chile, passando pelas áreas da
África e pontos turísticos no
sul da Europa e no Mediterrâneo, o nível de “stress hídrico”
– a quantia de água extraída de
fontes terrestres e superficiais
em comparação com o total
disponível – está atingindo níveis preocupantes.
Problema global
O Turismo vem colocando
pressão sobre recursos hídricos
de alguns países mediterrâneos.
Quase um terço da população global – 2,6 bilhões de
pessoas – vive em países em situação de stress hídrico “extremamente alto”, incluindo 1,7 bilhão em 17 nações classificadas
como “extremamente carentes
de água”, segundo o WRI.Enquanto os países do Oriente
Médio são considerados os de
maiorstress hídrico, o estudo
também destaca que a Índia
vem “enfrentando desafios críticos sobre seu uso e gestão da
água que afectam tudo, desde a
saúde ao seu desenvolvimento
económico”.Paquistão, Eritreia,
Turcomenistão e Botswana
também são considerados extremamente carentes de água.
Más notícias e boas surpresas
Os dados foram compilados
a partir da plataforma Aqueduct 3.0 do WRI, que analisou
vários modelos hidrológicos
e calculou o quanto de água é
retirada dos suprimentos de
águas superficiais e subterrâneas disponíveis em cada região
em comparação com o total de
água disponível. Quando a proporção excedia 80%, as áreas
eram consideradas “extremamente carentes de água”.
“Como alguém que trabalha
com dados, tento ser bastante
imparcial sobre o que esperar
dos números, mas fiquei surpreso com a situação ruim na
Índia”, diz RutgerHofste, principal autor do estudo, à BBC.A
Índia é o 13º país do mundo
com maior stress hídrico, à
frente do seu vizinho, o Paquistão.Nove dos seus 36 Estados
e territórios são classificados
como extremamente carentes
de água e Chennai (antiga Madras), a capital do Estado de TamilNadu, no sul do país, sofreu
recentemente com inundações
e secas.
“A contínua crise hídrica
na principal cidade de Chennai
demonstra os tipos de desafios que grande parte da Índia
enfrentará nos próximos anos,
exacerbada pela má gestão da
água e pelas crescentes demandas por água tanto da indústria
quanto das pessoas”, diz o relatório.Segundo o WRI, o México
enfrenta uma situação tão grave
quanto a da Índia, se nenhuma
medida for tomada.
Quinze dos 32 estados do
país são classificados como extremamente carentes de água
e Hofste aponta que a capital,
a Cidade do México, em particular, tem um “sistema de água
muito frágil”.Dez das 16 regiões
do Chile também foram classificadas como “extremamente
carentes de água”, incluindo a
capital, Santiago.
As capitais chinesa e russa, Pequim e Moscovo, também são classificadas como
“extremamente carentes de
água”, embora os países não
sejam.“Algumas outras surpresas”, segundo Hofste, foram
encontradas no sul da Europa, incluindo Itália e Espanha,
onde o turismo representa uma
pressão adicional sobre os sistemas de água durante os meses mais secos do ano.Mais da
metade das 20 regiões da Itália
foi considerada “sob stress hídrico extremo”, bem como um
terço (27) das 81 províncias da
Turquia. A Cidade do Cabo, na
África do Sul, passou por drástico desasbatecimento de água
em 2018 e restrições foram
implementadas. No entanto,
a Cidade do Cabo, na África
do Sul, dez dos 17 distritos do
Botswana e partes da Namíbia
e Angola são considerados “extremamente carentes de água”.
Brasil
O Brasil, por outro lado,
não vive a mesma realidade. Segundo o estudo, a maior parte
do país tem um baixo risco de
stress hídrico.Apesar disso, o
Distrito Federal é o Estado em
situação de maior stress hídrico
do Brasil (médio-alto), de acordo com a pesquisa. Em seguida,
vêm os Estados do Ceará, Paraíba, Rio de Janeiro e Pernambuco.
Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), o Brasil
possui cerca de 12% da disponibilidade de água doce do
planeta, mas a distribuição
natural desse recurso não é
equilibrada.A região Norte, por
exemplo, concentra aproximadamente 80% da quantidade
de água disponível, mas representa apenas 5% da população
brasileira. Já as regiões costeiras
abrigam mais de 45% da população e apenas 3% dos recursos
hídricos do país.
Consumo explosivo
Entre 1961 e 2014, a taxa
global de retirada de água, ou
a quantidade de água doce extraída de fontes de água subterrâneas e superficiais, aumentou
2,5 vezes.A demanda por água
para irrigar plantações mais do
que dobrou no último meio século, diz o WRI, e a irrigação
responde por cerca de 67% da
água consumida a cada ano.As
indústrias em 2014 consumiram três vezes mais água do que
em 1961 e agora respondem
por 21% do total de retiradas
brutas.
Enquanto isso, as famílias
respondem por 10% das retiradas de água, o que representa
um aumento de mais de seis vezes em relação a 1961. Apenas
uma pequena percentagem de
água retirada de fontes hidrológicas se destina à pecuária.
No entanto, Hofste ressalva que
a água usada para irrigar plantações que eventualmente servem de alimento para o gado
é responsável por 12% do uso
global da água de irrigação, de
acordo com um estudo de 2012
realizado por pesquisadores
da Universidade de Twente, na
Holanda.
Em meio à tendência de
aumento da demanda por produtos de origem animal, ele diz
acreditar que a redução da ingestão de carne pode ajudar a
aliviar os recursos hídricos do
mundo.“Essa é provavelmente
a solução milagrosa se você me
pedir para resolver a crise global da água”, diz Hofste
“Usamos muitas terras
agrícolas para plantar comida
e alimentar os animais. Então,
quando você pensa em transformar esses recursos em calorias, não se trata da maneira
mais eficiente.”
De acordo com o estudo
holandês de 2012, a pegada hídrica de qualquer produto animal é maior do que a pe10 | zambeze | NACIONAL | Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019
gada hídrica de produtos
agrícolas com valor nutricional
equivalente.
Clima e conflito
Várias agências das Nações
Unidas já alertaram que a mudança climática vai tornar a
disponibilidade de água menos
previsível em alguns lugares.A
previsão é que o aumento das
temperaturas e chuvas mais variáveis reduza a produtividade
das culturas em muitas regiões
tropicais em desenvolvimento,
onde a segurança alimentar já
é um problema, diz a Organização Mundial da Saúde (OMS).
E de acordo com a Convenção das Nações Unidas para o
Combate à Desertificação, baseada nas tendências existentes,
a escassez de água em alguns
lugares áridos e semiáridos
causará o deslocamento de 24
milhões a 700 milhões de pessoas até 2030.Alguns países em
situação de stress hídrico estão
zonas de conflito, e água pode
ser um factor que contribui
para confrontos, diz estudo.
O WRI também diz que
muitas áreas extremamente e
altamente carentes de água estão em zonas de conflito, e esse
recurso pode ser um factor que
contribui para os conflitos. Essas áreas incluem Israel, Líbia,
Iêmen, Afeganistão, Síria e Iraque.Muitas áreas que precisam
absorver um grande número
de pessoas deslocadas, como a
Jordânia e a Turquia, também
sofrem muito com o stress hídrico.
Mas os dados do WRI também mostram que mesmo os
países que não são particularmente sujeitos a stress hídrico
são vulneráveis à ocorrência
de secas, que é definida como
precipitação abaixo de 10% do
nível normal.
A Moldávia e a Ucrânia, por
exemplo, são definidas como
países de baixo a médio nível
de stress hídrico, mas estão no
topo do ranking de países expostos a riscos de seca. Em seguida, está Bangladesh, onde o
nível de stress hídrico é classificado como baixo.Além disso,
os pequenos agricultores nesses países são menos flexíveis a
variações no abastecimento de
água em comparação com agricultores na Califórnia.
Experiências positivas
Mas Hofste diz que os dados do Aqueduct 3.0 também
mostram que, onde os factoressocioeconómicos são os principais propulsores do stress hídrico do mundo, eles podem ser
mitigados a partir de uma boa
gestão da água. Singapura, por
exemplo, construiu um abastecimento de água sustentável que
o governo chama de “Quatro
Torneiras”: um sistema de grandes proporções de colecta de
água (especialmente para a pequena área da ilha); importações
de água; água recuperada de
alta qualidade conhecida como
Newater; e água dessalinizada.
Israel é outro líder mundial
em tecnologias avançadas de
água e gerenciamento do recurso.Hofste diz que os países
que enfrentam desafios relacionados à água, como a Índia,
podem reagir seguindo esses
exemplos para enfrentar as
suas próprias crises. “O stress
hídrico é um indicador importante, mas não representa um
destino imutável”, disse Hofste
à BBC.“Depende muito da resposta do país e há exemplos de
nações que enfrentaram crises
hídricas com sucesso”.
Arrancou campanha de
Educação Cívica Eleitoral
Os agentes de
educação cívica eleitoral
estarão distribuídos pelos
sete distritos municipais que
compõem a cidade de Maputo.
A informação foi avançada
este sábado pela presidente da
Comissão de Eleições da cidade de Maputo, Ana Chemane,
na Escola Secundária Noroeste
1, que acolheu a cerimónia de
lançamento da campanha de
educação cívica eleitoral nesta
urbe.
Segundo Ana Chemane, a
campanha consiste na mobilização, sensibilização e educação cívica eleitoral dos munícipes e dos potenciais eleitores
naquilo que é necessário para
poder votar e a importância do
voto.
“Com este acto, nós esperamos que a população receba a
principal mensagem de que, no
dia 15 de Outubro, deva ir cedo
votar e que os eleitores percebam
que só temos um único dia para
votar, também que votar é um
direito cívico e de cidadania”,
disse.
De acordo com a presidente
da Comissão de Eleições da cidade de Maputo, os agentes de
educação cívica eleitoral são o
principal veículo da necessidade
de eleger o futuro Presidente da
República e deputados da Assembleia da República.
Disse esperar que várias actividades, enquadradas na campanha de educação cívica, aconteçam nos próximos dias para que
se possa ter nível de abstenção
Arrancou, oficialmente, no sábado, 03 de Agosto, a campanha de educação cívica eleitoral para as eleições presidenciais,
legislativas e das assembleias provinciais, agendadas para dia
15 de Outubro próximo. Na cidade de Maputo, a capital do
país, 240 agentes de educação cívica eleitoral estão envolvidos
na mobilização 700 545 mil potenciais eleitores inscritos nesta
autarquia.
“Zero”. Para tal, os agentes de
educação cívica deverão ir às
igrejas e outros locais de concentração populacional na perspectiva de educar os cidadãos para
que exerçam o seu dever cívico.
“Eles portam a mensagem
de que o direito a voto é um
dever cívico, um dever de cidadania e que todos os eleitores
devem se aproximar às mesas e
votar. Devem eleger os seus titulares, porque, se não elegem,
vão reclamar. Também lembra-
-los delevar consigo o cartão de
eleitor.Essa é a mensagem principal”, disse.
Refira-se que a Campanha
de Educação Cívica Eleitoral
terá duração de 29 dias, de 03 a
30 de Agosto do corrente ano.
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 | NACIONAL | zambeze | 11
A Fiscalização Prévia - FP (através do visto) corresponde ao
exercício do poder de controlo financeiro ou da legalidade de
determinados actos administrativos antes da sua prática. A FP
é entendida como a forma de controlo das despesas públicas
que mais polémica causa, no seio das instituições públicas
sujeitas à jurisdição dos tribunais administrativos, cujo processo de tramitação pode estar a conduzir a prática de actos
de corrupção por parte dos funcionários que intervém nas
suas diversas etapas, conducentes à decisão por parte do juiz.
Éimportante sublinhar, a propósito
da FP, que esta se
exerce através da
concessão ou recusa do visto nos actos ou contratos submetidos à apreciação
do Tribunal Administrativo
(TA) e dos tribunais administrativos. Trata-se de um escrutínio da actividade financeira
do Estado, isto é, de um mecanismo de prevenção da prática
de actos que não estejam em
consonância com o estabelecido na lei ou cujos encargos não
tenham cabimento financeiro
(orçamental), ou quando se
está perante dúvidas sobre se os
referidos actos observam condições favoráveis para o Estado.
A FP ou visto reveste-se de uma
importância central no quadro
das finanças públicas e na vida
diária da Administração Pública, de tal forma que lhe foi conferida dignidade constitucional.
A Administração Pública é directamente abrangida por esta
actividade. A FP condiciona a
eficácia global dos actos e contratos celebrados pela Administração Pública, viabilizando-os,
nos casos de concessão do visto,
ou determinando a sua inexequibilidade e a insusceptibilidade de produção de quaisquer
efeitos financeiros, nos casos da
sua recusa. O visto é, por conseguinte, uma forma privilegiada
de evitar que sejam realizados
gastos ilegais e irregulares.
Quadro legal
Um primeiro passo para a
análise do processo de controlo
prévio é observar o que a legislação estabelece sobre a matéria
(Lei n.°8/2015 de 6 de Agosto,
que altera os artigos 1, 4, 5, 6, 7,
13, 14, 138 da Lei n.°14/2014 de
14 de Agosto (que altera e republica a Lei n° 14/2014, que aprova a Lei da Organização, Funcionamento e Processo Secção
de Contas Públicas do Tribunal
Administrativo). A fiscalização
prévia da legalidade das receitas e despesas públicas abrange
a concessão ou recusa do visto
nos actos, contratos e demais
instrumentos emanados pelas
entidades públicas e que para
a sua eficácia careçam do mesmo, traduzindo-se na análise
da sua legalidade e cabimento
orçamental e, relativamente
aos contratos, na indagação da
observância de condições mais
favoráveis para o Estado. Com
efeito, se o tribunal entende
que os elementos atinentes à
legalidade administrativa e à legalidade orçamental estão preenchidos, então deve “conceder
o visto”, que é a condição “sine
qua non” para a eficácia do acto
e que torna regular a despesa a
ser realizada. O visto, neste caso
particular, tem a força de uma
verdadeira sentença homologatória (autorizando, por conseguinte, a realização da despesa
requerida). Importa referir que
o visto pode ser atribuído para
os contratos ou outros actos a
serem praticados pela Administração Pública e não só, mas
também para a contratação de
empreitadas de obras públicas,
fornecimento de bens e prestação de serviços ao Estado
segundo o estabelecido no Decreto n.º5/2016 de 8 de Março
(que aprova o Regulamento de
Contratação de Empreitada de
Obras Públicas, Fornecimento
de Bens e Prestação de Serviços
ao Estado).
Actualmente, tem-se lançado críticas de diversa natureza ao processo de concessão
do visto por parte dos órgãos
administrativos. A principal
crítica é que o processo pode
constituir um entrave ou retardamento ao funcionamento
normal da Administração Pública, particularmente devido
à sua morosidade. Este facto
tem, muitas vezes, agastado
os cidadãos/empresas quando
procuram os serviços do TA e
tribunais administrativos provinciais.
Função da fiscalização prévia
A FP tem as seguintes funções essenciais: • Controlar a
legalidade das despesas públicas e a existência de cabimento
orçamental; • Concorrer para
uma gestão correcta dos fundos
públicos visando a salvaguarda
do interesse da colectividade
(interesse público). A natureza do visto e os seus efeitos, de
acordo com o art. 61 da Lei nº
14/2014, constitui um acto jurisdicional condicionante da
eficácia global dos actos e mais
instrumentos legalmente sujeitos à fiscalização prévia. Assim
sendo, de acordo com o art. 62
da lei acima citada, a fiscalização prévia envolve cinco tipos
de apreciação, com metodologia distinta, nomeadamente: •
Visto • Visto tácito • Urgente
conveniência de serviço • Anotação • Julgamento 3. Prazo
para a concessão do visto Após
o registo da entrada do processo na respectiva secretaria-
-geral, o TA dispõe de trinta
(30) dias para a concessão do
visto, salvo se forem solicitados elementos ou informações
complementares (n.º 1 do art.
35 da Lei n.°14/2014), sendo
que, no mesmo prazo, devem
ser feitos os referidos pedidos
de elementos ou informações.
Nos casos em que sobre os actos, contratos e demais instrumentos sujeitos ao visto não
houver decisão de concessão
ou recusa de visto, depois de 45
dias contados a partir da data
do registo de entrada, todos os
pedidos consideram-se visados. Trata-se, no caso, do visto
Tácito. Os processos instruídos
e declarados como sendo de
urgente conveniência de serviço devem ser enviados ao TA
e aos tribunais administrativos
provinciais nos 30 dias subsequentes à data do Despacho de
Autorização, sob pena de cessação dos respectivos efeitos (n.º
3 do art. 73 da Lei nº14/2014).
4. Distribuição dos processos
sujeitos à Fiscalização Prévia
Primeiro: Os processos de visto
que dão entrada são encaminhados juiz de semana, devidamente informados pela contadoria, até ao primeiro dia útil
da semana seguinte ao registo
de entrada na secretaria-geral
do tribunal competente (art.
33 da Lei n°14/ 2014, de 14 de
Agosto). De acordo com o nº 1
do art. 34 da lei 14/2014, de 14
de Agosto, a sequência da instrução do processo é a seguinte:
• Por ordem de registo de entrada, salvo nos actos de urgência; • Por iniciativa própria ou
por requerimento de qualquer
entidade, os juízes podem declarar a urgência de qualquer
processo, mediante despacho
fundamentado.
: Após a submissão feita na
secretaria-geral do TA e nas
dos tribunais administrativos,
o processo é enviado para o
Cartório do Visto. Já no Cartório do Visto faz-se a inserção no
sistema, de alguns dados relativos ao processo. Terceiro: É a
fase do visto propriamenA importância da Fiscalização Prévia*
12 | zambeze | NACIONAL | Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019
te dito, onde o processo é
analisado com a profundidade
necessária. É nesta fase que se
faz a submissão ao contador
verificador - chefe. Este pode
concordar ou não com a proposta de submissão. NOTA:
Concordando com a proposta
de submissão, o processo segue
para outra fase, na qual é analisado pelo Juiz Conselheiro.
Caso este não concorde, o processo é devolvido ao contador
verificador-chefe para sanar
eventuais vícios nos termos
previstos no artigo 33 da 3 lei
n º 8/2015, de 6 de Outubro.
É de salientar que, para além
do Juiz Conselheiro, o técnico
tem a prerrogativa de devolver
o processo. O assessor do juiz
faz uma análise ao processo antes do mesmo ser submetido ao
Juiz Conselheiro para efeitos de
análise (é uma espécie de análise prévia). Salientese que o juiz,
por sua vez, pode mandar devolver o processo caso observe
a prevalência de algum vício. O
Juiz Conselheiro é quem decide pela concessão ou recusa do
visto, dependendo do processo
estar isento, ou não, de vícios.
Os vícios, que podem levar a
que o visto não seja concedido,
podem decorrer da falta de algum documento essencial.
Instrução de processos
não relativos a pessoal
(contratos)
De acordo com o art. 64 da
Lei nº 14/2014, a instrução de
processos não relativos a pessoal (contratos) deve ser efectuada mediante apresentação
dos documentos exigíveis, em
duplicado, devidamente autenticados com o selo branco em
uso no respectivo serviço: •
Aviso de abertura de concurso
público ou autorização de dispensa do mesmo; • Caderno de
encargos, sendo caso para isso;
• Acta de abertura das propostas; • Prova de cumprimento
das obrigações fiscais, designadamente do pagamento do
imposto de selo; • Despachos
de adjudicação e outros, devidamente autenticados pelos
serviços remetentes. Os contratos definitivos são, ainda,
acompanhados de documentos
onde constem: • A identificação
do ministério ou outra instituição onde se insere o serviço
ou organismo; • A data da sua
celebração; • Identificação dos
outorgantes; • O prazo de validade; • O objecto e o valor do
contrato; • A informação de
cabimento de verba. 1 Processo
no valor abaixo de 5 milhões de
meticais
Exemplos de actos ilícitos
Em qualquer das fases de
tramitação de processos de
concursos no TA e nos tribunais administrativos podem
ocorrer actos de corrupção. São
várias as “artimanhas” feitas no
processo para a obtenção de benefícios próprios. Destas, são de
destacar as seguintes: ofertas feitas no final do ano, senhas para a
compra de cabazes, senhas para
o abastecimento de combustível,
etc. A seguir descrevemos um
caso concreto que pode ser provado com base em documentos,
que ocorreu da seguinte forma:
A Vale Serviços interpôs junto
ao TA um processo de contratação de empreitada de obras
públicas para fins de obtenção
de visto. Neste caso tratava-se de
uma anotação. As obras teriam
lugar no Instituto Nacional de
Segurança Social (INSS), mas o
processo foi “retido” no tribunal
para fins ilícitos desconhecidos.
Como tal: o processo deu entrada no dia 13 de Setembro de
2018, tendo sido distribuído no
dia 14 de Setembro de 2018. No
entanto, o seu despacho só foi
procedido no dia 3 de Outubro
de 2018. Ora, pese embora o
prazo normal para a concessão
do visto ser de 30 dias, não se
compreende tamanha morosidade neste caso, pois tratava-se
de um processo de simples apreciação e de simplificação do visto. Assim, pelo facto deste processo ter sido retido por algum
(s) funcionário (s), o requerente
teve de submetê-lo novamente
ao TA para que a fiscalização
prévia tivesse lugar. Observou-
-se que na segunda submissão
não aconteceu o anterior constrangimento, tendo o visto sido
concedido dentro do prazo legal
para o efeito. O que aconteceu
foi que, na primeira submissão
do processo, o requerente recebia frequentemente telefonemas
de funcionários do tribunal a
informá-lo que o mesmo teria
vícios, os quais tornariam impossível a sua tramitação até ao
final. Mas o processo em referência não se achava “ferido” de
qualquer vício que obstasse a sua
apreciação, até porque obedecera a todos os requisitos legais
para a obtenção do visto, requisitos estes que são: Certificado
de Inscrição no Cadastro Único
nº6644/PE/PS (vide anexo). De
acordo com o nº 1 do artigo 35
da lei nº8/2015, de 6 de Outubro
(sobre os prazos), os processos
de anotação obedecem à regra
geral dos prazos, que são de 30
dias. A contagem inicia após a
sua submissão à secretaria-geral.
*Texto do CIP. Título da responsabilidade do Zambeze
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 zambeze | 13
Ana Munguambe
| NACIONAL |
Logo que o sol se anuncia, sai de casa. Antes de chegar a
baixa da cidade de Maputo, passa do Albasine para comprar
vegetais a grosso que revenderá a retalho. Há dez anos, esta é
a rotina de Regina Machangane, que tira das ruas da capital
o seu sustento.
Na esquina da
Avenida Karl
Marx e Zedequias Manganhela, encontramos Regina Machangane,
27 anos, residente no bairro de
Intaka, vendedora ambulante
num dos corredores da baixa
da cidade de Maputo.
Há 10 anos faz o negócio
nos corredores da cidade, mas
os ganhos não lhe permitem
uma vida confortável. “Tem
sido muito difícil ganhar algum lucro, porque somos muitas aqui a vender as mesmas
coisas”, disse ela a apontar para
as bancas lado-a-lado que vendem alface, tomate, cenoura,
feijão verde, e repolho.
Referiu ainda que a vida na
capital do país não tem sido
fácil pelas enormes taxas que
lhes são impingidas. “O mesmo
dinheiro que consideramos lucro levamos para pagar a nossa
taxa diária à polícia municipal,
caso contrário confiscam nossos produtos”, indica.
Mesmo estando ciente dos
riscos que corre ao vender na
rua, a dona Regina não pretende deixar de vender, pois é
a única fonte de sustento que
ela tem. “Mas acredita um dia a
vida pode vir melhorar”, acredita.
Por isso, continua a sonhar
em poder um dia abrir um negócio grande, e ter um espaço
seguro para passar a vender
meus produtos, ser fornecedora de grandes restaurantes ,
deixando para trás todo sufoco
que vive agora.
Regina gaba-se por ter
conseguido fidelizar os seus
clientes. “Os restaurantes que
sempre vêm fazer o seu rancho
na minha banca”, disse a vendedora.
O que pode mudar se a
ameaça do Policia Municipal
se cumprir. “Não sei onde vou
vender se isto acontecer”, lamenta.
Como qualquer outra mulher empreendedora, Regina
tem passado por muitas dificuldades, desde onde adquirir
os seus produtos ao transporte dos mesmos. Algumas vezes, conta, não consegue levar
nada para sustentar a filha de 6
anos. “ Isso é uma grande frustração”, disse.
Jovem faz nas ruas o seu sustento
Chibuto
Município implementa programa
para redução dos impactos da erosão
Assumiu a pasta da edilidade pela primeira vezido do Instituto Nacional de Acção Social-Distrito de Xai-xai. Henriques
Machava, primeiro edil de Chibuto,tem vários problemas por
corrigir, a começar pela ocupação de espaços impróprios para
a venda, por parte dos informais, a recusa ao pagamento das
taxas e licenças por parte dos comerciantes formais. Acredita
ele que vai resolver alguns. Mas a problemática da erosão
que assola parte daquela autarquia vai tirando sono ao edil
que, com a experiência no INAS, tenta colocar em prática o
Programa Acção Social Produtiva para o combate aos efeitos
extremos da erosão.
Odistrito de Chibuto está situado na parte sul
da província de
Gaza. O acesso
ao distrito pode ser feito atráves
do distrito de Guijá, Chilembene, Limpompo e Chongoene.
Apesar desta facilidade de entrada, Chibuto não foge a regra
de tantos outros distritos da parte central e norte da província
de Gaza:ciclicamentesofrecom
a seca e cheias, o que ensombra
os esforços de desenvolvimento, um pouco por toda a província de Gaza, e não só. É dentro
deste âmbito que a edilidade
de Chibuto combinou o PASP,
para fazer face à situação naquele espaço geográfico.
O Programa Acção Social
Produtiva (PASP) abrangeu
cerca de 900 munícipes oriundos dos 14 bairros de Chibuto.
O município, em pareceria com
o Instituto Nacional de Acção
Social, ocupou-se da compra
de instrumentos para a limpeza,
abertura de ruasuniformes,de
modo a tornar o município asseado, como também a reduzir
a pobreza dos munícipes através de um valor mensal que não
ultrapassa os 1200 meticais.
Um dos secretários do bairro
disse a nossa reportagem que o
arruamento dos bairros é uma
questão que deve ter solução
urgente, pois sempre que acontece um infortúnio, em algum
quarteirão, é complicado que a
viatura dos serviços funerários
aceda à residência para a remoção do corpo do finado, quer
pela interrupção das vias ou a
existência de ruas demasiado
estreitas que apenas permitem
o movimento de poucas pessoas em filas.
Durante os três anos de
execução, a edilidade prevê o combate efectivo à erosão de solos.O presidente
do Conselho Municipal de
Chibuto,HenriqueMachava,
não tem dúvida que o combate à erosão exige acções mais
estruturadas, que passam pela
criação de um sistema de controlo das águas das chuvas. É
preciso criar mecanismos que
regulem as águas com impacto
nas infra-estruturas de desenvolvimento. É que, segundo
Machava, se as águas não tiverem um sistema de retenção nas
zonas mais altas,acabam descendo violentamente às zonas
baixas e, como consequência,
os munícipes perdem suas culturas e o gado bovino, factores
que, dalgumaforma,regride o
desenvolvimento do município.
Com as estratégias desenhadas para o desenvolvimento
destas actividades, o município de Chibuto querreduzir,em
grande medida, os efeitos da
erosão. Portanto, vai lutar para
E. da Graça e L. Cumbe
14 | zambeze Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019
Legenda
José Matlhombe Zoom
| NACIONAL |
conter os efeitos deste fenómeno.
Da ocupação dos bairros em
expansão a falta de energia
Os bairros da Autarquia de
Chibuto foram crescendo de
forma frenética sem, no entanto, ter o acompanhamento
de uma rede de distribuição de
energia estruturada, incluindo
os bairros de expansão, um cenário que compromete a qualidade deste recurso a nível da
urbe.
Com vista a reverter este
quadro, a edilidade tem vindo
a desenvolver acções estratégicas, no sentido de criar estrutura básica para prover qualidade de energia. Numa primeira
fase,poderáincidirnos bairros
que não tenham uma cobertura
total de energia, nomeadamente Mudada e Chimundo.
Se, por um lado, a falta da
corrente eléctrica em alguns
bairros da urbe não só mantém a tradição do uso dos candeeiros (xiphefo) e velas,por
outro, compromete a rede de
distribuição de água que ainda
se apresenta deficitária.É que
parte dos residentes para poder
ter o precioso líquido recorre
aos privados que, até esta parte, são os maiores fornecedores
de água, embora o município
tenha, através da Assembleia
Municipal, aprovado a criação
de uma Empresa Municipal
de Abastecimento de Água e
Saneamento cujos encargos já
fazem com que o municípiopondereaextinguir.
A população da cidade de
Chibuto, explica estudo da Direcção Nacional de Águas,por
muito tempo consumiu água
imprópria, dado que parte dos
solos contém bromo devido a
ocorrência das areias pesadas.
Planos são o que não falta na
agenda do autarca Machava,
que acredita que a problemática da água tenha dias contados
com a inauguração de um sistema de abastecimento de água
de raiz, prevista para os finais
do mês de Agosto corrente.
Este sistema, ainda segundo o
autarca, será gerido pelo fundo
de investimento e abastecimento de água (FIPAG).
“Para manter a sustentabilidade, oo sistema, que vai
servir a população, resolvendo
de forma definitiva o problema
de água na cidade, poderá ser
gerido por uma entidade com
capacidade já reconhecida, o
FIPAG”, indicou.
Recolha dos estudantes do
curso nocturno
Um pouco por toda a urbe,
os bairros apresentam vias
interrompidas,facto associado
aos efeitos da erosão. A circulação de pessoas e bens é garantida pelos transportadores
semicolectivos afectos ao núcleo da ASTROGAZA-Chibuto e os serviços de táxi, que vão
nascendo para complementar
as rotas que os semicolectivos
não acedem. Arriscar a minibus, quer do modelo Quatum,
quer doSuperGl, é oneroso para
aqueles transportadores, pois o
serviço de transporte é insustentável, com as vias de acesso
em péssimas condições.
Quem paga o prejuízo são
os estudantes do curso nocturno que, devido a falta de
transporte no período entre 20
e 21 horas, se mobilizam em
grupos para a longa ou pequena caminhada, desde a escola
secundaria de Chibuto até ao
bairro Mudada ou aldeia Samora Machel. Caminhar, segundo
os estudantes, permite que entre eles troquem impressões e
evitem roubos, até porque a iluminação pública quase que não
existe nos bairros aludidos nos
parágrafos anteriores.
O autarca reconhece esses
problemas, contudo, ao seu
jeito tenta reunir com os transportadores de modo a garantir
a recolha dos estudantes no
período nocturno. “São poucos
com possibilidades de subir táxitodosdias, aliás, este serviço
é oneroso. Tentamos ao nosso
nível reunir com os transportadores, alguns já desempenham a actividade de recolha
dos estudantes, embora em um
número reduzido. Como edilidade vamos através das nossas
acções corrigir estes problemas
dos solos”.
A dificuldade na colecta de
receitas por parte dos munícipes e comerciantes é apontado
como factor que tem contribuído para a demora no melhoramento das vias de acesso,
que é o que o município de
Chibuto pretende, numa primeira fase, atacar. Segundo a
vereadora dos transportes e comunicações, CharmilaMussa, a
edilidade tem o projecto de melhoramento das vias cuja mobilidade é impossível. As estradas de terra batida, segundo
a vereadora, seriam uma alternativa para permitir a ligação
entre a urbe e os bairros. Aliás,
a dificuldade das vias de acesso tem condicionado a criação
de algumas rotas. Segundo o
e município, se os munícipes
não mudarem de atitudes, pagando as diversas taxas que o
município afixa na sua vitrina,
o projecto de criação de uma
empresa municipal de transporte não será para tão breve. A
vereadora dos transportes, jura
de pés juntos, que não há défice
para o transporte dos munícipes. O que sucede, disse, são
inquietações dos munícipes de
alguns bairros com uma densidade populacional reduzida, lá
os semicolectivos dificilmente
acedem.
“Sabemos que o município e o distrito têm problemas
sérios de erosão e isso condiciona o transporte, portanto, pretendemos abrir mais
rotas,entretanto, acaba sendo
difícil exactamente pelas vias
de acesso que não permitem.
São alguns exemplos de zonas problemáticas, Chimundo, Samora Machel, Mudada,
Mudumeia, Nhocane”,disse,
reconhecendo que para além
das vias, a rede móvel para a
comunicação é um das dores
de cabeça, mas que há esforços
que vão sendo conjugados no
sentido de as operadoras resolverem estas questões.
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 | NACIONAL | zambeze | 15
| centrais |
Lançado primeiro pilar Cabo Delgado
O Presidente da República, Filipe Nyusi, lançou, esta segundafeira, no Distrito de Palma, Cabo Delgado, a primeira pedra
que marca o início do Projecto Mozambique LNG (Gás Natural
Liquefeito), liderado pela petrolífera americana Anadarko. O
empreendimento é referente ao gás descoberto na Área 1 da
bacia do Rovuma, são aproximadamente 75 triliões de pés
cúbicos de gás natural recuperável em terra.
Recorda-se que a 18
de Junho passado,
a Anadarko anunciou a sua intenção
de investir perto de
23 biliões de dólares no projecto de exploração de gás natural,
Área 1.
Falando na ocasião, Filipe
Nyusi disse que o lançamento
da primeira pedra constitui uma
demonstração da forma inequívoca de exploração do Gás natural que promete ser fundamental
para a dinamização da economia
nacional.
“As acções desenvolvidas
neste projecto enquadram-se
em três pilares, dos cincos que
definimos para este quinquénio,
nomeadamente: o desenvolvimento do capital humano e social, produção de emprego e produtividade e desenvolvimento
de infra-estruturas económicas
e sociais”, explicou o Presidente
da República.
Nyusi acrescentou que a
implementação do projecto da
Anadarko vai também ao encontro da estratégia nacional de industrialização, que se traduz na
transformação local dos recursos
em produtos de valor destinados
aos mercados nacionais e internacionais.
Num outro desenvolvimento,
Filipe Nyusi disse que a instalação daquela infra-estrutura industrial vai ser determinante na
criação de outra cadeia de produção, particularmente na instalação de outros empreendimentos industriais que vão prestar
suporte ao da Anadarko, tendo
falando também da necessidade
de se desenvolver a componente
social, como a construção de escolas, hospitais, entre outros.
Refere-se para além do lançamento da primeira pedra para
a construção da fábrica, Filipe
Nyusi também procedeu a abertura da Vila de Quitumba, onde
Gás natural é fundamental na dinamização da economia
- Presidente da República, Filipe Nyusi
Actualmente a
mão-de-obra
moçambicana
representa 96 por
cento dos trabalhadores”, disse a
fonte tendo acrescentado que “continuamos a criar
oportunidades
para as empresas
locais.
16 | zambeze
Egídio Plácido
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019
| centrais |
Lançado primeiro pilar Cabo Delgado
estão reassentadas as populações
retiradas da onde está a ser construída a fábrica do Projecto Mozambique LNG.
Oportunidades com o projecto
Por seu turno, o vice-presidente da Anadarko, Steve Wilson, disse que a construção da
fábrica vai trazer inúmeros benefícios para o país, como um todo,
e Palma em particular.
A fonte acrescentou que,
quando o projecto estiver funcional, espera-se que o PIB nacional venha a duplicar para além
de que as empresas nacionais
puderam ter uma carteira de 150
milhões de dólares em fornecimento de meios de construção,
tais como pedra ou cimento.
“Actualmente a mão-de-obra
moçambicana representa 96 por
cento dos trabalhadores”, disse
a fonte tendo acrescentado que
“continuamos a criar oportunidades para as empresas locais”.
Afinal, como vai funcionar a
fábrica?
A fábrica de GNL, a primeira
do género no solo moçambicano, vai consistir na instalação de
entrada, dois módulos de GNL,
estabilização do condensado, armazenamento e carregamento do
GNL e do condensado, e utilidades associadas, tais como água,
ar e nitrogénio.
Na explicação dada pelos responsáveis do Anadarko, o gás de
alimentação vai chegar às instalações de entrada através de três
gasodutos submarinos e onshore
(em terra). Depois da separação
de gás e outros líquidos como
água, o gás será enviado aos Módulos de GNL, para extracção do
Mono Etileno Glicol (MEG) que
é usado para inibir a formação de
hidratos e para remover o vapor
de água.
Após o pré-tratamento, o
Modulo GNL comprime e expande o gás, que congela progressivamente a uma temperatura de 162º C negativos.
Seguidamente, o GNL será
armazenado em dois tanques
com capacidade de cento e
oitenta metros cúbicos cada,
equivalente a cerca de 1,1 milhão de barris. Posto essa fase,
o gás será exportando através
de petroleiros gigantes solados
para as instalações de regaseificação nos países importadores, onde será aquecido e expandido, voltando novamente
ao seu estado gasoso, podendo
a partir daí ser transportado
através de gasodutos para consumidores domésticos e industriais.
Nova vila abre novos
horizontes
Entretanto, para dar lugar
a construção da fábrica a Anadarko levou a cabo o processo de reassentamento de cerca
560 famílias abrangidas pelo
traçado do projecto.
A nova Vila de Quitumba,
construída de raiz e inaugurada
pelo Presidente da República,
possui várias infra-estruturas
sociais, entre elas um centro
de saúde, administração, posto
policial, Escola e centro comunitário.
As casas construídas são de
tipo três, numa área de cerca
71 metros quadrados.
Gás natural é fundamental na dinamização da economia
Nyusi acrescentou que a
implementação
do projecto da
Anadarko vai
também ao encontro da estratégia nacional
de industrialização, que se
traduz na transformação local
dos recursos
em produtos de
valor destinados
aos mercados
nacionais e internacionais.
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 zambeze | 17
Defende académico Brazão Mazula
Integridade eleitoral passa
pela educação ética dos actores
O antigopresidente da Comissão Nacional de Eleições,o professor catedráticoBrazãoMazula, defendeque a integridade dos
processos eleitorais em Moçambique passa, necessariamente,por
uma educação dos gestores dos processos eleitorais e actores políticos, que os leve a primar por princípios éticos e, sobretudo,
pela sabedoria e transparência no seu agir.
Mazula, que
falava durante a palestra sobre
a “integridade dos processos eleitorais: lições e desafios para as eleições
gerais e provinciais”, promovida pelo Instituto para a Democracia Multipartidária(IMD),
sublinhou que os órgãos eleitorais nomeadamente a Comissão
Nacional de Eleições(CNE) e o
Secretariado Técnico da Administração Eleitoral(STAE) são
cruciaispara a integridade da
credibilidade do processo,por
serem órgãos que têm autoridade perante à nação e o público
em geral.
“Por isso apelamos aos órgãos de gestão eleitoral a primarem pela ética na sua actuação. Mesmo que os partidos
políticos tentem corrompê-los
devem ter coragem de dizer
não. Não obstante sabermos
que a vida é difícil, a dimensão
ética deve ir ao de cima”, disse Mazula,explicando que há
necessidade de os dois órgãos
de gestão eleitoral cooperarem
ao invés de cada um procurar
protagonismo nos processos
eleitorais”.
Mazula explicou que os
órgãos de gestão eleitoral devem promover a simplicidade
eleitoral, uma vez que “fenómenos não abonatórios que
temos verificado nos processos eleitorais no nosso país são
propiciados pelas clivagens e
desinteligências entre a CNE e
o STAE”.
Durante a sua alocução,
oprofessor Mazula comentou
sobre os dados contraditórios
do recenseamento eleitoral na
província de Gaza, tendo instado a CNE e o STAE a serem
fieis aos dados apresentados
pelo Instituto Nacional de Estatística, um órgão do estado
fiável, quando se trata de dados
populacionais. “Devem corrigir isso e devolverem a justiça
ao povo. A população de Gaza
não tem culpa nenhuma sobre o
sucedido”.
O professor Mazula instou,
igualmente, aos partidos políticos a não corromperem aos
membros tanto da CNE, assim
como do STAE,mas sim contribuir para que estes órgãos trabalhem de forma imparcial sem
coacção nem a nível interno
nem externo.
“À Polícia da República de
Moçambique (PRM) e aos militares apelamos que não aceitem que sejam partidarizados.
Em qualquer parte do mundo,
eles servem ao estado e não
aos partidos políticos, por isso
apelamos que garantam a ordem, segurança e tranquilidade pública no processo eleitoral, sobretudo, no processo de
votação”, disse Mazula, para
quem a PRM não deve estar no
centro de conflitos eleitorais e
nem é sua função bater, matar,
nem carregar urnas de votos,
devendo ficar equidistante, observando apenas os comandos
estabelecidos por lei.
Num outro desenvolvimento, o professor catedrático recordou a necessidade de maior
atenção na escolha dos membros da Assembleia de Voto,
que para ele não devem ser
ignorantes, ladrões nem aldrabões, mas sim pessoas íntegras
capazes de garantir transparência no processo de contagem
dos votos, dando actas correctas.
Outro círculo social que
mereceu menção do palestrante são as religiões que, segundo explica, não devem se
deixar instrumentalizar pelos
partidos políticos neste processo eleitoral,devendo se manter
equidistantes dado que as religiões não têm cores partidárias.
Por seu turno, o Bastonário
da Ordem dos Advogados, Flávio Menete, corroborou com a
ideia da necessidade de observância, pelos actores políticos,
de princípios éticos para a integridade do processo eleitoral,
princípios estes que devem assentar no respeito pela diferença, ordem e observância da lei,
bem como na disseminação de
mensagens que impilam à tolerância e ao respeito pela paz.
“Há responsabilidade dos
partidos políticos e dos cidadãos reflectirem e perceberem
que há livre escolha dos dirigentes e que não há motivos
de pancadaria para quem pensa
diferente”, disse Menete, ajuntando que a observância da Ética vai contribuir para que não
tenhamos destruição de cartazes de campanhas eleitorais,
choques entre caravanas “o que
contribuirá para que o processo
seja limpo e credível”.
Maior capacitação dos
Membros das Assembleias de
Voto (MMV), em matéria de legislação eleitoral, que define a
eleição do Presidente da República, dos deputados da Assembleia da República, bem como
dos governadores provinciais é
vista pelo Bastonário como um
imperativo para o sucesso doprocesso.
Na ocasião, Menete criticou
as cíclicas revisões da legislação eleitoral, sobretudo, nas
vésperas da realização de eleições, porque, segundo ele, “não
dá tempo para os actores políticos se apropriarem dos instrumentos, podendo haver alguns
que até poderão basear as suas
posições, em casos de litígios
ou ilícitos, na Lei revogada”,
por isso apelou ao maior estudo
e capacitação sobre a legislação
em vigor para o bem, tanto dos
próprios partidos políticos, dos
seus membros nas assembleias
de voto, como do processo em
geral.
Quanto a actuação da Polícia, Menete foi categórico
ao afirmar que “a Polícia deve
cumprir escrupulosa e exclusivamente a lei e não cumprir
ordem ilegais. Isto é, deve haver actuação ética de todos os
intervenientes para reduzir espaços de conflito”.
A palestra sobre “integridade dos processos eleitorais: lições e desafios para as eleições
gerais e provinciais” tinha, entre vários propósitos, o de lançar alertas sobre os desafios do
processo eleitoral.O Director
Executivo do IMD, Hermenegildo Mulhovo, disse “queremos que, no fim dos processos
eleitorais, consigamos dizer,
sim, identificamo-nos com os
resultados eleitorais e que o
processo foi conduzido de uma
forma transparente e sem conflitos”.
Para Mulhovo, o IMD tem
visto com grande apreço os
acordos assinados pelo Chefe de Estado moçambicano e
o presidente da Renamo, para
o alcance de uma paz efectiva
no país, “daí que entendemos
que os processos eleitorais devem fazer jus a este processo,
olhando de forma séria a questão da integridade na gestão e
administração dos processos
eleitorais”.
“Da leitura que fazemos
quanto à gestão e justiça eleitoral denotamos que os níveis
de confiança são baixos. Temos
que ter acções visíveis que devolvam a confiança aos cidadãos na gestão das eleições de
melhor forma e que isso deverá
contribuir para a paz definitiva”, disse Mulhovo para quem
não se trata de discutir a questão da legalidade, mas sim o
processo de gestão e de justiça
eleitoral que deva produzir resultados credíveis e aceitáveis.
Segundo Hermenegildo, a
integridade torna a democracia saudável e forte, por isso
torna-se premente a reflexão
sobre a integridade dos processos eleitorais para se evitar ou
consciencializar os políticos e a
sociedade no geral a contribuir
para que não tenhamos conflitos armados como tem acontecido, vezes sem conta,após os
processos similares que o país
já promoveu.
Participaram no evento várias personalidades nacionais
dentre eles, corpo diplomático, representantes de partidos
políticos parlamentares e extraparlamentares, académicos
e membros da sociedade civil,
bem como membros de órgãos
de gestão eleitoral nacionais.
18 | zambeze | NACIONAL | Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 | NACIONAL | zambeze | 19
Entre juiz e procurador da República
Magistrados debatem limites
Os limites na articulação funcional entre o juiz e o procurador da República foram objecto de debate, numa mesa redonda, promovida, na sexta-feira, 2 de Agosto, em Maputo, pelo
Centro de Formação Jurídica e
Judiciária, em parceria com a
Associação Moçambicana de Juízes (AMJ), com vista a melhorar,
cada vez mais, a articulação entre
as instituições do sector, no país.
Trata-se de uma
acção enquadrada
nas actividades
do Centro de Formação Jurídica e
Judiciária, que coincide com os
objectivos da AMJ, no contexto
da elevação constante do nível
de conhecimento técnico dos
juízes em Moçambique.
A propósito, Carlos Mondlane, presidente da AMJ, referiu que os limites na articulação
funcional entre o juiz e o procurador da República têm sido
temas de debate um pouco por
todo o mundo e Moçambique
não podia ser uma excepção:
“Há quem diz que, muitas vezes, as nossas ligações exacerbam aquilo que ditam as leis, os
códigos de ética e deontologia
das profissões, e para discutirmos, trazendo uma perspectiva
não só nacional, num evento
que reúne juízes, procuradores,
advogados e outros actores jurídicos, como professores e estudantes”, disse, destacando que
as conclusões da mesa redonda
vão contribuir para a melhoria
do quadro jurídico nacional, no
que toca à articulação entre as
instituições.
Um dos principais oradores da mesa redonda, Walter
ClaudiusRothenburg, membro
do Ministério Público Federal do Brasil, sustentou que a
articulação entre o Ministério
Público e a magistratura dos
juízes é uma conversa absolutamente normal e espontânea
que as pessoas de boa-fé devem
ter também com os advogados
e com a sociedade civil, mas
sempre pautada pela legalidade
e pela ética.
“Se verificarmos, por meio
desta articulação, que há comprometimento, por exemplo, da
impessoalidade, da separação
de poderes, isso, do ponto de
vista jurídico, pode ser tão grave que pode ensejar a nulidade
de um processo e pode inclusive ensejar a responsabilização
pessoal das partes envolvidas”, sublinhou.
Por sua vez, UbiratanCazetta, procurador da República
no Estado de Pará, Brasil, explicou que a intenção é debater
o que é o limite dos dois agentes do Estado, em busca do
melhor resultado e daquilo que
de alguma forma possa prejudicar o réu ou arguido.
“A experiência brasileira
demonstra que há um limite
visível em que o importante é
lembrar sempre o interesse colectivo da sociedade, sempre
protegendo a defesa, o arguido, para que ele tenha direito
a uma justiça real”, enfatizou.
Em casos em que a defesa seja prejudicada, conforme
argumentou UbiratanCazetta,
é necessário reconhecer que
a justiça não se fez: “Então
é importante que nós estejamos muito claros que o facto
de termos em actuação dois
agentes do Estado, o magistrado do Ministério Público e
o magistrado judicial, não significa que eles estejam livres
da amarra ética que nos separa e que garante ao cidadão
o direito de ser julgado com
equidade, com distância e que
garanta aos advogados a capacidade de exercer uma defesa
completa”, concluiu.
Depois de exigir demissão e processo-crime contra o STAE
MDM defende prorrogação do mandato da CNE
A bancada parlamentar
do Movimento Democrático
de Moçambique (MDM) votou a favor da prorrogação do
mandato dos membros da Comissão Nacional de Eleições
(CNE), mesmo depois de exigir a demissão e instauração
de um processo-crime contra
o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE),
alvo da contestação pública
devido ao processo de recenseamento eleitoral na província de Gaza.
O presidente do MDM,
Daviz Simango, tem lançado
duras críticas a liderança do
director geral do Secretariado Técnico de Administração
Eleitoral (STAE), Felisberto Naífe (órgão de apoio da
CNE), sobretudo, por causa
dos polémicos resultados de
recenseamento eleitoral da
província de Gaza. Daviz Simango defende a demissão de
todo o staff do STAE, aliás,
segundo Simango, o STAE
devia ser mesmo levado à barra da justiça.
“Nos encontros passados,
pedi aos magistrados, quer judiciais quer da procuradoria,
que investiguem esses casos,
porque não podemos hipotecar aquilo que os moçambicanos procuram construir com
muito sacrifício por causa de
um punhado de pessoas”, disse Simango, recentemente, na
Zambézia, citado pelo O país.
Entretanto, já na capital,
a Assembleia da República
aprovou recentemente, o Projecto de Lei atinente a revisão pontual da Lei Orgânica
da CNE, um dispositivo que
visa prorrogar o mandato dos
actuais membros da CNE. O
documento foi aprovado com
135 votos das bancadas da
Frelimo e do MDM contra 60
votos da bancada da Renamo,
que também exige a demissão
em “bloco” dos membros da
CNE.
Em contacto com o Zambeze, o MDM, na voz do seu
deputado parlamentar Fernando Bismarque, defende que o
partido do galo votou a favor
da prorrogação do mandato da
CNE por que “não é possível
mudar agora que estamos no
ciclo eleitoral faltando 75 dias
para o processo eleitoral”.
Para Bismarque, trocar
agora os vogais da CNE seria um pretexto falacioso para
que no período pós-eleições,
qualquer anomalia que acontecesse se alegasse que os
membros são novos.
“É importante que avancemos com os membros contestados que estão lá e que têm o
conhecimento de causa, para
que, em Abril do próximo ano,
se faça a reforma da CNE. Não
faz sentido trocar os membros
da CNE nesta fase em que estamos em velocidade do cruzeiro”, explicou Bismarque.
Refira-se ainda que a Comissão Permanente da Assembleia da República (CPAR),
reunida recentemente na sede
do Parlamento, na 10ª Sessão
Extraordinária, deliberou a
perda de mandato do antigo
deputado do MDM, Ricardo
Frederico Tomás. Segundo
apuramos, a vaga de Ricardo
Tomás foi preenchida, no dia
30 de Julho, pelo deputado
suplente do MDM, eleito pelo
círculo eleitoral de Tete, Celestino Bento.
DÁVIO DAVID
20 | zambeze | desporto| Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019
Mambas voltam a decepcionar
A equipa de todos nós, Mambas, voltou a claudicar no Estádio Nacional de Zimpeto, ao aceitar, mesmo tendo marcado
três golos, dois tentos do Madagáscar, depois de ter perdido
em Antananarivo por uma bola a zero.
Aselecção nacional
entrou bem no
jogo, tendo marcado três golos
ainda na primeira
parte, mas no reatar da segunda parte do jogo, a nossa defensiva não conseguiu assegurar
o resultado e sofreu dois golos
em menos de seis minutos da
etapa complementar. Daí em
diante, não se viu mais a nossa selecção até ao apito final.
Os Mambas nunca tinham
marcado três golos num jogo
de qualificação e, mesmo com
essa vitoria de três a dois, não
se qualificam pela derrota na
primeira-mão em Madagáscar.
“No intervalo, eu falei
com os jogadores para estarem atentos aos lances laterais, mas a equipa não cumpriu e também, em algum
momento,a equipa tremeu “,
admitiu Victor Matine, seleccionador nacional, que falou a
imprensa depois do jogo.
Por sua vez, o presidente
da FederaçãoMoçambicana
de Futebol (FMF), Alberto Simango jr., disse, visivelmente
embirrado, “a federação deu
tudo que os Mambas precisavam, estágio, transporte, campo de treino, etc.”.
Entretanto, Moçambique
volta a entrar em competições,
quando defrontar o Ruanda a
11 de Novembro próximo, no
Estádio Nacional do Zimpeto
para o Chan–2021, que se realizará nos Camarões.
José Matlhombe
ÁngelDi Maria recorreu à sua
página de Instagram para deixar um longo desabafo sobre
os sacrifícios que ele e tanto
outros futebolistas fizeram
para chegar ao patamar em
que se encontram.
“O que fizeste na segunda-
-feira? Fui treinar.
O que fizeste na terça-feira?
Fui treinar.
O que fizeste na quarta-
-feira? Fui treinar.
O que fizeste na quinta-
-feira? Fui treinar.
O que fizeste na sexta-
-feira? Fui treinar.
Fazemos algo no fim-de-
-semana? Não posso, tenho
jogo.
O treino acaba, paramos e
olhamos o campo, com terra,
pedras, erva, o lugar onde
jogamos. Essa terra e essas
pedras onde já caímos e raspamos os joelhos, as costas,
os cotovelos, as mãos... Essa
terra e essas pedras que nos
ficavam dentro das chuteiras e
nos incomodavam durante os
jogos. A terra que fez com que
sujássemos a casa toda e com
que a nossa mãe nos dissesse:
‘tira essas chuteiras e meias e
vai já directo para o banho’
O que nos dá força a cada
ano para arrancar um campeonato? Todos te dizem que
ao domingo gostam de dormir.
‘É melhor o futebol de cinco’,
dizem os teus amigos. ‘Nunca
estamos juntos’, diz a tua namorada. ‘Pensa em estudar e trabalhar’, dizem os teus familiares.
Pensas por dentro e sorris.
Que sabem eles sobre o
que o futebol significa para
ti... Que sabem eles da tensão
e dos nervos que não te deixam
dormir num dia de jogo? Que
sabem eles dos jogos que
já disputaste lesionado ou
doente?Que sabem eles do
que sentes quando marcas e
os teus companheiros te abraçam desesperadamente?Que
sabem eles das vezes em que
foste atrás do autocarro ou dos
cinco quarteirões que correste
para não chegar atrasado ao
treino? Que sabem eles do quão
profundo é o momento em que o
treinador te chama? Que sabem
eles de como é estar a morrer
de calor em Fevereiro a fazer a
pré-temporada, quando todos
os teus amigos estão de férias a
divertir-se? Que sabem eles de
reunir-se TODOS os dias com as
pessoas que marcam a tua vida:
os teus amigos, dos risos e das
lágrimas? Que sabem das vezes
que treinaste à chuva? Terra,
pedrinhas, ervas, dez pessoas
do teu lado, outras onze do outro, uma bola e um apito longo
e seco. Esta é a nossa vida. De
que sabem eles?
Muita gente diz que o futebol não tem nada a ver com a
vida... Não sei o quanto sabem
da vida, mas de futebol... não
sabem nada!”.
Di Maria abre o coração em carta que está a correr mundo
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 |desporto | zambeze | 21
Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o antigo avançado dos dragões e leões manifestou o desejo de regressar a Portugal, sublinhando
que os problemas com o álcool e as drogas fazem parte do passado.
E
m entrevista ao Desporto ao Minuto, o
antigo avançado dos
dragões e leões manifestou o desejo de
regressar a Portugal, sublinhando
que os problemas com o álcool e
as drogas fazem parte do passado.
Mário Jardel Almeida Ribeiro,
conhecido no mundo do desporto
como Super Mário, aceitou o convite do Desporto ao Minuto para
uma conversa sem tabus.
Uma entrevista onde reconheceu o desejo de regressar a
Portugal já no próximo ano. Se as
“oportunidades surgirem” espera
conseguir um posto de trabalho
em Alvalade ou no Dragão.
Actualmente no Brasil, o
antigo avançado de FC Porto e
Sporting recordou a sua relação
com Cristiano Ronaldo “antes
de ser um fenómeno mundial”
e deixou uma curiosa avaliação
sobre quanto valeria o Jardel de
2002 no mercado actual: “Entre
250 a 300 milhões de euros”.
Não podia começar a entrevista de outra forma. Retirou-se
dos relvados há 11 anos, não tem
saudades de pisar um campo de
futebol?
Claro que tenho, é lógico que
fica uma enorme saudade quando
ligamos a televisão e vemos os
jogadores em acção. A saudade
está lá, mas a vida segue e nós
não conseguimos vencer o tempo.
O Jardel preferiu enveredar
pela política, após pendurar as
chuteiras, em detrimento do
futebol. Porquê é que tomou esta
decisão?
Recebi um convite e aceitei.
Foi uma coisa do momento e decidi aceitar naquela altura, mas não
foi muito agradável essa visita ao
mundo da política. Uma página
que faz parte do passado e que
quero esquecer.
Está preparado então para
regressar ao futebol?
Com certeza, já avaliei algumas possibilidades e quem sabe
não vá trabalhar em algum clube
português, como treinador de
avançados. A oportunidade ainda
não surgiu mas teria um enorme
gosto de regressar a Portugal para
treinar um clube grande como
FC Porto, Sporting ou Sp. Braga.
Mas já recebeu alguma proposta formal?
Infelizmente, não. Eles [clubes] não pensam da mesma
forma que eu e não querem
aproveitar este talento que está
aqui parado.
Podemos acreditar que a breve trecho vamos ter Mário Jardel
a treinar um clube em Portugal
ou no estrangeiro?
Pode ser, pode ser... Espero
que apareça essa oportunidade,
para poder vencer, tal como aconteceu dentro das quatro linhas.
E qual era o clube que mais
gostaria de treinar?
Primeiro tem de aparecer a
proposta, depois tenho de analisar. A opção que for mais viável
para mim, eu aceito.
Recuando aos tempos em que
começou a jogar futebol. Quais
são as maiores dificuldades que
um jogador, vindo de classes com
menos recursos, enfrenta quando
parte para esta aventura?
No futebol brasileiro não
existem boas estruturas, por isso
o jogador é forçado a trabalhar
muito, apanhar dois ou três autocarros para ir para os treinos,
pedir dinheiro emprestado e
sacrificar-se muito para vencer.
Hoje em dia, já há muitos jogadores qualificados, mas que não
querem vencer na vida, porque o
futebol está muito fácil. Hoje, os
jogadores têm telemóveis, desde
tenra idade, os pais vão levar e
buscar os meninos aos treinos.
Antigamente, não. Antes, os jogadores venciam por conta própria.
Promovida pelo Standard Bank
Segunda edição de massificação de
ténis movimenta 3000 crianças
O Standard Bank lançou, segunda-feira, 5 de Agosto, na Escola Primária Completa (EPC) de Guaxene, no distrito autárquico
da Katembe, em Maputo, a segunda edição do projecto “Massificação de Ténis”, que vai abranger três mil crianças de 12 escolas
primárias da província e cidade de Maputo.
Esta edição, segundo Alfredo
Mucavela, director de Marketing e Comunicação do Standard
Bank, representa o alargamento
da base de descoberta de talentos, bem como a continuidade do
projecto, pois as seis escolas da
primeira edição vão, igualmente,
participar na prova.
“A nossa filosofia de trabalho
não muda. Através da Federação
Moçambicana de Ténis continuaremos a providenciar todas as
condições logísticas para o sucesso do projecto. Para nós, Standard
Bank, massificação significa trazer o ténis de onde tradicionalmente se tem praticado, para onde
as pessoas estão. Este movimento
é para ensinar as crianças a praticarem o ténis de forma massiva”,
referiu o director de Marketing e
Comunicação.
Por sua vez, Jonas Alberto,
vice-presidente da Federação
Moçambicana de Ténis (FMT),
agradeceu o esforço notável do
Standard Bank ao promover a
massificação da modalidade,
cujos frutos já se fazem sentir.
“Cada vez mais atletas têm
visitado o Clube de Ténis de Maputo por causa da mediatização
do Standard Bank e gostávamos
que continuassem a apostar em
nós. Estamos motivados e empenhados para que o projecto seja
um sucesso”, considerou Jonas
Alberto.
José Seiuane Júnior, secretário Permanente do Ministério
da Educação e Desenvolvimento
Humano (MEDH), disse que a
iniciativa do banco é louvável,
porque desdramatiza a elitização da modalidade e incentivou
aos alunos da EPC de Guaxene
a praticarem o ténis, porque o
Standard Bank já criou todas
as condições para o efeito, que
mostra o cometimento e o desiderato na massificação de ténis,
nas escolas.
“O sector de educação louva este gesto do Standard Bank,
porque o projecto vai criar incentivo nos alunos em ter gosto pelo
desporto”, frisou José Seiuane.
Gizelda Valeriano, aluna beneficiária do projecto de massificação, mostrou-se feliz com a
iniciativa do Standard Bank, ao
abranger a sua escola, tendo na
ocasião apelado aos gestores do
banco, para a necessidade de envolver mais escolas do seu distrito autárquico.
Importa referir que na primeira edição o projecto de massificação de ténis abrangeu 6 escolas
e 800 alunos, dos 6 aos 14 anos
de idade, que foram apoiados por
professores de educação física
e monitores da FMT, tendo os
melhores alunos sido apurados
para participar no Standard Bank
Open.
A presente edição do projecto de massificação de ténis conta
com a participação das escolas
EPC 4 de Outubro, EPC Tunduro,
Christian Academy in Mozambique, EPC Guaxene, EPC Acordos de Roma, EPC Guava, EPC
Lhanguene Centro, EPC Lhanguene Piloto, EPC Minkadjuine,
EPC Bagamoyo, Escola Primária
Amilcar Cabral e EPC Wiryamu.
Jardel: “Gostava de treinar FC Porto
ou Sporting. Liguem e contratem-me”
Membros da oposição no Ruanda
desaparecem misteriosamente
Vários membros do partido da oposição Forces DemocratiquesUnifiées (FDU) foram encontrados mortos ou desapareceram de forma misteriosa no Ruanda. E ninguém sabe o que
poderá ter acontecido aos críticos do governo.
Há alguns anos
que a FDU, a
coligação de
partidos de
oposição ao
Presidente Paul Kagame, se vê
confrontada com casos misteriosos de desaparecimento de
militantes.
O caso de Eugene Ndereyimana é um dos últimos conhecidos. O jovem político de 29
anos, desapareceu no dia 15
de Julho, quando se preparava
para viajar para um encontro
do partido na cidade de Nyagatare no nordeste do país. Ele
nunca chegou ao congresso do
partido e não se sabe do paradeiro do jovem político, pai de
duas crianças.
Investigações sem resultados
Em declarações à DW África, a presidente da FDU, VictoireIngabireUmuhoza, afirmou
que já tentou por várias vezes
contactar os serviços de investigação, mas não recebeu qualquer informação.
“Quem conhece os serviços de investigação do Ruanda sabe que eles são bastante
competentes. Ninguém pode
simplesmente desaparecer, sem
que eles venham a saber onde
ele está. Isso não é possível. Eles
podem me dizer que não sabem
onde ele está, mas ninguém
acredita. Eles sabem quem matou o membro da oposição. Eles
sabem, mas não nos querem
dar a informação”, reclamou
Victoire.
JustinBahunga, um dos
vice-presidentes da coligação,
também está céptico em relação a esta situação. “Talvez se
trate de uma acção deliberada
pelo Estado, que visa impedir
que qualquer oposição opere
no Ruanda. Nesse caso, é difícil pensar que conseguiremos
receber qualquer informação.
Esse é o pior cenário possível”,
afirmou JustinBahunga.
Oposição perseguida
Há muito que opositores
do Ruanda enfrentam intimidação, violência, prisão ou desaparecem, quando expressam
as suas opiniões críticas sobre o
Presidente Kagame e contra seu
partido no poder, a Frente Patriótica Ruandesa (RPF), afirma Sarah Jackson, vice-diretora
da Amnistia Internacional para
a África Oriental.
“Na ausência de investigações confiáveis, é muito difícil
saber o que aconteceu. Como
Amnistia Internacional, pedimos às autoridades do Ruanda
que abram essas investigações
e que elas sejam credíveis, para
que saibamos o que aconteceu
realmente. É incrivelmente
preocupante ver esses casos
de desaparecimentos a crescer
e o impacto que isso tem no
contexto político no Ruanda”,
afirma com preocupação Sarah
Jackson.
Os opositores ao regime de
Kagame não têm facilidades
mesmo além das fronteiras do
Ruanda. Em 2014, Patrick Karegeya, ex-chefe dos serviços
secretos do Ruanda e mais tarde um dos fundadores do Congresso Nacional de Ruanda,
crítico do regime, foi estrangulado no seu quarto de hotel na
África do Sul.
Em 2010, tinha dado entrevistas ao jornal ugandense
“TheObserver” e à BBC, nas
quais classificava Kagame de
“ditador que não desiste do poder”. Além disso, Karegeya acusara Kagame de ordenar uma
série de assassinatos políticos.
Quando Kagame foi questionado sobre o possível envolvimento do governo na morte
de Karegeya, disse: “O Ruanda
não matou essa pessoa, mas
não nego que eu gostaria que o
Ruanda tivesse feito isso”. Kagame também enviou uma advertência: “Qualquer sobrevivente
que conspirar contra Ruanda,
seja ela quem for, pagará o preço”.
Alguns dos membros da
FDU que foram vítimas destas
perseguições são: AnselmeMutuyimana, que foi encontrado morto no meio da selva;
BonifaceTwagirimana, vice-
-presidente da FDU¬ que está
desaparecido; Jean Damascene
Habarugira, encontrado morto num hospital com sinais de
mutilação; e IllumineeIragena,
que continua desaparecida.
Até 2030 no combate à tuberculose
Parlamento Pan-Africano
quer orçamentos musculados
Parlamentares africanos
pediram compromissos colectivos e aumento dos orçamentos dos Estados na área da
saúde para combater às causas
e eliminar a tuberculose do
continente até 2030.
Parlamentares africanos
pediram compromissos colectivos e aumento dos orçamentos dos Estados na área da
saúde para combater às causas
e eliminar a tuberculose do
continente até 2030.
Os pedidos foram feitos
durante a abertura da reunião
descentralizada do parlamento Pan-Africano (PAP) e da
III Cimeira Africana sobre a
Tuberculose, que decorrem
esta semana na cidade da
Praia.De acordo com a deputada cabo-verdiana Lúcia Passos, presidente da Comissão
de Género, Família, Juventude e Pessoas com Deficiência
do PAP, a tuberculose é uma
doença infecciosa, mas que
tem tratamento, pelo que o
desafio é começar a fazer uma
diplomacia parlamentar para
aumento dos orçamentos dos
países e inserir o combate à
doença no Plano Nacional de
Saúde.
“Cabo Verde é um exemplo disso, praticamente quase
já não falámos na tuberculose,
porque o país decidiu implementar uma política efectiva
de combate à doença. Neste
momento, temos cerca de 220
casos por ano, o que é ínfimo,
comparando com o que é a
morte diária no mundo, que
é de 438”, salientou Lúcia Passos.
Para a deputada, a ideia é
ver as experiências de países
que já estão mais avançados,
como Cabo Verde, para partilhar com aqueles que ainda
têm alguma dificuldades e desafios nessa matéria.
É neste sentido que, indicou, o PAP incentivou a criação do grupo mundial dos
parlamentares para discutir a
questão da tuberculose, por
entender que “há uma necessidade de empreender uma
política mais efectiva no seu
combate”.
Quem também defendeu
o aumento dos orçamentos
para o combate à tuberculose
foi o deputado AurélienZingas, da República Centro-
-Africana, que pediu uma
“intervenção colectiva” dos
Estados e uma colaboração
técnica dos parceiros para
combater a doença.
O também presidente da
Comissão de Saúde, Trabalho
e Assuntos Sociais do PAP sublinhou ainda a importância
dos cuidados de saúde primários, considerando que a vacinação é “uma das intervenções mais rentáveis” no que
diz respeito à saúde pública.
AurélienZingas notou que
há no mundo mais de 20 vacinas eficazes e que um dos
grandes desafios é fazer com
que essas vacinas sejam acessíveis a vários grupos, como
os migrantes, as pessoas que
vivem em zonas de conflitos,
as afectadas pelas catástrofes
e as que vivem em zonas remotas.
O presidente da Comissão
de Saúde, Trabalho e Assuntos Sociais do PAP, Estephen
Mule, disse que é “um sonho”
erradicar a tuberculose do
continente até 2030, mas para
isso defendeu ser necessária a
intervenção de todos.
O deputado da Zâmbia referiu que a tuberculose é uma
das 10 doenças que mais pessoas matam em todo o mundo, com cerca de 1,6 milhões
anualmente.
A sessão foi aberta pelo
presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde, Jorge
Santos, em substituição do
Presidente da República, afirmando que “África tem feito
progressos consideráveis a
nível do combate à tuberculose, à semelhança do resto do
mundo”, mas que “não tem
investido o suficiente para
eliminação das causas da doença”.
“Já não é momento para
grandes discursos, é momento para acção, de traduzir essa
vontade política em orçamento de Estado”, para financiar a
saúde pública, pediu o chefe
da casa parlamentar cabo-
-verdiana.
Entre as causas da doença,
Jorge Santos apontou a pobreza, a má nutrição, habitação
insalubre, falta de saneamento básico e de saúde materno
infantil, bem como o aumento
das catástrofes naturais, como
a seca.
A reunião conta com
a presença da cerca de
30 membros do grupo
Parlamentar Africano e da
plataforma do Parlamento
Pan-Africano para debater
a tuberculose, sendo que
quase 40% das mortes devido
à doença a nível mundial
ocorrem em África.
22 | zambeze | Internacional| Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019
Ameaça atrás de ameaça
Coreia do Norte continua com
os testes de armamento
A Coreia do Norte ameaçou realizar mais testes de armas,
depois de disparar novos mísseis, no quarto ensaio em 12 dias,
e ainda denunciou o início de exercícios militares entre Seul e
Washington
Oressurgimento
da tensão na
península coreana parece
comprometer
ainda mais o processo diplomático, entre a Coreia do Norte e
os Estados Unidos da América,
iniciado em 2018.A Coreia do
Norte referiu que as manobras
militares entre os EUA e os sul-
-coreanos foram uma “flagrante
violação” dos esforços de paz e
reflectiram a falta de “vontade
política”.
Os exercícios militares
inevitavelmente provocaram a
fúria do regime norte-coreano,
mas é raro que Pyongyang realize testes de mísseis durante
essas manobras. A velocidade
com que as autoridades norte-
-coreanas anunciaram os novos
testes de armas é também fora
do comum, pois normalmente
esperam 24 horas para fazer o
anúncio.
A Coreia do Norte disparou na província de Hwanghae
do Sul, na costa oeste do país,
“dois projécteis suspeitos de
serem mísseis balísticos de
curto alcance”, informou o
Estado-Maior Conjunto Sul-
-Coreano (JCS).
No 74.º aniversário de bombardeamento atómico
Hiroshima pede eliminação de
armas nucleares
Horas depois da cerimónia oficial marcar a data na
cidade japonesa, na Coreia
do Norte foi efectuado mais
um teste de armamento.
Hiroshima assinalou o 74.º
aniversário do
bombardea -
mento atómico
da cidade japonesa, com o autarca da cidade a renovar pedidos para a eliminação das armas
nucleares.O prefeito KazumiMatsui manifestou, durante o
discurso de paz, a preocupação
sobre a ascensão da “política
egocêntrica no mundo” e instou
os líderes a trabalharem firmemente para alcançar um mundo
sem armas atómicas.
Por outro lado, exigiu que
o Governo do Japão represente
as vontades dos sobreviventes
do bombardeamento atómico e
assine um tratado da ONU de
proibição de armas nucleares.
O ataque dos Estados Unidos a Hiroshima, no 06 de
Agosto de 1945, matou 140 mil
pessoas. Uma outra bomba caiu
três dias depois, em Nagasaki,
matando mais 70 mil, antes da
rendição do Japão acabar com a
II Guerra-Mundial.
Horas depois da cerimónia oficial, a Coreia do Norte efectuou mais um teste de
armamento, que traduz o impasse nas negociações sobre a
desnuclearização da península
coreana.
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 | Internacional | zambeze | 23
24 | zambeze | nacional| Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019
Crédito de USD 2 biliões para financiar participação
da ENH na Área 1 será fechado em Setembro
O acordo de financiamento de dois biliões de dólares à Empresa Nacional de Hidrocarbonetos deverá estar fechado próximo
mês. A garantia foi dada esta quarta-feira, em
Maputo, pelo PCA da da Empresa Nacional
de Hidrocarbonetos (ENH), Omar Mithá.
Em 2018, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, ENH, solicitou ao Governo uma
garantia soberana para financiar a sua participação no projecto do gás natural da Área
1, da Bacia do Rovuma, cujas obras de construção da fábrica de liquefacção arrancaram
na segunda-feira. Esta quarta-feira, o PCA da
ENH revelou que o acordo está para breve.
Omar Mithá explicou ainda os contornos
deste empréstimo bilionário com garantia soberana.
Para financiar a sua participação na Área
4 da Bacia do Rovuma, cujo projecto em terra é liderado pela gigante norte-americana
Exxon Mobil, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos vai seguir o mesmo modelo
da Área 1, ou seja, recorrer a mais um empréstimo com garantia soberana do Estado.
(o País)
Escolas de Manica atingidas
pelo Idai voltam à normalidade
Sector da Educação aumentou a carga horária dos docentes nas escolas afectadas pelo ciclone e introduziu aulas aos
fins-de-semana para recuperar o tempo perdido. Resultado
foi positivo: aulas já decorrem sem sobressaltos.
Na província de
Manica, no
centro do país,
as aulas em
escolas destruídas de forma parcial ou total
pelo ciclone Idai, em Março,
já estão a decorrer sem sobressaltos, segundo os estudantes.
O setor da Educação e Desenvolvimento Humano na
província de Manica traçou
estratégias para a recuperação
dos temas perdidos. A carga
horária dos docentes nas escolas afetadas foi aumentada
e foram introduzidas aulas aos
fins-de-semana.
Também não houve férias
no mês de abril para os alunos
dos distritos atingidos pelo
Idai em Manica, com objetivo
de acelerar os conteúdos perdidos enquanto as escolas estiveram encerradas.
Sussundenga
Um dos distritos mais afetados pelo ciclone em Manica
foi Sussundenga. No posto
administrativo de Dombe, 43
escolas ficaram sem aulas num
período de uma semana durante a passagem da tempestade
tropical. Alguns alunos do
distrito comentaram as estratégias adotadas para recuperar o
ano letivo.
Manuel Baptista António,
aluno da 8ª classe, disse que
depois que as aulas recomeçaram, uma semana depois do
Idai, não houve férias e nem
interrupção de uma semana
como em outras regiões do
país.
Porém, o estudante não
soube precisar se o conteúdo
perdido foi recuperado nas
aulas. Segundo António, ao
retomarem as aulas, outros temas foram iniciados e não foi
possível precisar o que foi perdido. “Quando iniciámos, passámos para outros temas e não
conseguimos verificar quantas
aulas perdemos”, diz.
Aulas sem sobressaltos
Mas Mateus José Caero,
outro estudante também da
8ª classe, disse que depois do
Idai, as aulas têm estado a correr sem sobressaltos e que não
nota diferenças em relação às
outras escolas.
“Estamos juntos com outras escolas. Foram-nos dado
cópias [das brochuras], para
que cada um lesse em casa,
e recuperasse as aulas que
perdemos”, conta.
O diretor do Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia de Sussundenga (SDEJT), em Manica,
garante que foi possível recuperar os conteúdos perdidos e que não foi preciso
interromper as aulas nas 43
escolas de Dombe.
“Não interrompemos as
aulas durante o primeiro trimestre, o que significa que
durante uma semana conseguiram recuperar todos os
conteúdos. Nós conseguimos por ter aumentado a
carga horaria, por exemplos,
os que tinham dois tempos
já dávamos três tempos até
sábado. Nós temos apoio da
UNICEF que esta a construir
em Dombe algumas tendas”,
assegura. Fonte: Portal Sapo
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 zambeze | 25
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Quinta-feira, 07 de Fevereiro de 2019 | naCionaL | zambeze | 15
PRM neutraliza
traficantes de drogas
Esta informação foi
avançada pelo Comando-
-Geral da PRM no seu
habitual briefing semanal
das principais ocorrências
no país. De acordo com
o comunicado sobre as
principais incidências
criminais no país, no período em análise foram
registados 125 delitos de
natureza criminal contra
144 de igual período do
ano transacto, havendo
uma redução em 19 crimes, correspondentes a
13%.
De acordo com a PRM,
o desempenho policial
situou-se em 88%, mercê
do esclarecimento de 110
dos 125 crimes, contra 87
de operatividade policial
obtida em igual período
comparativo de 2018.
Relativamente à tipologia dos 125 crimes registados, 32 são contra
as pessoas, 80 contra o
património, 10 contra a
ordem, segurança e tranA Polícia da República de Moçambique (PRM) neutralizou na
semana finda, no bairro da Mafalala, na cidade de Maputo,
sete indivíduos que se dedicavam ao tráfico e consumo de
estupefacientes, tendo apreendido na sua posse 60 quilogramas de canábis-sativa, vulgo soruma. Ainda na semana passada, a PRM
apreendeu no bairro Ribânguè, distrito da Manhiça, na província de
Maputo, uma arma de fogo de tipo AK-47 contendo 30 munições. A arma
tinha sido abandonada num canavial por indivíduos não identificados
e foi recuperada graças à denúncia popular.
quilidade públicas, um
crime de perigo comum
e dois contra exercício de
funções.
Foram detidos em território nacional 1.260
indivíduos, sendo 1040
por violação de fronteiras,
dois por imigração ilegal e
218 por práticas de delitos
comuns.
No que diz respeito à
segurança rodoviária, a
PRM registou um total
de 24 acidentes de viação, contra 30 do igual
período de 2018, tendo
resultado na morte de 18
pessoas, 22 feridos graves,
5 feridos ligeiros e danos
materiais.
Destes acidentes, 13 são
do tipo atropelamento,
cinco de choque entre
carros, quatro despistes e capotamento, dois
de choque entre carro e
moto.
Ainda no período em
análise, foram fiscalizadas
50.706 viaturas e apreendidas 94, 266 cartas de
condução, 151 livretes,
4.266 multas aplicadas,
15 condutores detidos
por condução ilegal e 12
por tentativa de suborno.
Foram apreendidas igualmente cinco armas de
fogo, das quais uma AK47, três pistolas e uma de
pressão de ar, nas províncias de Maputo, Sofala e
Nampula, respectivamente. Foram recuperadas 26
viaturas, 14 motorizadas,
90 telemóveis, oito computadores, 70 cabeças de
gado bovino, 31.6 quilogramas de soruma, dois
quilogramas de cocaína,
duas mil pedras preciosas tipo granada e 31.400
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Aqui está a boa nova. O ISFIC faz parte dos membros
da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), uma ONG internacional que promove a
cooperação e troca de informações entre universidades
e institutos superiores. A admissão aconteceu no mês de
Julho, durante o XXIX Encontro dos Membros da AULP,
que decorreu, em Portugal, sob o lema “Arte e Cultura
na Identidade dos Povos”. Constituída por mais de 140
membros dos oito países de língua oficial portuguesa
– Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor – e Macau
a AULP tem como missão facilitar a comunicação entre
os membros em prol do desenvolvimento colectivo do
ensino e da língua portuguesa no mundo, estimular a
investigação e o intercâmbio de alunos e docentes, propor uma reflexão contínua através da divulgação diária
de notícias e organização de conferências e eventos.
Bem-haja família ISFIC. Na imagem, Arminda Janfar,
Administradora do ISFIC à direita, exibindo o troféu!
ISFIC entrou na família
académica da AULP
Aqui está a boa nova. O ISFIC faz parte dos membros da Associação das Universidades de Língua
Portuguesa (AULP), uma ONG internacional que
promove a cooperação e troca de informações entre
universidades e institutos superiores. A admissão
aconteceu no mês de Julho, durante o XXIX Encontro dos Membros da AULP, que decorreu, em
Portugal, sob o lema “Arte e Cultura na Identidade
dos Povos”. Constituída por mais de 140 membros dos oito países de língua oficial portuguesa
– Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe,
Timor – e Macau a AULP tem como missão
facilitar a comunicação entre os membros em
prol do desenvolvimento colectivo do ensino
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a investigação e o intercâmbio de alunos e docentes, propor uma reflexão contínua através
da divulgação diária de notícias e organização
de conferências e eventos. Bem-haja família
ISFIC. Na imagem, Arminda Janfar, Administradora do ISFIC à direita, exibindo o troféu!
Nova hidroeléctrica no horizonte
O Governo vai seleccionar este ano um consultor para a
estruturação legal e financeira do Projecto Hidroeléctrico de
Mphanda Nkuwa, uma nova barragem a ser construída a 60
quilómetros de Cahora Bassa, segundo a Lusa.
Acontratação do
consultor deverá
decorrer este ano,
por forma a imprimir celeridade
no processo de contratação do
parceiro estratégico para o desenvolvimento do empreendimento.
O período de recepção e
abertura de propostas das nove
empresas pré-qualificadas para
prestação de serviços de consultoria terminou a 01 de Agosto.As nove concorrentes resultam de um concurso público em
que 18 entidades manifestaram
interesse.”O concurso obedece
a boas práticas, regras e procedimentos de ‘procurement’
internacional, para assegurar
transparência, competitividade
e credibilidade ao processo.
A entidade seleccionada
trabalhará com o Gabinete de
Implementação do ProjectoHidroeléctrico de MpandaNkuwa,
em todo o processo de resolução de aspectos pendentes.
A empresa a ser seleccionada deverá, ainda, prestar
assessoria de toda a natureza,
actualização dos estudos técnicos identificados como críticos
e para a selecção do parceiro
estratégico, que se deverá juntar
à Electricidade de Moçambique (EDM) e Hidroeléctrica de
Cahora Bassa (HCB) no desenvolvimento das infra-estruturas
do projecto.
Espera-se que o projecto
possa criar, no decurso da sua
implementação, milhares de
empregos, quer directos quer indirectos, representando um forte
estímulo para o empresariado
nacional industrial, comercial,
agrícola e de prestação de serviços.
O plano de construção de
MphandaNkuwa foi aprovado
em Setembro de 2007, passando
desde então por várias parcerias,
mas sem nunca se concretizar o
projecto.
O Presidente da República,
Filipe Nyusi, anunciou no dia
22 de Agosto de 2018 que a
empresa EDM e a HCB estão
encarregues de revitalizar o projecto da barragem de MphandaNkuwa e da linha.O empreendimento está avaliado em 2,3
mil milhões de dólares (1,9 mil
milhões de euros).Espera-se que
produza 1.500 megawatts de
energia eléctrica, dos quais 80
poderão ser para exportação.
Mafambisse
Maus dias para fábrica de açúcar
Cerca de 3.500 trabalhadores da Açucareira de Mafambisse, na província de Sofala, temem ficar desempregados. Má
gestão é a justificação apontada para a saída da TongaatHulett, principal accionista da empresa.
S
egundo anuncia
a DW África, os
funcionários da
Açucareira de Mafambisse foram informados verbalmente pela direcção da empresa que a detém,
a holding sul-africana TongaatHulett, que, após o fecho da
actual campanha de processamento de açúcar, aquela gerência se irá retirar da unidade
fabril de Mafambisse, da qual é
a maior accionista.
O secretário do comité sindical da fábrica de Mafambisse, António Bassopa, adianta
que a retirada da TongaatHulett está relacionada com o
baixo rendimento da empresa
e com as dívidas acumuladas
pela holding em Moçambique
e na África do sul. “Eles falam
de três coisas... Falam de problemas de terras na África de
Sul, do problema do dólar do
Zimbabué, o tal bond que foi
desvalorizado, para além da má
gestão” da unidade moçambicana, indica o sindicalista.
Incerteza e medo
Com a anunciada retirada
da empresa sul-africana, aumentou a situação de incerteza
dos cerca de 3.500 trabalhadores da fábrica de Mafambisse.
Mário Paulo trabalha, há sete
anos, naquela fábrica de açúcar. Com medo de perder o
emprego, apela ao Governo
moçambicano, como accionista minoritário da unidade, que
procure parceiros para o negócio. “É só esperar que o Governo lute para encontrar um novo
patrocínio para que a fábrica
não fique parada, senão muitas
pessoas daqui de Mafambisse
vão ficar a chorar”, explica o
trabalhador.
“Estamos a sentir tristeza
no momento”, comenta Domingos Rafael, outro funcionário da açucareira. “Como no
campo não há rega e este ano
não houve admissão [de trabalhadores], não sabemos o que
vai ser depois. Não se está a
trabalhar como antes, não há
rega, não há sacha, não há planeamento... Não sei o que vai
ser”, lamenta. “Estamos parados, sem trabalhar, sem vencimento”, acrescenta.
A açucareira é detida em
85% pela sul-africana TongaatHulett e em 15% pelo Estado
moçambicano, através do Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE).
Localizada na província
de Sofala, a empresa deixou
de lado o cultivo da cana para
a produção de açúcar e está a
manter a actividade apenas
com a matéria-prima produzida em 2018. “Não temos mão-
-de-obra, porque o trabalho de
campo é feito por [empregados] sazonais, que não foram
admitidos. Os poucos homens
que nós tínhamos no campo
foram para reforçar a fábrica,
porque também na fábrica não
admitiram ninguém”, descreve
António Bassopa.
O representante sindical da
Açucareira teme que, além do
desemprego causado, a TongaatHulett retire maquinaria
da unidade. “A nossa grande
tarefa é mobilizar todos os trabalhadores para, apesar dessas
palavras de abandono, mantermos firmes a nossa fábrica
e todas as infra-estruturas que
existem aqui em Mafambisse”,
adverte.”Por mais que a TongaatHulett queira abandonar, pelo
menos que deixe as coisas em
condições para que outro accionista encontre as coisas (...)
a funcionar bem”, apela o líder
sindical.
26 | zambeze |ECONOMIA| Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019
IGEPE vende Medimoc
O Instituto de Gestão de
Participações do Estado (IGEPE), entidade que gere as participações do Estado, colocou
à venda a empresa Estatal de
Importação e Distribuição de
Medicamentos (Medimoc).
O IGEPE refere que pretende
alienar a Medimoc a uma entidade nacional ou estrangeira, técnica e financeiramente
capaz de dar continuidade ao
negócio da empresa.
O IGEPE procura concorrentes que já tenham realizado
negócios similares e com capacidade técnica e financeira
comprovada. O anúncio não
refere o preço de venda da
companhia estatal de medicamentos. A Medimoc é uma
sociedade anónima com capital social de 59 milhões de
meticais e com três delegações nas cidades de Maputo,
sul, Beira, centro, e Nampula
norte. O Estado detém 65% da
empresa e a Midigest, que representa os gestores, técnicos
e trabalhadores, têm os restantes 35%. Segundo o instituto, a alienação da Medimoc
enquadra-se na reestruturação
do sector empresarial do Estado, visando o saneamento
financeiro das companhias
estatais, muitas das quais se
encontram estagnadas.
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 |ECONOMIA| zambeze | 27
Gestores de empresas capacitam-se
em matérias de Segurança Social
Um total de 34 gestores de recursos humanos e representantes
de empresas, contribuintes do Sistema de Segurança Social,
localizadas no distrito municipal KaMubukwana, na cidade
de Maputo, beneficiaram, recentemente, de uma capacitação
promovida pelo Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).
Ainiciativa, segundo Felicidade de
Sousa, delegada
distrital do INSS,
no distrito Municipal KaMubukwana, insere-se
nas acções que visam a divulgação do Sistema a mais utentes e a partilha de informação
sobre as reformas tecnológicas
introduzidas pelo INSS.
A delegada distrital do
INSS disse, na ocasião, que a
inclusão do regime dos Trabalhadores por Conta Própria
(TCP) permitiu que mais cidadãos moçambicanos, que
exercem actividades rentáveis,
passassem a ser integrados no
Sistema de Segurança Social e
assim salvaguardar a sua protecção social.
Na sua intervenção, a delegada distrital referiu ainda que
o Regulamento de Segurança
Social Obrigatória, que entrou
em vigor em Janeiro de 2018,
trouxe inovações em benefício
dos utentes do Sistema, assim
como os avanços do processo
de informatização do Sistema permitem, dentre vários
aspectos, a flexibilização na
atribuição de prestações, a
declaração electrónica das
contribuições; a emissão da
certidão de quitação automatizada; a consulta da situação
contributiva, a submissão de
requerimentos e simulação
do valor das prestações através da plataforma M-Contribuição (Minha Contribuição,
Meu Benefício), bem como a
realização da prova de vida
biométrica.
A delegação distrital de
KaMubukwana, cujas instalações foram inauguradas em
2018 pelo Chefe de Estado,
Filipe Jacinto Nyusi, atende
igualmente o distrito KaMavota, possuindo em acumulado, até o primeiro semestre de
2019, 125.428 trabalhadores e
2.224 empresas inscritos.
Barclays Bank Moçambique apoia
programa Networking PME
Cerca de 100 Pequenas e
Médias Empresas moçambicanas aderiram, no passado
dia 30 de Julho, na cidade de
Maputo, a um programa de
orientação e aconselhamento
sobre como navegar o sector
bancário e as soluções de financiamento a curto, médio e
longo prazo, existentes para
garantir a continuidade dos
seus negócios.
Barclays Bank Moçambique apoia programa Networking PME SAPO Notícias
Trata-se do programa Networking PME, implementado pelo Instituto Para a Promoção das Pequenas e Médias
Empresas (IPEME) e apoiado
pelo Barclays Bank Moçambique.
Neste programa, as PME
apresentaram os seus serviços e produtos, estabeleceram
novos contactos e tiveram
oportunidade de analisar com
o banco, sobre como ultrapassar as suas adversidades e ainda, como funciona o sistema
financeiro bancário.
Esta é mais uma iniciativa
de suporte e impulso ao segmento das PME, apoiada pelo
Barclays Bank Moçambique,
como provedor de soluções
financeiras e de investimento.
Menino tem mais de 500
‘dentes’ removidos em cirurgia
Garoto de sete anos se queixava de fortes dores na mandíbula e passou por cirurgia para tirar massa preenchida por
microdentes de dentro da boca.
Num caso raro na odontologia, médicos indianos retiraram
526 dentes da boca de um menino de sete anos que se queixava de dores na mandíbula.
Segundo a agência de notícias Reuters, a criança, identificada apenas como Ravindran,
se queixava de desconfortos na
região bucal desde os três anos.
Em cirurgia , os dentistas
encontraram um volume de cerca de cinco centímetros. Dentro
dele, havia mais de 500 “microdentes” de diversos tamanhos.
“Foi aí que descobrimos que
havia mais de 526 dentes dentro da bolsa removida” afirmou
o cirurgião da criança, DrSenthilnathan.
O menino apresentava uma
condição médica chamada
odontoma, espécie de tumor
formado por tecidos dentários
mineralizados. Apesar do nome
assustador, a condição é benigna e o menino passa bem.
Witzel quer que usuários de drogas
sejam condenados a catar lixo na praia
“Não vai ser fácil a vida de quem quiser transgredir a lei”,
prometeu o governador do Rio de Janeiro em entrevista à actriz AntôniaFontenelle
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, quer que
usuários de drogas como maconha e cocaína identificados
pela polícia sejam condenados
a catar lixo na praia . O plano
foi revelado em entrevista à
actriz AntôniaFontenelle.As
declarações surgem após Witzel ter dito que conduziria imediatamente para a delegacia “
quem fuma maconha na praia
ou usa qualquer entorpecente “. Na entrevista publicada,
ele lembrou o artigo 28 da Lei
Federal 11343 para justificar a
medida.
O texto prevê que quem adquirir, guardar ou transportar
substância entorpecentes para
consumo pessoal fica a sujeito
a penas de advertência, medida
educativa de comparecimento a
programa ou curso e prestação
de serviços à comunidade. A
norma não estabelece penas de
prisão (ou privação de liberdade) nesses casos.
“Nós estamos trabalhando
junto aos juízes para que essa
prestação de serviço à comunidade seja catar lixo na areia
da praia. Então, será uma atividade muito importante ter lá
um apenado, que é usuário de
substância entorpecente, catando lixo na praia. É uma das
possibilidades de prestação de
serviço. Durante cinco meses,
ele vai trabalhar uma vez por
semana durante uma ou duas
horas”, afirmou ele.
“Se não prestar, será multado e, toda vez que for surpreendido, vai ser conduzido à
delegacia, conduzido ao juiz.
Ou seja, não vai ser fácil a vida
de quem quiser transgredir a lei
e nós vamos exercer com rigor
aquilo que a lei determina”,
completou.
O governador explicou a série de procedimentos previstos
antes do cumprimento da pena.
Uma vez identificado com a
droga, o usuário será conduzido a uma delegacia, onde será
fichado, cadastrado e terá marcada uma audiência com o juiz.
“O juiz de direito, no Juizado Especial Criminal, vai fazer
uma advertência para ela não
usar mais a substância entorpecente e oferecer ajuda para
tratamento em alguma clínica
especializada. Além disso, vai
impor a esse infrator a prestação de serviço à comunidade”,
disse Witzel .
Brasil
Rapaz quebrou um braço ao ficar
preso em telhado enquanto tentava
fugir de policiais militares
Um homem suspeito de furto precisou pedir ajuda à polícia
na cidade de Rolândia, no interior do Paraná, após ficar preso
no telhado.
Segundo o canal RPC, a
Polícia Militar foi accionada
após o alarme de uma ópticaa
disparar. Chegando ao local, os
policiais perceberam que a loja
estava arrombada e um suspeito tinha acabado de fugir.
Durante perseguição , o suspeito ficou preso no telhado de
uma escola e só foi encontrado
pelos policiais porque pediu
socorro. Os agentes filmaram
o rapaz preso no telhado e chamaram o Corpo de Bombeiros
para retirá-lo.
28 | zambeze |INSÓLITO| Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019
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Cão apanha autocarro
sozinho no Brasil
Durante a viagem, de cerca
de três quilómetros, o animal
acabou por se tornar o centro
das atenções.
Um cão decidiu viajar sozinho e apanhou um autocarro
na cidade de Curitiba, no Brasil.Durante a viagem, de cerca de três quilómetros, o cão
acabou por se tornar o centro
das atenções. Foi fotografado
e mimado por vários passageiros, que ficaram surpreendidos
com a sua presença dentro do
veículo. O ‘rebelde’ de quatro
patas não esteve para se aborrecer e até se meteu à janela.
Quando chegou à estação de
destino, o animal desceu e seguiu a sua vida.
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 | CULTURA| zambeze | 29
Incêndios no Franco, Victor
de Oliveira culpado
Beleza e dor são o que Incêndios nos propõe vivenciar, nesta sexta-feira, 09, e sábado, 1o, pelas 19h, no Centro Cultural
Franco-Moçambicano, com encenação de Victor de Oliveira,
num texto original de Wajdi Mouawad.
Ahistória começa
literalmente da
morte, morte de
Nawal e a leitura do seu testamento. Os seus filhos, Joana e
Simão, devem partir para o país
natal da mãe e encontrar o pai
que julgavam estar morto e o
irmão de que nunca tinham ouvido falar. Segue-se então uma
viagem iniciática para ambos,
viagem ao passado da mãe e às
suas próprias origens.
O teatro de Wajdi Mouawad é um teatro do íntimo com
formas épicas, ele atravessa a
História, mesmo esta com H
maiúscula. As personagens estão em busca perpétua das suas
origens e a guerra serve como
um pano de fundo desses pedaços de vida aqui contados. Uma
guerra como muitas outras que
se parece com aquelas que nós
vemos através dos ecrãs dos
nossos televisores, mas também
uma guerra imemorial.
“Eu poderia dizer que a história do espectáculo Incêndios
começou no momento em que
voltei pela primeira vez a Moçambique, o meu país natal, em
2006. Desde então, voltei cá por
várias vezes, mas esta é a primeira vez em que venho para
a criação de um espectáculo e
hoje tenho a impressão de que
um fio invisível teceu todos os
eventos que ocorreram até chegar aqui”, diz o encenador.
Afinal, três acasos juntaram-se para que o encenador
fizesse este espectáculo. O primeiro foi o que lhe levou ao
texto de Wajdi Mouawad, que
lhe trouxe reminiscências terríveis do princípio da guerra
civil em Moçambique; o segundo as correspondências
que começou a trocar com o
dramaturgo sem que ainda se
conhecessem pessoalmente;
o último foi o ser contratado
para trabalhar, como actor,
num versão de um encenador
francês de Incêndio, que o levou, finalmente, a conhecer
Wajdi pessoalmente.
Desde a primeira leitura à
mesa, há pouco mais de um
ano, impuseram-se os actores
que chamou para este espectáculo. Um grupo de três gerações de actores moçambicanos, que vai dos consagrados
aos acabados de sair da ECA,
passando pelos actores da diáspora moçambicana.
Estamos, considera ao encenador, face a um texto em
que sentimos cada palavra
como se elas viessem de nós
próprios e, ao mesmo tempo,
sentimos que há lá uma matéria de trabalho que não cessará
de nos interrogar, de nos animar. Ela, esta matéria, pensa
ainda o encenador, é ao mesmo tempo poética e límpida,
dirigindo-se directamente às
pessoas, ao íntimo de cada um.
“Chegar ao íntimo de cada
um de nós foi o que este texto
nos pediu durante os ensaios.
Partir do íntimo para falar do
universal, partir de nós para
chegarmos ao outro”, disse, e o
resultado pode ser visto amanhã, sexta-feira e, logo depois,
no sábado.
30 | zambeze | cultura | Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019
Orfeu nos Infernos abre série de
Concertos do Xiquitsi
Com uma rica programação, a segunda série de Concertos do
Xiquitsi decorre, entre 09 e 16 de Agosto, em 3 cidades: Maputo,
Matola e Pemba.
Asérie abre com
a Ópera Orfeu
nos Infernos, no
Teatro Avenida, pelas 19h30,
no dia 9 de Agosto. No dia 10
de Agosto será a Noite Clássica na Casa Mafurra (Matola),
também pelas 19h30. Já no
dia 11 de Agosto, o concerto
é reservado a Tarde Para Pais
e Filhos, no Teatro Avenida,
pelas 16h00. O último dia é o
Concerto de Descentralização,
na Sala Magna do Campus da
Unilúrio – Pemba.
A ópera de abertura - Orfeu nos Infernos – é uma sátira
ao mito de Orfeu, com música
de Jacques Offenbach (1819–
1880), na qual surge o tema que
tornou o compositor e esta ópera dignos de notoriedade internacional: o Can-Can.
Orfeu e a sua mulher Eurídice não fazem uma típica vida
de casal, estão cansados um do
outro e, por isso, já nenhum
deles é fiel aos votos do matrimónio. Enquanto Orfeu se encanta pelas suas belas alunas,
Eurídice jura amor a Aristeu.
Depois de descoberta a traição
e em prol da sua imagem, Orfeu prepara a morte do amante da mulher e esta corre para
lhe contar os planos do marido.
Aristeu (que, na verdade, é Plutão disfarçado) atrai Eurídice,
que toma uma poção venenosa
em nome do amor que sente
por ele. Ela morre e é conduzida por Aristeu/Plutão para o
inferno. Orfeu fica feliz com a
morte da mulher, mas, para seu
infortúnio, a opinião pública
exige-lhe que a vá salvar... Está
assim lançado o repto para uma
história emocionante, musicalmente retratada.
A Directora Artística do
Xiquitsi, Kika Materula, destaca a produção da ópera como
uma obra histórica do Xiquitsi. “Será a maior produção de
Ópera desde o início do projecto xiquitsi, juntamos uma
série de artistas moçambicanos
entre coreógrafos, encenadores,
cenografistas, figurinistas e envolvemos maior parte de solistas do Xiquitsi. É um concerto
histórico, esperamos um resultado bastante positivo”.
Outro momento igualmente importante para o Xiquitsi é
o concerto da cidade de Pemba, em Cabo Delgado, onde
para além da tradicional Noite
Clássica, serão feitas apresentações em escolas públicas com
os mais pequenos, uma aposta
do Xiquitsi no processo de ensino e inclusão que o projecto
aposta.
Esta segunda série de concertos afigura-se como a série
de descentralização, visto que
se fará em três cidades. A mesma junta para além de artistas
de Moçambique, artistas de Espanha, Portugal, Japão, Suécia e
África do Sul.
Importa referenciar que a
grande componente da temporada 2019 constitui-se por linguagens musicais mais contemporâneas, por acreditar que a
contemporaneidade na linguagem artística e académica confere o garante de continuidade
e esse é o olhar do Xiquitsi: o
futuro. Esta é a visão que guia
a sexta edição deste ambicioso
projecto.
O Xiquitsi, projecto da Associação para o Desenvolvimento Cultural – Kulungwana,
conta hoje com cerca de 200
alunos entre crianças e jovens
das escolas públicas da grande
Maputo, que provém das mais
diversas camadas sociais e que
têm acesso livre e gratuito ao
ensino de música.
“Asas da Água”, o segundo voo de Nelson Lineu
“Asas da Água” marca
continuidade ao projecto literário de Nelson Lineu, iniciado há cinco anos. O livro será
lançado, nesta quinta-feira, 08
de Agosto, pelas 18h, no Centro Cultural Brasil-Moçambique.
“Confesso que nunca pensei que ficaria tanto tempo
sem publicar” é assim que respondia, logo no início do ano,
quando chamado para uma
reportagem, nestas páginas do
Zambeze, sobre os planos que
tinha para este ano. Disse-nos,
na mesma altura, que este livro
sairia no primeiro trimestre
deste ano, depois de ter falhado
ano passado. Mas contaram-
-se os primeiros três meses do
ano, depois mais três e nada
do livro… Até que seríamos
surpreendidos no início deste
Agosto com o anúncio de que
seria finalmente desta que o livro sairia do prelo. Já cá fora
está e tem o lançamento oficial
nesta quinta-feira.
Este por sair, já nos havia
adiantado, é um livro de poesia, e talvez funcione como
atractivo (com todos os defeitos dos concursos) a menção
honrosa do prémio 10 de Novembro 2018. Pensávamo-lo
intitulado “ A Cor do Voo”,
mas não é mais. Agora, que
já foram feitas as provas, sabemos que chega sob o título
“Asas da Água”.
O que mais se poderá dizer? Tem, outra vez, a influência da formação do autor em
filosofia. Se no primeiro livro
NL “fez de tudo” para que não
houvesse influência, embora
não tenha conseguido. Neste
novo livro procurou complementaridade, mas a poesia
sempre como bandeira maior.
“Li alguns autores com a mesma formação ou inclinação,
acho interessante o exercício”
pensa.
Disse que o existencialismo teria lugar cativo. “É das
correntes filosóficas que mais
me identifico, eu resumiria em
condição humana”. E a poesia
na esteira disto surge, para NL,
como o outro ar que se deve
respirar no meio do caos dos
nossos dias, mas sem mascarar
a verdade, mostrando “todas as
faces da vida humana”, do belo
ao feio.
Segundo Gilberto Matusse,
no prefácio, este livro marca a
continuidade do seu livro de
estreia, em que “o poeta se alinha como herdeiro de uma certa tradição da poesia moçambicana, a do lirismo intimista”.
Com recurso a versos curtos, faz notar Matusse, combinados em poemas breves,
o sujeito de Asas da Água
busca-se a si mesmo e busca
entender o mundo que o envolve, deixando-se embalar
em três elementos, que correspondem também às três
secções com quinze poemas
cada em que se divide o livro:
o rio, a folha e a ave, elementos que se ligam pela sua fluidez e leveza.
Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019 | cultura | zambeze | 31
Pensamento da Semana:
A paz é a única forma de nos sentirmos realmente humanos.
Albert Einstein
Museu de Cinema expõe antigas salas
“Antigas salas de cinema de Maputo” é uma exposição que propõe aos visitantes a repensarem a importância patrimonial destes espaços arquitectónicos e sociais, convidando a sociedade à
reflexão. A exposição a ser inaugurada na próxima semana, no
Centro Cultural Franco-Moçambicano, cidade de Maputo.
Aexposição instiga
à partilha de responsabilidades
e perspectivas
sobre as salas de
cinema, que representam uma
época tecnológica e socialmente distinta, em risco de desaparecimento.
A mostra, organizada pela
Associação Amigos do Museu
do Cinema, é resultado de um
trabalho de pesquisa e documentação, desenvolvido em colaboração com o Instituto Nacional das Indústrias Culturais
e Criativas (INICC), ex-Instituto Nacional de Audiovisual e
Cinema (INAC) e a Faculdade
de Arquitectura e Planeamento
Físico da Universidade Eduardo Mondlane (FAPF-UEM).
Em representação da Associação Amigos do Museu
de Cinema (AAMCM), Diana
Manhiça refere que a mostra é
organizada para complementar
a abordagem do tema central
do seminário Museu de Cinema.
A exposição é resultado de
um trabalho que envolve a inventariação dos processos de
licenciamento da construção,
a sua digitalização, visitas aos
edifícios, registo videográfico,
desenhos, maquetes e a reconstituição das plantas das antigas
salas, usando software de desenho tridimensional.
Além das imagens estáticas, foram realizadas duas dezenas de entrevistas com antigos trabalhadores do Instituto
Nacional de Cinema, afectos às
salas de cinema da capital e a
algumas áreas de produção.
“Esta exposição exibe uma
parte desses materiais, trazendo alguns documentos originais dos acervos da Biblioteca
Nacional e do INICC e faz uma
identificação geográfica da distribuição desses edifícios, actualmente fechados, destruídos,
readaptados a outras funções,
ou ainda, em morosos e adiados processos de reabilitação
física”.
Iniciado em 2016, como
uma associação de profissionais
de cinema, história, educação,
design e património, a AAMC
desenvolve o projecto Museu
do Cinema, que tem vindo a
apresentar os resultados do trabalho com regularidade.
“Iniciamos, este ano, mais
três colaborações com a Associação Scala, FAPF, UEM, e
com o Centro Inter-disciplinar
de História, Cultura e Sociedade da Universidade de Évora (CIDEHUS), para além do
registo do regresso de antigos
parceiros. Também estreitamos relações de colaboração
e cooperação, e perspectiva-se
a concretização de alguns projectos antigos”, detalhou Diana
Manhiça.
Ver, ouvir... e não calar
Ângelo Munguambe Homenagem ao Ângelo de Oliveira
No mundo da graduação: sem palavras
Renovação de
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