O grupo que matou sete pessoas com catanas ou fogo e incendiou 164 casas no norte de Moçambique esta madrugada será o mesmo que fez 10 decapitações na semana passada
O grupo armado que na última noite matou sete pessoas em Naunde, norte de Moçambique, será o que resta de um bando maior, suspeito de ter decapitado dez pessoas há uma semana, anunciou esta terça-feira a polícia.
O balanço de vítimas foi feito em conferência de imprensa, em Maputo, e acrescenta mais um morto às primeiras informações, divulgadas ao amanhecer. “Este grupo pode fazer parte do que está sendo perseguido desde a ocorrência do dia 27”, junto a Olumbi, distrito de Palma, disse o porta-voz nacional da Polícia da República de Moçambique (PRM), Inácio Dina. No ataque desta madrugada, foram incendiadas 164 casas, acrescentou.
Fontes locais disseram à Lusa que pelo menos duas das vítimas mortais morreram queimadas, enquanto as restantes foram mortas com catanas enquanto fugiam. A aldeia é um local sem eletricidade e sem outras infraestruturas, onde as habitações são feitas de materiais tradicionais como blocos de adobe – um cenário comum a todos os confrontos deste outubro de 2017, com exceção do primeiro, na vila de Mocímboa da Praia.
Segundo o porta-voz da PRM, há uma nova ofensiva das autoridades no terreno desde o dia em que houve 10 decapitações e que pode ter provocado o movimento dos agressores para sul. Nove foram abatidos na sexta-feira, depois de resistirem às autoridades e à população durante uma operação noturna, no meio do mato, na zona de Olumbi. “Resistiram à ordem de se render, de se entregarem”, referiu Inácio Dina, suspeitando-se que outros seis tenham escapado e tenham sido responsáveis pelo ataque a Naunde. Segundo referiu, essas seis pessoas estão identificadas e são moçambicanos, daquela zona.
Da mesma forma, já tinham sido caracterizadas as restantes entretanto abatidas, graças à colaboração com a população, pelo que Inácio Dina acredita que não há risco de serem mortos inocentes.
A PRM fala de um movimento “bastante fragmentado” e que, em pequenos agrupamentos, vai demonstrando “alguma resistência”. “São malfeitores, criminosos”, refere o porta-voz, recusando-se a atribuir outras designações, numa altura em que vários órgãos de comunicação social moçambicanos os classificam de terroristas.
A porta-voz da PRM referiu esta terça-feira que as autoridades vão marcar presença “até o último malfeitor” ser neutralizado, referiu. “Estamos a contar com grande apoio da população, que está a perceber que, com a sua participação efetiva, estes grupos estarão fora de circulação”, concluiu.
A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, tem sido alvo de ataques de grupos armados desde outubro de 2017, causando um número indeterminado de mortes e deslocados. Um estudo divulgado em maio, em Maputo, aponta a existência de redes de comércio ilegal na região e a movimentação de grupos radicais islâmicos, oriundos de países a norte, como algumas das raízes da violência.
Diversos investimentos estão a avançar na província para exploração de gás natural dentro de cinco a seis anos, no mar e em terra, com o envolvimento de algumas das grandes petrolíferas mundiais.
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