Bartolomeu Dias saltou para primeira página de jornal ao criticar fortemente João Lourenço. Não. não é o navegador português, famoso por ter dobrado o Cabo das Boa Esperança no século XV, que ressuscitou para atormentar o presidente da República. É o Bartolomeu Dias local, militante do MPLA e empresário dirigente do Grupo que ostenta o seu nome. Esse Grupo é composto por várias empresas, sendo as mais conhecidas a Diexim Expresso (aviação), a Angoinform (informática), a Divisão de Segurança, a International Travel (agência de viagem e de rent-a-car), a Diexim Rodoviária (camionagem), a Sul do Kwanza (Imobiliária) e a Cleaning (empresa de limpeza).
O grupo Bartolomeu Dias estava à beira de fechar no final do ano passado, e tal só não aconteceu devido a um financiamento não identificado proveniente do Dubai (ver aqui). Bartolomeu também constava da famosa suposta lista de devedores do BESA com o n.º 60.
Portanto, é o típico empresário angolano, nado e criado à sombra do MPLA e de empréstimos, no mínimo, discutíveis.
Bartolomeu Dias fazia parte da nova negociata que inauguraria a apropriação privada de fundos públicos na era João Lourenço: a Air Connection Express. Este negócio foi bem explicado por Rafael Marques.
O empresário do MPLA, através da sua companhia de aviação Diexim Expresso, associou-se a Fernando Cardoso, ministro de Estado e director de gabinete de João Lourenço, Pedro Sebastião, ministro de Estado e da Segurança de João Lourenço, João Sequeira Lourenço, irmão de João Lourenço, e Augusto Tomás, ministro dos Transportes de João Lourenço.
Eram estes os cinco magníficos que iam fazer a nova companhia aérea. Bartolomeu estava, portanto, perfeitamente associado, e colado, aos homens-fortes de João Lourenço. Agora descolou-se…
É sabido que, na sua entrevista ao canal europeu Euronews, João Lourenço anunciou o fim da negociata Air Connection Express. É caso para dizer que nem o voo da galinha teve. Não saiu de terra, pelo menos por agora.
Isto deixou Bartolomeu Dias furibundo, levando-o a usufruir da liberdade de expressão que a Constituição angolana lhe garante: as suas palavras deram forte e feio em João Lourenço. O velho MPLA, como já aconteceu com Isabel dos Santos e Tchizé, começa a ver as virtudes da liberdade de expressão e a tirar delas vantagem própria. É uma bonita ironia.
Na sua entrevista ao jornal Valor Económico de 11 de Junho, o empresário Dias afirma que João Lourenço não quer criar empregos, é inimigo do desenvolvimento, chegando ao ponto de dizer que as afirmações que o presidente da República profere são perigosas.
Mais adiante, elabora uma teoria racial estapafúrdia, defendendo a existência de um negativismo tipicamente africano em que João Lourenço também se situa. Ou seja, defende a teoria de que João Lourenço… é o preto que não quer ver o bem dos outros pretos.
Acusa também o presidente de, como se diz popularmente, “emprenhar pelos ouvidos” e tomar decisões com base em conversas de café e não estudos sérios. Classifica Lourenço de arrogante e acusa-o de tomar decisões ilegais e abusar do poder.
E conclui assim a sua tirada contra o presidente:
“Desde que entrou, o Presidente só está a colocar travões no desenvolvimento, não fez nenhum gesto que desse sinal de impulso à economia. (…) Não é falar bonito que vai desenvolver o país, faz-se trabalhando, definindo regras e estratégias para determinados sectores.”
“Desde que entrou, o Presidente só está a colocar travões no desenvolvimento, não fez nenhum gesto que desse sinal de impulso à economia. (…) Não é falar bonito que vai desenvolver o país, faz-se trabalhando, definindo regras e estratégias para determinados sectores.”
Enquanto pessoas como Luaty Beirão ou Ondjaki elogiam João Lourenço ou, pelo menos, depositam esperanças nele, conferindo-lhe o benefício da dúvida, os próximos dos seus aliados, para não falar das filhas do ex-presidente José Eduardo dos Santos, assestam-lhe golpes violentos. Claramente, soltou-se a caça verbal contra João Lourenço dentro de alguns sectores do MPLA.
Estamos certos de que a próxima Marcha pela Liberdade de Expressão será encabeçada por Bartolomeu Dias e Isabel dos Santos. Aguardamos com ansiedade a sua marcação.
A entrevista de Bartolomeu Dias deixa muitas interrogações. Em primeiro lugar, como é que um empresário que tanto defende a iniciativa privada explica que se criem negócios em que os parceiros são todos ministros? Quando as empresas, por estarem descapitalizadas, procuram o apoio do Estado para as suas actividades, onde fica o desenvolvimento? E não venha Bartolomeu dizer que está cheio de dinheiro, porque ainda em Outubro passado anunciou que se salvou da falência com um empréstimo vindo do Dubai. Se repararmos bem, a actividade de Dias levanta muitas bandeiras vermelhas. Ministros poderosos como sócios e financiamentos provenientes da praça financeira do Dubai, que como se sabe é laxativamente regulada, e onde foram parar milhões do BESA, são indícios – que poderão vir a ser comprovados ou não – de negócios corruptos.
Outro ponto é o da criação de emprego. Há que desmistificar as afirmações de Bartolomeu Dias a este respeito. Negócios assentes em corrupção ou clientelismo não criam emprego sustentável, pois não necessitam de pessoas produtivas, mas de meros números para encher prateleiras. Os resultados são sempre mínimos, e no fim, como as empresas não são viáveis, fecham e aumentam os desempregados. Basta olhar para o número de desempregados em Angola, sobretudo jovens, para perceber que as grandes estratégias do anterior governo e do seu empresariado não criaram emprego sustentável.
Boas empresas competitivas e não encostadas ao Estado criam empregos. As outras enchem os bolsos dos dirigentes e criam subempregos.
Não sabemos se João Lourenço vai pelo caminho certo. Tem havido muitos ziguezagues e hesitações. No entanto, sabemos que o caminho não é o de Bartolomeu Dias. O caminho do clientelismo. Não é por aí.
Lukeya Lukeya
Barlomeu Dias está desesperado já que habitupou-se ao beneficiar de apoios do estado e nada fazer , andou a esbanjar dinheiros a toa, entrou em falencia e agora quer vir a chinguilar para ver se JLO lhe dê outra oportunidade para voltar a roubar. Nunca cara amigo, mostra que vc é homem de negócio sério girindo bem o que vc já beneficiou no governo anterior. Diz-me lá porquê é que a tua companhia aeria Diexim faliu há mais de 7 anos ?
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