quarta-feira, 6 de junho de 2018

O nosso ''Cabrito''

OS NOMES DELES (BIS)

 05 de Junho de 2018
Por mais simples que for, uma lista das propriedades que são atribuídas a Flávio Fernandes haverá de provar quão inescrupuloso será este negociante, que é o actual governador de Malanje e que foi ministro da Saúde no início dos anos 90, qualquer deles, consulados bem aproveitados em matéria de ilegalidades. Em Luanda conhece-se-lhe a titularidade do Mulolo, um laboratório de análises clínicas, da Farmácia do Alvalade (embora tenha entregue esse empreendimento ao seu irmão Narciso Fernandes, antigo director técnico da Angomédica), de um centro médico na rua do Alentejo, no bairro da Terra Nova, de negócios que incluem a venda de equipamento hospitalar e de produtos farmacêuticos, além de ligações à Teixeira Duarte Automóveis (TDA), uma empresa que em Angola representa viaturas da marca Nissan, facto que permite vê-lo frequentemente ao volante de diferentes jipes Patrol.
Segundo se diz, terá, também, diversos empreendimentos no sul de Angola, mais particularmente na Huíla, onde possuirá com um outro irmãos empresas agrícolas, mas sobretudo médicas e farmacêuticas. Em Malanje é o que se diz à boca cheia: o homem só não privatizou (ainda) o cemitério e o troço do rio Kwanza que por lá passa. Entendidos na matéria garantem que aqueles dois bens comuns serão privatizados tão-logo seja aprovada legislação apropriada.
No ido de 1996, o então ministro do Comércio, Gomes Maiato, pediu-lhe para se pronunciar quanto à veracidade do que tinha escutado a esse respeito. Flávio respondeu com base no que há de mais boçal na filosofia bantu: “o cabrito come onde está amarrado”. Convencido de que é cabrito, age com conduta digna de quem é o aumentativo absoluto dessa mesma palavra, desculpando-se, assim, do carácter inescrupuloso dos seus negócios e das suas aquisições.
O hoje designado Laboratório de Análises Clínicas “Mulolo”, por exemplo, era desde o tempo colonial uma farmácia destinada a atender grutuitamente os funcionários públicos e seus familiares, à partida, pessoas menos favorecidas. Fazer de um local como esse um negócio lucrativo só pode ser obra do diabo.
No fim do seu consulado no Ministério da Saúde, Flávio Fernandes deu um golpe ainda mais asqueroso: alienou a seu favor a quase totalidade do parque automóvel do ministério, incluindo entre as viaturas desviadas para a sua frota, muitas das que tinham sido doadas por organizações internacionais, para ajudar o Governo nos seus programas e projectos de combate às doenças em Angola.
De trambiquice em trambiquice, pelo meio conseguiu o título de Prof. Dr. Da UAN, quando na altura era apenas um médico de clínica geral. Digamos que isso é coisa de alguém que é maior que o pequeno cabrito, com o qual gosta muito de se identificar.

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