domingo, 11 de agosto de 2019

QUANDO DIZER FRELIMO É PASSAPORTE DE 'NÃO-RESPOSTAS"


Dereck Mulatinho está com Elson Guila e Mwenemutapa Fernando.
17 h ·


A primeira vez que me deparei com a palavra e depois com o conceito de "não-resposta", foi quando lia manuais de metodologia de investigação científica e depois em Estatística.

Naquela altura, preparava-me para perceber que tipo de falhas ou erros poderia cometer no processo obtenção de dados, respostas ou observações que deveriam depois suportar parte, senão toda conclusão de uma investigação que conduzi muito a respeito de principais meios eletrônicos alternativos de pagamento na cidade de Maputo.

Para quem não está familiarizado com o conceito ou com a palavra, diria para resumir que a palavra em si, resume o conceito "não-resposta". É isso mesmo, "Não responde", "fuga para frente" (risos).

Brincadeiras à parte, a ideia por detrás da palavra resume-se em "falhas na obtenção de respostas sobre elementos seleccionados para pesquisa"(a definição não é minha).

Qual é o problema das "não-resposta"?
É o de dar uma má direcção, de produzir resultados contraditórios, de gerar falsa ciência, o de extrapolar as estimativas portanto, enviesar os resultados produzidos".

Quais são as causas da "não-resposta"?
São várias e podem variar de autor para autor, de entre elas a ausências dos inquiridos, inquiridos não encontrados, recusa em responder, incapacidade de resposta e questionários perdidos.
Cada uma das causas aqui apontadas têm suas subcausas.

Uma das tácticas usadas para contornar a inevitabilidade das "não-respostas" é o estudo prévio das questões como é o caso do lançamento de várias "não-respostas', melhorar a qualidade da entrevista buscando ou limitando o foco sa mesma, garantir o anonimato, iniciar a entrevista ou questionário com questões pouco controversas ou até questionar mais de uma vez e em momentos separados.

Na esfera da opinião pública vivenciámos ou testemunhámos a multiplicação deste fenómeno em debates fechados, entrevistas em rádios, jornais e TVs.

Na semana passada ouvi um representante de Associação que defende o direito e integração de portadores de deficiência visual no Café da Manhã da Rádio Moçambique, onde o/a entrevistador/a pediu números e o entrevistado disse algo do tipo:
Eu represento a associação da Beira ou Sofala. Pode ser de âmbito nacional, regional ou até da Província. Eu falo de Sofala. No fim nem os dados de Sofala, nem os da Beira e muito menos os nacionais ouvimos o Sr. dizer e o entrevistado saltou para outra questão.

Quando noutra semana partilhei uma edição em que tinhámos o Manuel de Araújo a falar de Quelimane em questões sobre Zambézia, alguns amigos insurgiram-se. O Elson Guila questionou se já tinha chegado à esse nível. Eu cá não leio sem ler, não olho para não ver e não ouço para não ouvir e depois tentar perceber até o que lá não existe.

Ora, hoje trago outro exemplo, na entrevista que partilho há uma multiplicidade de "não-respostas" que a dado momento, fazem com que o entrevistador insista em questões sem que com isso, surjam respostas sobre questões ou sugestões levantadas pelo próprio entrevistado.

Na entrevista que trago hoje, o entrevistador entra por diversas vezes em contradição com o que disse e para mim, coerência é um critério importante para quase tudo e nem pode existir dualidade de critérios para emitir opinião sob a capa da academia.

O problema da Paz não é a FRELIMO, é conceito de Paz que temos e como estruturamos essa ideia de Paz. Não não podemos inocentemente pensar que paz é entre o Estado e a Renamo apenas. A paz deve ser mais extensa que isso, estende-se para dentro da própria Frelimo e para fora dela.

O que muitas vezes não temos em conta, é que há quem leia jornais sem questionar, sem o mínimo de consciência crítica e há quem seja fã desta qualidade de não dizer nada, dizendo apenas FRELIMO o que é uma enorme pena!

A pátria sempre!
Dereck Mulatinho



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