Lisboa – As autoridades angolanas são citadas, em meios competentes, como estando a investigar, sem alarido, actos da gestão do ex- ministro do interior, Ângelo de Barros Veiga Tavares contidos num relatório de inspeção. Por conta disto, é-lhe recomendada a não ausência do país, enquanto decorrem as apurações.
Fonte: Club-k.net
Negócios envolvendo empresa CAPROS S.A. embaraça ex-ministro
Dentre as investigações, é referenciada que estaria a ser verificado a transparência sobre a compra de uma frota de veículo Hyundai/I20, requisitados para a Polícia Nacional e para alguns diretores de departamento do Serviço de Investigação Criminal. O constrangimento causado ao antigo governante é baseado em alegações de que um filho seu, terá actuado como mediador no negócio da compra das viaturas precipitando insinuações de sobrefacturação.
A ideia da compra das viaturas foi uma proposta apresentada pelo anterior Comandante Geral da Polícia Nacional, Comissário Alfredo Eduardo Manuel Mingas “Panda”, com o objectivo de se realizar policiamento urbano. Na altura, o ministro Viegas de reprovou a proposta mas por detrás avançou com a compra envolvendo uma empresa CAPROS, S.A, dirigida por um superintendente, António Fernando Alberto.
Apesar de ter sido exonerado no dia 24 de Julho, fontes do Club-K, explicam que o Presidente da República, João Lourenço retirou confiança ao ex-ministro um mês antes, dando como sinal a sua demarcação, em última hora, ao convite que o ministro fê-lo para presenciar as cerimónias comemorativas do 40.º aniversário do Ministério do Interior. Neste dia, na qual foram convidados vários ministros e chefes das secretas, o então titular do interior programou uma homenagem ao Presidente da República e desfile de tropas que causou desagrado a nível das secretas. A Banda de Música do Batalhão da Guarda Presidencial foi também preparada para a recepção do Chefe de Estado que em última da hora fez-se representar pelo Chefe da Casa de Segurança, general Pedro Sebastião.
De forma a restaurar aceitação dos efectivos do ministerio do Interior, Ângelo de Barros Veiga Tavares anunciou neste dia aumento de salário dos funcionários, que é uma prerrogativa do Presidente da República. O Ministério do Inteiro chegou anunciar (na sua pagina do facebook) a iniciativa do ministro quanto aos salários mas horas depois teve de retificar a informação atribuindo a medida ao Presidente da República.
Ângelo de Barros Veiga Tavares foi um dos ministros do consulado do Presidente José Eduardo dos Santos, que sobreviveu ao novo governo por imposição do antigo chefe da Casa de Segurança da Presidência, general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, após as eleições de 2017. Em Novembro daquele ano, o novo PR lhe tinha dado 60 dias, para mostrar trabalho, porém, sobreviveu durante dois anos por influencia atribuídas a Edeltrudes Costa, seu amigo e director do gabinete do Presidente da República.
Apesar de ter sido assegurado por Edeltrudes Costa, a situação do ex-ministro deixou de ser sustentável quando afastou a diretora do Hospital Prisão de São Paulo, Ivone Bragança de Vasconcelos Otuo por ter prestado assistência médica a um detido doente. Segundo informações, o novo ministro Eugenio Cesar Laborinho - que se revela mais sensível - terá chamado a médica para tratar da sua reabilitação laboral.
De forma a salvaguardar a imagem do governo junto aos organismo internacionais ligado aos direitos humanos, o Presidente da República, tomou também a decisão de afastar, esta semana, uma corrente de altos responsáveis do Serviço de Investigação Criminal comprometidos com Ângelo de Barros Veiga Tavares. É também estimado o afastamento dois oficiais Fernando Manuel Bambi Receado (SIC Luanda) e Lourenço Ngola Kina (SIC Uíge) dois quadros promovidos pelo antigo ministro cujos nomes surgirem frequentemente em relatórios e outras denuncias por conduzirem interrogatórios recorrendo a tortura de forma barbara e sádica. Os seus actos de tortura são geralmente usados para colher confissão de réus.
O problema da logística
Depois de ter ascendido a ministro do interior, Ângelo de Barros Veiga Tavares retirou do comando geral da Policia Nacional, a Direção Nacional de Investigação Criminal, e a rebatizou por Serviço de Investigação Criminal. Chamou também para si, o controlo do sistema de fornecimento de logística da PN, deixando o comando geral num quadro de limitações.
No inicio de 2014, Veiga Tavares teria se incompatibilizado e afastado, sem previa comunicação, o então Director Nacional da logística, comissário Vasco Arnaldo Guimarães de Castro “Maló” que vinha acumulando as mesmas funções a nível do Ministério do Interior. O comissário “Maló”, foi suspeito de ser a figura que estaria a instruir ao então comandante geral da policia, Ambrósio de Lemos para que o sistema de compras da logística da corporação voltasse ao formato do passado ganhando a sua própria autonomia.
Um ano depois surgiram denuncias de que o então ministro do interior, estaria a enveredar por práticas com particularidades ao “cabritismo”, usando o seu cargo para fazer negócios consigo próprio. Nas alegações nunca contestadas pelo mesmo, chegou a ser citada a empresa JUCAPA - Comércios, Industria, Importações e Exportações, Limitações que tem como sócios, Pedro Mbanzikisa Nunes M’Bidigani, Carlos Alberto Mendonça Rodrigues (seu conterrâneo do Lobito) e Júlio Ângelo da Cruz Correia, apresentado como “primo irmão do ex-ministro”.
Até, o ano de 2014, o ministério do interior recebia do OGE, perto de 75 milhões de dólares por trimestre para o abastecimento da logística. O dossier era gerido pelo seu homem de confiança na altura, o Secretário de Estado, Hermenegildo José Félix. Empresas como “Mar e Sol” de Dirce dos Santos (filha do Presidente da assembleia nacional), Pomobel, e Camaruf, e outras ligadas à alguns membros do Governo tinham prioridade no fornecimento de logística a este ministério.
Porém, com o chegar da crise financeira que assola o País, o Executivo viu-se obrigado a diminuir até as verbas para a alimentação dos órgãos de segurança, para 45 milhões de dólares por trimestre, o que levou o então Ministro Ângelo Tavares a orientar a sua direção de logística a rescindir contrato com as cerca de 6 empresas que forneciam o ministério. Ficaram apenas na lista de fornecedoras empresas como a JUCAPA, e uma outra empresa, a KIDJ que fornecia apenas os postos fronteiriços. A KIDJ é ligada a Catarino dos Santos e um Coronel identificado por “Geovete”.
Actualmente todo o processo de compra de logística, armamento para os órgãos do ministério do interior são feitos por intermédio CAPROS, S.A, empresa privada fundada a 14 de Junho de 2010, pelo comissário José Alexandre Manuel Canelas. A CAPROS, S.A é citada como o canal de descaminho de fundos que envolve altos funcionários do ministério do interior.
Em Novembro de 2017, o Presidente João Lourenço nomeou um novo de Comandante Geral da Polícia Nacional, o Comissário Alfredo Eduardo Manuel Mingas “Panda”. Em Fevereiro de 2018, a margem de uma reunião para os preparativos do conselho consultivo da PN, Eduardo Manuel Mingas reclamou que era um comandante sem logística chegando a exemplificar que em matéria militar não há comandante que pode ir para a guerra sem ter logística para os soldados. O então novo comandante e o ex-ministro passaram a ter relações azedas.
Ângelo Tavares foi exonerado em Julho passado e para o seu desagrado, foi substituído pelo general Cesar Laborinho, que são tidos como não tendo boas relações, visto que o primeiro teria hostilizado o segundo ao tempo em que um era ministro e outro vice-ministro. Quando Laborinho deixou o ministério, havia informação que os seus homens teriam sido hostilizados e afastados.
No dia da passagem de pastas, Ângelo da Veiga Tavares Veiga fez questão de informar que a Caixa de Protecção Social do Ministério do Interior tem, nos seus cofres, pouco mais de 228 mil milhões de kwanzas, o equivalente a 650 milhões de dólares, para atender os funcionários reformados.
Novas viaturas da Policia Nacional cujas compras estão a ser investigadas
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