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Horror em Cabo Delgado Pág. 4
Caso Nosso Banco agita Xerife
3º - 25915 - 30.000,00MT
2º - 14395 - 60.000,00MT
VALOR DO 1º PRÉMIO DO JOKER - 250.000,00MT
LOTARIA
21ª EXTRACÇÃO
1º - 20844 - 1.250.000,00MT PREVISÕES DE JACKPOT
1º PRÉMIO -1.000.000,00MT
PRÓXIMA, 22ª EXTRACÇÃO DA LOTARIA 02/06/2018
1
PRMIO DE TOTOBOLA - 380.813,86MT
1
PRMIO DE TOTOLOTO - 1.326.476,55MT
-
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Pág. 2 e 3
TEMA DA SEMANA 2 Savana 01-06-2018 TEMA DA SEMANA
A
operação que culminou
com a demissão da
Comissão Liquidatária
(CL) do Nosso Banco
ainda vai fazer correr muita
água por debaixo da ponte, com
indicações de que a ministra do
Trabalho, Emprego e Segurança
Social, Vitória Diogo, tentou
meter a mão no processo, pressionando
o Banco de Moçambique
(BM), com o conhecimento
do Presidente da República e do
Ministro da Economia e Finanças
(MEF), para que o Instituto
Nacional de Segurança Social
(INSS), o accionista maioritário
com 77%, tivesse prioridade nos
reembolsos. A intervenção de
Diogo é vista em alguns sectores
políticos/económicos como um
lobby, visando travar a Comissão
Liquidatária, que estava determinada
em avançar em processos
crimes que podiam destapar
a podridão que norteou a falência
do Nosso Banco, um banco
que sempre esteve na órbita do
Partido Frelimo desde os tempos
do ruandês Alfred Kaliza.
Pelo menos dois processos-crimes
contra ex-executivos de
topo no NB já foram remetidos
à Procuradoria Geral da República
(PGR) e 42 acções de
litigância foram parar aos tribunais
pela mão da CL, muitos
deles “difíceis de cobrar”, por
envolver gente graúda da elite
política ligada ao partido governamental.
Há uma semana, o BM anunciou
a demissão da CL, liderada pela
Deloitte & Touche (Moçambique),
sob o argumento de que houve
incumprimento das obrigações
plasmadas na Lei nº 30/2007, de
18 de Dezembro. Esta lei regula
o processo de liquidação administrativa
das instituições de crédito
e sociedades financeiras. A CL,
que tomou posse a 19 de Janeiro
de 2017, tinha um prazo de um
ano para concluir o processo de
liquidação do NB.
O governador do BM alega inacção
da CL. Porém, quando a CL
iniciou com os trabalhos de liquidação,
deu-se conta de que era
“praticamente impossível” terminar
o trabalho em um ano dada
a desorganização dos processos
encontrados no banco, tendo
informado ao BM em Junho de
2017. Mais de 80% de informação
sobre os processos de cré-
ditos não existia. A CL elencou
várias razões, que emperravam o
processo, nomeadamente, baixa
valorização da carteira de crédito
por parte dos bancos comerciais,
existência à data da dissolução do
banco de 164 processos de créditos
sem contratos e sem garantias.
Os mutuários aproveitaram-se
destes factos para atrasarem com
os pagamentos. Quando a CL
tentou vender a carteira de crédito
(3.4 mil milhões de meticais),
a melhor proposta foi de 14%
sobre o valor da carteira, o que
não daria para pagar os credores
ordinários. Isto levou a comissão
a decidir pela cobrança directa. O
jornal soube que a proposta recusada
foi feita pelo BancABC. A
maturidade da carteira de crédito,
que era de longo e médio prazo,
o perfil e a condição económica
e financeira da maioria dos
devedores, aliado à conjuntura
Caso Nosso Banco agita xerife
Vitória Diogo pressionou Zandamela
económica e financeira do país,
alto nível de endividamento dos
mutuários em outros bancos, alto
nível de concentração de crédito,
onde os cinco maiores devedores
representavam 45% de toda a
carteira e a existência de mutuá-
rios com contas congeladas pela
PGR, nomeadamente o Grupo
S&S (crédito destinado a um hotel
e refinaria de óleos em Nacala),
com dívidas de 677 milhões
de meticais a 11 de Novembro de
2016, destacam-se entre as difi-
culdades encontradas pela CL. O
Grupo S&S, da família Gulamo
Rassul, vinha pagando 15 milhões
de meticais mensais à CL
antes de ver as suas contas congeladas.
O Grupo Recol, de Pemba,
é outro dos grandes devedores do
NB, com 400 milhões. Os investimentos
em Nacala também têm
envolvimento de altos quadros
do ANC, partido no Governo na
África do Sul.
Uma fonte do BM afiançou ao
jornal que os contratos mal instruídos
e muitas vezes sem garantias
concorreram para condicionar
o trabalho da CL em um
ano de mandato. Mas a situação
foi sendo reportada regularmente
ao Banco Central e discutida em
detalhe na reunião de 10 de Junho
de 2017.
Outras das dificuldades enfrentadas
pela CL foi a execução da
garantia soberana sobre o crédito
concedido aos Aeroportos de
Moçambique no valor de 440
milhões de meticais, no quadro
da restruturação da carteira de
financiamento daquela empresa
pública, através do Banco Nacional
de Investimentos (BNI). Ao
que apurámos, este crédito
foi dado a coberto de uma
-Dois processos por gestão danosa remetidos à PGR
-Nosso Banco esteve debaixo de uma gestão criminosa
-Grupo Rassul detém um crédito de 1.140 milhões de meticais para a construção de um edifício em Nacala e mais 600 milhões de outras
linhas de crédito, sem contratos e garantias
-Aeroportos de Moçambique devem 440 milhões, mas não pagam porque a LAM, seu grande devedor, não paga
O
utros dados apurados
pela CL, liderada
pela Deloitte & Touche
(Moçambique),
mostram que o NB foi gerido
de forma criminosa. A título
ilustrativo, o Grupo Rassul,
baseado na província de
Nampula, detém um crédito
de 1.140 milhões de meticais
para a construção de um edifício
multiuso em Nacala e
mais 600 milhões de outras linhas
de crédito, sem contratos
e garantias. O crédito para a
construção de raiz de um edifício
em Nacala, que consistia
num hotel, apartamentos e
escritórios, equivalia na altura
USD30 milhões (calculados
ao câmbio da altura estimado
em 37 Mt/USD), mas a garantia
dada foi um outro edifício
avaliado em USD5 milhões.
A CL avaliou o edifício
a 700 milhões de meticais. A melhor
proposta foi de 190 milhões
de meticais. A CL foi espreitar
a segunda melhor proposta, que
era de 40 milhões, porém desistiu
de vender por tão baixo valor.
O edifício de Nacala constitui
22% dos activos realizáveis. Os
activos realizáveis do NB à data
da entrada da CL eram de 5.2
mil milhões de meticais. Figuras
do meio financeiro afirmam que
os créditos concedidos pelo NB
estavam virados para o triângulo
Nampula-Nacala-Pemba, circulando
chorudas comissões pelos
tranches concedidos. Esta é uma
das situações a apurar agora pela
PGR.
O SAVANA apurou que técnicos
da supervisão bancária do
banco central já haviam alertado
em 2014 o board do banco central
sobre a iminente derrapagem
do NB. Uma fonte daquele departamento
acredita que na altura
não houve uma intervenção arrojada
por se estar em presença de
um board minado pela sua vulnerabilidade
aos caprichos, extravagâncias
e interesses da elite ligada
ao partido governamental.
Observadores em Maputo são de
opinião de haver fortes indícios
de a supervisão bancária do BM
ter-se furtado aos seus deveres,
empurrando o banco para uma
falência técnica. Alguns juristas
ouvidos pelo jornal defendem
uma investigação a sério à administração
Gove, mas acreditam
muito pouco no avanço duma
acção judicial por estarem envolvidas
“figuras importantes”.
“Será mais um Banco Austral”,
atirou um dos juristas.
O NB tinha somente 5116 clientes
particulares, 837 empresas,
depósitos de cerca de 1% na quota
do mercado, dados que mostram
que dificilmente o ex-BMI se
iria reerguer. 90% dos clientes
tinham menos de 20 mil meticais
depositados, pelo que
foram imediatamente ressarcidos
depois da entrada em
funcionamento da CL.
A maioria de capital pertence
ao INSS (77%), sendo também
accionistas a empresa
pública EDM (15%) e a SPI
- Gestão de Investimentos, o
braço empresarial do partido
Frelimo.
Na data da liquidação pelo
BM, o NB, fundado em 2001
num controverso processo em
que foram usados fundos do
INSS e do ruandês Alfred
Kaliza, era dirigido por Mussa
Tembe (administrador-delegado)
e tinha como PCA
João Dias Loureiro, antigo
Presidente do Instituto Nacional
de Estatística (INE).
Gestão criminosa
TEMA DA SEMANA Savana 01-06-2018 3
garantia soberana de USD50
milhões que abarcava outros cré-
ditos em vários bancos. A ADM
não está a pagar a dívida, sob o
argumento de que a Linhas Áreas
de Moçambique (LAM) deixou
de liquidar as taxas àquela empresa
pública, o que levou a CL
a recorrer ao Tesouro para negociar
o pagamento. O que a CL
conseguiu vender por um “justo
valor” foi a carteira de crédito
dos trabalhadores do Serviço de
Informação e Segurança do Estado
(SISE) e do INSS. O jornal
apurou que esta carteira (12% do
total) foi adquirida pelo BCI por
108% do seu valor.
Decisão de Zandamela
Contudo, a decisão de Rogério
Zandamela, num despacho de 11
de Abril de 2018, surpreendeu a
CL, que até 24 de Maio, dia em
que o comunicado foi tornado
público, estava a trabalhar e
a interagir com o banco central
através do administrador Alberto
Bila.
Porém, há uma discrepância entre
aquilo que o BM alega que
são resultados apresentados pela
CL e os resultados que a própria
comissão liquidatária esgrime.
Zandamela terá tomado a sua
decisão na base de um relatório
preliminar submetido pela CL a
7 de Dezembro de 2017, quando
faltava pouco menos de um
mês para o fim de mandato. No
relatório, a CL pede a extensão
do mandato (terminava a 19 de
Janeiro de 2018) e continuou o
seu trabalho na base de um entendimento
verbal com o administrador
Alberto Bila. O banco
central comunica publicamente a
decisão da demissão da CL, quatro
meses após receber o relatório
(7 de Dezembro), alegando inacção.
O BM argumenta que a CL
cumpriu a liquidação do NB em
apenas 24%. Mas os números actualizados
pela CL estão “muito
acima” do que o BM afirma. Uma
fonte próxima da CL afirmou
que os activos realizados (recuperados)
a 24 de Maio de 2018
estão acima de 1.7 mil milhões de
meticais.
“Quando se fala de uma recuperação
de activos entre 20 e 30%,
numa situação de falência já é
muito bom. Nós fizemos acima
disso. Quanto ao grau de cumprimento
das actividades, ou
seja, aquilo que foi programado e
aquilo que foi realizado estamos
a acima dos 90%. Conseguimos
recuperar dinheiro para pagar todos
os depositantes ordinários, as
indemnizações aos trabalhadores
foram pagas, os impostos devidos
ao Estado foram pagos e os
fornecedores também, faltando
apenas dois que ainda estamos
no acerto das contas. O segundo
maior depositante (o maior é o
INSS) recebeu um valor signifi-
cativo. O BM devia indicar quais
são as actividades que a CL não
realizou. A inacção é do BM que
ficou quatro meses para apreciar
um relatório”, rematou a fonte.
Ao que o jornal apurou, a CL solicitou
um encontro com o governador
Zandamela para explicar
ao detalhe, mas até ao fecho da
presente edição ainda não havia
sido recebida. Mas pelas experiências
do passado e o estilo de
actuação de Zandamela, é pouco
crível que o governador reveja as
suas posições.
Interpelação de Vitória
Diogo
A 28 de Março de 2018, pouco
menos de dois meses antes de Rogério
Zandamela tomar a decisão
de demitir a CL, a ministra de
Trabalho, Emprego e Segurança
Social, Vitória Diogo, interpelou
em carta, a que o SAVANA teve
acesso, o BM exigindo o reembolso
dos depósitos do INSS
pela Comissão Liquidatária. O
ofício, baptizado com o número
45/MITRESS/GM/030/2018,
foi enviado a Zandamela com o
conhecimento do Presidente da
República, Filipe Nyusi, e do ministro
da Economia e Finanças,
Adriano Maleiane.
“No âmbito do reembolso dos
créditos de clientes do Nosso
Banco, sociedade em liquidação,
praticamente todos os que tinham
depósitos foram reembolsados
pela Comissão Liquidatária
com excepção do INSS, que tinha
constituído a prazo e à ordem, e
chegam informações alarmantes
de que esta instituição será reembolsada,
caso remanesçam fundos
para o efeito, em virtude do
respectivo titular ser igualmente
accionista do referido banco”, escreve
Diogo.
Na carta, Diogo recorda que os
fundos geridos pelo INSS, investidos
no NB, provêm das contribuições
dos trabalhadores, o que,
na óptica dela, torna esta entidade
com prioridade no reembolso
dos créditos. “(...) o artigo 47 da
Lei nº4/2007, de 7 de Fevereiro,
estabelece que a entidade gestora
da segurança social obrigatória,
nos seus créditos decorrentes das
contribuições, goza de privilé-
gios idênticos aos do Tesouro,
graduando-se imediatamente
a seguir aos do Estado”. Diogo
termina solicitado os “bons ofí-
cios” de Zandamela para instar a
CL a proceder ao reembolso ao
INSS. Ao que o SAVANA apurou,
o INSS tem no NB activos
financeiros de 2.930 milhões de
meticais.
Porém, a 24 de Abril, 26 dias
após a recepção da carta de Diogo,
o administrador do pelouro
de operações bancárias, emissão
de sistemas de pagamentos no
BM, Alberto Bila, notifica (N/
Nº22GAJ/20160018/18) o Presidente
Executivo da CL, Iacumba
Ali Aiuba, para responder por
escrito a carta-queixa apresentada
ao Banco Central pela ministra
Diogo.
Em resposta datada de 4 de Maio
2018, 20 dias antes do anúncio
público da demissão, a CL procurou
desmontar os argumentos
de Diogo. Basicamente, a CL
afirma que o INSS, sendo um
credor subordinado (accionista
e depositante ao mesmo tempo)
é dos últimos a ser reembolsado.
A CL recordou que o INSS, quer
na qualidade de accionista, como
na qualidade de depositante e,
consequentemente, credor (parte
activa do processo de liquidação
do NB), está devidamente representado
na Comissão e está informado
sobre todo o processo.
Recorde-se que a CL tomou posse
a 19 de Janeiro de 2017, tendo
Rui Francisco Sitoe tomado posse
como representante dos accionistas
e Abdul Satar Abdul Hamid,
representando os credores.
A CL explicou, em resposta ao
ofício de Diogo, que a graduação
de créditos propostos pela Comissão
foi adoptada com a participação
do representante dos accionistas
e não mereceu qualquer
protesto destes, em particular do
INSS, daí estranhar os motivos
por detrás da interpelação da ministra
ao BM.
Fontes bem qualificadas garantem
ao jornal que a “zanga” de
Diogo tem a ver com o início
dos pagamentos ao depositante
Momade Bashir Sulemane, do
Grupo MBS, um dos maiores
depositantes do NB, por todos
os outros bancos se recusarem a
manterem transacções comerciais
com o grupo, depois que a administração
americana o declarou
como “barão da droga”. Bashir recebeu
já 30% dos seus depósitos.
Coincidência ou não, esta semana
circulou com grande insistência
uma postagem nas redes sociais
intitulada “MBS: a família monstruosa”.
Contudo, a CL, em carta-resposta,
entende que a interpelação de
Diogo resulta da falta de clareza
relativamente ao correcto alcance
do disposto no artigo 47 da Lei
nº4/2007, de 7 de Fevereiro.
“Efectivamente, e isso não nos
parece em causa no processo em
apreço, o INSS goza de privilé-
gios idênticos aos do Tesouro,
graduando-se imediatamente a
seguir aos do Estado, relativamente
aos seus créditos decorrentes
de contribuições”. Este valor,
segundo a Comissão, foi integralmente
pago.
A ministra, segundo a CL, confunde
a origem dos fundos depositados
junto do NB, com a qualidade
dos créditos que resultam
“desses depósitos”.
“Ao proceder a um depósito, o
INSS fá-lo ao abrigo de uma relação
meramente comercial entre
um cliente (igual aos demais) e
um banco comercial. Reacção
completamente diversa naquela
que estabelece com o mesmo
banco em relação às contribuições
por este devidas ao INSS”.
TEMA DA SEMANA Savana 01-06-2018 5
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6 Savana 01-06-2018 SOCIEDADE SOCIEDADE
Ordem
Província
Número
de
Previsão
2018
Eleitores Inscritos
Grau de
Autarquias Homens Mulheres Total Realização
1 Niassa 5 228.655 97.019 98.542 195.561 85,53
2 C. Delgado 5 262.676 127.534 124.734 252.268 96,04
3 Nampula 7 684.872 331.322 336.476 667.798 97,51
4 Zambézia 6 483.452 184.050 132.873 316.923 65,55
5 Tete 4 170.345 99.652 101.422 201.074 118,04
6 Manica 5 244.037 128.766 133.736 262.502 107,57
7 Sofala 5 374.714 198.884 194.480 393.364 104,98
8 Inhambane 5 182.900 70.961 97.148 168.109 91,91
9 Gaza 6 177.055 97.117 134.171 231.288 130,63
10 Maputo 4 723.147 283.547 321.958 605.505 83,73
11 C. Maputo 1 796.965 300.185 315.897 616.082 77,30
Total 4.328.818 1.919.037 1.991.437 3.910.474 90,34
O
s partidos políticos, coligações
de partidos e grupos
de cidadãos que pretendam
candidatar-se às
quintas eleições autárquicas, agendadas
para 10 de Outubro próximo,
podem, a partir de hoje (sexta-feira),
inscrever-se para o efeito
até ao próximo dia 15 de Junho.
Os eleitores já fizeram a sua parte
durante a fase de recenseamento
e dados preliminares e globais do
Secretariado Técnico de Administração
Eleitoral (STAE), apurados
em todos os distritos autárquicos
que acolheram o recenseamento,
indicam que foram inscritos
6.766.236 eleitores.
Destaque vai para as províncias de
Gaza e Cabo Delgado, fortemente
dominadas pelo partido no poder,
Frelimo, que superaram as metas
previstas, alcançando 116,5% e
101,69 % de realização, respectivamente.
Com a entrada em cena da Renamo,
que boicotou os pleitos de
1998 e 2013, estas poderão ser as
eleições autárquicas mais renhidas
na história do país.
De acordo com o calendário eleitoral,
de 21 de Junho a 27 de Julho
vai decorrer a fase de apresentação
e verificação das candidaturas às 53
autarquias.
Para o efeito, o STAE anunciou,
semana passada, a inscrição de
6.766.236 eleitores em todos os
distritos autárquicos que acolheram
o processo de recenseamento, o que
corresponde a um grau de realização
de 88,03%.
Com o maior número de inscritos,
destacam-se as províncias que, tradicionalmente,
apoiam a Frelimo,
sendo Gaza, com 116,52%, seguida
da Cabo Delgado com 101,69%, de
grau de realização.
A província de Niassa não atingiu a
média prevista tendo registado um
nível de realização de 63,27%.
Com forte apoio à Frelimo, mas
com uma presença da Renamo que
começa já a ameaçar, segue a província
de Inhambane, com 99,71%
e depois surgem as províncias de
Sofala e Nampula com 99,71% e
92,37% de realização, respectivamente.
Trata-se de províncias consideradas
bastiões da oposição, tendo os principais
municípios sido governados
pela Renamo e MDM.
53 Municípios em disputa
No que diz respeito às autarquias
apenas, dados preliminares do
STAE indicam que foram inscritos
3.910.474 eleitores, contra
3.590.794 eleitores nas autárquicas
de 2013.
Pela primeira vez na sua história, a
Renamo vai reaparecer sem o seu
líder e grande mobilizador, Afonso
Dhlakama, falecido a 03 de Maio
deste ano na serra da Gorongosa.
O MDM não atravessa bons momentos,
estando a enfrentar uma
crise interna. Em cima da mesa,
está uma negociação com a Renamo
para as duas forças políticas
concorrerem coligadas nos principais
municípios.
Por outro lado, a Frelimo tem de lidar
com uma forte impopularidade
devido à crise económica e financeira,
agudizada pelo escândalo das
dívidas ocultas contraídas na administração
Guebuza.
Neste pleito, destaque vai certamente
para a corrida que se irá
verificar nos municípios de Maputo
e Matola, onde a Frelimo
espera manter a sua hegemonia,
mas também na Beira, Quelimane
e Nampula, onde sonha resgatar
a presidência perante uma forte
concorrência da oposição, Renamo
e MDM que neste momento
dirigem os destinos daquelas edilidades.
A cidade de Maputo inscreveu
616.082 eleitores, que correspondem
a 77,30% de realização. A capital
do país é uma das poucas autarquias
em que há candidatos em
pré-campanha.
Trata-se de Venâncio Mondlane,
que concorreu pelo MDM em
2013, tendo sido derrotado por David
Simango da Frelimo. Mondlane
obteve 39,97% de votos contra
58,44% de Simango, mas tem-se
notabilizado nos últimos tempos
nas redes sociais mobilizando jovens
e vendedores dos mercados.
No entanto, ainda não está claro
qual é o partido ou grupo de cidadãos
que irão suportar a sua candidatura.
Em pré-campanha está também o
actor de teatro e apresentador de
televisão Gilberto Mendes, que se
tem movimentado na praça pública
de “my love”, as camionetas de caixa
aberta que transportam passageiros
na capital, entre outras acções, mas
sem nenhum rosto partidário.
Samora Machel Júnior, ou simplesmente
Samito, já manifestou o seu
desejo de substituir David Simango
mas falta-lhe um “ok” do partido,
tendo por isso refreado os ânimos.
A província de Sofala conta com
393.364 inscritos, equivalente a
104,98%. Dos cinco municípios
que possui, apenas a cidade da Beira
é que constitui um motivo de
orgulho para a Renamo e MDM e
dor de cabeça para Frelimo.
Somente nas autárquicas de 1998,
com Chivavisse Muchangage, a
Frelimo conseguiu ganhar, num
pleito marcado pelo boicote dos
partidos da oposição. Em 1998,
Muchangage concorreu sozinho.
Em 2013, Daviz Simango arrasou
Jaime Neto, candidato da Frelimo,
com uma folgada margem de 70%
contra 29,5%, respectivamente.
Entretanto, os municípios de Dondo,
Gorongosa, Marromeu e Nhamatanda
têm sido governados pela
Frelimo.
Na província mais populosa do
país, Nampula, foram contabilizados
667.798 cidadãos eleitores
inscritos, representando um grau
de realização de 97,51% dos que
irão eleger os presidentes das sete
autarquias.
Trata-se de Ribáuè, Nacala-Porto,
Monapo, Malema, Ilha de Moçambique,
Angoche e Cidade de Nampula.
A última deu o poder ao candidato
da Renamo, Paulo Vahanle,
nas eleições intercalares deste ano,
convocadas na sequência do assassinato
de Mahamudo Amurane a 4
de Outubro de 2017.
A história mostra que a zona do
litoral tem oferecido o seu apoio
à Renamo e espera-se uma corrida
renhida em locais como Ilha de
Moçambique, Angoche e Nacala-porto.
A segunda província mais populosa
do país é a única que, neste momento,
conta com dois municípios
governados pelo MDM.
Com seis autarquias, Quelimane e
Gurúè estão nas mãos do MDM,
sendo que Alto Molócuè, Maganja
da Costa, Milange e Mocuba são
dirigidos pela Frelimo.
A província de Gaza, tida como fiel
à Frelimo, mas também conhecida
por registar recordes de participação
dos eleitores, poderá manter os
seis municípios nas mãos do partido
no poder. Trata-se de uma província
em que membros e simpatizantes
da Frelimo não têm dado
espaço aos partidos da oposição,
patrocinando até a violência para
manter o seu poder.
Na campanha para as gerais de
2014 verificaram-se actos de violência
eleitoral contra brigadas da
oposição, sobretudo, do MDM.
Para as autárquicas do presente
ano, foram inscritos nos seis municípios
231.288 eleitores, o que corresponde
a um grau de realização
de 130,63%.
Segue a província de Tete com um
grau de realização de 118,04%, o
que perfaz 201.074 inscritos. Em
disputa estarão quatro municípios
(Tete, Ulónguè, Moatize e Nhamayabue)
que neste momento estão
sendo governados pela Frelimo,
mas com a particularidade de que
a Renamo tem uma forte presença
em Nhamayabue.
Com cinco municípios em disputa
(Chimoio, Catandica, Gondola,
Manica e Sussundega), segue a província
de Manica, com um universo
de 262.502 eleitores, o que faz com
que tenha um grau de realização de
107,57%.
A Renamo conta com boa base de
apoio nesta província, que até ao
momento não foi suficiente para
colocar o partido a governar um
dos municípios.
A sexta província com maior nú-
mero de inscritos é a de Cabo
Delgado, conhecida como berço
dos combatentes da luta de libertação
de nacional e, por via disso,
também fortemente dominada pelo
partido no poder. Mas a Renamo,
tradicionalmente tem uma palavra
a dizer no litoral.
Nesta província estarão em disputa
cinco municípios (Pemba, Chiúre,
Mocímboa da Praia, Montepuez
e Mueda) e não se espera grandes
mudanças, com os 252.268 eleitores
registados que equivalem a um
grau de realização de 96,04%.
A província de Inhambane surge
com um grau de realização de
91,91%, o equivalente a 168.109
eleitores, que vão eleger os presidentes
de cinco conselhos municipais
(Inhambane, Massinga, Maxixe,
Vilankulo e Quissico).
Actualmente estão sob gestão do
partido Frelimo, embora a presença
Renamo comece a fazer-se sentir,
sobretudo, a norte da província.
Com cinco municípios por disputar
está a província de Niassa, onde as
autarquias de Lichinga, Cuamba
e Marrupa têm se mostrado alinhadas
com o partido no poder,
enquanto Metangula e Mandimba
verifica-se uma forte base de apoio
à Renamo. Niassa registou um total
de 195.561 inscrições que equivalem
a um grau de realização de
85,53%.
A província de Maputo entra em
cena com 606.505 inscritos, que se
vão digladiar para eleger os presidentes
das autarquias de Matola,
Boane, Manhiça e Namaacha.
Destas quatro autarquias, espera-se
uma forte disputa no município
da Matola, onde em 2013, o candidato
da Frelimo, Calisto Cossa,
obteve uma vitória apertada contra
o professor Silvério Ronguane do
MDM.
Arrancou contagem decrescente para as autárquicas
Por Argunaldo Nhampossa
Apesar de algumas províncias terem superado as metas, os níveis de recenseamento não atingiram as metas estabelecidas
Dados preliminares do inscritos nas autarquias locais
SOCIEDADE Savana 01-06-2018 7
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8 Savana 01-06-2018 SOCIEDADE SOCIEDADE
Ministério das Obras Públicas,
Habitação e Recursos Hídricos
Uma iniciativa do:
Feche a sua torneira,
evite o desperdício de água
Vamos todos poupar água
F
oi numa daquelas viagens
“daqui pra aqui” que travei
conhecimento com o Antó-
nio Munaíta, um machuabo
do Luabo, a.k.a. (também conhecido
como) Tony Guitarra, devido
ao pronto municiamento de que
sempre se vangloriou, “nas horas
de crise”.
O Zefanias, do Diário da Zambézia,
fez a intermediação da nossa
relação de trabalho sem papel
passado, eventualmente um crime
para o czar do SNJ. Ainda mal o sol
raiava, ali estava ele à minha espera
na zona do “Padeiro”, mesmo à saí-
da de Quelimane para Nicoadala.
Guitarra tinha feito o seu tirocínio
no teatro mas mais parecia personagem
de filme. “Rayban” contrafeitos,
as “jeans” e o casaco tinham
sido desenhados para alguém bem
mais encorpado. As botas de vaqueiro,
claramente “xicalamidade”,
poderiam ter pertencido ao “cowboy
da meia-noite”, John Voigt.
Não era dado a grandes falas. Respondia,
explicava o que lhe pedia.
As conduções e os buracos ficavam
por minha conta. Frugal de comeretes,
nas noites “batíamos” umas
“manicas” à temperatura modelada
pelo estatuto do estabelecimento
aportado. Para fazer o balanço do
dia de canseiras.
Foram alguns anos de boa convivência.
Guitarra descodificava para
mim a Zambézia mais profunda.
Eu escrevia as minhas estórias, ele
fazia as suas. Mais tarde começou a
escrever para o SAVANA. À peça,
pecado dos pecados, caro satrapa.
Em 2013, nas autárquicas, os acólitos
da Frelimo fizeram-no meu coNinogumana
Tony Guitarra
Guitarra
1978-2018
O
Sistema Nacional de Saúde (SNS)
esteve debaixo de pressão, nas últimas
semanas, devido à ruptura
de stock de um dos medicamentos
essenciais para os doentes com asma.
Trata-se de salbutamol, um fármaco que
serve para aliviar o aperto no peito dum
doente asmático passando a respirar com
facilidade. Contactadas pelo SAVANA, as
autoridades médicas afirmaram que o reabastecimento
está em curso, sendo que em
dez dias tudo voltará à normalidade.
Nas ultimas duas semanas, cidadãos que
padecem daquela enfermidade ficaram
agitados ao não encontrarem o principal
medicamento para atenuar a doença, que
em alguns casos gera complicações graves,
que podem levar à morte. Dinguizwayo
Chicolena, técnico informático, foi um
deles que, perante um quadro de emergência,
se deslocou ao Hospital Central de
Maputo (HCM) em busca de tratamento.
Foi submetido a três sessões de aerossol.
Depois foi lhe receitado o salbutamol para
continuar o tratamento em casa. Dirigiu-se
à farmácia do HCM na espectativa
de encontrar o medicamento, mas não foi
possível porque não havia. Percorreu diferentes
farmácias da capital, porém a crise
estava também instalada. Para a sua sorte
dois dias após a incessante procura e com
ajuda de um familiar conseguiu encontrar o
medicamento numa farmácia privada.
Com 22 anos de idade, Chiconela é um
asmático-crónico e manifestou sua preocupação
com falta de medicamentos no SNS,
o que coloca em perigo a sua vida.
Preocupada também encontramos a mãe
da adolescente Luan Tamele, de oito anos
de idade. Com o filho em situação crítica
também se dirigiu à pediatria do HCM.
Para recuperar, o adolescente foi submetido
também a três sessões de aerossol e no
final foi receitado salbutamol e predinisolona
em comprimido. Encontrou o segundo
medicamento, mas não o primeiro. Percorreu
a maioria das farmácias da capital e
nada. Desesperada e por não saber que futuro
reservava ao filho, contactou amigos e
familiares que a levaram à clínica do HCM
onde conseguiu adquirir o medicamento a
239 meticais contra os cinco meticais cobrados
na farmácia da maior unidade hospitalar
do país.
Situação controlada
O director nacional adjunto da Central de
Medicamentos e Artigos Médicos, Sérgio
Sení, confirmou que houve uma fase em
que os stocks de salbutamol eram baixos
o que foi agudizado pela pressão exercida
devido à crise que também se verificava
nas farmácias privadas. Falando ao SAVANA
esta segunda-feira, realçou que na
ausência de salbutamol há outras formulas
farmacêuticas que podem ser usadas para
resolver o mesmo problema, tais como o
salbutamol comprimidos, aminofilina em
comprimidos e injectável entre outros.
Sení justificou a ruptura do stock com um
alegado problema com o fornecedor que
mudou do agente importador, facto que
terá precipitado o atraso na vinda dos fármacos
ao país. Argumentou que no SNS
há medicamentos que são prioridade dadas
as suas particularidades e os de asma estão
nessa lista. De seguida tranquilizou os pacientes,
garantindo que dentro dez o problema
será sanado porque desde a passada
sexta-feira iniciou a distribuição nos armazéns
de Beira, Nampula e Maputo. No total
foram disponibilizados 45 mil bombas
de salbutamol que, de acordo com Sení, são
suficientes para responder às necessidades
do ano todo.
(Argunaldo Nhampossa)
Asmáticos agitados
lega de cárcere, em Mocuba. Foi ele que fez chegar
“para o exterior” a detenção, antes dos telemóveis
terem sido confiscados pela polícia. Aparentemente,
de “mercenários da oposição” passámos ao estatuto
de “terrível equívoco”.
Como se nada tivesse acontecido, continuámos o
trabalho. Fomos ao Gurué, regressámos a Mocuba,
fizemos Namacurra a corta-mato à conta de um tal
de Candrino e ainda viemos celebrar a vitória de
Araújo em Quelimane.
Em todos estes anos, Guitarra era o meu interlocutor
privilegiado sobre as notícias “made in Zambézia”.
Há umas semanas, quando veio a cadeira de rodas,
percebi que o fim estava próximo.
Foi a enterrar a 25 de Maio, o Dia de África, a data
que Carlos Cardoso, 26 anos antes, tinha decidido
ser “um bom dia para fazer nascer o mediaFAX”.
Mas não te preocupes Tony, um dia destes encontramo-nos
por aí, para umas tantas estórias e gargalhadas
de escárnio sobre os candrinos/invernos do
nosso descontentamento.
Até lá!
Fernando Lima
Falta de medicamentos no sistema
Savana 01-06-2018 9
PUBLICIDADE SOCIEDADE
A Fundação Mecanismo de Apoio à
Sociedade Civil (Fundação MASC)
tem vindo a acompanhar atentamente
os passos que o país empreende em
SUROGHXPDSD]GHÀQLWLYDDOLPHQWDQdo
a expectativa do alcance com
maior brevidade de um clima de recRQFLOLDomR
H GH KDUPRQLD FRQGLomR
essencial para o desenvolvimento
sócio-económico de Moçambique.
1HVWH FDPSR ORXYD R VXSHULRU HPpenho
empreendido pelo Presidente
GD 5HS~EOLFD )LOLSH -DFLQWR 1\XVL H
GROtGHUGD5HQDPR$IRQVR0DFDFKR
0DUFHWD'KODNDPDHVWHHQWUHWDQWRIDlecido
a 3 de Maio.
2V SUHVLGHQWHV 1\XVL H 'KODNDPD
caminharam juntos numa agenda
GH GLiORJR TXH VH UHYHORX IUXWtIHUD
FXMR UHVXOWDGR LQLFLDO WDQJtYHO IRL D
GHFODUDomRHPSULQFtSLRVGRDQRSDVVDGRGHXPDWUpJXDSRUWHPSRLQGHWHUPLQDGRDWRGRVRVWtWXORVEHQpÀFD
para a vida dos cidadãos e da economia
nacional.
O segundo marco importante da deterPLQDomRGRVGRLVOtGHUHVIRLRDOFDQFH
dos entendimentos sobre a descenWUDOL]DomR
DQXQFLDGRV HP )HYHUHLUR
último e remetidos à Assembleia da
República para a devida avaliação e
DSURYDomR R TXH LPSOLFD D UHYLVmR
pontual da Constituição.
O Parlamento já se encontra a abordar
HVWDTXHVWmRWHQGRQDSDVVDGDTXLQWDIHLUDDSURYDGRDSURSRVWDQDJHQHUDOLGDGH
SRU XQDQLPLGDGH GDV WUrV
bancadas representadas naquele
órgão. Esta aprovação enche de optiPLVPRDVRFLHGDGHPRoDPELFDQDQD
medida em que espera que todos os
passos subsequentes não encontrem
obstáculos que periguem a continuidade
do processo de paz moçambicano.
3HORV UHVXOWDGRV DOFDQoDGRV DWp DR
PRPHQWRD)XQGDomR0$6&FRQJUDWXOD
R &KHIH GH (VWDGR D QRYD OLGHUança
da Renamo e as bancadas parlaPHQWDUHVGD)UHOLPR5HQDPRH0'0
na Assembleia da República pelo sentido
de nação demonstrado na abordagem
ao pacote de descentralização e
MENSAGEM DE ENCORAJAMENTO
AOS PASSOS QUE O PAÍS SEGUE
NA BUSCA DA PAZ
a consequente emenda constitucional
aprovada.
2 3UHVLGHQWH 1\XVL DR PDQLIHVWDU
a disposição em continuar o diálogo
político com a nova liderança da
5HQDPR H RV SDUWLGRV SROtWLFRV FRP
DVVHQWRQR3DUODPHQWRDRSURQXQFLDrem-se
positivamente sobre a proposta
de revisão pontual da Constituição
da República para contemplar os entendimentos
sobre a descentralização
JRYHUQDWLYD QR SDtV HQFKHP GH HVSHUDQoD
R SRYR PRoDPELFDQR VHGHQWR
GH XPD SD] GHÀQLWLYD H TXH VH
traduza num clima de concórdia que
conduzirá o país para outras agendas
LJXDOPHQWH SULRULWiULDV SRUpP KLSRtecadas
pelos obstáculos à paz. Dentre
essas agendas constam a luta pelo
progresso social e económico do povo
moçambicano.
1HVWH FRQWH[WR D )XQGDomR 0$6&
muito encoraja o Presidente da
República e a nova liderança da Renamo
a continuarem o empenho na busca
de entendimentos nas questões remanescentes
nas discussões na busca
GDSD]SDUDRSDtVFRPrQIDVHSDUD
o dossier sobre a desmilitarização da
Renamo e enquadramento dos seus
KRPHQVH VXDVIDPtOLDVQDVGLYHUVDV
HVIHUDVGDYLGDGRSDtVRTXHFRQVXEstanciará
a verdadeira reconciliação
QRVHLRGDIDPtOLDPRoDPELFDQD
,JXDOPHQWHD)XQGDomR0$6&HQFRraja
os partidos políticos e outros actores
directa ou indirectamente envolvidos
no processo de paz moçambicano
a manterem o sentido de compromisso
igualmente demonstrado pelas
bancadas parlamentares.
$WRGDVDVRXWUDVIRUoDVYLYDVGDVRFLHGDGH
QRPHDGDPHQWH RV SDUWLGRV
SROtWLFRV H[WUDSDUODPHQWDUHV FRQÀVV}HV
UHOLJLRVDVDVVRFLDo}HVGH YiULD
tQGROHSDUFHLURVGHFRRSHUDomRHWF
e aos cidadãos moçambicanos em
JHUDOD)XQGDomR0$6&DSHODDXP
acarinhamento contínuo ao processo
que se espera termine o mais brevemente
possível com o alcance do bem
mais ansiosamente aguardado pelo
povo: a paz.
10 Savana 01-06-2018 SOCIEDADE
A
lex Vines, fundador e director
do Programa de
África da Chatham House,
o prestigiado think
tank britânico, conhece Moçambique
desde 1984. Publicou um
livro em 1991 (Renamo: terrorism
in Mozambique) e integrou
a equipa eleitoral da UNOMOZ,
a missão da ONU que acompanhou
as presidenciais de 1994, em
Chibuto, província de Gaza.
Vines é o tipo de analista que, a
seguir à morte de Afonso Dhlakama,
telefona a várias pessoas da
Renamo e da Frelimo para tomar
o pulso ao ambiente político. Diz
que os ex-guerrilheiros continuam
a ter muito poder e que a escolha
de Ossufo Momade para supervisionar
a transição da Renamo após
a morte do líder histórico o coloca
como o candidato mais forte na linha
de sucessão.
O que viu de relevante em Moçambique
desde a morte de
Dhlakama, a 3 de Maio?
Foi muito importante o facto de o
funeral ter tido muita dignidade.
O discurso do Presidente de Moçambique
e de outras pessoas no
funeral; a presença de diferentes
grupos da Renamo nas cerimónias;
do outro partido, o MDM [Movimento
Democrático de Moçambique],
com Daviz Simango e José
Domingos; e até Ivete Fernandes,
viúva do antigo secretário-geral da
Renamo [Evo Fernandes, assassinado
em Lisboa em 1988]: tudo
isso foi muito importante e vai
ajudar a Renamo no futuro. A nomeação
de Ossufo Momade como
líder interino também é uma boa
decisão, porque uma parte-chave
da Renamo são os militares e os
funcionários públicos de meia-idade.
Ossufo vai conseguir gerir essa
transição de forma responsável.
Tive uma surpresa: a intervenção
no funeral de Ivone Soares, a sobrinha
de Dhlakama. Percebo que
é uma das candidatas à sucessão de
Dhlakama, mas nas cerimónias fú-
nebres soou deslocada. Avaliou mal
a situação, usando-a para aumentar
a sua base de apoio na corrida à liderança
do partido.
O que quer dizer com “má avaliação”?
O Presidente Nyusi mostrou atitude
de Estado e sensibilidade, dada
a história difícil entre a Renamo e
a Frelimo. A única nota desafinada
foi Ivone Soares. A meu ver, isso
significa que ela estará a sentir-se
sob pressão e enfraquecida. Ela
apoiava-se muito no tio. A morte
de Dhlakama muda essa dinâmica.
O que o impressionou tanto na
intervenção de Ivone Soares?
Estava muito emocionada, não
usou um tom muito conciliador,
tentou apelar ao apoio dos jovens
da Renamo, mostrou demasiado as
suas credenciais — deixando claro
que era a sobrinha de Dhlakama
e líder da bancada parlamentar
da Renamo na Assembleia da
República. Foi um discurso que
surpreendeu. Em inglês dizemos
raised eyebrows. E, no caso, Ivone
Soares fez enrugar a testa à Frelimo,
aos diplomatas e até na própria
Renamo houve caras de espanto.
É claro que ela estava comovida.
Dhlakama é da família, não é apenas
o seu líder. Isso explica uma
parte. Mas também é indicativo
de que a luta pela sucessão está em
cima da mesa.
Na Renamo, há alas que a vêem
como uma mulher demasiado jovem,
urbana e cosmopolita para
representar o partido. Qual é a
sua leitura?
Tudo isso é verdade. Não me parece
que um moçambicano de 40 ou
50 anos que vive em Sussundenga
[Manica] ou Gorongosa [Sofala]
lhe dê grande atenção. O poder de
Ivone Soares decorre muito do seu
tio. Ela é uma senhora de Maputo,
cosmopolita e urbana. E, além
disso, não tem muito autocontrolo
e tem grande dificuldade em perdoar
a Frelimo. É neste aspecto
que ter Ossufo Momade como
figura de transição — e ele pode
vir a tornar-se o líder da Renamo
— é uma boa escolha. Ele é mais
ponderado, tem a experiência da
guerra, tem o respeito dos antigos
combatentes. Alguma imprensa,
sobretudo da África do Sul, disse
que “a Renamo de Momade” ameaçara
abandonar as negociações de
paz com a Frelimo, mas não é de
todo verdade. Não há dúvida sobre
qual é a vontade da Renamo: eles
querem acordos de paz duradouros.
O processo de paz vai avançar. Esse
foi o último desejo de Dhlakama.
Ele compreendia as pessoas do
centro de Moçambique, que são as
bases do partido. Sabia o que elas
querem. Hoje, as bases da Renamo
são pessoas de meia-idade: querem
oportunidades para os filhos. Isso
significa que há aqui uma possibilidade.
Mas os políticos têm de agir
com boa-fé. Tanto a Renamo como
a Frelimo.
Civil ou militar: qual é o melhor
perfil para o futuro líder da Renamo?
A escolha terá que ser feita pelo
partido. Na Renamo nunca houve
discussão democrática. Tudo girou
sempre em torno do comandante
Dhlakama. Vamos ver quão aberto
vai ser este debate. Mas o facto
é que a principal base de apoio da
Renamo são os ex-guerrilheiros do
centro de Moçambique. São eles
que dão à Renamo o poder negocial
que obriga o governo a negociar e
a chegar a compromissos. Imagino
que os militares vão ter um papel
predominante nesta questão. A
escolha de Ossufo Momade para
supervisionar a transição já mostra
isso. Dos três interessados ao
lugar — Ivone Soares, Bissopo e
Momade — ele está, naturalmente,
na posição mais forte. É um antigo
guerrilheiro. Bissopo é de uma
geração mais nova, nunca lutou na
guerra civil, que acabou em 1992.
Aliás, uma das coisas incríveis da
Renamo é que os “seus” jovens votam
no partido, mas não querem
lutar por ele. Há anos que toda a
actividade militar da Renamo é
feita por homens de meia-idade
e são eles próprios que dizem aos
jovens para se manterem afastados
do conflito e concentrarem-se na
sua educação. Esta é uma questão
geracional. E é um sinal forte de
que a Renamo quer encontrar uma
solução duradoura para as questões
pendentes. Parece que a eleição dos
governadores [das províncias, hoje
nomeados pelo Presidente da República]
está resolvida: a Frelimo
já concordou e só falta oficializar.
Quanto aos outros temas pendentes
integração dos ex-militares nas
forças de segurança nacionais e a
desmobilização — há um acordo
praticamente fechado. Quando
Dhlakama morreu, estavam a oito
semanas de o terminar.
Uma das fraquezas
de Dhlakama era ser
inconsistente
A morte de Dhlakama ajuda ou
complica esse processo?
A curto prazo, vai desacelerar o
processo. Penso que não vão conseguir
anunciar um acordo dentro
das oito semanas previstas — vão
estar ocupados a encontrar um
novo líder. Mas a longo prazo, e se
o Governo agir de boa-fé, pode significar
a sobrevivência do acordo.
Uma das fraquezas de Dhlakama
era ser inconsistente. A sua opinião
era a da última pessoa com quem
tinha falado. Melhorou muito com
os anos, mas a complexidade da sua
personalidade pode significar que a
implementação dos acordos que
venham a ser feitos seja mais fácil e
mais duradoura sem ele. Nesse aspecto,
Momade é muito diferente.
A Renamo ainda não decidiu se
o novo líder será escolhido num
congresso extraordinário, pelo
Conselho Nacional ou por um
Conselho Nacional alargado.
Ainda é um partido sem regras
internas claras?
Sim. Os congressos da Renamo
foram sempre simples exercícios
de confirmação de Dhlakama. Até
houve um congresso que teve de
ser feito por telefone: Dhlakama
estava escondido no centro, ligou
para a Beira, onde os militantes
estavam reunidos, e foi reconduzido
por telefone. Para mim, o que é
surpreendente é a Renamo — mesmo
tendo Dhlakama estado várias
vezes à beira de ser morto pelo Governo
— nunca ter acreditado que
um dia ele morreria. Estavam totalmente
impreparados para a sua
morte. Isto também mostra que
Dhlakama era um homem muito
inseguro e que nunca deu espaço
para que outros emergissem —
talvez a excepção tenha sido, um
pouco, a sobrinha. Na Renamo, a
sucessão nunca foi tema de debate.
Uma das questões é saber se a Renamo
tem fundos para fazer um
congresso extraordinário para
eleger o futuro líder.
A Renamo não tem dinheiro, tem
muito pouca experiência e todas
as pessoas do partido com quem
falei nos últimos dias estão muito
traumatizadas com a morte de
Dhlakama. Não há instituições,
não há procedimentos. Os congressos
do partido nunca foram
democráticos. O paradoxo é que
Dhlakama autoproclamou-se “pai
da democracia de Moçambique”
— e a Renamo forçou, com sucesso,
a abertura do espaço político —,
mas nunca houve democracia na
Renamo. O primeiro congresso foi
organizado pelo governo da África
do Sul no tempo do apartheid.
A história da Renamo está cheia
de contradições. Infelizmente é
para “inglês ver”, nada mais. Nesse
sentido, a Frelimo, com as suas facções,
sempre foi mais democrática.
Desde que Dhlakama regressou à
violência armada, a disciplina foi
reforçada. O regresso à violência
armada, em 2013, foi uma forma
de reafirmar a sua autoridade.
É realista a Renamo adiar a escolha
do novo líder durante meses?
A Renamo só vai precisar de resolver
a questão da liderança no
princípio de 2019. Nessa altura,
precisam de um candidato para
as eleições presidenciais. Para as
autárquicas não é muito relevante.
Provavelmente vão concorrer com
Ossufo Momade e podem à mesma
conseguir bons resultados, uma
vez que há muitos moçambicanos
decepcionados com a Frelimo. Nas
últimas autárquicas, a Renamo não
concorreu e o MDM ficou com os
seus votos. Neste momento, uma
das questões é saber se haverá uma
plataforma comum da oposição.
Esta “nova era” é uma possibilidade
para uma democratização
interna da Renamo?
Os políticos profissionais da geração
mais nova, como Ivone Soares
e Bissopo, dizem que os militares
não devem controlar a Renamo e
que é necessário mais democracia.
Vamos ver. Suspeito que o coração
da Renamo continuará a ser formado
pelos militares do partido:
são eles que têm as armas, são eles
que têm poder sobre a Frelimo,
pois podem forçá-la a regressar às
negociações — e um dos resultados
disso poderá ser a eleição dos
governadores das províncias e a
Renamo ganhar cinco províncias,
o que seria um enorme sucesso.
Nunca tiveram nenhum.
Sim e isso terá sido interpretado
por Dhlakama como um sinal de
que tão cedo não seria Presidente
de Moçambique. Para a sobrevivência
da Renamo, ele tinha de
mostrar algum progresso e eleger
governadores era uma forma de o
fazer. Mas a Frelimo também tem
de compreender que, numas eleições
livres, poderá perder a maioria
na Assembleia da República. Para
um partido de libertação nacional
que está no poder esse é um cená-
rio muito difícil de aceitar.
(publico.pt)
“Hoje as bases da Renamo são pessoas de meia-idade:
TXHUHPRSRUWXQLGDGHVSDUDRVÀOKRVµ
ALUGA-SE
CONTENTOR DE 20 PÉS PARA MERCEARIA,
/RFDOL]DGRQD$Y/XUGHV0XWROD0DJRDQLQH
3HUWRGD3DUDJHP)LPGR0XUR
Contactos: 82 8815880/84 0651802
Alex Vines
Savana 01-06-2018 11 PUBLICIDADE SOCIEDADE
ZZZSDJLQDVDPDUHODVFRP]
3(648,6$
21/,1(
+80000
+80000
+80000
Background:
The International Trade Center (ITC) is the joint agency of
the World Trade Organization and the United Nations and is
currently implementing “PIGA - Partnership for Investment
and Growth in Africa”. PIGA is a partnership of the Government
of the United Kingdom of Great Britain and Northern
Ireland’s Department for International Development
(DFID), the China-Africa Development Fund (CADFund),
the China Council for the Promotion of International Trade
(CCPIT) and the International Trade Centre (ITC).
Project objectives:
Overall Objective: Increase jobs, exports, and local development
in agro-processing and light manufacturing sectors in
Ethiopia, Kenya, Mozambique and Zambia;
6SHFLÀF2EMHFWLYH,QFUHDVHIRUHLJQLQYHVWPHQWDQGEXVLQHVV
partnerships in the two selected sectors in the four PIGA
countries.
Required Knowledge and Skills of the Consultant:
8QGHUVWDQGLQJRIWKH&KLQHVHHFRQRPLFSUHVHQFHLQ0Rzambique,
key sectors/industries operated in, trends of
and drivers to Chinese investment and trade in the country;
.QRZOHGJH RI LQYHVWPHQWUHODWHG LVVXHV FKDOOHQJHV WR
FDI, investment and business partnerships, trade and private
sector development in Mozambique;
NATIONAL CONSULTANT (VACANCY)
([FHOOHQWZULWWHQDQGRUDOFRPPXQLFDWLRQVNLOOV WRHVWDEOLVK
and maintain working relations with Chinese companies, organizations
and institutions in Mozambique;
*RRGUHVHDUFKDQGDQDO\WLFDOVNLOOV
$ELOLW\WRZRUNXQGHUPLQLPXPVXSHUYLVLRQZLWKHIÀFLHQF\
competence and integrity and in harmony with people of different
cultural and national backgrounds;
.QRZOHGJHRIWKH&KLQHVHEXVLQHVVFRPPXQLW\LQ0R]DPELque
and institutional business and investment landscape in
China;
([SHULHQFH LQ &KLQD$IULFD WUDGH LQYHVWPHQW RU WHFKQLFDO
cooperation.
8QLYHUVLW\GHJUHHLQ,QWHUQDWLRQDO7UDGH%XVLQHVV$GPLQLVWUDWLRQ'HYHORSPHQW6WXGLHVRUUHODWHGÀHOG
0LQLPXPRI\HDURIUHOHYDQWH[SHULHQFHLQ$IULFDLQUHODWLRQ
to Chinese business and investment: trade, import/export,
consulting services, business and investment related institutions
(Chamber of Commerce, Business support institutions);
)XOOÁXHQF\LQ3RUWXJXHVHDQG&KLQHVH)XOO$ELOLW\WRWUDQVlate
from Portuguese to Chinese and vice versa); English language
is a plus.
Do you have a passion for development in Africa? and think you can
ÀWLQ"SOHDVHUHTXHVWWKHWHUPVRIUHIHUHQFH7R5WRWKH3,*$1DWLRQDO3URMHFW&RRUGLQDWRUWKURXJKWKHIROORZLQJHPDLOmgomes@
intracen.org 7KH GHDGOLQH WR VXEPLW \RXU FDQGLGDF\ LV -XQH
12 Savana 01-06-2018 INTERNACIONAL SOCIEDADE
A
opção parece ser entre
“governo dos mercados”
e “governo do povo”. Na
Itália, há três meses do
voto, fala-se de novas eleições em
breve.
A situação de complexa virou gravíssima
enquanto dois cenários se
perfilam nestas horas de chamada à
responsabilidade: eleições em finais
de Julho ou governo neutral, com
confiança no Parlamento, cujas tarefas
mais importantes seriam evitar
o aumento automático do IVA,
aprovar a lei do orçamento e levar o
País às urnas brevemente. Isto até à
hora de fecho desta edição.
Mas nem no melhor seriado da
Netflix se poderia ter um guião tão
complexo e dramático para descrever
a situação política italiana, em
campanha eleitoral permanente,
com líderes políticos que mudam
perspectiva a ritmo de um tweet,
com ataques ferozes dos mercados
e dos parceiros europeus.
Nó Savona
Após várias tentativas, o Presidente
da República Sergio Mattarella,
indigitara um primeiro-ministro,
Giuseppe Conte – um jurista sem
alguma experiência política - aceitando
as indicações de Liga e Movimento
5estrelas.
Conte durou pouco. Mal apresentou
a lista dos ministros, Itália viu-se
debaixo do fogo cruzado dos
mercados e dos parceiros europeus.
O nome de Paolo Savona para a
pasta da Economia fez saltar a formação
do 65º governo da República
italiana.
O obstáculo insuperável foi este senhor
de 82 anos com alto curriculum”,
que decidiu a certa altura “tirar
as pedrinhas dos sapatos” sobre
o euro, o domínio alemão, a necessidade
de renegociar muitas coisas
inclusive algumas que Bruxelas e
Berlim consideram não objecto de
negociações. Um pouco aquilo que
aconteceu na Grécia com Yanis Varoufakis.
Mas o mundo viu o que
aconteceu: o fecho das torneiras
dos ATM a um inteiro País e a cabeça
do economista.
Foi traição?
Os poderes existem e podem pôr de
joelhos um País. Itália está a viver
a questão fundamental das democracias
nacionais com os vínculos
económicos internacionais. O povo
é soberano, mas hoje não se pode
fazer como querem os partidos
escolhidos pelos cidadãos e o Presidente
Sergio Mattarella usou as
suas prerrogativas para salvar Itália
do mesmo massacre que arruinou
a Grécia. Há alguns dias, Angela
Merkel teria afirmado: “Também
com a Grécia de Tsipras foi difícil,
depois chegamos a um acordo”.
O Presidente da República até foi
acusado de “traição” da Constituição
e alvo de ameaças virulentas,
chegando ao vilipêndio, nas redes
sociais. Essas últimas, verdadeiras
protagonistas da comunicação dos
líderes políticos: Matteo Salvini,
líder da Liga, por exemplo, em directa
Facebook diária a partir dos
telhados de Roma.
Luigi Di Maio, líder do Movimento
5 estrelas, juntamente com outros,
falou, depois retirando a acusação,
de impeachment. “A geração
Wikipedia é ignorante – escreveu
um famoso analista italiano – e
vota políticos ignorantes. Vivemos
num mundo onde os problemas
nunca foram tão complexos. Mas o
mundo das redes sociais pensa que
as soluções sejam sempre simples.
E se os problemas não se resolvem,
é sempre culpa de um complô…”
Os mercados reagiram muito mal.
A diferença entre os rendimentos
dos títulos com vencimento em 10
anos na Itália e Alemanha, chamado
“spread”, alcançou mais de 300
pontos, o maior nível desde novembro
2013. A Bolsa de Valores de
Milão continuou a abrir rem baixa,
com a situação política na Itália pesando
também no valor da moeda
europeia. A situação política italiana
vista como um referendo para
sair da zona Euro provocando desconfiança
nos investidores e abalando
outros países europeus, onde
os juros também dispararam para
títulos de longo prazo. O governador
de Bankitalia foi claro: “Lutar
para mudar dentro da Europa se
pode, mas sem ela Itália é perdida”.
“Bomba” alemã
Entretanto, logo a seguir um artigo
bombástico do jornal alemão “Der
Spiegel” que chamara os italianos
de “parasitas agressivos” chegou a
“bomba” do comissário europeu,
o alemão Gunther Oettinger, responsável
pelo orçamento, afirmando
que “os mercados e o spread darão
um sinal aos eleitores italianos a
não escolher os populistas de direita
e esquerda.” Seguiram-se desculpas
formais, mas pouco serviram,
mostrando mais uma vez a credibilidade
política “débil” de Itália.
A tempestade virou tsunami: Itália
ficou sob ataque dos especuladores
financeiro. Foi o único momento
onde se viu todos os italianos, de
todas as cores políticas, unidos num
abraço patriótico.
O presidente Mattarella escolhera
Itália à beira de um ataque de nervos
Por Paola Rolletta, em Roma*
O nome de Paolo Savona para a pasta da Economia fez saltar a formação do 65º governo da República italiana
O Instituto Politécnico de Geologia e Ciências de Saúde com sede na cidade de Quelimane tem aberta, vagas para
DOCÊNCIA com formação de nível superior para leccionar os níveis 3, 4 e 5 do QNQP (Quadro Nacional de
4XDOLÀFDo}HV3URÀVVLRQDLVDFUHVFLGDGH&HUWLÀFDGR%SDUDRVVHJXLQWHV&XUVRV
1.ENFERMAGEM GERAL (nível médio) 2º ANO SEMESTRE IV
Disciplinas (Modulares)
$WHQomR%iVLFDGH6D~GH
%LRHVWDWtVWLFDH,QYHVWLJDomRHP6D~GH
Liderança, Gestão e Administração em Enfermagem
Ensino em Enfermagem
2. ENFERMAGEM SAÚDE MATERNO INFANTIL (nível médio) 2º ANO SEMESTRE IV
Disciplinas (Modulares)
%LRHVWDWtVWLFDH,QYHVWLJDomRHP6D~GH
Saúde da Comunidade
Liderança e Gestão dos Serviços de SMI
3. TÉCNICO DE MEDICINA GERAL (nível médio) 2º ANO SEMESTRE IV
'LVFLSOLQDV0RGXODUHV
6LVWHPD8ULQiULR
Pediatria
Geriatria
Gestão e Administração II
Principais funções e responsabilidades:
7HUKDELOLGDGHVGHOHFFLRQDUFRPRVLVWHPD0RGXODUYLUDGRDSDGU}HVGHFRPSHWrQFLDVFULDUHJHULUDUTXLYRVGH
evidências.
(QWUHJDGH&XUULFXOXP9LWDHQRVHVFULWyULRVGR,QVWLWXWR3ROLWpFQLFRGH*HRORJLDH&LrQFLDVGH6D~GH$YGH
-XQKRQR7HORXipgcienciasaude@gmail.com
Prazo de entrega 13/06/2018
ANÚNCIO DE VAGA
o economista Carlo Cottarelli para
um governo “neutral” para administrar
o País até novas eleições. No
entanto, esse governo formado por
técnicos e comandado por Cottarelli,
ex-director executivo do FMI
para Itália durante 30 anos, ficou
“congelado” antes de nascer.
Mercados não votam, mas
vendem
O que está acontecer na Itália é um
choque institucional que revela a
contradição mais terrível do nosso
tempo, isto é a convivência - que
às vezes é impossível - entre as democracias
e o livre mercado. E isto
acontece apenas um século depois
quando se pensava que somente
um mercado livre permitisse o
surgimento das democracias. Hoje
as democracias estão fechadas nos
limites de Estados que já não têm
autonomia de escolha. A esta armadilha
epocal, a reacção só pode
ser o neonacionalismo a menos que
a democracia seja de facto supranacional.
Medos e borboletas
A próxima será uma campanha
eleitoral com a tónica, “europa sim,
europa não”. Mesmo sendo Itália
um dos países fundadores da UE,
mesmo sendo a terceira economia,
regista-se um sentimento rancoroso
contra a Europa por causa de
uma armadilha mortífera: a questão
dos migrantes. Medo social,
medo de perder o trabalho, pela
segurança pessoal, por uma situação
julgada incontrolável ou não
controlada. Não importa quão real
seja esse medo. Importa quão seriamente
é percebido.
A UE sempre se trincheirou atrás
do Tratado de Dublino - os migrantes
ficam no País onde chegam
primeiro - e pouco tem feito para
a gravíssima situação. A campanha
“os italianos primeiro” - mesmo se
instrumental - reivindica direitos
sócio-económicos. Tudo o resto é
“efeito borboleta”.
Fazendo minhas as palavras de um
antigo correspondente na Itália do
jornal “Le Monde”, Jacques Nobércourt,
“Cuidado com aqueles
que perceberam tudo da situação
política italiana e a explicam de
forma clara. Certamente estão mal
informados”, espero não ter sido
muito clara…
*Especial para o SAVANA
SOCIEDADE Savana 01-06-2018 13 PUBLICIDADE
14 Savana 01-06-2018 Savana 01-06-2018 15
NO CENTRO DO FURACÃO
C
onsiderando a diversidade
das audiências, assim como a
necessidade que tinha de oferecer
uma abordagem que interessasse
a todos os participantes, decidi
trazer à mesa esta reflexão sobre o
que é ser professor num contexto de
ensino baseado em competências.
Não trago uma grande elaboração que
os que prezam os cânones acadêmicos
possam esperar; mas quero transmitir
um conjunto de factos e reflexões que
resultam da minha experiência de cerca
de 10 anos de trabalho nas salas de
aulas. Esta reflexão é ainda sustentada
pela minha consciência de cidadania
e minha convivência na Universidade
desde a licenciatura até ao Doutoramento
que me permitiram traçar um
tipo ideal próprio do que é um professor
e que desafios se esperam de um
professor, sobretudo num contexto
em que a sociedade precisa, para além
de licenciados habilitados a fazerem
coisas, também dotados de elevada
consciência ética e valores nobres de
cidadania.
Mais do que uma aula - entendo aula
como espaço simbólico de troca ou
produção de conhecimentos entre
professor e estudantes -, proponho
esta reflexão sobre a nossa missão, enquanto
comunidade académica composta
por professores e estudantes. A
ideia é lançar um conjunto de desafios,
baseados em elementos críticos,
sobre o papel que cabe a cada um de
nós, dentro de um contexto de ensino
que as correntes pedagógicas apelidam-no
de “baseado em competências”,
no qual, os dois níveis de actores
(professores e estudantes) assumem
responsabilidades específicas.
Ao longo desta aula, irei contribuir na
compreensão do que significa um ensino
virado a oferecer competências e
o que se entende do papel do estudante
e professor no ensino que chamo de
“transformacional”; assim como as
questões contextuais que limitam a
qualidade dos nossos graduados e, no
final, os caminhos que devemos seguir
para um ensino transformacional.
II. O que entender do ensino virado
às competências e o papel das
Universidades?
Todos nós (enquanto professores)
ouvimos, lemos, passamos por seminários,
workshops de capacitação e
falamos sobre isto: “ensino centrado
no estudante”; “ensino baseado em
competências”; etc., etc., etc.…Todos
sabemos que, tanto os estudantes
e professores, são o foco do processo
de ensino; mas em poucos momentos
conseguimos traduzir melhor o sentido
a que se refere “o ensino centrado
nos estudantes”. Nos últimos dias, tenho
vindo a dedicar tempo a reflectir
sobre estas questões, sobretudo pelo
facto de estas colocações “ensino centrado
no estudante”; “ensino baseado
em competências” – na minha análise
– não passarem de simples actos de
fala descritivos, no seu sentido mais
retórico, de algo que se diga que pouco
se faz sentir. Isto é, actos de fala
descritivos1 no sentido de que são
palavras que ainda enunciamos sem
associá-las a um sentido mais prático.
Entre a realidade e o que dizemos
sobre “o ensino baseado em competências”
há uma larga distância. Se o
nosso trabalho é um ensino que visa
oferecer competência e há um grande
deficit de competências nos nossos
graduados; justifica-se a necessidade
de pararmos e reflectirmos sobre a
nossa missão.
Como sabeis, ser professor é, no seu
sentido tradicional uma missão, mais
do que uma mera atribuição de júri
que se define pela posição conferida a
alguém para estar numa sala de aulas.
Em latim, professor está associado a
dois substantivos, o mestre (magíster)
e o professor. O mestre é aquele que
“manda, dirige, guia, conduz, inspecciona
e que ensina”; o Professor é “o que faz
profissão de, o que se dedica a, o que
cultiva”.
Em ambos sentidos encontramos
uma palavra de autoridade, ao mesmo
tempo, de orientação. Digo de autoridade
porque o professor “gera ordens
do qual emanam conhecimentos sob
os quais os seus estudantes deverão
seguir”. Sob este aspecto, mesmo que
tenha havido uma conotação negativa,
na idade antiga e medieval havia uma
forma de interromper as questões dos
estudantes com a expressão “Magister
Dixit” que significa, “o mestre disse”.
Por exemplo, na idade medieval foi
comum o uso da expressão para evitar
que se colocasse em causa a teoria
“geocêntrica” – muito defendida, na
altura, pela Igreja Católica - de que
a terra era o Centro do Universo até
que, mais tarde com a evolução da
ciência, foi comprovado. Não quero
aqui sublinhar o mau uso desta máxima,
mas sim o sentido positivo de que
o professor deve ser visto como uma
autoridade de quem se deve acreditar.
No segundo sentido, é que o professor
é aquele que faz a profissão, dedicado
e cultiva os outros. É um guia, um
pedagogo e educador que mostra os
melhores caminhos. Assim, o sentido
da missão do professor completa-se
quando ele é capaz de associar à sua
posição que se baseia na credibilidade
que nutre aos seus estudantes, capacidades
de liderança para transformar,
isto é, levar os estudantes a adquirem
competências. É aqui onde reside
sentido da missão do professor!
Temos de entender a missão como
valor mais nobre que nos permite estar
ao serviço dos estudantes. Talvez
não seria mais claro se dissesse, a missão
expressa o que se espera que seja
feito por um dado profissional ou instituição
para o benefício da sociedade.
Associando o que já enunciei, diríamos
que a grande missão do professor
é estar ao serviço do desenvolvimento
de competências dos estudantes, garantindo
a sua contínua transformação.
Penso que até este momento, estamos
em condições de fazer parte das
questões fundamentais desta reflexão:
Que sentido atribuímos às competências
no contexto do Ensino Superior?
Facilmente, podemos dizer: Queres/
estamos a formar gente competente.
O que, em termos práticos, significa
formar pessoas com competências?
Serão os licenciados competentes
aqueles que carregam certificados e
são empregados pelas melhores empresas?
Serão aqueles que sabem fazer
coisas?
No meu primeiro dia do mestrado,
um dos meus professores que teve a
escala de facilitar a primeira aula fez
à turma a seguinte questão: Porque
estais no mestrado? “Alguns saístes do
Brasil, Moçambique, Porto, Coimbra
à Lisboa ao mestrado na Nova,
porquê?” Perguntou ele. No final da
discussão que levou cerca de 10 minutos,
disse: “Imaginem que, no final
do curso, vocês emitam os certificados
e, por acidente, o cofre onde haverem
depositado o certificado seja roubado
e deitado no alto mar, irão se sentir
desesperados?” Nós dissemos, “claro
que não”. E ele voltou a perguntar:
“Porquê?”. Uma voz no fundo disse:
“porque temos a possibilidade de voltar
à universidade reemitir um outro
diploma/certificado”. Ele abanou a
cabeça dizendo, “sim e não”.
Porquê sim e não?. Ele disse, “sim, pelos
motivos que colocaram, as Universidades
detêm uma memória institucional
sob a qual os estudantes podem
recorrer, sempre que casos como tais
ocorram”. “Não, porque”, disse ele, “a
universidade é uma instituição acreditada
a conferir um grau que, por sua
vez, representa um conjunto de competências
que alguém deve adquirir”.
“Devemos”, prosseguiu, “entender as
competências como tudo aquilo que
podemos fazer ou desenvolver; mesmo
que o nosso certificado (neste
caso, o papel que atesta o nosso grau
académico), esteja distante de nós”.
Isto é (parafraseio eu), a responsabilidade
da Universidade não é dar um
simples documento, é, através do documento,
atestar que a Joana, Maria,
Jordão, Clemente, etc. são pessoas
acreditadas pela Instituição do Ensino
Superior, para operarem doentes,
para tratarem dentes, para construírem
estradas, para produzirem informação,
etc., etc., etc. Pois, à Universidade, é
conferido um sistema bem estruturado
e acreditado por um Estado para
conferir essas competências. Digo, a
Universidade concede o grau que dota
o estudante de competências específi-
cas e, como comprovativo, emite um
documento sobre o qual, as entidades
interessadas poderão certificar-se de
que aquela pessoa é competente. Não
o contrário!
Para que a Universidade possa conferir
um grau a alguém, não se pode
bastar do seu nome ou do “Boletim
da República ou licença” que a cria, ou
seja, da sua condição legal resultante
do facto de o Estado, através do licença,
estar a lhe dar tais poderes. Deve,
sim, conferir o grau porque, para além
da licença (que representa a condição
formal sob ponto de vista de direitos
e obrigações), ela define-se como uma
instituição acreditada a partir dos seus
sistemas que lhe fazem produzir e reproduzir
conhecimentos. Do resto,
não estou para dissertar sobre o que
são as universidades, mas oferecer
uma ideia sobre onde nos localizamos
e a importância deste espaço. Acredito
ainda que o nosso desafio não é a
nossa constituição ou reconhecimento
sob ponto de vista formal; mas sim
do ponto de vista material.
III. A tese do professor como líder e
o seu papel transformativo num
ensino baseado em competências
Entendo, em primeiro, que ser professor
é liderar. Trata-se de uma função
que exercemos porque ocupamos uma
posição dentro da estrutura funcional
da universidade que implica conduzir
um grupo de estudantes a um conjunto
de resultados de aprendizagem. É
com base na aceitação de que os professores
são líderes que desenvolvo a
tese do “professor enquanto agende
transformacional no quadro de um
ensino baseado em competências”.
John C. Maxwell, no seu livro “Os
cinco níveis de liderança” defende que
para sermos líderes que, efectivamente,
geram influência sobre a vida das
pessoas, desenvolvermos equipes produtivas,
ajudarmos pessoas a serem
líderes de si próprios e ajudarem os
outros – que assumo que sejam também
atributos de um professor - temos
de levar em conta cinco níveis de
liderança:
i) Posição – as pessoas seguem-nos
porque são obrigadas, devido à
posição que ocupamos;
ii) Permissão – as pessoas seguem-nos
porque querem, pois as motivamos
e as engajamos para que
nos sigam;
iii) Produção – as pessoas seguem-nos
devido aos resultados que a
equipe que nós lideramos gera;
iv) Desenvolvimento de pessoas – as
pessoas seguem nos por causa do
que nós fazemos para elas pessoalmente;
v) Pináculo – as pessoas seguem nos
por causa daquilo que nós representamos
e fazemos para elas.
Maxwell diz que a posição é uma
condição necessária para iniciar a liderar,
pois sem ela não se pode abrir
oportunidade para se estar enfrente
de qualquer equipe. Mas, para quem
quer produzir, deve antes de mais ter
a permissão dos liderados para liderar.
Isto é, temos de ultrapassar a simples
dimensão posicional que nos é dada
pelo contrato de sermos professores
e estudantes, para uma dimensão
que gera uma relação profícua e
contínua com a finalidade de produzirmos
competências. Ao criarmos
um ambiente para todos os alunos se
expressarem, estaremos no nível dois
da liderança; ao promovermos competências,
estaremos no nível três; e
ao transformarmos os estudantes em
dominadores dos conhecimentos, estaremos
no nível quatro, preparando-os
para serem líderes dos outros.
No final, o nível cinco da liderança
ensina-nos que, não só devemos
transformar os estudantes em líderes
para os outros; mas também devemos
garantir que os estudantes continuem
a seguir-nos; eles digam, efectivamente,
“Magister Dixit”, não pela posição
que ocupamos (pois a posição diz respeito
às regras, direitos e leis e obrigações);
mas sim porque para eles nós
somos um exemplo para as suas vidas
e tomam-nos como referências.
Penso que já entenderam o fundamento
da minha teoria subjacente no
título desta reflexão: Professor e estudante:
Que caminhos para um futuro de
ensino “transformacional” e baseado em
competências?
Ela baseia-se nesta ideia de que ser
professor é saber liderar e, para tal,
além de possuirmos uma simples
posição que nos é dada pela Universidade
ou pelos títulos que temos;
devemos motivar, engajar, envolver,
receber reconhecimento dos nossos
estudantes de que somos seus líderes.
vi) A teoria e a prática: Porque os
professores e estudantes posicionais
são a moda do nosso ensino
superior?
Se olharmos para a nossa realidade,
sem grande perícia, podemos dizer
que temos no nosso sistema de ensino
professores e estudantes posicionais.
Isto é, professores que se limitam ao
exercício da função a nível do lugar
que ocupam, baseando-se em direito
e ganhos. Os estudantes “posicionais”
limitam a relação com os seus professores
dentro dos limites que são
declarados pelas autoridades, numa
simples relação formal de quem diz,
“faça a sua parte, eu farei a minha”.
Tanto os estudantes posicionais e os
professores posicionais são dois actores
do processo de ensino e aprendizagem
que, somente se servem da
posição para representarem os seus
interesses, muito aquém do que se espera:
produzir conhecimentos. Se por
um lado, o estudante entra na Universidade
para “adquirir o seu certificado”;
o professor, entra na sala de aulas
para “assinar o seu livro e ganhar o seu
salário”.
Como podemos caracterizar o professor
e estudante posicional?
O estudante posicional é aquele que
entra na Universidade para ter o seu
certificado. Em cada uma das disciplinas,
ele quer o seu “10”. Para ele,
“os fins são mais importantes que os
meios usados”, desde que no final seja
lhe garantido o “10”. Todo o professor
merecerá o seu respeito e bom nome,
enquanto lhe garantir o seu “10”.
O estudante posicional é resultado
da nossa história e do nosso contexto
que foi, durante muito tempo, um
sistema reprodutor e deu valor aos
títulos e sem conjugá-lo às competências.
O estudante quer o seu “10”
e não quer ouvir qualquer outro discurso
que o coloque em risco do seu
“10”. O estudante posicional adquire
competência, ao acaso, ele expõe-se
ao conhecimento por um mero meio
para alcançar o seu certificado. Ele
precisa do seu certificado para mudar
a sua posição hierárquica. Ele não
precisa se tornar nenhum líder de si
próprio, nem de ser preparado para
liderar os outros e, assim, contribuir
para transformações na sociedade em
que ele vive.
O estudante posicional precisa do seu
certificado para ganhar mais, pois o
seu fim é ganhar mais e não produzir
mais. Ele precisa do seu certificado
porque assim foi ensinado e não tem
exemplos e modelos que lhe permitam
dizer/pensar o contrário; ele não
teve oportunidades de professores do
nível três, quatro e cinco de liderança.
O estudante de “10” vive no nosso
meio e define-se como a maioria
de todos nós moçambicanos, pois é
assim como somos orientados e ninguém
nos disse o contrário: sempre
acumulamos títulos, mesmo os que
não temos; assim como tiramos benefícios
deles. Temos um país que
sempre disse que quer produzir mais,
mas que pouco considerou as competências
das pessoas que podem ajudar
a produzir mais.
Penso que outro tipo de alianças, talvez
as políticas e influências são muito
relevantes para o nosso mercado, pouco
menos as competências que podemos
oferecer. E, quando se tem uma
sociedade com este tipo de sistemas,
pouco se pode pensar em competências
ou produtividade. Certamente, as
universidades serão vistas como espaços
para buscar títulos para ostentar
ou mesmo representar posições.
Enquanto o paradigma da nossa
orientação não mudar, o estudante vai
continuar a ser o de “10”, pois ele é
fruto de um sistema que o reproduz,
o alimenta com os benefícios do seu
“10” e não é capaz de oferecê-lo alternativas
para pensar o contrário. O
estudante de “10” detesta o professor
que o orienta com acções que o levem
a competências, detesta ser colocado
em novos desafios, detesta ouvir a palavra
“vamos estudar”. O seu amigo
preferencial é o professor posicional!
O professor posicional, por seu turno,
é também o resultado do sistema
que nós vivemos. Não se precisa de
nenhuma vocação, basta que tenha
tempo a mais ou que não tenha outra
coisa a fazer para sê-lo. Não estou a
dizer que os que fazem outras coisas
e vêm emprestar o seu tempo à Universidade
são professores posicionais.
Mas como disse, se eles não encarnam
o sentido missão de professores,
de forma efectiva, a probabilidade de
serem considerados professores posicionais
é maior.
De uma forma resumida, podemos
dizer que o professor, por posição,
tem dificuldades de olhar para o seu
papel com responsabilidade; faz parte
de um sistema reprodutivo de título
que, a cada semana (quando pode ir à
universidade), assina o livro de ponto;
passa mais tempo a falar de si pró-
prio e, no final do semestre, ameaça,
manda fazer um trabalho em grupo.
Ao notar que não deixou nada para os
estudantes, ele busca mecanismos de
justificar-se. Depois de ter feito tudo,
oferece o que o estudante posicional
mais quer: o seu “10”. Um casamento
perfeito!!!!!
vii) O fecho: Como sair de actor de
ensino posicional para transformacional?
Precisamos passar de estudantes, por
posição, para transformadores. Os estudantes
devem ser capazes de, ao saí-
rem da universidade, transformarem
processos. Nós temos de passar para
um sistema em que compreendemos
que, ao entrarmos na Universidade,
queremos adquirir competência para
servir numa data profissão e o serviço
implica um alto compromisso ético e
competências; isso só pode ser possível
de dermos o verdadeiro valor à
Universidade.
Enquanto formos actores que mantém
a Universidade como um sistema
de reprodução de diplomas e certifi-
cados, nunca estaremos a contribuir
para mudanças. O nosso estudante
deverá ser preparado para ser aquele
cidadão reconhecido pelo que faz,
os seus papéis de licenciado, mestre,
doutor só virão para atestar que, efectivamente,
ele faz porque foi dado
competências pela instituição XX E
YYY….
O país já tem muitos licenciados. Já é
possível ver o quão o próprio sistema
está atulhado dos seus “licenciados de
papel”? Quem produz e transforma, a
sociedade trata de lhe arrumar o seu
lugar e dá-lhe o seu devido valor. Do
resto é notável que continuaremos
num futuro em que as coisas serão assim,
onde as redes de incompetências,
tráfego de influência, clientelismo vão
se reforçando, em contraposição e
combate a todas as formas de dignidade,
honestidade e profissionalismo.
Por isso, o nosso trabalho deve ser o
de formar gente que produz e transforma,
não simples titulares de graus
académicos ou de professores assinaram
contratos de docentes.
É importante realçar que temos de
valorizar um ensino baseado no desenvolvimento
de competências.
O ensino transformacional deve colocar
o diálogo entre os professores estudantes
como o centro. É um ensino
que se constrói com a presença, não
só sob ponto de vista físico; mas uma
presença que estimula uma planificação
centrada no estudante e que permita
que o estudante faça parte dos
processos de construção de conhecimento.
Os professores devem servir
de referência para os seus estudantes,
monitorando, avaliando, orientando,
servindo de verdadeiros tutores.
Quando falo de avaliação não me
refiro a um meio a partir do qual os
professores posicionais se servem para
“chantagem”; para chumbar ou passar;
mas sim para medir progressos que
estão a ser alcançados; o que permitirá
tomar a decisão se pode ou não avançar
para outras lições, capítulos, disciplinas
e níveis seguintes. A lição que
um estudante transformacional deve
ter quanto tem uma percentagem de
avaliação abaixo de 50% é que ele
ainda não está habilitado para avançar
para os próximos níveis, por isso,
a ideia de repetir não pode ser vista
como uma punição, mas sim como
uma oportunidade de aprendizagem.
A ideia de avaliar no ensino transformacional
é permitir que o professor,
dotado de credibilidade e do poder
institucional para decidir, tenha um
instrumento para espelhar o nível em
que os estudantes estão a progredir –
passo a passo – até que adquiram as
competências necessárias para que lhe
seja reconhecido o nível, assim sejam
licenciados, mestres e doutores.
No ensino baseado em competências
e transformacional, o diálogo deve
ser nutrido de uma acção continuada
de pesquisa que permita oferecer
métodos e informações para que os
estudantes desenvolvam. É um ensino
feito por professores e estudantes empenhados
e conscientes da sua missão,
mas do que simples posição de professor
e estudante.
1
Na teoria dos actos de fala, muito bem
desenvolvida pelo filósofo inglês John
Langshaw Autin, mais tarde perseguida
por John Searle e Jacques Derrida, há
uma preocupação em compreender mais do
que aquilo que se designa de “enunciados
descritivos” (aqueles que descrevem os estados
das coisas no mundo); mas também aos
enunciados que não são unicamente descritivos,
estabelecendo três níveis de actos de fala: (i) os
actos locutórios – que correspondem ao facto de
pronunciarmos algo; (ii) os actos ilocutórios
– que correspondem aos actos patentes nos
enunciados em determinadas condições com
certas inteções, tais como ordenar, declarar,
ameaçar, baptizar, etc; isto é, o acto ilocutório
ao ser comunicado executa coisas, ao ser
associado a um significado (por exemplo,
declarar independência; os actos enunciados
pelo padre para o baptismo, etc); (iii) os actos
perlocutórios correspondem aos efeitos que os
actos ilocutórios causam, sobretudo quando
informam sobre os efeitos (por exemplo, quando
se diz, “cuidado com o cão”).
Professor e Estudante: O ensino “transformacional”
baseado em competências
Por Ernesto C. Nhanale*
* Professor de Jornalismo na Escola Superior
de Jornalismo (ESJ). Excertos da
aula inaugural do ano académico 2018,
na Escola Superior de Jornalismo, em
Maputo. Título adaptado pelo jornal
Há uma larga distância entre a realidade e o que se diz sobre o ensino centrado no estudante ou baseado em competências
16 Savana 01-06-2018 PUBLICIDADE SOCIEDADE
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Cartoon EDITORIAL
A inseparável relação
entre paz e eleições
credíveis
No meio desta atmosfera cínica
que se apodera do mundo dois
sinais de civilidade trouxeram-me
algum alento. Coisas mí-
nimas mas que são sintomas de que
algumas mudanças podem estar em
gestação e replicar-se no mundo, ainda
que lentamente, porque afinal as mudanças
repercutem-se por imitação.
Em França, a lista de obras do programa
de 2018 das provas de agregação
em literatura para o ensino secundário
do país inclui o livro Os Cus de Judas
de António Lobo Antunes, ao lado do
do britânico Joseph Conrad, O coração
das trevas, e de L’acacia, do francês
Claude Simon. Mas o espantoso é
verificar que no programa curricular
do ministério da Educação francês se
encontram textos de Aristófanes, Oví-
dio e Petrarca, além de Kafka, Virgínia
Woolf e Gunter Grass, passando por
Cervantes, Shakespeare e Dostoievski.
Este desejo de abertura é uma marca
de enorme civilidade. Os franceses não
se confinam ao seu umbigo e percebem
que só pelo entendimento do outro podemos
aceder à auto-representação.
O que é a identidade? O modo como
lidamos com o diferente e isso nos faz
aprofundar o autoconhecimento. Não
há identidade sem o outro: este, desde
que nascemos, é o primeiro, é quem nos
faz situar.
Há uns dez anos editei em livro uma
série de fábulas cujo miolo fora recolhido
em Cabo Delgado. Eram borrões
incipientes a que havia de emprestar
algum arrumo e uma veia literária.
Maioritariamente, os textos de origem
foram recolhidos por quem não dominava
suficientemente o português e era
incipiente na arte de contar histórias.
Passo agora por cima da anedota de a
primeira pessoa contactada para fazer a
apresentação do livro ter negado fazê-
-lo porque dizia que eu utilizava termos
que não se usavam em Moçambique, os
mesmos vocábulos exactos que eu via
usados no romance Choriro de Ungulani
Ba ka Khosa, que então lia. Parece
que ele podia usar esses vocábulos da
língua portuguesa, eu não.
O que interessa realçar é que depois do
livro estar editado recebi uma novela de
um amigo escritor da Amazónia e dei
conta de que o enredo dele desenvolvia
uma das fábulas que eu havia tratado
no livro. Pouco depois estou a ler
às minhas filhas uma fábula de Esopo
e dei-me conta de que era igual a outra
das fábulas que eu havia tratado. Uma
noite decidi reler Jorge Luís Borges e
deparo com um conto que tratava exactamente
do mesmo tema que alimentara
uma das fábulas macondes. Ora,
nem os caboclos amazónicos vieram a
Cabo Delgado, nem os macondes fora
às pampas argentinas, nem há memória
de qualquer grego ter vivido entre os
macondes.
Isto só tem duas saídas: ou houve contágios
nos relatos orais, que as culturas
locais integraram no seu repertório, ou
o Carl Gustav Jung tem razão e há uma
camada no nosso inconsciente em que
nos tornamos todos semelhantes e os
nossos magmas imaginários se tornam
um, comuns.
Na verdade enfrentamos todos os mesmos
medos, evacuamos pelos mesmos
orifícios e temos os mesmos números
de ossos. Só nos distingue o modo
como as diferentes culturas se relacionam
com o tempo e a morte. E até aqui
somos afinal mais semelhantes do que
gostaríamos porque morremos todos,
com a cagança revertida em caganeira.
Seja como for, o que isto representa é
que não há essências e que a identidade
é sempre um resultado e não uma fonte.
Quando os moçambicanos tiverem
a coragem de fazer o mesmo que os
franceses terão dado um salto vertiginoso
para a maturidade porque só pelos
desafios que o diálogo traz perdemos o
medo a crescer, antes desta propensão
navegamos nos viciosos pântanos da
intransigência e dos limites de horizonte.
E como o Salazar nos podia ensinar
estarmos tola e “orgulhosamente sós”
não nos leva a lado nenhum, ou só ao
desastre.
O segundo tremendo sinal de civilidade
chegou do partido espanhol Podemos e
do seu líder Pablo Iglesias.
Este havia questionado a capacidade
do ex-ministro de Economia Luís de
Gindos para gerir as contas públicas,
quando este comprou uma asa que custou
600 mil euros, e reforçou que não se
podia confiar em nenhum político que
comprasse uma casa a tal preço.
Apanhado agora em contradição, porque
Iglesias e a mulher (que espera gé-
meos) compraram uma asa de 600 000
euros, Pablo teve a decência de meter
o seu cargo a plebiscito no partido. E
saliente-se que o casal comprou a casa
contraindo um empréstimo, sanável em
trinta anos, não obteve os fundos para
a mesma nalguma manobra de desvio
das contas públicas (que era o que Iglesias
insinuava em relação ao ministro).
Contudo, achando que a ética na polí-
tica não pode ser traída por acrobacias
retóricas, assumiu a contradição e foi a
votos dos militantes. Ganhou por 68,
4%.
E sobretudo deu um exemplo ao mundo
de responsabilidade moral. Estamos
cansados de políticos em quem o único
vínculo de responsabilidade visível é
com a mentira, afadigando-se para não
a deixarem órfã.
A
votação sobre o pacote legislativo que altera a constituição e cria
novas disposições no processo de descentralização foi interpretada
por vários círculos políticos nacionais e estrangeiros como
uma vitória da democracia, e uma abertura especial para uma
verdadeira partilha do poder.
Aprovada por consenso das três bancadas parlamentares, a legislação
prevê a eleição dos governadores provinciais a partir de 2019, e dos administradores
de distrito em 2024. Altera ainda o sistema de eleição
dos presidentes dos conselhos municipais, que à semelhança dos governadores
e dos administradores, será por via de uma lista partidária ou
representativa de grupos de cidadãos.
Estas mudanças foram efusivamente saudadas por muitos moçambicanos
que consideram que já era momento de se alargar o sistema de governação
no país, quebrando um paradigma bastante centralizado, que
impedia os cidadãos de exercerem em pleno o seu poder de soberania ao
nível das províncias e dos distritos.
Essencialmente, a ideia é que passe a haver um maior poder de tomada
de decisões ao nível local, contrariando o actual sistema em que independentemente
do partido vencedor, o governador provincial era nomeado
pelo Presidente da República.
Estas alterações implicam que seja introduzido um novo pacote legislativo
que altere disposições da legislação ordinária relevante.
Mas a revisão da constituição não deve ser vista como tudo o que é
necessário para que a paz prevaleça no país. A democracia não pode ser
reduzida à existência de um conjunto de leis democráticas. Para que a
democracia seja completa, é importante que todos os actores do processo
político respeitem e façam respeitar essas mesmas leis.
Como se sabe, o actual conflito resulta de reivindicações feitas pela
Renamo, alegando que as últimas eleições gerais de 2014 teriam sido
fraudulentas.
A Renamo pode não ter conseguido sustentar as suas acusações com
provas muito concretas, mas também quer a CNE quer o STAE não
foram capazes de demonstrar uma actuação profissional que os colocasse
acima de qualquer suspeita, sendo o caso mais controverso o dos editais
que nunca foram disponibilizados para suportar a informação electrónica
submetida pela CNE ao Conselho Constitucional.
Por vezes, as reclamações da oposição só são desqualificadas por motivos
procedimentais, e não necessariamente de substância. Por isso, o bom
desempenho dos órgãos de administração eleitoral é um elemento crítico
para se dar sentido aos acordos políticos que estão a ser alcançados, e
por essa via a própria paz.
Para que a CNE e o STAE realizem o seu trabalho com brilho e profissionalismo
é importante que eles sejam instituições verdadeiramente
independentes, livres de qualquer interferência política ou de outra natureza.
Infelizmente, este não tem sido o caso. Nota-se durante todo o processo
conducente à realização de eleições que os órgãos de administração
eleitoral esforçam-se por fazer o melhor que podem para garantir uma
eleição livre, justa e transparente, só para no fim mostrarem que tudo
não passava de uma encenação.
Em parte isto se explica pelos altos níveis de corrupção endêmica que
contaminou quase toda a administração pública em Moçambique. Não
há evidências, mas pela maneira como as coisas ocorrem é difícil pôr de
lado a possibilidade de certos funcionários que aceitam incentivos para
favorecer candidatos ou partidos políticos concorrentes. Em certos casos
suspeita-se mesmo que os órgãos de administração eleitoral tenham
sofrido uma grande infiltração. Em outros, os seus membros são mesmo
alvo de intimidação ou de ameaças.
Eleições são o único instrumento democrático que o povo tem para decidir
sobre quem tem legitimamente o poder de assumir a liderança do
Estado. Elas não podem, por isso, serem tratadas como brinquedo de
um grupo de indivíduos à procura de um entretenimento que lhes faz
subir a adrenalina.
Elas devem ser tratadas com respeito, um respeito que em última análise
é devido aos cidadãos que ao depositar o seu boletim de voto na urna,
estão a manifestar a sua vontade inequívoca sobre quem querem que
esteja à frente dos seus destinos.
Dois sinais de civilidade
Savana 01-06-2018 19 OPINIÃO
582
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O
fim da colonização tinha
sido um momento de
grande esperança para
muitos povos, seja em
termos de acesso às liberdades
seja no melhoramento das suas
condições existenciais. Ou seja,
a ideia de que as instituições que
permitiriam o exercício livre das
liberdades fossem mais consistentes
e que a tentação autoritária
fosse menos imponente. Porém,
passados mais de cinquenta anos
das independências africanas, o
que se constata é que neste continente,
salvo raras exceções, as instituições
continuam ainda longe
de responder a estes anseios.
Muitas delas são contraproducentes.
Podemos afirmar que é
regra geral que as instituições sejam
fracas e, concomitantemente,
personalidades políticas sejam
mais fortes, mais robustas do que
as próprias instituições (Bayart,
1990; Achille Mbembe, 2001).
Esta situação, como não poderia
ser diferente, cria problemas graves
na forma como as democracias
- limito-me apenas à visão
liberal dela - funcionam porque
esvaziam a ideia da democracia
como instituição e a tornam apenas
um instrumento dependente
e ao serviço de determinados indivíduos
com capacidades, digamos,
não comuns, no sentido weberiano
de líder carismático. Esta
situação leva-nos a cogitar sobre
o impacto da personalização do
poder em África.
Quando lemos vários trabalhos
africanistas sobre a questão da
democracia, poder ou dominação
em África, fica claro que África
sofre do síndrome da personalização
do poder. Porém, um equí-
voco é preciso aqui esclarecer. O
problema da personalização do
poder não é nem uma característica
ontológica africana nem o
único lugar do mundo onde estas
características são dominantes,
como Daloz e Chabal (1999)
tentaram fazer compreender defendendo
que a personalização,
portanto o autoritarismo de um
líder, era uma lógica propriamente
africana.
Em 1960, num artigo clássico na
Ciência Política francesa, Albert
Mabileau (1960) constatava que
os países ocidentais, dentre os
quais a própria França, sofriam
desse mesmo problema e que esse
processo trazia problemas graves
no funcionamento, continuidade
das instituições políticas.
Como se depreende do que acabamos
de afirmar, estamos longe
de substancializar a personalização
do poder ao continente africano,
mas queremos levantar, na
continuidade de outros trabalhos,
os perigos dessa personalização
nas ditas democracias em África
e, muito particularmente, em
Moçambique. Muitos trabalhos
sobre este assunto tinham o seu
enfoque na personalização do poder
nas estruturas governamentais
(Médard, Aly Mazrui), mas
como mostram as realidades do
continente africano, este problema
toca igualmente os partidos
políticos.
Não são raras as vezes que esta
personalização do poder no seio
do partido, portanto tendência
autoritária, é um elemento central
como modo preparatório para
a personalização do poder no
seio governamental. Esta situação
é presente em Moçambique
em muitos partidos políticos em
Moçambique. É uma tendência
grave porque coloca em perigo
a própria institucionalização do
poder e, portanto, da democracia
em Moçambique.
Sabemos que um poder personalizado
não é outra coisa que
não seja o poder encarnado num
homem que funda a sua autoridade
e legitimidade nas qualidades,
reais ou não, pessoais. Esta
individualização cria problemas
sérios seja na emergência de líderes
alternativos, aprofundamento
da democracia interna, e pode
criar problemas ainda graves com
a fraqueza biológica ou mesmo
deperecimento biológico de tal
líder. Ou mesmo longe dessa fraqueza,
a ideia de individualização,
uso este termo como sinónimo de
personalização, do poder pode ser
grave quando o líder não mais poder
ser líder por factores diversos
num contexto em que estruturalmente
ele seria útil para dar força
ao seu partido ou organização.
Em Moçambique, esse problema
estende-se igualmente a muitas
organizações ditas da sociedade
civil que, criticando esse modelo
de gestão do poder, reproduzem-no
de forma permanente. Se
é verdade que historicamente,
como alguns antropólogos e sociólogos
puderam observar, há
uma tendência para ver o poder
como um atributo encarnado
numa pessoa, o poder se identifi-
cava a uma pessoa, humanamente
responsável pela condução sábia
da sua organização, não é menos
verdade que este fenómeno coloca
vários problemas seja na continuidade
da organização ou ainda
da ideia que tal líder representava
ou veiculava. Alfred Grosser
(1958) no seu “democratie de
Bonn...” perguntava-se o que é
que uma organização democrática,
e a própria democracia, quando
o seu destino depende de um
único homem? Esta questão tem
me inquietado quando olho para
a forma como muitos dos nossos
partidos políticos e organizações
dependem das capacidades de
um homem, ou ainda quando
determinados líderes perscrutam
aqueles que lhe são concorrentes,
como forma de assentar o seu poder.
Entendo que estas situações,
ou melhor este fenómeno no seio
das nossas organizações, longe de
serem isoladas, são a demonstração
da carência de valores democráticos
nessas organizações, de
problemas de democraticidade e
ainda, mais grave, da crise geral
das democracias, se aceitarmos
que os partidos políticos e as
organizações da sociedade civil
são fundamentais, senão mesmo
indispensáveis, para a democracia
liberal. Robert Dussey no seu
livro L’afrique malade de ses hommes
politiques permite-nos pensar
que o perigo da nossa democracia
está não no facto de a Frelimo ser
considerada autoritária, mas, e,
sobretudo, a fraqueza dos nossos
partidos e organizações da sociedade
civil onde um dos factores
desse perigo é a personalização
dessas organizações, que enfraquecem
as potencialidades diversificadas
dentro delas próprias.
O exemplo paradigmático foi a
morte do presidente da Renamo,
Afonso Dhlakama, cuja dignidade
ninguém pode duvidar. As
pessoas perguntavam-se quem
vai poder substituir o líder da
Renamo, como evitar que a Renamo
não seja uma nova UNITA
em Moçambique, entre outras
preocupações legítimas. Estas
preocupações são, por um lado,
o reconhecimento da grandeza
deste homem, por outro, são a
demonstração inequívoca que as
nossas instituições políticas são
fracas e que, por isso, repensar a
institucionalização do poder é um
imperativo que se impõe a todos,
pois que é disso que dependerá a
vivacidade da nossa frágil democracia.
A questão da personalização do
poder, e decorrente disso a exaltação
do líder, concorre para que,
deveras vezes, se confunda a organização,
portanto instituição,
com a pessoa que dirige de forma
menos aberta e com tendência a
impor sua moralidade sem discussão.
Nesse tipo de contexto em
que o líder é personificado como
divindade tem se constatado que
as lógicas clientelistas, neo-patrimoniais
ou de favoritismo reinam,
o que degrada, certamente, a possibilidade
dos mais capacitados
desenvolverem suas habilidades.
Esta ausência da possibilidade de
desenvolver suas competências
conduz à ideia de que para além
do líder carismático, nada é possível.
Por isso que, com a morte
de Samora, e hoje de Dhlakama,
houve uma angústia colectiva não
apenas pelo amor que se tinha a
essas personalidades, mas porque
não se sabia que tipo de país seria
possível porque essas pessoas
encarnavam a totalidade do que
significam as suas respectivas organizações.
Penso que, desse ponto
de vista, a Frelimo é exemplo,
hoje, da ausência de um líder que
congregue ou tenha capacidade
para personalizar o poder.
Guebuza tentou, mas não conseguiu,
ou pelo menos falhou. Pode
ser devido às várias facções internas,
nenhuma delas dominantes.
Ora, quanto aos outros partidos
constata-se que a personalização,
individualização do poder tem
sido uma tendência muito forte, o
que cria a ideia de que esses partidos
não representam um avanço
para aquilo que acreditamos ser
Democracia, pelo menos, a ideia
liberal de Democracia. As consequências
desse tipo de relações
de poder dentro desses partidos
conduzem ao enfraquecimento
generalizado das suas organizações,
mesmo quando o líder exprime
a sua grandeza discursiva
ou estratégica na conjugação com
outros membros, muito rapidamente
temos a sensação de que
não é a organização que tem a
força. Sociologicamente, o que a
personalização significa é ausência
da pluralidade de espaços de
poder, a conjunção da organização
ao respectivo líder.
Não são poucos os exemplos de
organizações cujos líderes eram
extremamente fortes mas porque
não consolidaram nem novas
possíveis lideranças ou novos lí-
deres, as suas organizações viram-se
confrontadas com problemas
graves de legitimação, de institucionalização
ou ainda a conflitos
de sucessão por não haver consensos
sobre quem deve ou não
dirigir.
Se os perigos da personalização
do poder criam, primeiro, problemas
às respectivas organizações,
não há dúvidas de que a sociedade
política de forma geral é afectada
por esse tipo de práticas. Estas
últimas são ou podem ser constitutivas
da forma como o poder
pode estatal pode ser gerido.
Para findar, penso que o problema
da personalização do poder
em Moçambique é um problema
que deve ser colocado como
crise ou incapacidade dos líderes
políticos e da sociedade civil instituírem
regras democráticas a si
próprios e, por isso, verdadeiros
perigos para a Democracia ainda
construir.
Personalização do poder, fraqueza das
instituições políticas em Moçambique
Por Régio Conrado
Uma coleção internacional [5]
20 Savana 01-06-2018 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
P
ensemos juntos: a entrega das armas
por parte da Renamo militarizada é
uma garantia de paz para Moçambique.
Sim, é uma forte possibilidade
nesse sentido. Mas poderão questionar:
o que é que esteve por detrás da não entrega
das armas, durante esses anos todos,
sobretudo tendo como referência a assinatura
do AGP (Acordo Geral de Paz) em
1992? Na nossa praça política, um número
significativo de indivíduos, ao longo destas
últimas décadas, manteve sempre a crença
de que caso a Renamo tivesse entregue as
armas por alturas dos meados da década 90
a mesma não teria sobrevivido às estraté-
gias “bem elaboradas” pelo campo político-militar
do partido no poder. É uma ideia a
não ser descartada.
A pouca ou inconsistente percepção do que
é um Estado, fundamentada no célere proPossibilidade
de desmilitarização
cesso de sua partidarização e culminando, por
isso, com o Estado-partido ou Partido-Estado,
modismo do momento ideológico da altura,
poderá ter criado condições para que se depositasse
pouca credibilidade sobre esse mesmo
Estado. Ou seja, estando a forma de Estado nas
mãos de um partido político (e não um partido
político sob os ditames de um Estado como tal),
a desmilitarização da Renamo sem o mínimo
de garantias estatais significaria, entre outras
coisas, a entrega das armas ao partido político
no poder e não ao Estado. Se esta acepção estiver
correcta, ou próximo disso, então, facilmente
se poderá estabelecer uma relação (de causa e
efeito) entre a despartidarização do Estado e a
entrega das armas. O discurso oficial nunca se
referiu à existência de um Estado sob as amarras
partidárias. Mas, como se tem dito: não basta
parecer. Será que um dia, de algum lugar respeitável,
virá alguma ordem ou directiva dizendo
que a partir do momento X passa a ser considerado
ilegal e passível de crime a existência de
células de partido político ou de alguma actividade
político-partidária em tudo o que se considera
como sendo Aparelho do Estado?
Esta questão torna-se ainda mais complexa se
considerarmos válida a preocupação com a estabilidade
política e social revelada no seguinte
questionamento: o que será de Moçambique
sem a Frelimo? Idêntica dúvida terá sido colocada
pelos “tugas” na década 70: o que será
deste país sem nós? E hoje: o que será do partido
Renamo sem Afonso Dhlakama? As respostas
vão fazendo a “roda dentada” da história
de Moçambique. Questão “complexa” porque,
entre outros aspectos, a despartidarização do
Aparelho do Estado, por hipótese (consistente),
abre alas ao aceleramento do processo de
enfraquecimento do partido no poder. Não
aceitando uma situação de enfraquecimento,
num momento político em que a imagem
do partido convoca cada vez mais produção e
cuidados, logo, a “partidarização” mantém-se.
Mantendo-se, voltamos ao dilema da entrega
das armas.
Cá entre nós: como desmilitarizar assumindo
a possibilidade da existência de uma relação
directa entre a “despartidarização” e a entrega
das armas? A desmilitarização da Renamo pode
não significar necessariamente paz e estabilidade
social. Todos os partidos políticos devem desmilitarizar-se
(em pensamentos, actos...), o que
pressupõe a existência de um exército claramente
republicano (sem intromissão/pulga partidá-
ria). A separação de poderes não pode continuar
a ser teórica. É só colher a experiência de alguns
países vizinhos tidos como sérios. Tanto a desmilitarização
como a despartidarização constituem
uma urgência em todos os sentidos.
N
o limiar da vigésima sétima hora de vigília
e solidão, Virgílio Lambo viu-se
na iminência de um colapso. Tinha encetado
aquela jornada para fugir ao desânimo
e ao pânico que o ameaçavam. Era uma
caminhada que tinha pretendido fazer a quatro
– ele, Dona Flor e os seus dois maridos, obra de
Jorge Amado que relia pela terceira ou quinta
vez, vinho e uma pilha de discos e fitas áudio.
Depois de todo aquele tempo, não poderia, no
entanto, garantir que pudesse alcançar o seu objectivo.
Tinha, quatro anos antes, decidido fazer
tudo pela medida grande, e agora que tudo estava
claramente falhado, o esboroar, o desmoronamento,
a ruína do edifício que tinha construído
ameaçavam ser simplesmente catastróficos.
Quatro anos antes, Virgílio Lambo tinha sido
um dos beneficiários de uma gorda indemnização
que a sua empresa tinha pago aos seus cerca
de setenta e cinco trabalhadores. A declaração
da falência da empresa tinha acontecido numa
altura em que Virgílio Lambo era um dos trabalhadores
mais antigos. Com efeito, naquele ano
ele completava vinte e sete anos de serviço como
motorista.
Embalado por isso e, como reconhecia agora,
movido um pouco por ingenuidade, um pouco
por megalomania, um pouco por mau cálculo
das suas próprias capacidades, ele meteu-se na
aventura de, a partir daí, criar uma pequena frota
de transporte urbano. Pegou em grande parte
do bolo da indemnização, foi à África do Sul
e comprou uma carrinha, com que começou a
fazer carreira urbana em Maputo.
Naquela época, ele foi bafejado por aquilo a que
Paulo Coelho, na sua obra O Alquimista, chama
de “sorte de principiante”: tudo caminhou sobre
rodas e Virgílio Lambo viu o seu investimento
prosperar rapidamente, uma vez até que era ele
próprio que conduzia a carrinha nas suas rotas,
enquanto o seu sobrinho, filho da sua irmã mais
velha, que tinha estado desempregado, servia
como cobrador. Ao fim de um ano, tinha amealhado
bastante.
Aplicou as suas poupanças na compra de uma
segunda carrinha e, como bom seguidor das tradições
das suas linhagens, como dizia aos seus
amigos para se esquivar, fez-se de malas e foi
a Zandamela lobolar e montar casa para uma
segunda mulher. Fez-lhe dois filhos naquele período
e abriu-lhe um pequeno negócio de venda
de peixe a partir das compras nas lagoas de Zavala.
Sentia-se próspero e feliz, e preparava-se
mesmo para a eventualidade de ter uma terceira
mulher, isto sem que a sua primeira soubesse ou
desconfiasse de coisa alguma. Era o seu segredo.
Poderia ter sido segredo eternamente, se seis
meses depois da compra da sua segunda carrinha
ele não tivesse sido interceptado por uma
brigada vinda da África do Sul, que estado a
seguir a pista da carrinha. Era simples: a carrinha
tinha sido roubada em Joanesburgo. Foi-lhe
confiscada sem que lhe tivesse sido devolvido
sequer um tusto do seu investimento.
Contrafeito e um pouco atordoado, Virgílio
Lambo começou a andar um pouco à deriva. No
fundo, tinha investido naquela carrinha grande
parte dos lucros que tinha feito durante dois
anos. No meio do desespero, acabou por se abrir
com um amigo, a quem revelou que lhe estava
a ser difícil gerir as duas casas que tinha, uma
em Maputo, com a mulher e três filhos, outra
em Zandamela, com a outra, dois filhos e um
negócio que, por falta de boa gestão, só lhe dava
mais apertos financeiros.
Aconselharam-no então a ir pedir empréstimo
num banco. Foi o seu golpe de misericórdia.
Precipitou-se em demasia e não viu quais eram
as implicações que estavam subjacentes às letras
gordas e atractivas da parte principal do contrato.
Não eram propriamente armadilhas; ele
é que devia ter sido um pouco mais prudente.
Viu-se desta vez, e definitivamente, na corda
bamba. Porque, como hipoteca, também tinha
dado a sua casa, quando se viu impossibilitado
de cumprir as letras, o banco ameaçou com a
possibilidade de lha confiscar.
Naquela noite, Virgílio Lambo iniciou a sua caminhada
naquela solidão a quatro – ele, Dona
Flor e os seus dois maridos, o vinho e a pilha de
discos e cassetes áudio. No fim dessa caminhada,
sentia que não só não tinha conseguido fugir
ao desespero e ao pânico que o ameaçavam,
como também se encontrava à beira do colapso
total. Tomou consciência de que tinha acumulado
uma série de erros por excesso ou de confiança
ou de ingenuidade, ou por megalomania.
No entanto, lembrou-se de uma frase que tinha
lido algures: “Coragem não é não ter medo. É
ter capacidade de vencer esse medo”.
Decidiu-se então a vencer o seu medo e prosseguir
viagem. Desligou a aparelhagem, engorgitou
o último trago de vinho, fechou o livro,
banhou-se e decidiu ir à luta. Não sabia exactamente
como, mas sabia que o caminho só podia
ser para frente.
Pecar por excesso
J
oão Lourenço voou até França, na sua
primeira visita oficial à Europa enquanto
chefe de Estado. Mal foi eleito, JLo fez
uma visita privada a Espanha, onde deu
a sua famosa entrevista à agência de notícias
espanhola EFE, durante a qual afirmou que
queria ser o Deng Xiaoping de Angola. João
Lourenço gosta de viajar.
Não surpreende a viagem de JLo a França.
São conhecidos os avultados investimentos
da petrolífera gaulesa Total, que é a operadora
estrangeira n.º 1 em Angola, bem como a
mais antiga. Por outro lado, as negociatas entre
as elites angolanas e francesas são vetustas,
tendo sido expostas, embora sem consequências
abrangentes, no famoso caso Angolagate.
Aliás, José Eduardo dos Santos, um presidente
bastante mais recluso do que JLo, visitou Paris
em 2014, onde se reuniu com François Hollande.
Do ponto de vista da política externa, a viagem
e as declarações de João Lourenço – segundo as
quais “o interesse em sermos membros, de alguma
forma, como observadores ou membros
de pleno direito, da organização internacional
da francofonia, pelo importante papel que joga
no mundo, mas muito em particular no nosso
continente” – são um forte sopapo nos contorcionismos
da diplomacia e da justiça portuguesas,
que, mesmo depois de se terem submetido
aos desejos de Lourenço no caso Manuel Vicente,
se vêem secundarizadas. A lusofonia não
se afirma pela submissão ou fraqueza, mas pelo
exemplo e carácter.
Se há novidade nesta viagem — e, no fundo,
é uma repetição do passado – é a forma como
João Lourenço se deslocou a Paris. Não consta
que Angola tenha resolvido a sua crise financeira,
ou se tenha tornado num potentado árabe, e
no entanto João Lourenço viaja como tal.
O avião que utilizou na sua deslocação não
pertencia ao Estado angolano, nem à companhia
aérea angolana. Aparentemente, recorreu
a um avião alugado à empresa Deer Jet. Esta é
uma empresa privada chinesa que se dedica aos
alugueres da aviação de luxo. O avião de JLo
era um Boeing 787 Dreamliner opulentamente
decorado pelo francês Jacques Plerrejean.
Não vamos descrever as amenidades que o avião
tem, o luxo asiático, o conforto elitista, o design
arrojado. Limitamo-nos a informar os nossos
leitores de que o aluguer do avião custa €70.000
por hora. E perguntamo-nos se o Estado angolano
ou a sua companhia aérea não têm aviões
para levar JLo a Paris.
Sim, Paris é a cidade do luxo, mas JLo não vai
a Paris fazer compras e mandar fechar o Faubourg
Saint Honoré, como faziam alguns ditadores
da francofonia quando queriam comprar
vestidos Dior e carteiras Hermès para as suas
mulheres e amantes.
JLo foi a Paris anunciar um novo ambiente
para o investimento em Angola. No entanto, os
fantasmas do passado, a opulência do nababo,
repetem-se.
É necessário alugar um avião à China para ir de
Luanda a Paris por um preço que possivelmente
ultrapassará um milhão de dólares?
Afinal, que sinais, além dos retóricos, quer João
Lourenço dar?
*makaangola.org
JLo em França: os Hábitos de Nababo permanecem
Por Moiani Matondo*
Savana 01-06-2018 21 PUBLICIDADE
Em Moçambique há uma Instituição Financeira
de Desenvolvimento reconhecida além-fronteiras
AADFI - Associação Africana das Instituições Financeiras de Desenvolvimento
criada em 1975, sob os auspícios do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD)
Anabela Mucavele, Administradora Executiva da Gapi-Si, recebendo
o Galardão das mãos de Patrick Dlamine, Chairman da AADFI e CEO do DBSA
Savana 01-06-2018 23 DESPORTO DESPORTO
PATROCÍNIO
Assinatura do jornal
A partir de 01 de Agosto de 2017
DESTINO PERÍODO
Trimestral Semestral Anual
TODO O PAÍS 1.000,00mt 1.850,00mt 3.500,00mt
USD 20,00 USD 35,00 USD 60,00
PAÍSES DA SADC USD 40,00 USD 75,00 USD 130,00
RESTO DO MUNDO USD 50,00 USD 100,00 USD 200,00
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electrónica USD 25,00 USD 40,00 USD 70,00
Cada período é renovável em qualquer altura do ano.
Entrega ao domicílio nas Cidades de Maputo, Matola e Beira.
Aceitamos propostas para novos agentes, distribuidores
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Danilo Matsimbe, 82 7356980 / 84 5723175
APBX, 21 327631 / 21 301737 / 82 3171100 / 84 3171100
Fax, 21 302402 / 21 304265 admc@mediacoop.co.mz
A
StarTimes Moçambique,
provedora de serviços
de televisão digital pago,
anunciou, semana-finda,
que irá transmitir, ao vivo e em alta
definição (HD-high definition),
os 64 jogos do Mundial de futebol
Rússia 2018.
A competição, que decorre de 14 de
Junho a 15 de Julho naquele país do
velho continente, vai juntar 32 duas
6WDUWLPHVWUDQVPLWHRVMRJRVGR0XQGLDOGD5~VVLD
selecções, das quais cinco africanas,
nomeadamente, Egipto, Senegal,
Marracos, Nigéria e Tunísia.
A informação foi revelada por Eunice
Andrade, gestora relações pú-
blicas e comunicação da StarTimes
Moçambique, durante um evento
que serviu, igualmente, para apresentação
de um aplicativo denominado
por OTT, com mais de 140
canais em alta definição, adaptado
para smart phone, que permite assistir,
de forma gratuita, os canais
oferecidos pela StarTimes.
Durante a copa do mundo, adiantou
Andrade, todos os jogos ao
vivo, destaques completos, da preparação
do mundial, entrevistas,
análises e programas de revistas
no StarTimes World Football e no
StarTimes Sports Premium serão
oferecidos em HD.
A responsável de relações públicas
e comunicação da Startimes revelou
ainda que, no âmbito do projecto
de televisão por satélite, lançado
recentemente na província da
Maputo, com objectivo de expandir
o sinal de televisivo a mais de
500 vilas recônditas do país, serão
montadas telas gigantes nas escolas
e centros de saúde e também
em algumas residências para que as
populações possam assistir aos 64
jogos do mundial de futebol.
(Redacção)
A
distribuidora de televisão
por satélite, Multichoice
Moçambique,
vai transmitir, através
dos seus canais Super Sport, os
64 jogos da XXI edição do Campeonato
Mundial de Futebol, a
ser disputada na Rússia, de 14 de
Junho a 15 de Julho.
A informação foi avançada pelo
Director de Comunicação, Pedro
Langa, tendo assegurado ainda
que os painéis serão compostos
por especialistas da modalidade,
que irão acompanhar e comentar
os bastidores e todas as partidas
da competição.
Acrescentou ainda que os usuá-
rios do “Explora” beneficiarão do
0XOWLFKRLFHWUDQVPLWH
PXQGLDOGD5~VVLD
serviço de cacth up, onde poderão
ser encontrados os destaques,
resultados, calendário e jogos realizados
adicionados à função recuar,
pausar e gravar.
“A GOtv vai transmitir os jogos
do Mundial, sendo 54 jogos para
o pacote Essencial e todos no pacote
GOtv Plus e Max, contando
com uma transmissão digital”,
disse a fonte, revelando também
que a GOtv Lite não irá transmitir
nenhum jogo.
Refira-se que o campeonato do
mundo do futebol contará com a
participação de 32 selecções, das
quais cinco africanas, nomeadamente,
Nigéria, Senegal, Egipto,
Tunísia e Marrocos.
24 Savana 01-06-2018 CULTURA
O
Centro Cultural Brasil-Moçambique
acolhe no
dia 6 de Junho, às 18h30, a
homenagem ao escritor brasileiro,
Guimarães Rosa, intitulada
A Terceira Margem do Rio, com
entrada a cem meticais. Trata-se de
uma homenagem ao aniversário de
nascimento de Guimarães Rosa, que
nasceu a 27 de Junho de 1908.
A Terceira Margem do Rio conta-nos
a história de um homem que
evade de toda e qualquer convivência
com a família e com a sociedade,
preferindo a completa solidão do rio,
lugar em que, dentro de uma canoa,
rema “rio abaixo, rio a fora, rio a dentro”.
O narrador-personagem, vivido
pelo actor Expedito Araujo, é seu
filho e relata todas as tentativas da
família, parentes, vizinhos e conhecidos
de estabelecer algum tipo de comunicação
com o solitário remador.
Contudo, o pai recusa qualquer contato.
A família, inicialmente aturdida
com a atitude inusitada do pai, vai-se
acostumando com seu abandono. A
escolha do isolamento no rio instiga
permanentemente o filho. Este é
levado a questionar o próprio existir
humano.
“A terceira margem do rio, da obra
Primeiras estórias, de Guimarães
Rosa, é narrado em primeira pessoa
e é o mais famoso e o mais aberto
conto do autor. Por isso este para a
homenagem. Existe no conto uma
intertextualidade bíblica com Noé”.
“Neste conto o tempo cronológico
é de um longo período, toda a vida
do narrador. Mas a intensidade com
que as impressões e o amadurecimento
do narrador são trabalhados
Terceira Margem do Rio de Guimarães Rosa
dão enfoque ao tempo psicológico.
O espaço é delimitado pela presença
concreta do rio, caracterizando a paisagem
rural de sempre. Desse espaço
emanam magia e transcendentalismo
aos olhos do público, no ir e vir do rio
e da vida”, explica Expedito Araujo.
A questão da dignidade humana é
notória no texto de Guimarães Rosa.
“São curiosos os personagens. O fi-
lho (narrador-personagem), que é o
meu personagem, e todos figurativos:
o pai (virara cabeludo, barbudo, de
unhas grandes, mal e magro, ficado
preto de sol e dos pêlos, com aspecto
de bicho, conforme quase
nu, mesmo dispondo
das peças de roupas
que a gente de tempos
em tempos fornecia”),
a mãe, a irmã, o irmão,
o tio (irmão da mãe),
o mestre, o Padre, dois
soldados e jornalistas.
Esses personagens, sem
nomes, acabam se caracterizando
como tipos
sociais, por suas funções
na história. A observação
desse aspecto já
mostra, no pai, a tendência
ao isolamento.
Sempre fora a mãe a responsável
pelo comando
prático da família. O
pai, sempre quieto. O
filho e narrador não foi
aceito na infância para
companheiro do pai no
seu desafio. Na maturidade,
quando tem a
oportunidade, acha não
estar preparado para ir
rumo ao desconhecido,
Os recursos geram dificuldade ao pú-
blico que desafia a obra rosiana. “Mas,
uma vez enfrentados, eles permitem
o acesso ao mundo do encantatório,
desconhecido, da terceira margem,
que só poderia ser recriado por uma
linguagem também recriada e nova,
capaz de reflectir todo o deslumbramento
desse universo. Gostaria de
ressaltar que um aspecto interessante
a ser notado é que o narrador, quando
criança, queria embarcar com o pai.
Este o impediu. Adulto, intui o porquê
da busca do pai e, chegando-se à
margem do rio, diz que quer substituí-lo.
É o único momento em que o
velho se manifesta, indo em direção à
margem”, indica.
O questionamento sobre a condição
humana é um dos principais focos.
“Como em Valsa Nº 6, a temática
deste conto é a loucura. O pai, ao
ir à procura da terceira margem do
rio, busca o desconhecido dentro de
si mesmo; o isolamento é a única
maneira encontrada para procurar
entender os mistérios da alma, o incompreensível
da vida. A estranha
história do homem que abandona
sua família para viver numa canoa e
nunca mais sair dela é um argumento
exemplar que uso para discorrer sobre
o medo do desconhecido. A alucinação
é o campo da Sônia, de Valsa Nº
6, de Nelson Rodrigues. Aqui o que
mais me interessa é o questionamento
dos dois autores sobre a condição
humana”, cometa.
Fala do embaixador do Brasil
Segundo Rodrigo Baena Soares,
Embaixador do Brasil em Moçambique,
“foi com grande satisfação que
recebi a notícia de que o actor brasileiro
Expedito Araujo encenou no
Centro Cultural Brasil-Moçambique
(CCBM) a peça de teatro Valsa nº
6, de Nelson Rodrigues, que é tido
como o maior e mais influente dramaturgo
brasileiro. Gostaria de
acrescentar uma nota de cunho pessoal.
Minha admiração especial por
Nelson Rodrigues decorre não somente
de suas obras, que o colocam
como um imortal na literatura brasileira.
A Valsa nº 6, sua décima peça e
único monólogo, é considerada pelos
críticos como uma grande peça, marcada
também pela complexidade de
diversos planos simultâneos de outras
obras suas. Sendo assim, a encenação
da peça de Nelson Rodrigues em
Maputo foi muito oportuna. Garantiu
ao público moçambicano acesso a
peças teatrais com linguagem complexa
e inovadora, ao mesmo tempo
em que o colocou em contato com
o que há de melhor na dramaturgia
brasileira. Devido ao sucesso de pú-
blico, que lotou o Auditório Vinicius
de Moraes, houve reapresentação,
novamente com a participação entusiasmada
dos espectadores. A encenação
faz parte dos esforços envidados
pelo CCBM para realizar mais
apresentações de peças de teatro para
o público de Maputo. O artista brasileiro
Expedito Araujo, responsável
pela concepção e execução da montagem
da peça, tem apresentado trabalhos
de qualidade no Centro Cultural
Brasil-Moçambique, o que vem
demonstrando sua capacidade de colaborar
positivamente para o cenário
cultural moçambicano. Torço para
que sua experiência e qualificação em
teatro, seu entusiasmo pelas artes em
geral e sua disposição para o trabalho
artístico siga enriquecendo cada vez
mais os entusiastas das artes em Moçambique”,
finaliza o embaixador. AS
A apresentação conta com participação especial do
músico Lívio Menino.
ao inominável”, frisa o actor.
“Toda essa estranha história vem vazada
no já comentado estilo típico de
Guimarães Rosa. “Chama-me muita
atenção neste texto a repetição, que
também é um recurso expressivo comum
ao autor, como no caso: e o rio-rio-rio,
o rio sempre fazendo perpétuo.
Neologismos também estão
presentes (“deluso”, talvez variante
de diluto, diluído; ou “bubuiasse”) ao
lado de termos regionais como “trouxa”,
no sentido de comida e roupas,
típico no falar dos boiadeiros; além
de outras palavras pouco comuns:
encalcou, entestou, etc”, exemplifica.
O
s saxofonistas Moreira
Chonguiça e Manu Dibango
participam do África
Festival, evento que decorre
em Wurtzburg, Alemanha, de
31 de Maio a 3 de Junho de 2018.
África Festival é um festival cultural
e de música que se realiza anualmente
durante quatro dias em Wurzburg,
Alemanha. Iniciou em 1989
e é o festival de música mais longo e
extenso na Europa.
África Festival é o maior evento que
promove música africana. Este ano,
o festival celebra 30 anos de existência
e os organizadores convidaram
Manu Dibango e Moreira Chonguiça
para se juntarem às festividades
tocando e promovendo o álbum
conjunto “M&M” – Moreira Chonguiça
& Manu Dibango” que resulta
de um trabalho conjunto iniciado
em 2012 pelos dois saxofonistas.
Para aprofundar os ensaios e preparativos
do concerto, Moreira Chonguiça
partiu no dia 25 de Maio para
Paris-França, onde vai juntar-se à
banda de Manu Dibango.
Recorde-se que o disco “M&M” da
autoria conjunta dos saxofonistas
Manu Dibango e Moreira Chonguiça
foi, recentemente, nomeado
Moreira e Dibango
na Alemanha
para a categoria de Melhor Álbum
Africano no SAMA(South African
Music Awards) – prémio de melhor
música sul-africana.
Lançado em 2017, depois de cinco
anos de produção, o álbum homenageia
grandes clássicos de jazz que
marcaram as carreiras do saxofonista
moçambicano, Moreira Chonguiça
e do saxofonista camaronês,
Manu Dibango. Um autor moçambicano,
Fany Mpfumo, consta
do álbum através da música Ungahlupeki
Nkata (não sofra mulher).
“Sinto-me honrado que este álbum
tenha sido reconhecido pela indústria
musical sul-africana. O M&M
mostrou, uma vez mais, o poder da
colaboração. Foi um enorme privilé-
gio gravar lado a lado com um dos
maiores músicos de África, e esta
é uma experiência que me marcará
para sempre”, afirma Moreira
Chonguiça.
Este ano, as figuras de cartaz são
Manu Dibango feat. Moreira
Chonguiça, Angelique Kidjo, Hot
Water, e músicos do Mali, Repú-
blica Democrática do Congo, Costa
do Marfim e Gâmbia. Mais de 6750
músicos de 56 países actuaram no
festival ao longo dos 30 anos. A.S
O
fotógrafo moçambicano Mário Macilau vai
iniciar, no próximo mês de Agosto, um projecto
na comuna Francesa de Saint-Émilion,
em parceria com uma marca de vinhos da
mesma região, a Fundação para as Artes da África
do Sul, e um grupo de arquitectos Franceses, com os
quais o artista tem vindo a colaborar nos últimos anos.
A ideia é produzir um projecto artístico na pequena e
bonita comuna da margem direita de Bordeaux, uma
pequena cidade com uma riqueza cultural tão diversa
quanto os seus infinitos vinhedos que se espraiam no
horizonte.
O artista irá passar três meses no meio de fileiras de
casas antigas, vielas de pedra estreitas e inclinadas,
muralhas que remotam às fortalezas erguidas para
proteger o povoado contra as invasões bárbaras, tudo
a convergir para a igreja medieval da vila, construída
num monólito, entre os séculos XI e XVI. Esta iniciativa
tem como mote “a arte de elaborar vinhos” ou
“a arte da degustação” porque “o vinho é uma obra de
arte.”
“Este é um projecto que procura olhar para a criação
do vinho sob uma outra perspectiva. Existe uma relação
estreita entre o vinho e a arte, devido à carga
cultural e histórica que ambos transportam. Ambos
convocam o êxtase, a inspiração, a vitalidade e o prazer
de viver. No meio da arte fotográfica e da pintura há
sempre essa conexão que chega aos vinhos. A forma
artesanal como são criados aproximam o trabalho do
enólogo ao do fotógrafo e do pintor. São muitos os
elementos comuns nos processos desses profissionais
– a máquina fotográfica, a tela, o vinho, a garrafa e até
a rolha são trabalhadas por eles de forma muito parecida,
pois exigem grande dedicação e sensibilidade.
Para além do vinho, a Arquitectura também estará
presente neste projecto. Nos últimos anos tenho trabalhado
com arquitectos de grande renome de Portugal,
França, China, Japão, Brasil, Angola, Reino Unido,
Espanha, África de Sul e entre outros países, que de
alguma forma me têm permitido obter um olhar diferente
da arte fotográfica e das minhas pinturas. Além
da valorização da cultura que promovo e dos valores
que a arte moçambicana contém. Com este diálogo
pude aprender muitas coisas que me permitiram crescer,
em primeiro lugar como ser humano, e em segundo
lugar como artista. Estes parâmetros abriram-me
muitas possibilidades que, sempre que regresso, partilho
com os outros, no Bairro onde cresci e onde até
hoje vivo”, explica Mário Macilau.
Mário Macilau é um artista multidisciplinar que tem
como base a fotografia, por vezes pinta, escreve e trabalha
com vídeo arte e instalações. Actualmente vive
entre Maputo, Lisboa e Johannesburg. Iniciou o seu
percurso na fotografia em 2003, e profissionalizou-se
em 2007, quando trocou o telemóvel da sua mãe pela
sua primeira máquina fotográfica. A sua especialidade
são projectos de longa duração com foco nas condições
ambientais e sociais de Moçambique, bem como na
complexa realidade do mercado de trabalho na região.
O trabalho de Macilau tem sido reconhecido com
prémios e é regularmente apresentado em exposições
individuais e conjuntas tanto no seu país de origem
como no estrangeiro. Recentemente, foi um dos três
artistas apresentados no Pavilhão do Vaticano na 56.ª
Bienal de Veneza (2015). Já viajo para mais de 30 paí-
ses, foi reconhecido internacionalmente com diversos
prémios, tem seu trabalho publicado regularmente em
diversos magazines nacionais e internacionais, a sua
obra encontra-se coleccionada por instituições públicas
e privadas. A.S
“O vinho é uma obra de arte”
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1273 DE JUNHO DE 2018
2 Savana 01-06-2018 SUPLEMENTO Savana 01-06-2018
3
MODOS DE...TIREM-ME DESTE FILME.
O PORTA-VOZ JEREMIAS ZUANE MAIS EM
EXEMPLAR E AMIGA
RETRATOS DE UMA COOPERAÇÃO
Savana 01-06-2018 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos) O
s ataques de Mocímboa da Praia deixam a nu a fragilidade
que existe em certos lugares de Moçambique.
Mostram mais uma vez a falta de controlo por parte
do governo dia.
Recebemos recentemente notícias que dão conta que dez pessoas
que foram decapitadas. Um cenário de horror. Uma falta
de sensibilidade para a vida, pela tamanha crueldade com que
se tirou a vida a essas pessoas.
Outra coisa que veio à tona relacionada com este assunto foram
as declarações do ministro do Interior, Basílio Monteiro,
logo após os primeiros ataques quando dizia que a situação
estava sob controlo. Que os ataques não iriam acontecer mais
e que a situação estava normalizada.
Logo de seguida foi Filipe Nyusi, Presidente da República,
num comício na província que foi palco de ataques de homens
armados a uma esquadra, que disse que a situação estava
normalizada. Entretanto, os recentes acontecimentos mostram
que a situação está muito longe de estar normalizada. Os homens
armados continuam a fazer das suas por aquelas bandas.
Este cenário demonstra que a desigualdade está a abrir espaço
para que compatriotas tenham comportamentos contrários. A
vulnerabilidade, devido à pobreza, aliciou as comunidades a
entrarem e facilitar o negócio ilícito. A ausência de forças militares
e da marinha facilitou o tráfico de recursos para o grupo
extremista.
Grupos militares, religiosos e civis podem ter facilitado a criação
do “Al Shabab” através da venda ilegal da madeira, rubis
e marfins. Esses dados foram revelados por João Pereira, Pesquisador
do Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil (MASC).
Nesta primeira imagem deve estar a dizer ao economista, João
Mosca, que o nosso governo não tem a dimensão do problema
Tudo mal
gerado por esta situação.
Situações de preocupação foram vistas em outros
quadrantes. Vejam a conversa travada entre
Eduardo Constantino, Secretário-geral do Sindicato
Nacional de Jornalistas e Filipe Mabutana,
jornalista da RM.
Nesta outra imagem também vimos Rogério Sitoe,
administrador da Sociedade de Notícias, que
deve estar a dizer para Armando Nenane, Alfredo
Júnior, da TIM, que muitos agricultores,
quando vão as suas machambas são recrutados, os
homens são mortos e mulheres e crianças andam
sob controlo dos jovens extremistas.
O jornal SAVANA chega a todo o lado. Exemplo
disso é esta imagem onde aparecem os irmãos
de Afonso Dhlakama, depois do funeral, com o
jornal na mão. E, no fim, o régulo Mangunde, pai
de Afonso Dhlakama.
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF+VOIPEFt"/0997t/o
1273 Diz-se... Diz-se
IMAGEM DA SEMANA
O
s lucros da empresa sul-africana
Tongaat Hullet,
que produz açúcar
nas fábricas moçambicanas
de Xinavane, Maragra e Mafambisse
caíram para metade no
exercício de 2017.
Segundo a Zitamar, a operação da
Tongaat Hullet alcançou 159 milhões
de randes (12,7 milhões de
dólares) no exercício que terminou
a 31 de Março.
/B BDUJWJEBEF EP QFSÓPEP IPNØ-
logo de 2016, a Tongaat Hullet
BUJOHJVQSPWFJUPTOBPSEFNEF
milhões de randes.
" RVFEB OPT MVDSPT DPOUSBSJB P
aumento da produção da Tongaat
Hullet em Moçambique. Este ano,
a produção aumentou em 20 mil
toneladas, atingindo 218 mil toneladas.
/PUPUBM
BFNQSFTBDPOTFHVJVFN
todas as suas unidades, incluindo
na África do Sul e no Zimbabué
uma produção global de 1.17 milhões
de toneladas, incrementando
em 115 mil toneladas a produção
global que alcançou no exercício
passado.
Em Moçambique, a queda de luDSPTÏBUSJCVÓEBËGPSUFWBMPSJ[BÎÍP
do metical e à queda das exportações.
&NUFSNPTEFQSPWFJUPT
5POHBBU
Hullet registou na operação do
ano passado uma queda de 2,33
biliões de randes (187,1 milhões
Lucros da Tongaat caíram
para metade em Moçambique
de dólares) para 1,96 biliões de
randes (157,4 milhões de dólares).
/B «GSJDB EP 4VM
B FNQSFTB WJV
os seus lucros caírem em 78%, enquanto
no Zimbababwe registaram
um incremento modesto.
Em Moçambique, o fortalecimento
do metical face ao dólar impôs
uma grande pressão, num contexto
de abrandamento da procura
internacional do açúcar.
"5POHBBU)VMMFUEJ[RVFBVNFOtou
a quantidade de açúcar que
fornece ao mercado moçambiDBOP
SFEV[JOEP P EÏmDF JOUFSOP
que tem sido colmado por importações.
"DPOTUSVÎÍPEFVNBSFmOBSJBEF
açúcar com capacidade para a produção
anual de 90 mil toneladas e
orçada em 41 milhões de dólares
WBJ BKVEBS B SFEV[JS B OFDFTTJEBde
de importações para o abastecimento
do mercado doméstico
moçambicano.
"SFmOBSJBQPEFSÈFOUSBSFNGVOcionamento
em Setembro.
" ;JUBNBS BWBOÎB RVF BT FYQPStações
de açúcar moçambicano
QPEFSÍP FOGSFOUBS EJmDVMEBEFT
OPT QSØYJNPT BOPT
VNB WF[ RVF
B 6OJÍP &VSPQFJB WBJ MFWBOUBS BT
restrições na produção interna,
permitindo aos produtores europeus
a produção de mais açúcar.
0BVNFOUPEPTMVDSPTEB5POHBBU
)VMMFUOPBOPQBTTBEPEFWFVTFË
imposição de um preço de referência
pelas autoridades moçambicanas
de 385 dólares a tonelada
de açúcar castanho para 806 dólares
e de 450 dólares para 932 dó-
MBSFTBUPOFMBEBEFBÎÞDBSSFmOBEP
"TGÈCSJDBTPQFSBEBTQFMB5POHBBU
Hullet têm capacidade para proEV[JSBOVBMNFOUFNJMUPOFMBdas.
"MÏNEF.PÎBNCJRVF
BFNQSFTB
detém unidades de produção em
mais seis países africanos.
t ²KÈFTUBTFYUBGFJSBRVFP.P[BCBODPEFWFEFDJEJSFN"(BFOUSBEBEP
TFVOPWPQBSDFJSP
P'VOEP"SJTF
EFDBQJUBJTIPMBOEFTFTFOPSVFHVFTFT
"PQFSBÎÍPQPEFSÈMFWBSËBCTPSÎÍPEFNBJTVNCBODPEBQSBÎBFBVN
OPWPBVNFOUPEFDBQJUBM
t &QPS GBMBSEFCBODB
RVBTF UPEPTQBSFDFNSFTQPOEFSQFMBDPOUSPWFSTB
NÈYJNBEF%POB-VMV
iDSJTF
RVBMDSJTF w
KÈRVFOPDPSSF
DPSSFQBSBB
publicação obrigatória dos seus relatórios anuais, é só lucros chorudos.
5SBEV[JOEP
ÏBCBODBMPDBMRVFWBJFNQSFTUBOEPEJOIFJSPBPHPWFSOP
QBSBBTTVBTEFTQFTBTDPSSFOUFTEP0&
VNBQFSJHPTBFDPOUSPWFSTBQSÈ-
UJDBRVFKÈWBJFNNJMNJMIÜFTEFNFUJDBJT
VNWBMPSNVJUPQSØYJNP
EBTDIBNBEBTiEÓWJEBTPDVMUBTw
t /BQSÈUJDB GVODJPOBDPNPVNFODPCSJNFOUPËT USBQBMIBEBTEP45"&
e a fraude potencial a partir da manipulação dos números do recenseaNFOUP
PTEBTFTUBUÓTUJDBTWJFSBNBUFSSFJSPEJ[FSRVFyTVSQSFTB
TVSQSFTB
PTEBEPTEPDFOTPEFTØmDBNQSPOUPTEFQPJTEBTFMFJÎÜFTBVUÈSRVJDBT%FTDPEJmDBOEP
OÍPQPEFNBDBEÏNJDPTFPVUSPTJOUFSFTTBEPT
saber mesmo quem andou de facto a manipular os números que deram
PTDPMPTTBJTDVNQSJNFOUPTBDJNBEFFN(B[B
*OIBNCBOFF$BCP
%FMHBEP"WJUØSJBQSFQBSBTF
BWJUØSJBy
t /PNFJPEBEFTDFOUSBMJ[BÎÍP
WJFSBNCPBTOPUÓDJBTQBSBPTNPÎBNCJDBOPTFQBSB$PNJDIFFNQBSUJDVMBS1PSGPSÎBEBTNVEBOÎBT
TFSÈBCPMJEP
PNBJTBOBDSØOJDPEPTHPWFSOPTMPDBJT
PFYFDVUJWPEBDJEBEFEF.BQVUP
VNBBVUPSJUÈSJBUFJNPTJBEPmMIPNBJTRVFSJEPEBOBÎÍPFRVFMFWPVEPT
DPGSFTEPFSÈSJPQÞCMJDPVNSPNCPQBSBTFGB[FSVNNPOUFEFyOBEB
Mas os anacrónicos não desistem e o que querem mesmo é um minisUÏSJPEBJOGPSNBÎÍP
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os diplomatas que quiseram agradar a Trump e foram à inauguração
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Savana 01-06-2018
EVENTOS
1
0DSXWRGH-XQKRGH$12;;91o 1273
EVENTOS
A
Associação Africana das Instituições
Financeiras de Desenvolvimento
(AADFI) distinguiu, recentemente, a
GAPI-SI, como uma das instituições
financeiras com o melhor desempenho, aquando
da realização da Assembleia-geral da AADFI,
realizada na Coreia do Sul.
Através de três itens, nomeadamente: governação,
desempenho financeiro, capacidade operacional,
mais uma vez a GAPI-SI obteve uma
avaliação na ordem dos 85%, o que confere um
“rating A” ao nível das instituições financeiras
de desenvolvimento de África.
Na ocasião, o chairman da AADFI, Patrick
Dlamine, congratulou a GAPI-SI e, de seguida,
entregou o galardão à Administradora Executiva,
Anabela Mucavele, sublinhando que os
desafios do desenvolvimento de África precisam
cada vez mais de instituições financeiras
com melhor performance e governação.
Por seu turno, Anabela Mucavele, disse, em representação
da Gapi-SI, “esta indicação enche-nos
de muito orgulho, porque é fruto de um
trabalho árduo que vem sendo feito há 28 anos,
no qual o esforço conjugado dos accionistas,
gestores e trabalhadores deve ser enaltecido.
Anabela Mucavele acrescentou: “este reconhecimento
é mais do que um prémio, um facto
motivador e desafiante para que envidemos
mais esforços no sentido de melhorarmos a
nossa actuação para que a estratégia preconizada
pelo BAD e pela AADFI tenham sucesso
em Moçambique”.
GAPI reconhecida pelo bom
desempenho
O
Standard Bank reuniu,
recentemente, em Maputo,
representantes das
Pequenas e Médias Empresas
(PME), para apresentar
as facilidades que o banco tem
para conectá-las a investidores
de vários pontos do mundo, incluindo
soluções de negócios que
oferece.
No workshop, foram ainda apresentadas
aos clientes comerciais
desta instituição financeira
centenária as soluções digitais,
como peça fundamental na sua
estratégia de prestação de serviço
universal às PME, para além das
perspectivas de evolução da economia
moçambicana para 2018 e
2019.
“O Standard Bank tem como
foco, para 2018, três pilares, nomeadamente
continuar a ser
relevante na implementação de
soluções digitais, ser um banco
de oferta universal e interligar os
seus clientes aos mercados internacionais”,
disse Isabel ChissumStandard
Bank apresenta soluções
para melhorar negócios
ba, directora adjunta da Banca de
Negócios do Standard Bank.
Neste contexto, conforme acrescentou
Isabel Chissumba, “a ideia
deste workshop é de dar a conhecer
aos nossos clientes as soluções
digitais que desenhamos na perspectiva
de disponibilizar valor
acrescentado aos nossos produtos
e serviços, servindo com comodidade,
eficiência e segurança”,
disse.
Acrescentou que o banco pretende
com esta iniciativa criar
facilidades para que os clientes
deste segmento possam interagir
com investidores de outros paí-
ses africanos e asiáticos, onde o
Standard Bank está implantado:
“Caso sejam estabelecidas parcerias,
os investidores poderão
utilizar, nas suas transacções fi-
nanceiras, as soluções disponibilizadas
pelo Standard Bank, para
pagamentos no exterior, assim
como a abertura de contas em
moeda chinesa”.
Abordada momentos após o
workshop, Vanessa Rodrigues,
directora geral da multinacional
Pearson, disse ter ficado impressionada
com as projecções feitas
pelo banco, sobre as perspectivas
de crescimento da economia moçambicana
para 2018 e 2019.
“Foi igualmente bom saber que
o banco está muito activo na
implementação de soluções digitais,
com vista a simplificar
os métodos de trabalho com os
seus clientes corporativos. Este
é o primeiro passo de uma longa
relação institucional numa era
mais digital e que vai agilizar os
negócios em Moçambique”, sublinhou.
O
BancABC, parte do Atlas Mara,
promoveu, recentemente, a 4ª
edição do Projecto de apetrechamento
de escolas primárias e
secundárias, a nível nacional, tendo sido,
no total, beneficiadas seis escolas, uma
por cada cidade onde o Banco está representado
(Maputo, Beira, Tete, Chimoio,
Nampula e Nacala).
A cerimónia do lançamento do Projecto
decorreu no dia 17 Maio passado, na Escola
Primária do Zimpeto, na cidade de
Maputo. Na sua intervenção, Hélder dos
Santos, Director Financeiro do BancABC,
disse que o Banco aposta na educação,
pois acredita que é um sector chave
para o desenvolvimento sócio-económico
de qualquer sociedade.
Por sua vez, o Director da Escola Primá-
ria do Zimpeto, Rosário Tomás, referiu
que esta oferta do BancABC veio para
solucionar um problema básico que a escola
enfrentava, que é a falta de Biblioteca.
Refira-se que o projecto de apetrechamento
de escolas foi concebido em parceria
com a Alcance Editores em 2015
e, desde então, 29 escolas foram benefi-
ciadas da iniciativa. Para além de apetrechamento
de bibliotecas, o Banco oferece
pastas recicladas às crianças mais carenciadas
e faz palestras de educação financeira
nas escolas beneficiadas, dirigidas
para alunos, encarregados de educação e
professores.
BancABC apoia apetrechamento
das bibliotecas escolares
Savana 01-06-2018 EVENTOS
2
P
elo menos dezoito formadores
do Instituto de
Formação Profissional e
Estudos Laborais Alberto
Cassimo (IFPELAC) irão, a
partir do mês de Agosto próximo,
participar de uma formação avançada
em boas práticas de formação
profissional com padrões de
nível internacional. Estes profissionais
terão a missão de voltar
para o país e fazerem a réplica dos
conhecimentos adquiridos.
Na sequência está a decorrer em
todo o território nacional o processo
de casting para seleccionar
os 18 profissionais do IFPELAC.
A formação, que terá a duração de
quatro meses, insere-se no âmbito
do “Projecto de Aperfeiçoamento
do Modelo de Formação Profissional
em Moçambique”, que
conta com o apoio da Agência
de Cooperação Internacional do
Japão ( JICA) e do Governo do
Brasil, que disponibilizam financiamento
e assistência técnica ao
IFPELAC, respectivamente.
Esta informação foi revelada na
segunda-feira, pela ministra do
Trabalho, Emprego e Segurança
Social, Vitória Diogo, aquando
da abertura do primeiro Conselho
Pedagógico e Científico do IFPELAC,
que decorre numa altura em
que está em curso a reforma da
educação profissional no País.
É no contexto desta reforma que
foi aprovada a Lei de Educação
Profissional, que preconiza a formação
orientada para a procura,
(QVLQR7pFQLFRSURÀVVLRQDO
Professores do IFPELAC
colhem experiência no Brasil
em substituição do modelo clássico
baseado na oferta.
Para Vitória Diogo, o novo modelo
coloca o desafio de modernizar
os 19 centros de formação e 22
unidades móveis, desde o quadro
de pessoal, métodos e meios de
ensino e aprendizagem, disponibilidade
de infra-estruturas e o respectivo
equipamento, bem como o
desenvolvimento curricular, com
vista a responder à demanda.
“Tenhamos sempre presente que
o mercado de trabalho está cada
vez mais exigente. As empresas
desejam recrutar mão-de-obra
qualificada e especializada em
determinadas matérias. Para aumentar
a produção, produtividade
e tornarem-se competitivas,
as empresas preferem candidatos
que saibam ser, estar, pensar, fazer
e viver no clima organizacional.
Querem pessoal que esteja permanentemente
empregável. Por isso,
é momento de formarmos pessoas
com competências para melhor se
enquadrarem no mercado e para
melhor desempenho profissional”,
afirmou a ministra.
Neste sentido, acrescentou Vitória
Diogo, decorre o processo de desenvolvimento
curricular de dez
qualificações, que consiste na actualização
de materiais didácticos
obedecendo normas técnicas e padrões
internacionais e na capacitação
de recursos humanos, tendo
já sido treinados oito mestres para
serem replicadores, 15 gestores
dos centros de formação profissional,
15 coordenadores pedagógicos
e 12 secretários escolares.
F
oi inaugurada na última
quinta-feira, no
espaço 16NetO, na
cidade de Maputo, a
exposição “N’tsutsu” (que
significa essência na língua
changana), do artista moçambicano
Pekiwa. Trata-se
de uma amostra constituída
por obras diversas que retratam
a visita do artista à Ilha
de Moçambique, em 2003
pela primeira vez e pelo seu
regresso em 2017.
Produzidos com materiais velhos,
portas, janelas, artefactos
deteriorados entre outros, trazidos
das suas viagens à Ilha
de Moçambique, os trabalhos
que compõem esta exposição
aludem, no entender do Pekiwa,
à ruina, à memória e à essência
(N’tsutsu).
A Ilha de Moçambique, com
os seus fantasmas, os seus edifícios,
apresenta-se como um
Pekiwa resgata o “N’tsutsu”
no seu novo trabalho
lugar de inspiração de recolha de
materiais, “o berço” do trabalho do
artista. Mas também um de descoberta
de novos caminhos, de histó-
rias, novas e velhas, reproduzidas
nas suas obras.
Para Pekiwa, compor obras que retratam
as duas expedições à Ilha de
Moçambique significa, simultaneamente,
continuidade e ruptura, na
medida em que mantém elementos
estéticos da sua obra anterior, ao
mesmo tempo que introduz novos.
“É mesmo uma ruptura e continuidade,
pois quem conhece o meu
trabalho reconhecerá traços
característicos, mas também
verá elementos novos”, enfatizou
o artista.
Refira-se que de seu nome
completo, Nelson Augusto
Carlos Ferreira, Pekiwa
iniciou-se na produção artística
através do pai, o escultor
Govane. Tendo desde os anos
90 participado em inúmeras
exposições, individuais e colectivas,
sendo a mais recente
em Outubro de 2017 em
Macau. (E.C)
Visite agora e mantenha-se informado,
(integridade & independência)
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Agenda Cultural
Cine-Gilberto Mendes
Sextas, Sábados e Domingos 18h30
“Amor, Aguenta”
Maputo Waterfront
Todas Sextas, 19h
Jantar Dancante com Alexandre Mazuze
Todos Sábados, 19h
Música com Zé Barata ou Fernando Luís
Chefs Restaurante
Todas Sextas, 19h Música ao vivo
O
Barclays Bank Moçambique,
em parceria com a
Primavera Bss, promoveram,
recentemente, em
Maputo, uma sessão informativa
sobre a “Fiscalidade e Controle Financeiro
de Projectos”.
Este encontro, que reuniu gestores
e directores de diferentes Organizações
não-governamentais e Pú-
blicas, tinha por objectivo de debater
sobre a necessidade de melhorar
os processos e a fiscalidade nas
ONG’s, dotando-as de tecnologia
capazes de melhorar o controlo
sobre os projectos e permitir uma
maior transparência e escrutínio
pela sociedade.
Durante as secções foram discutidos
temas como a “Fiscalidade
para as ONG´s”; “A metodologia
como factor de sucesso de projectos
de (ERPs)” e o “O Papel da Banca
Barclays e Primavera Bss
discutiram Fiscalidade e
Controle Financeiro
no apoio às ONG´s”, este último
dirigido por Bernardo Aparício,
director da Banca Corporativa e
de Investimento, do Barclays Bank
Moçambique.
Na ocasião, Aparício reafirmou que
o Barclays Bank Moçambique continua
focado na busca de soluções
que permitam que o beneficiário
final receba a ajuda de forma efi-
ciente e acima de tudo rápida.
A Primavera Bss, que, no encontro,
se fez representar pela vice-presidente,
Ângela Brandão, apresentou
modelos de gestão financeira
e soluções tecnológicas inovadoras,
que permitem uma maior eficácia
nas operações de gestão e finanças,
bem como, deu a conhecer as suas
plataformas tecnológicas e de que
forma estas poderão acrescentar valor
às ONG’s, através do aumento
dos seus níveis de eficiência.
(Redacção)
Savana 01-06-2018
EVENTOS
3
DIVULGAÇÃO
O Casino Polana alocou, no presente ano, no âmbito
da sua responsabilidade social, três milhões de meticais
para diferentes projectos sociais que concorrem
para melhoria das condições de vida dos cidadãos.
Anualmente, o Casino deve alocar 2% dos seus lucros
para acções responsabilidade social, nas áreas de saú-
de e educação, tendo, por via disso, o governo estabelecido
a fasquia mínima de USD 40 mil.
Esta situação, segundo Jacques Els, Director-geral do
&DVLQR 3RODQD FRORFD XP JUDQGH GHVDÀR DLQVWLWXLção,
que, caso não consiga arrecadar valores em causa
terá de buscar alternativas para que esteja disponível.
Esta segunda-feira, o Casino procedeu a entrega de
três cheques avaliados em 100 mil meticais cada, para
igual numero de organização. Trata-se da Associação
Khanimambo, Plataforma Solidaria Makobo e Associação
Centro Comunitário Sonho Real que deverão
investir na melhoria das vidas de crianças órfãs e vulneráveis
nos centros de acolhimento que tutelam.
Na verdade, os 300 mil meticais alocados constituem
a materialização de uma promessa feita ano passado
pelo Casino as três organizações, aquando da realização
da feira de saúde e bem estar. Segundo explicou
Els, os participantes da feira tinham que contribuir
com um determinado valor monetário que seria canalizados
as organizações que prestam apoio á crianças
desfavorecidas.
Para Teresa Santos, representante da Associação Khanimambo,
o valor será alocado para melhoria das condições
da sua escola vocacionada a receber crianças
órfãs e vulneráveis. Destacou a reabilitação de casa de
banho, compra de material escolar e de limpeza.
Actualmente, o Centro de Acolhimento Khanimambo,
fundado pela falecida Lina Magaia, acolhe 489
crianças que frequentam de 1ª a 7ª classe. O centro lecFLRQDWDPEpPFXUVRVGHIRUPDomRSURÀVVLRQDOL]DQWH
tais como, serralharia, informática e cabeleireiro, de
modo que os petizes tenham ferramentas para garantirem
o seu auto sustento, depois de saírem do centro.
6HJXQGR7HUHVD6DQWRVDJUDQGHGLÀFXOGDGHGHPRmento
prende-se com garantia de refeições aos petizes.
A Plataforma Solidária Makobo também vai investir
o valor na reabilitação dos sanitários da escolinha solidária
pescadores, que acolhe crianças órfãs e vulneráveis.
Casino Polana investe na melhoria
de condições de vida
Rui Santos, representante da Makobo, referiu que o próximo deVDÀR
pSURPRYHU DODQFKHLUD HVFRODU VROLGiULD TXH QXPD IDVH
inicial, vai abranger duas mil crianças do ensino primário público.
Argumentou ainda que, em Moçambique, 52% da população
é constituída por crianças com idades inferiores a 18 anos. Destas,
cerca de 45% sofre de malnutrição e desnutrição crónica, o
TXHVLJQLÀFDTXHRVHXIXWXURHVWiVHULDPHQWHFRPSURPHWLGR
quer pela sua condição física ou pela sua condição intelectual.
Avançou que esta proposta pode reverter o futuro de muitas
crianças bem como do país.
3RUÀP(UQHVWR&KD~TXHGD$VVRFLDomR&HQWUR&RPXQLWiULR
Sonho Real de Marracuene, projecta usar os 100 mil meticais na
construção e reabilitação de dormitórios. Explicou que o centro
tem um regime misto e acolhe crianças órfãs e vulneráveis em
regime de internato e externato. Destacou que a Associação tem
DSDUWLFXODULGDGHGHDMXGDURVVHXVEHQHÀFLiULRVQRSURVVHJXLmento
dos estudos a nível universitário bem como nos institutos
até a conclusão da formação académica.
Três milhões de meticais para 2018
De modo encontrar projectos estruturantes de responsabilidade
social no presente ano, o Casino Polana optou pela abertura de
FRQFXUVRS~EOLFRFXMROLPLWHGHÀQDQFLDPHQWRHUDGH PLO
meticais. Foram submetidos 31 projectos dos quais apenas quatro
foram selecionados, sendo que esta sexta-feira irão receber
os valores em causa.
Trata-se da Fundação Carlos Morgado, que apresentou um projecto
de reabilitação da Escola Primaria Unidade 18, localizada
no bairro do Aeroporto. O projecto Educação Ecológica Ntumbuluku,
encabeçado pelo ambientalista Carlos Serra, que tem a
missão de promover educação ambiental de modo a reverter a
actual tendência de falta de consideração com o meio ambiente.
Com a iniciativa espera-se ainda a criação, em seis escolas, de
clubes amigas do meio ambiente. A Cerci, uma escola que acolhe
crianças que carecem de cuidados especiais, comprometeu-se a
investir os fundos na melhoria das salas de aula e no pagamento
de assistência medica as crianças com paralisia cerebral, na
ÀVLRWHUDSLDDVVLVWrQFLDSVLFROyJLFDWHUDSLDGHIDODHQWUHRXWURV
A Fundação Rizwan Adatia, fecha o ciclo dos projectos eleitos
SDUDRSUHVHQWHDQRFRPRÀQDQFLDPHQWRDVRSHUDo}HVGHFDWDratas
que irão decorrer este ano no hospital geral de Mavalane.
Savana 01-06-2018 EVENTOS
4
E
nquanto as Organizações
da Sociedade Civil (OSC)
apontam o ano eleitoral
como atípico para o exercí-
cio de actividades cívicas e de intervenção
na área da governação, a
Fundação MASC (Mecanismo de
Apoio à Sociedade Civil) identifica,
por sua vez, uma série de oportunidades
que podem ser aproveitadas
pelas organizações da sociedade
civil durante este período, considerando
este o período oportuno para
influenciar os programas eleitorais
porque “os partidos políticos estão
abertos a ouvir e recolher todas as
informações e preocupações de interesse
das comunidades, com a intenção
de angariar votos”.
O posicionamento consta de um
documento denominado “Desafios
MASC identifica oportunidades em época eleitoral
e Oportunidades de Advocacia em
Época Eleitoral”, no qual o MASC
defende que as OSC devem ajudar
as comunidades a identificar os
seus problemas, priorizar e condicionar
sua inclusão nos manifestos
eleitorais que, posteriormente,
serão transformados em programas
de governação dos candidatos
vencedores”, considera o MASC,
destacando os casos do orçamento
participativo e da planificação participativa.
A fonte salienta ainda que as OSC
dispõem de um espaço privilegiado
para ensinar as comunidades a fazerem
análise crítica dos manifestos
eleitorais e orientarem o voto
para os manifestos e programas
apresentados e “não para a simples
retórica ou propaganda política dos
candidatos e partidos”.
Para tal, o MASC diz ser necessá-
rio que as actividades a realizarem-se
não possuam, nem se confundam
com interesses partidários
ou acções ligadas a processos de
campanha política ou partidária,
para “credibilizar a organização” e
reforçar a confiança desta que “deve
ser vista como um actor neutro, cuja
missão é de interesse público”.
“A manutenção do bom relacionamento
com todos os actores-chave
e a garantia de esclarecimento de
quaisquer mal-entendidos sobre o
papel da organização no processo
de advocacia garante sustentabilidade
do projecto no seio de todas
as partes interessadas nos processos
de advocacia”, frisa.
Para o MASC, o voto consciente
depende do acesso à informação,
pelo que, é preciso uma melhor estratégia
de sensibilização dos actores
políticos para disponibilizarem
seus manifestos eleitorais.
“Se o processo de divulgação de informação
for transparente e garantir
a equidade vai trazer resultados
sustentáveis”, defende, sublinhando
a necessidade de as organizações
educarem os membros e simpatizantes
de partidos políticos com
vista à condução de processos pacíficos.
O facto é que a época eleitoral, em
particular a campanha, tem sido
fértil para a promoção de actos de
violência entre as comitivas partidárias,
sendo que o caso mais recente
deu-se na província de Gaza,
em 2014, quando as comitivas da
Frelimo e do Movimento democrá-
tico de Moçambique enfrentaram-se,
nas cidades de Chókwè e Xai-Xai
e na vila municipal da Macia.
Refira-se que, em termos de desafios,
aquela fundação destaca a conotação
com oposição política das
actividades das OSC; a não aceitação
dos projectos de advocacia por
parte do Governo ou partidos políticos
sob pretexto de interferirem
nos programas das campanhas; a
ausência de pontos focais das instituições
municipais ou governamentais
durante a época eleitoral;
o conflito de agendas dos partidos
políticos com as dos projectos; a
fraca adesão da comunidade às actividades
do projecto; e o risco de
incumprimento dos planos de actividades.
A
cidade de Maputo acolhe,
desde a última sexta-feira,
25 de Maio, até
17 de Junho, a 15ª edição
do Festival Internacional Teatro
do Inverno (FITI). Iniciado na
casa velha em 2003, o evento tem
como objectivo apoiar e divulgar
o trabalho dos grupos amadores
de teatro, fomentar o associativismo
cultural e a formação de
actores.
A abertura do FITI na sexta-feira
passada, no Centro Cultural
Franco Moçambicano (CCFM),
contou com a brilhante actuação
do Grupo Só Mulheres, da cidade
da Beira, que durante uma
hora e meia encantou o público
com a peça teatral “As mentiras
dos Homens”.
Ainda no seu repertório, o festival
contará com a actuação de 25
grupos de teatro, provenientes de
Teatro de inverno volta a aquecer Maputo
Moçambique, Angola, África do
Sul, Portugal e Argentina.
Falando na ocasião, Elliot Alex,
director artístico do FITI, destacou
a importância do evento para
a promoção das artes e da cultura.
De seguida, Elliot Alex fez uma
avaliação positiva do percurso
do festival, neste que é o seu vigésimo
quinto ano. “Este festival
cresce exactamente porque o teatro
moçambicano está crescendo
e pela adesão massiva do público.
Nós começamos a fazer o festival
só aos sábados e domingos, mas
nos últimos tempos tem sido de
quintas-feiras aos domingos. Este
é um grande crescimento”, disse.
Acrescentou: “o festival também
já deixou de ser para amadores,
actualmente envolve grupos de
profissionais do teatro. Para além
disso, há cada vez mais grupos internacionais
a aderirem ao evento
e, portanto, existe um espaço de
intercâmbio e entrosamento cultural”.
Elliot Alex explicou ainda que,
neste ano, o FITI abraçou a luta
contra o cancro, que tem sido um
problema de saúde de homens e
mulheres. Neste sentido, serão
apresentadas algumas peças teatrais
sobre a doença.
Refira-se que do ponto de vista
de balanço da última edição,
o Festival de Teatro de Inverno
movimentou cerca de 250 artistas
entre actores, dançarinos e músicos,
tendo registado uma adesão
de pouco mais 3000 pessoas que
durante quatro fins-de-semana
afluíram aos locais de realização
dos espectáculos. E nesta edição,
para além do CCFM, o festival
decorrerá no Teatro Avenida,
no Cine-Teatro Gil Vicente, no
Centro Cultural Brasil-Moçambique
e na Fundação Fernando
Leite Couto. (E.C)
A
Odebrecht, S.A.
(holding do Grupo
Odebrecht) acaba de
celebrar, com cinco
bancos brasileiros, um acordo
financeiro para a disponibilização
de cerca de 711 milhões
de dólares norte-americanos.
Trata-se de um empréstimo
que será disponibilizado em
duas etapas a ser dividido entre
os bancos Itaú e Bradesco.
O acordo envolveu, igualmente,
o Banco do Brasil, Santander
e o BNDES-Banco
Nacional de Desenvolvimento
Económico e Social, pois teve
como lastro a valorização das
acções da Braskem (o braço
petroquímico do Grupo Odebrecht),
usadas como garantia
Banca disponibiliza 711
milhões USD à Odebrecht
junto dessas instituições.
A conclusão da negociação
com os bancos também traz
mais segurança à Odebrecht,
para honrar os seus compromissos
financeiros e continuar
na sua trajectória de transformação
e crescimento.
“Além de ser mais uma demonstração
de confiança do
sistema financeiro, o acordo
que acabamos de assinar é a
maior prova da confiança dos
accionistas na capacidade dos
nossos integrantes e nas qualificações
técnicas das empresas
do Grupo, para a entrega de
produtos e serviços de qualidade,
em especial da Odebrecht
Engenharia e Construção”,
disse Luciano Guidolin,
director-executivo do Grupo
Odebrecht.
C
om 27 anos de idade e
um futuro promissor na
confeição de refeições,
Francisco de Assis foi
distinguido como melhor cozinheiro,
num concurso em que recentemente
participou na África
do Sul, num universo de 50 participantes
provenientes de vários
países de continente africano.
Assis passa desta forma a ostentar
o diploma de arte em culiná-
ria, facto que vai contribuir para
sua afirmação como profissional
da área e para o prestígio da instituição
onde trabalha, sem com
isso deixar de fora o país. A sua
história começa em 2011, depois
de ter concluído o curso de formação
em culinária na Pró-famí-
Moçambicano distinguido como melhor cozinheiro
profissional exímio.
Com apoio da instituição onde
trabalha fez uma aventura para
um concurso de culinária que teve
lugar na vizinha África do sul, no
qual era o único moçambicano
a participar. O evento contou a
participação de 50 especialistas
em cozinha provenientes de
países africanos como Tanzânia,
Nigéria, Zâmbia, Ilhas Seycheles
entre outros. Apesar da barreira
linguística que teve de enfrentar,
por ser único que não tem a
língua inglesa como sua do dia-a-dia,
Francisco Assis conseguiu
transformar as dificuldades em
oportunidades. Mostrou qualidade
no trabalho preparando pratos,
desde entradas a sobremesas, que
deixavam a todos maravilhados
principalmente por serem saudá-
veis e nutritivos.
“Foi um grande honra para mim
ter participado daquele evento
que me marcou pela positiva,
neste meu pequeno percurso profissional
no mundo da culinária.
Espero dar o meu máximo e fazer
com que Moçambique se torne
um referencia de culinária mundial”
disse, visivelmente satisfeito.
Por seu turno, Bruce Chapman
director geral da Suthern Sun
manifestou a sua satisfação com
o galardão atribuído ao jovem,
apontando que contribuir para
elevação dos níveis de turismo no
pais, numa altura em que governo
acaba de elege-lo como uma das
quatro áreas para alavancarem o
desenvolvimento do país.
lia, tendo de seguida ingressado
como estagiário no hotel Southern
sun, afecto à pastelaria que
era sua especialidade. Mas com a
sua dedicação e entrega e amor ao
trabalho conseguiu conquistar o
seu espaço tendo sido testado em
outras áreas onde se mostrou um
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