segunda-feira, 4 de junho de 2018

Nosso Banco ainda vai fazer correr muita água

0DSXWRGH-XQKRGH‡$12;;9‡1o ‡3UHoR0W‡0RoDPELTXH Horror em Cabo Delgado Pág. 4 Caso Nosso Banco agita Xerife 3º - 25915 - 30.000,00MT    2º - 14395 - 60.000,00MT VALOR DO 1º PRÉMIO DO JOKER - 250.000,00MT LOTARIA 21ª EXTRACÇÃO 1º - 20844 - 1.250.000,00MT PREVISÕES DE JACKPOT 1º PRÉMIO -1.000.000,00MT PRÓXIMA, 22ª EXTRACÇÃO DA LOTARIA 02/06/2018 1 PRMIO DE TOTOBOLA - 380.813,86MT 1 PRMIO DE TOTOLOTO - 1.326.476,55MT - 01-// -     (%#"-& "# $% )32 "!$&% '''.$"""." Pág. 2 e 3 TEMA DA SEMANA 2 Savana 01-06-2018 TEMA DA SEMANA A operação que culminou com a demissão da Comissão Liquidatária (CL) do Nosso Banco ainda vai fazer correr muita água por debaixo da ponte, com indicações de que a ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Vitória Diogo, tentou meter a mão no processo, pressionando o Banco de Moçambique (BM), com o conhecimento do Presidente da República e do Ministro da Economia e Finanças (MEF), para que o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), o accionista maioritário com 77%, tivesse prioridade nos reembolsos. A intervenção de Diogo é vista em alguns sectores políticos/económicos como um lobby, visando travar a Comissão Liquidatária, que estava determinada em avançar em processos crimes que podiam destapar a podridão que norteou a falência do Nosso Banco, um banco que sempre esteve na órbita do Partido Frelimo desde os tempos do ruandês Alfred Kaliza. Pelo menos dois processos-crimes contra ex-executivos de topo no NB já foram remetidos à Procuradoria Geral da República (PGR) e 42 acções de litigância foram parar aos tribunais pela mão da CL, muitos deles “difíceis de cobrar”, por envolver gente graúda da elite política ligada ao partido governamental. Há uma semana, o BM anunciou a demissão da CL, liderada pela Deloitte & Touche (Moçambique), sob o argumento de que houve incumprimento das obrigações plasmadas na Lei nº 30/2007, de 18 de Dezembro. Esta lei regula o processo de liquidação administrativa das instituições de crédito e sociedades financeiras. A CL, que tomou posse a 19 de Janeiro de 2017, tinha um prazo de um ano para concluir o processo de liquidação do NB. O governador do BM alega inacção da CL. Porém, quando a CL iniciou com os trabalhos de liquidação, deu-se conta de que era “praticamente impossível” terminar o trabalho em um ano dada a desorganização dos processos encontrados no banco, tendo informado ao BM em Junho de 2017. Mais de 80% de informação sobre os processos de cré- ditos não existia. A CL elencou várias razões, que emperravam o processo, nomeadamente, baixa valorização da carteira de crédito por parte dos bancos comerciais, existência à data da dissolução do banco de 164 processos de créditos sem contratos e sem garantias. Os mutuários aproveitaram-se destes factos para atrasarem com os pagamentos. Quando a CL tentou vender a carteira de crédito (3.4 mil milhões de meticais), a melhor proposta foi de 14% sobre o valor da carteira, o que não daria para pagar os credores ordinários. Isto levou a comissão a decidir pela cobrança directa. O jornal soube que a proposta recusada foi feita pelo BancABC. A maturidade da carteira de crédito, que era de longo e médio prazo, o perfil e a condição económica e financeira da maioria dos devedores, aliado à conjuntura Caso Nosso Banco agita xerife Vitória Diogo pressionou Zandamela económica e financeira do país, alto nível de endividamento dos mutuários em outros bancos, alto nível de concentração de crédito, onde os cinco maiores devedores representavam 45% de toda a carteira e a existência de mutuá- rios com contas congeladas pela PGR, nomeadamente o Grupo S&S (crédito destinado a um hotel e refinaria de óleos em Nacala), com dívidas de 677 milhões de meticais a 11 de Novembro de 2016, destacam-se entre as difi- culdades encontradas pela CL. O Grupo S&S, da família Gulamo Rassul, vinha pagando 15 milhões de meticais mensais à CL antes de ver as suas contas congeladas. O Grupo Recol, de Pemba, é outro dos grandes devedores do NB, com 400 milhões. Os investimentos em Nacala também têm envolvimento de altos quadros do ANC, partido no Governo na África do Sul. Uma fonte do BM afiançou ao jornal que os contratos mal instruídos e muitas vezes sem garantias concorreram para condicionar o trabalho da CL em um ano de mandato. Mas a situação foi sendo reportada regularmente ao Banco Central e discutida em detalhe na reunião de 10 de Junho de 2017. Outras das dificuldades enfrentadas pela CL foi a execução da garantia soberana sobre o crédito concedido aos Aeroportos de Moçambique no valor de 440 milhões de meticais, no quadro da restruturação da carteira de financiamento daquela empresa pública, através do Banco Nacional de Investimentos (BNI). Ao que apurámos, este crédito foi dado a coberto de uma -Dois processos por gestão danosa remetidos à PGR -Nosso Banco esteve debaixo de uma gestão criminosa -Grupo Rassul detém um crédito de 1.140 milhões de meticais para a construção de um edifício em Nacala e mais 600 milhões de outras linhas de crédito, sem contratos e garantias -Aeroportos de Moçambique devem 440 milhões, mas não pagam porque a LAM, seu grande devedor, não paga O utros dados apurados pela CL, liderada pela Deloitte & Touche (Moçambique), mostram que o NB foi gerido de forma criminosa. A título ilustrativo, o Grupo Rassul, baseado na província de Nampula, detém um crédito de 1.140 milhões de meticais para a construção de um edifício multiuso em Nacala e mais 600 milhões de outras linhas de crédito, sem contratos e garantias. O crédito para a construção de raiz de um edifício em Nacala, que consistia num hotel, apartamentos e escritórios, equivalia na altura USD30 milhões (calculados ao câmbio da altura estimado em 37 Mt/USD), mas a garantia dada foi um outro edifício avaliado em USD5 milhões. A CL avaliou o edifício a 700 milhões de meticais. A melhor proposta foi de 190 milhões de meticais. A CL foi espreitar a segunda melhor proposta, que era de 40 milhões, porém desistiu de vender por tão baixo valor. O edifício de Nacala constitui 22% dos activos realizáveis. Os activos realizáveis do NB à data da entrada da CL eram de 5.2 mil milhões de meticais. Figuras do meio financeiro afirmam que os créditos concedidos pelo NB estavam virados para o triângulo Nampula-Nacala-Pemba, circulando chorudas comissões pelos tranches concedidos. Esta é uma das situações a apurar agora pela PGR. O SAVANA apurou que técnicos da supervisão bancária do banco central já haviam alertado em 2014 o board do banco central sobre a iminente derrapagem do NB. Uma fonte daquele departamento acredita que na altura não houve uma intervenção arrojada por se estar em presença de um board minado pela sua vulnerabilidade aos caprichos, extravagâncias e interesses da elite ligada ao partido governamental. Observadores em Maputo são de opinião de haver fortes indícios de a supervisão bancária do BM ter-se furtado aos seus deveres, empurrando o banco para uma falência técnica. Alguns juristas ouvidos pelo jornal defendem uma investigação a sério à administração Gove, mas acreditam muito pouco no avanço duma acção judicial por estarem envolvidas “figuras importantes”. “Será mais um Banco Austral”, atirou um dos juristas. O NB tinha somente 5116 clientes particulares, 837 empresas, depósitos de cerca de 1% na quota do mercado, dados que mostram que dificilmente o ex-BMI se iria reerguer. 90% dos clientes tinham menos de 20 mil meticais depositados, pelo que foram imediatamente ressarcidos depois da entrada em funcionamento da CL. A maioria de capital pertence ao INSS (77%), sendo também accionistas a empresa pública EDM (15%) e a SPI - Gestão de Investimentos, o braço empresarial do partido Frelimo. Na data da liquidação pelo BM, o NB, fundado em 2001 num controverso processo em que foram usados fundos do INSS e do ruandês Alfred Kaliza, era dirigido por Mussa Tembe (administrador-delegado) e tinha como PCA João Dias Loureiro, antigo Presidente do Instituto Nacional de Estatística (INE). Gestão criminosa TEMA DA SEMANA Savana 01-06-2018 3 garantia soberana de USD50 milhões que abarcava outros cré- ditos em vários bancos. A ADM não está a pagar a dívida, sob o argumento de que a Linhas Áreas de Moçambique (LAM) deixou de liquidar as taxas àquela empresa pública, o que levou a CL a recorrer ao Tesouro para negociar o pagamento. O que a CL conseguiu vender por um “justo valor” foi a carteira de crédito dos trabalhadores do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE) e do INSS. O jornal apurou que esta carteira (12% do total) foi adquirida pelo BCI por 108% do seu valor. Decisão de Zandamela Contudo, a decisão de Rogério Zandamela, num despacho de 11 de Abril de 2018, surpreendeu a CL, que até 24 de Maio, dia em que o comunicado foi tornado público, estava a trabalhar e a interagir com o banco central através do administrador Alberto Bila. Porém, há uma discrepância entre aquilo que o BM alega que são resultados apresentados pela CL e os resultados que a própria comissão liquidatária esgrime. Zandamela terá tomado a sua decisão na base de um relatório preliminar submetido pela CL a 7 de Dezembro de 2017, quando faltava pouco menos de um mês para o fim de mandato. No relatório, a CL pede a extensão do mandato (terminava a 19 de Janeiro de 2018) e continuou o seu trabalho na base de um entendimento verbal com o administrador Alberto Bila. O banco central comunica publicamente a decisão da demissão da CL, quatro meses após receber o relatório (7 de Dezembro), alegando inacção. O BM argumenta que a CL cumpriu a liquidação do NB em apenas 24%. Mas os números actualizados pela CL estão “muito acima” do que o BM afirma. Uma fonte próxima da CL afirmou que os activos realizados (recuperados) a 24 de Maio de 2018 estão acima de 1.7 mil milhões de meticais. “Quando se fala de uma recuperação de activos entre 20 e 30%, numa situação de falência já é muito bom. Nós fizemos acima disso. Quanto ao grau de cumprimento das actividades, ou seja, aquilo que foi programado e aquilo que foi realizado estamos a acima dos 90%. Conseguimos recuperar dinheiro para pagar todos os depositantes ordinários, as indemnizações aos trabalhadores foram pagas, os impostos devidos ao Estado foram pagos e os fornecedores também, faltando apenas dois que ainda estamos no acerto das contas. O segundo maior depositante (o maior é o INSS) recebeu um valor signifi- cativo. O BM devia indicar quais são as actividades que a CL não realizou. A inacção é do BM que ficou quatro meses para apreciar um relatório”, rematou a fonte. Ao que o jornal apurou, a CL solicitou um encontro com o governador Zandamela para explicar ao detalhe, mas até ao fecho da presente edição ainda não havia sido recebida. Mas pelas experiências do passado e o estilo de actuação de Zandamela, é pouco crível que o governador reveja as suas posições. Interpelação de Vitória Diogo A 28 de Março de 2018, pouco menos de dois meses antes de Rogério Zandamela tomar a decisão de demitir a CL, a ministra de Trabalho, Emprego e Segurança Social, Vitória Diogo, interpelou em carta, a que o SAVANA teve acesso, o BM exigindo o reembolso dos depósitos do INSS pela Comissão Liquidatária. O ofício, baptizado com o número 45/MITRESS/GM/030/2018, foi enviado a Zandamela com o conhecimento do Presidente da República, Filipe Nyusi, e do ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane. “No âmbito do reembolso dos créditos de clientes do Nosso Banco, sociedade em liquidação, praticamente todos os que tinham depósitos foram reembolsados pela Comissão Liquidatária com excepção do INSS, que tinha constituído a prazo e à ordem, e chegam informações alarmantes de que esta instituição será reembolsada, caso remanesçam fundos para o efeito, em virtude do respectivo titular ser igualmente accionista do referido banco”, escreve Diogo. Na carta, Diogo recorda que os fundos geridos pelo INSS, investidos no NB, provêm das contribuições dos trabalhadores, o que, na óptica dela, torna esta entidade com prioridade no reembolso dos créditos. “(...) o artigo 47 da Lei nº4/2007, de 7 de Fevereiro, estabelece que a entidade gestora da segurança social obrigatória, nos seus créditos decorrentes das contribuições, goza de privilé- gios idênticos aos do Tesouro, graduando-se imediatamente a seguir aos do Estado”. Diogo termina solicitado os “bons ofí- cios” de Zandamela para instar a CL a proceder ao reembolso ao INSS. Ao que o SAVANA apurou, o INSS tem no NB activos financeiros de 2.930 milhões de meticais. Porém, a 24 de Abril, 26 dias após a recepção da carta de Diogo, o administrador do pelouro de operações bancárias, emissão de sistemas de pagamentos no BM, Alberto Bila, notifica (N/ Nº22GAJ/20160018/18) o Presidente Executivo da CL, Iacumba Ali Aiuba, para responder por escrito a carta-queixa apresentada ao Banco Central pela ministra Diogo. Em resposta datada de 4 de Maio 2018, 20 dias antes do anúncio público da demissão, a CL procurou desmontar os argumentos de Diogo. Basicamente, a CL afirma que o INSS, sendo um credor subordinado (accionista e depositante ao mesmo tempo) é dos últimos a ser reembolsado. A CL recordou que o INSS, quer na qualidade de accionista, como na qualidade de depositante e, consequentemente, credor (parte activa do processo de liquidação do NB), está devidamente representado na Comissão e está informado sobre todo o processo. Recorde-se que a CL tomou posse a 19 de Janeiro de 2017, tendo Rui Francisco Sitoe tomado posse como representante dos accionistas e Abdul Satar Abdul Hamid, representando os credores. A CL explicou, em resposta ao ofício de Diogo, que a graduação de créditos propostos pela Comissão foi adoptada com a participação do representante dos accionistas e não mereceu qualquer protesto destes, em particular do INSS, daí estranhar os motivos por detrás da interpelação da ministra ao BM. Fontes bem qualificadas garantem ao jornal que a “zanga” de Diogo tem a ver com o início dos pagamentos ao depositante Momade Bashir Sulemane, do Grupo MBS, um dos maiores depositantes do NB, por todos os outros bancos se recusarem a manterem transacções comerciais com o grupo, depois que a administração americana o declarou como “barão da droga”. Bashir recebeu já 30% dos seus depósitos. Coincidência ou não, esta semana circulou com grande insistência uma postagem nas redes sociais intitulada “MBS: a família monstruosa”. Contudo, a CL, em carta-resposta, entende que a interpelação de Diogo resulta da falta de clareza relativamente ao correcto alcance do disposto no artigo 47 da Lei nº4/2007, de 7 de Fevereiro. “Efectivamente, e isso não nos parece em causa no processo em apreço, o INSS goza de privilé- gios idênticos aos do Tesouro, graduando-se imediatamente a seguir aos do Estado, relativamente aos seus créditos decorrentes de contribuições”. Este valor, segundo a Comissão, foi integralmente pago. A ministra, segundo a CL, confunde a origem dos fundos depositados junto do NB, com a qualidade dos créditos que resultam “desses depósitos”. “Ao proceder a um depósito, o INSS fá-lo ao abrigo de uma relação meramente comercial entre um cliente (igual aos demais) e um banco comercial. Reacção completamente diversa naquela que estabelece com o mesmo banco em relação às contribuições por este devidas ao INSS”. TEMA DA SEMANA Savana 01-06-2018 5 PUBLICIDADE 6 Savana 01-06-2018 SOCIEDADE SOCIEDADE Ordem Província Número de Previsão 2018 Eleitores Inscritos Grau de Autarquias Homens Mulheres Total Realização 1 Niassa 5 228.655 97.019 98.542 195.561 85,53 2 C. Delgado 5 262.676 127.534 124.734 252.268 96,04 3 Nampula 7 684.872 331.322 336.476 667.798 97,51 4 Zambézia 6 483.452 184.050 132.873 316.923 65,55 5 Tete 4 170.345 99.652 101.422 201.074 118,04 6 Manica 5 244.037 128.766 133.736 262.502 107,57 7 Sofala 5 374.714 198.884 194.480 393.364 104,98 8 Inhambane 5 182.900 70.961 97.148 168.109 91,91 9 Gaza 6 177.055 97.117 134.171 231.288 130,63 10 Maputo 4 723.147 283.547 321.958 605.505 83,73 11 C. Maputo 1 796.965 300.185 315.897 616.082 77,30 Total 4.328.818 1.919.037 1.991.437 3.910.474 90,34 O s partidos políticos, coligações de partidos e grupos de cidadãos que pretendam candidatar-se às quintas eleições autárquicas, agendadas para 10 de Outubro próximo, podem, a partir de hoje (sexta-feira), inscrever-se para o efeito até ao próximo dia 15 de Junho. Os eleitores já fizeram a sua parte durante a fase de recenseamento e dados preliminares e globais do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), apurados em todos os distritos autárquicos que acolheram o recenseamento, indicam que foram inscritos 6.766.236 eleitores. Destaque vai para as províncias de Gaza e Cabo Delgado, fortemente dominadas pelo partido no poder, Frelimo, que superaram as metas previstas, alcançando 116,5% e 101,69 % de realização, respectivamente. Com a entrada em cena da Renamo, que boicotou os pleitos de 1998 e 2013, estas poderão ser as eleições autárquicas mais renhidas na história do país. De acordo com o calendário eleitoral, de 21 de Junho a 27 de Julho vai decorrer a fase de apresentação e verificação das candidaturas às 53 autarquias. Para o efeito, o STAE anunciou, semana passada, a inscrição de 6.766.236 eleitores em todos os distritos autárquicos que acolheram o processo de recenseamento, o que corresponde a um grau de realização de 88,03%. Com o maior número de inscritos, destacam-se as províncias que, tradicionalmente, apoiam a Frelimo, sendo Gaza, com 116,52%, seguida da Cabo Delgado com 101,69%, de grau de realização. A província de Niassa não atingiu a média prevista tendo registado um nível de realização de 63,27%. Com forte apoio à Frelimo, mas com uma presença da Renamo que começa já a ameaçar, segue a província de Inhambane, com 99,71% e depois surgem as províncias de Sofala e Nampula com 99,71% e 92,37% de realização, respectivamente. Trata-se de províncias consideradas bastiões da oposição, tendo os principais municípios sido governados pela Renamo e MDM. 53 Municípios em disputa No que diz respeito às autarquias apenas, dados preliminares do STAE indicam que foram inscritos 3.910.474 eleitores, contra 3.590.794 eleitores nas autárquicas de 2013. Pela primeira vez na sua história, a Renamo vai reaparecer sem o seu líder e grande mobilizador, Afonso Dhlakama, falecido a 03 de Maio deste ano na serra da Gorongosa. O MDM não atravessa bons momentos, estando a enfrentar uma crise interna. Em cima da mesa, está uma negociação com a Renamo para as duas forças políticas concorrerem coligadas nos principais municípios. Por outro lado, a Frelimo tem de lidar com uma forte impopularidade devido à crise económica e financeira, agudizada pelo escândalo das dívidas ocultas contraídas na administração Guebuza. Neste pleito, destaque vai certamente para a corrida que se irá verificar nos municípios de Maputo e Matola, onde a Frelimo espera manter a sua hegemonia, mas também na Beira, Quelimane e Nampula, onde sonha resgatar a presidência perante uma forte concorrência da oposição, Renamo e MDM que neste momento dirigem os destinos daquelas edilidades. A cidade de Maputo inscreveu 616.082 eleitores, que correspondem a 77,30% de realização. A capital do país é uma das poucas autarquias em que há candidatos em pré-campanha. Trata-se de Venâncio Mondlane, que concorreu pelo MDM em 2013, tendo sido derrotado por David Simango da Frelimo. Mondlane obteve 39,97% de votos contra 58,44% de Simango, mas tem-se notabilizado nos últimos tempos nas redes sociais mobilizando jovens e vendedores dos mercados. No entanto, ainda não está claro qual é o partido ou grupo de cidadãos que irão suportar a sua candidatura. Em pré-campanha está também o actor de teatro e apresentador de televisão Gilberto Mendes, que se tem movimentado na praça pública de “my love”, as camionetas de caixa aberta que transportam passageiros na capital, entre outras acções, mas sem nenhum rosto partidário. Samora Machel Júnior, ou simplesmente Samito, já manifestou o seu desejo de substituir David Simango mas falta-lhe um “ok” do partido, tendo por isso refreado os ânimos. A província de Sofala conta com 393.364 inscritos, equivalente a 104,98%. Dos cinco municípios que possui, apenas a cidade da Beira é que constitui um motivo de orgulho para a Renamo e MDM e dor de cabeça para Frelimo. Somente nas autárquicas de 1998, com Chivavisse Muchangage, a Frelimo conseguiu ganhar, num pleito marcado pelo boicote dos partidos da oposição. Em 1998, Muchangage concorreu sozinho. Em 2013, Daviz Simango arrasou Jaime Neto, candidato da Frelimo, com uma folgada margem de 70% contra 29,5%, respectivamente. Entretanto, os municípios de Dondo, Gorongosa, Marromeu e Nhamatanda têm sido governados pela Frelimo. Na província mais populosa do país, Nampula, foram contabilizados 667.798 cidadãos eleitores inscritos, representando um grau de realização de 97,51% dos que irão eleger os presidentes das sete autarquias. Trata-se de Ribáuè, Nacala-Porto, Monapo, Malema, Ilha de Moçambique, Angoche e Cidade de Nampula. A última deu o poder ao candidato da Renamo, Paulo Vahanle, nas eleições intercalares deste ano, convocadas na sequência do assassinato de Mahamudo Amurane a 4 de Outubro de 2017. A história mostra que a zona do litoral tem oferecido o seu apoio à Renamo e espera-se uma corrida renhida em locais como Ilha de Moçambique, Angoche e Nacala-porto. A segunda província mais populosa do país é a única que, neste momento, conta com dois municípios governados pelo MDM. Com seis autarquias, Quelimane e Gurúè estão nas mãos do MDM, sendo que Alto Molócuè, Maganja da Costa, Milange e Mocuba são dirigidos pela Frelimo. A província de Gaza, tida como fiel à Frelimo, mas também conhecida por registar recordes de participação dos eleitores, poderá manter os seis municípios nas mãos do partido no poder. Trata-se de uma província em que membros e simpatizantes da Frelimo não têm dado espaço aos partidos da oposição, patrocinando até a violência para manter o seu poder. Na campanha para as gerais de 2014 verificaram-se actos de violência eleitoral contra brigadas da oposição, sobretudo, do MDM. Para as autárquicas do presente ano, foram inscritos nos seis municípios 231.288 eleitores, o que corresponde a um grau de realização de 130,63%. Segue a província de Tete com um grau de realização de 118,04%, o que perfaz 201.074 inscritos. Em disputa estarão quatro municípios (Tete, Ulónguè, Moatize e Nhamayabue) que neste momento estão sendo governados pela Frelimo, mas com a particularidade de que a Renamo tem uma forte presença em Nhamayabue. Com cinco municípios em disputa (Chimoio, Catandica, Gondola, Manica e Sussundega), segue a província de Manica, com um universo de 262.502 eleitores, o que faz com que tenha um grau de realização de 107,57%. A Renamo conta com boa base de apoio nesta província, que até ao momento não foi suficiente para colocar o partido a governar um dos municípios. A sexta província com maior nú- mero de inscritos é a de Cabo Delgado, conhecida como berço dos combatentes da luta de libertação de nacional e, por via disso, também fortemente dominada pelo partido no poder. Mas a Renamo, tradicionalmente tem uma palavra a dizer no litoral. Nesta província estarão em disputa cinco municípios (Pemba, Chiúre, Mocímboa da Praia, Montepuez e Mueda) e não se espera grandes mudanças, com os 252.268 eleitores registados que equivalem a um grau de realização de 96,04%. A província de Inhambane surge com um grau de realização de 91,91%, o equivalente a 168.109 eleitores, que vão eleger os presidentes de cinco conselhos municipais (Inhambane, Massinga, Maxixe, Vilankulo e Quissico). Actualmente estão sob gestão do partido Frelimo, embora a presença Renamo comece a fazer-se sentir, sobretudo, a norte da província. Com cinco municípios por disputar está a província de Niassa, onde as autarquias de Lichinga, Cuamba e Marrupa têm se mostrado alinhadas com o partido no poder, enquanto Metangula e Mandimba verifica-se uma forte base de apoio à Renamo. Niassa registou um total de 195.561 inscrições que equivalem a um grau de realização de 85,53%. A província de Maputo entra em cena com 606.505 inscritos, que se vão digladiar para eleger os presidentes das autarquias de Matola, Boane, Manhiça e Namaacha. Destas quatro autarquias, espera-se uma forte disputa no município da Matola, onde em 2013, o candidato da Frelimo, Calisto Cossa, obteve uma vitória apertada contra o professor Silvério Ronguane do MDM. Arrancou contagem decrescente para as autárquicas Por Argunaldo Nhampossa Apesar de algumas províncias terem superado as metas, os níveis de recenseamento não atingiram as metas estabelecidas Dados preliminares do inscritos nas autarquias locais SOCIEDADE Savana 01-06-2018 7 PUBLICIDADE 8 Savana 01-06-2018 SOCIEDADE SOCIEDADE Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos Uma iniciativa do: Feche a sua torneira, evite o desperdício de água Vamos todos poupar água F oi numa daquelas viagens “daqui pra aqui” que travei conhecimento com o Antó- nio Munaíta, um machuabo do Luabo, a.k.a. (também conhecido como) Tony Guitarra, devido ao pronto municiamento de que sempre se vangloriou, “nas horas de crise”. O Zefanias, do Diário da Zambézia, fez a intermediação da nossa relação de trabalho sem papel passado, eventualmente um crime para o czar do SNJ. Ainda mal o sol raiava, ali estava ele à minha espera na zona do “Padeiro”, mesmo à saí- da de Quelimane para Nicoadala. Guitarra tinha feito o seu tirocínio no teatro mas mais parecia personagem de filme. “Rayban” contrafeitos, as “jeans” e o casaco tinham sido desenhados para alguém bem mais encorpado. As botas de vaqueiro, claramente “xicalamidade”, poderiam ter pertencido ao “cowboy da meia-noite”, John Voigt. Não era dado a grandes falas. Respondia, explicava o que lhe pedia. As conduções e os buracos ficavam por minha conta. Frugal de comeretes, nas noites “batíamos” umas “manicas” à temperatura modelada pelo estatuto do estabelecimento aportado. Para fazer o balanço do dia de canseiras. Foram alguns anos de boa convivência. Guitarra descodificava para mim a Zambézia mais profunda. Eu escrevia as minhas estórias, ele fazia as suas. Mais tarde começou a escrever para o SAVANA. À peça, pecado dos pecados, caro satrapa. Em 2013, nas autárquicas, os acólitos da Frelimo fizeram-no meu coNinogumana Tony Guitarra Guitarra 1978-2018 O Sistema Nacional de Saúde (SNS) esteve debaixo de pressão, nas últimas semanas, devido à ruptura de stock de um dos medicamentos essenciais para os doentes com asma. Trata-se de salbutamol, um fármaco que serve para aliviar o aperto no peito dum doente asmático passando a respirar com facilidade. Contactadas pelo SAVANA, as autoridades médicas afirmaram que o reabastecimento está em curso, sendo que em dez dias tudo voltará à normalidade. Nas ultimas duas semanas, cidadãos que padecem daquela enfermidade ficaram agitados ao não encontrarem o principal medicamento para atenuar a doença, que em alguns casos gera complicações graves, que podem levar à morte. Dinguizwayo Chicolena, técnico informático, foi um deles que, perante um quadro de emergência, se deslocou ao Hospital Central de Maputo (HCM) em busca de tratamento. Foi submetido a três sessões de aerossol. Depois foi lhe receitado o salbutamol para continuar o tratamento em casa. Dirigiu-se à farmácia do HCM na espectativa de encontrar o medicamento, mas não foi possível porque não havia. Percorreu diferentes farmácias da capital, porém a crise estava também instalada. Para a sua sorte dois dias após a incessante procura e com ajuda de um familiar conseguiu encontrar o medicamento numa farmácia privada. Com 22 anos de idade, Chiconela é um asmático-crónico e manifestou sua preocupação com falta de medicamentos no SNS, o que coloca em perigo a sua vida. Preocupada também encontramos a mãe da adolescente Luan Tamele, de oito anos de idade. Com o filho em situação crítica também se dirigiu à pediatria do HCM. Para recuperar, o adolescente foi submetido também a três sessões de aerossol e no final foi receitado salbutamol e predinisolona em comprimido. Encontrou o segundo medicamento, mas não o primeiro. Percorreu a maioria das farmácias da capital e nada. Desesperada e por não saber que futuro reservava ao filho, contactou amigos e familiares que a levaram à clínica do HCM onde conseguiu adquirir o medicamento a 239 meticais contra os cinco meticais cobrados na farmácia da maior unidade hospitalar do país. Situação controlada O director nacional adjunto da Central de Medicamentos e Artigos Médicos, Sérgio Sení, confirmou que houve uma fase em que os stocks de salbutamol eram baixos o que foi agudizado pela pressão exercida devido à crise que também se verificava nas farmácias privadas. Falando ao SAVANA esta segunda-feira, realçou que na ausência de salbutamol há outras formulas farmacêuticas que podem ser usadas para resolver o mesmo problema, tais como o salbutamol comprimidos, aminofilina em comprimidos e injectável entre outros. Sení justificou a ruptura do stock com um alegado problema com o fornecedor que mudou do agente importador, facto que terá precipitado o atraso na vinda dos fármacos ao país. Argumentou que no SNS há medicamentos que são prioridade dadas as suas particularidades e os de asma estão nessa lista. De seguida tranquilizou os pacientes, garantindo que dentro dez o problema será sanado porque desde a passada sexta-feira iniciou a distribuição nos armazéns de Beira, Nampula e Maputo. No total foram disponibilizados 45 mil bombas de salbutamol que, de acordo com Sení, são suficientes para responder às necessidades do ano todo. (Argunaldo Nhampossa) Asmáticos agitados lega de cárcere, em Mocuba. Foi ele que fez chegar “para o exterior” a detenção, antes dos telemóveis terem sido confiscados pela polícia. Aparentemente, de “mercenários da oposição” passámos ao estatuto de “terrível equívoco”. Como se nada tivesse acontecido, continuámos o trabalho. Fomos ao Gurué, regressámos a Mocuba, fizemos Namacurra a corta-mato à conta de um tal de Candrino e ainda viemos celebrar a vitória de Araújo em Quelimane. Em todos estes anos, Guitarra era o meu interlocutor privilegiado sobre as notícias “made in Zambézia”. Há umas semanas, quando veio a cadeira de rodas, percebi que o fim estava próximo. Foi a enterrar a 25 de Maio, o Dia de África, a data que Carlos Cardoso, 26 anos antes, tinha decidido ser “um bom dia para fazer nascer o mediaFAX”. Mas não te preocupes Tony, um dia destes encontramo-nos por aí, para umas tantas estórias e gargalhadas de escárnio sobre os candrinos/invernos do nosso descontentamento. Até lá! Fernando Lima Falta de medicamentos no sistema Savana 01-06-2018 9 PUBLICIDADE SOCIEDADE A Fundação Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil (Fundação MASC) tem vindo a acompanhar atentamente os passos que o país empreende em SUROGHXPDSD]GHÀQLWLYDDOLPHQWDQdo a expectativa do alcance com maior brevidade de um clima de recRQFLOLDomR H GH KDUPRQLD FRQGLomR essencial para o desenvolvimento sócio-económico de Moçambique. 1HVWH FDPSR ORXYD R VXSHULRU HPpenho empreendido pelo Presidente GD 5HS~EOLFD )LOLSH -DFLQWR 1\XVL H GROtGHUGD5HQDPR$IRQVR0DFDFKR 0DUFHWD'KODNDPDHVWHHQWUHWDQWRIDlecido a 3 de Maio. 2V SUHVLGHQWHV 1\XVL H 'KODNDPD caminharam juntos numa agenda GH GLiORJR TXH VH UHYHORX IUXWtIHUD FXMR UHVXOWDGR LQLFLDO WDQJtYHO IRL D GHFODUDomRHPSULQFtSLRVGRDQRSDVVDGRGHXPDWUpJXDSRUWHPSRLQGHWHUPLQDGRDWRGRVRVWtWXORVEHQpÀFD para a vida dos cidadãos e da economia nacional. O segundo marco importante da deterPLQDomRGRVGRLVOtGHUHVIRLRDOFDQFH dos entendimentos sobre a descenWUDOL]DomR DQXQFLDGRV HP )HYHUHLUR último e remetidos à Assembleia da República para a devida avaliação e DSURYDomR R TXH LPSOLFD D UHYLVmR pontual da Constituição. O Parlamento já se encontra a abordar HVWDTXHVWmRWHQGRQDSDVVDGDTXLQWDIHLUDDSURYDGRDSURSRVWDQDJHQHUDOLGDGH SRU XQDQLPLGDGH GDV WUrV bancadas representadas naquele órgão. Esta aprovação enche de optiPLVPRDVRFLHGDGHPRoDPELFDQDQD medida em que espera que todos os passos subsequentes não encontrem obstáculos que periguem a continuidade do processo de paz moçambicano. 3HORV UHVXOWDGRV DOFDQoDGRV DWp DR PRPHQWRD)XQGDomR0$6&FRQJUDWXOD R &KHIH GH (VWDGR D QRYD OLGHUança da Renamo e as bancadas parlaPHQWDUHVGD)UHOLPR5HQDPRH0'0 na Assembleia da República pelo sentido de nação demonstrado na abordagem ao pacote de descentralização e MENSAGEM DE ENCORAJAMENTO AOS PASSOS QUE O PAÍS SEGUE NA BUSCA DA PAZ a consequente emenda constitucional aprovada. 2 3UHVLGHQWH 1\XVL DR PDQLIHVWDU a disposição em continuar o diálogo político com a nova liderança da 5HQDPR H RV SDUWLGRV SROtWLFRV FRP DVVHQWRQR3DUODPHQWRDRSURQXQFLDrem-se positivamente sobre a proposta de revisão pontual da Constituição da República para contemplar os entendimentos sobre a descentralização JRYHUQDWLYD QR SDtV HQFKHP GH HVSHUDQoD R SRYR PRoDPELFDQR VHGHQWR GH XPD SD] GHÀQLWLYD H TXH VH traduza num clima de concórdia que conduzirá o país para outras agendas LJXDOPHQWH SULRULWiULDV SRUpP KLSRtecadas pelos obstáculos à paz. Dentre essas agendas constam a luta pelo progresso social e económico do povo moçambicano. 1HVWH FRQWH[WR D )XQGDomR 0$6& muito encoraja o Presidente da República e a nova liderança da Renamo a continuarem o empenho na busca de entendimentos nas questões remanescentes nas discussões na busca GDSD]SDUDRSDtVFRPrQIDVHSDUD o dossier sobre a desmilitarização da Renamo e enquadramento dos seus KRPHQVH VXDVIDPtOLDVQDVGLYHUVDV HVIHUDVGDYLGDGRSDtVRTXHFRQVXEstanciará a verdadeira reconciliação QRVHLRGDIDPtOLDPRoDPELFDQD ,JXDOPHQWHD)XQGDomR0$6&HQFRraja os partidos políticos e outros actores directa ou indirectamente envolvidos no processo de paz moçambicano a manterem o sentido de compromisso igualmente demonstrado pelas bancadas parlamentares. $WRGDVDVRXWUDVIRUoDVYLYDVGDVRFLHGDGH QRPHDGDPHQWH RV SDUWLGRV SROtWLFRV H[WUDSDUODPHQWDUHV FRQÀVV}HV UHOLJLRVDVDVVRFLDo}HVGH YiULD tQGROHSDUFHLURVGHFRRSHUDomRHWF e aos cidadãos moçambicanos em JHUDOD)XQGDomR0$6&DSHODDXP acarinhamento contínuo ao processo que se espera termine o mais brevemente possível com o alcance do bem mais ansiosamente aguardado pelo povo: a paz. 10 Savana 01-06-2018 SOCIEDADE A lex Vines, fundador e director do Programa de África da Chatham House, o prestigiado think tank britânico, conhece Moçambique desde 1984. Publicou um livro em 1991 (Renamo: terrorism in Mozambique) e integrou a equipa eleitoral da UNOMOZ, a missão da ONU que acompanhou as presidenciais de 1994, em Chibuto, província de Gaza. Vines é o tipo de analista que, a seguir à morte de Afonso Dhlakama, telefona a várias pessoas da Renamo e da Frelimo para tomar o pulso ao ambiente político. Diz que os ex-guerrilheiros continuam a ter muito poder e que a escolha de Ossufo Momade para supervisionar a transição da Renamo após a morte do líder histórico o coloca como o candidato mais forte na linha de sucessão. O que viu de relevante em Moçambique desde a morte de Dhlakama, a 3 de Maio? Foi muito importante o facto de o funeral ter tido muita dignidade. O discurso do Presidente de Moçambique e de outras pessoas no funeral; a presença de diferentes grupos da Renamo nas cerimónias; do outro partido, o MDM [Movimento Democrático de Moçambique], com Daviz Simango e José Domingos; e até Ivete Fernandes, viúva do antigo secretário-geral da Renamo [Evo Fernandes, assassinado em Lisboa em 1988]: tudo isso foi muito importante e vai ajudar a Renamo no futuro. A nomeação de Ossufo Momade como líder interino também é uma boa decisão, porque uma parte-chave da Renamo são os militares e os funcionários públicos de meia-idade. Ossufo vai conseguir gerir essa transição de forma responsável. Tive uma surpresa: a intervenção no funeral de Ivone Soares, a sobrinha de Dhlakama. Percebo que é uma das candidatas à sucessão de Dhlakama, mas nas cerimónias fú- nebres soou deslocada. Avaliou mal a situação, usando-a para aumentar a sua base de apoio na corrida à liderança do partido. O que quer dizer com “má avaliação”? O Presidente Nyusi mostrou atitude de Estado e sensibilidade, dada a história difícil entre a Renamo e a Frelimo. A única nota desafinada foi Ivone Soares. A meu ver, isso significa que ela estará a sentir-se sob pressão e enfraquecida. Ela apoiava-se muito no tio. A morte de Dhlakama muda essa dinâmica. O que o impressionou tanto na intervenção de Ivone Soares? Estava muito emocionada, não usou um tom muito conciliador, tentou apelar ao apoio dos jovens da Renamo, mostrou demasiado as suas credenciais — deixando claro que era a sobrinha de Dhlakama e líder da bancada parlamentar da Renamo na Assembleia da República. Foi um discurso que surpreendeu. Em inglês dizemos raised eyebrows. E, no caso, Ivone Soares fez enrugar a testa à Frelimo, aos diplomatas e até na própria Renamo houve caras de espanto. É claro que ela estava comovida. Dhlakama é da família, não é apenas o seu líder. Isso explica uma parte. Mas também é indicativo de que a luta pela sucessão está em cima da mesa. Na Renamo, há alas que a vêem como uma mulher demasiado jovem, urbana e cosmopolita para representar o partido. Qual é a sua leitura? Tudo isso é verdade. Não me parece que um moçambicano de 40 ou 50 anos que vive em Sussundenga [Manica] ou Gorongosa [Sofala] lhe dê grande atenção. O poder de Ivone Soares decorre muito do seu tio. Ela é uma senhora de Maputo, cosmopolita e urbana. E, além disso, não tem muito autocontrolo e tem grande dificuldade em perdoar a Frelimo. É neste aspecto que ter Ossufo Momade como figura de transição — e ele pode vir a tornar-se o líder da Renamo — é uma boa escolha. Ele é mais ponderado, tem a experiência da guerra, tem o respeito dos antigos combatentes. Alguma imprensa, sobretudo da África do Sul, disse que “a Renamo de Momade” ameaçara abandonar as negociações de paz com a Frelimo, mas não é de todo verdade. Não há dúvida sobre qual é a vontade da Renamo: eles querem acordos de paz duradouros. O processo de paz vai avançar. Esse foi o último desejo de Dhlakama. Ele compreendia as pessoas do centro de Moçambique, que são as bases do partido. Sabia o que elas querem. Hoje, as bases da Renamo são pessoas de meia-idade: querem oportunidades para os filhos. Isso significa que há aqui uma possibilidade. Mas os políticos têm de agir com boa-fé. Tanto a Renamo como a Frelimo. Civil ou militar: qual é o melhor perfil para o futuro líder da Renamo? A escolha terá que ser feita pelo partido. Na Renamo nunca houve discussão democrática. Tudo girou sempre em torno do comandante Dhlakama. Vamos ver quão aberto vai ser este debate. Mas o facto é que a principal base de apoio da Renamo são os ex-guerrilheiros do centro de Moçambique. São eles que dão à Renamo o poder negocial que obriga o governo a negociar e a chegar a compromissos. Imagino que os militares vão ter um papel predominante nesta questão. A escolha de Ossufo Momade para supervisionar a transição já mostra isso. Dos três interessados ao lugar — Ivone Soares, Bissopo e Momade — ele está, naturalmente, na posição mais forte. É um antigo guerrilheiro. Bissopo é de uma geração mais nova, nunca lutou na guerra civil, que acabou em 1992. Aliás, uma das coisas incríveis da Renamo é que os “seus” jovens votam no partido, mas não querem lutar por ele. Há anos que toda a actividade militar da Renamo é feita por homens de meia-idade e são eles próprios que dizem aos jovens para se manterem afastados do conflito e concentrarem-se na sua educação. Esta é uma questão geracional. E é um sinal forte de que a Renamo quer encontrar uma solução duradoura para as questões pendentes. Parece que a eleição dos governadores [das províncias, hoje nomeados pelo Presidente da República] está resolvida: a Frelimo já concordou e só falta oficializar. Quanto aos outros temas pendentes integração dos ex-militares nas forças de segurança nacionais e a desmobilização — há um acordo praticamente fechado. Quando Dhlakama morreu, estavam a oito semanas de o terminar. Uma das fraquezas de Dhlakama era ser inconsistente A morte de Dhlakama ajuda ou complica esse processo? A curto prazo, vai desacelerar o processo. Penso que não vão conseguir anunciar um acordo dentro das oito semanas previstas — vão estar ocupados a encontrar um novo líder. Mas a longo prazo, e se o Governo agir de boa-fé, pode significar a sobrevivência do acordo. Uma das fraquezas de Dhlakama era ser inconsistente. A sua opinião era a da última pessoa com quem tinha falado. Melhorou muito com os anos, mas a complexidade da sua personalidade pode significar que a implementação dos acordos que venham a ser feitos seja mais fácil e mais duradoura sem ele. Nesse aspecto, Momade é muito diferente. A Renamo ainda não decidiu se o novo líder será escolhido num congresso extraordinário, pelo Conselho Nacional ou por um Conselho Nacional alargado. Ainda é um partido sem regras internas claras? Sim. Os congressos da Renamo foram sempre simples exercícios de confirmação de Dhlakama. Até houve um congresso que teve de ser feito por telefone: Dhlakama estava escondido no centro, ligou para a Beira, onde os militantes estavam reunidos, e foi reconduzido por telefone. Para mim, o que é surpreendente é a Renamo — mesmo tendo Dhlakama estado várias vezes à beira de ser morto pelo Governo — nunca ter acreditado que um dia ele morreria. Estavam totalmente impreparados para a sua morte. Isto também mostra que Dhlakama era um homem muito inseguro e que nunca deu espaço para que outros emergissem — talvez a excepção tenha sido, um pouco, a sobrinha. Na Renamo, a sucessão nunca foi tema de debate. Uma das questões é saber se a Renamo tem fundos para fazer um congresso extraordinário para eleger o futuro líder. A Renamo não tem dinheiro, tem muito pouca experiência e todas as pessoas do partido com quem falei nos últimos dias estão muito traumatizadas com a morte de Dhlakama. Não há instituições, não há procedimentos. Os congressos do partido nunca foram democráticos. O paradoxo é que Dhlakama autoproclamou-se “pai da democracia de Moçambique” — e a Renamo forçou, com sucesso, a abertura do espaço político —, mas nunca houve democracia na Renamo. O primeiro congresso foi organizado pelo governo da África do Sul no tempo do apartheid. A história da Renamo está cheia de contradições. Infelizmente é para “inglês ver”, nada mais. Nesse sentido, a Frelimo, com as suas facções, sempre foi mais democrática. Desde que Dhlakama regressou à violência armada, a disciplina foi reforçada. O regresso à violência armada, em 2013, foi uma forma de reafirmar a sua autoridade. É realista a Renamo adiar a escolha do novo líder durante meses? A Renamo só vai precisar de resolver a questão da liderança no princípio de 2019. Nessa altura, precisam de um candidato para as eleições presidenciais. Para as autárquicas não é muito relevante. Provavelmente vão concorrer com Ossufo Momade e podem à mesma conseguir bons resultados, uma vez que há muitos moçambicanos decepcionados com a Frelimo. Nas últimas autárquicas, a Renamo não concorreu e o MDM ficou com os seus votos. Neste momento, uma das questões é saber se haverá uma plataforma comum da oposição. Esta “nova era” é uma possibilidade para uma democratização interna da Renamo? Os políticos profissionais da geração mais nova, como Ivone Soares e Bissopo, dizem que os militares não devem controlar a Renamo e que é necessário mais democracia. Vamos ver. Suspeito que o coração da Renamo continuará a ser formado pelos militares do partido: são eles que têm as armas, são eles que têm poder sobre a Frelimo, pois podem forçá-la a regressar às negociações — e um dos resultados disso poderá ser a eleição dos governadores das províncias e a Renamo ganhar cinco províncias, o que seria um enorme sucesso. Nunca tiveram nenhum. Sim e isso terá sido interpretado por Dhlakama como um sinal de que tão cedo não seria Presidente de Moçambique. Para a sobrevivência da Renamo, ele tinha de mostrar algum progresso e eleger governadores era uma forma de o fazer. Mas a Frelimo também tem de compreender que, numas eleições livres, poderá perder a maioria na Assembleia da República. Para um partido de libertação nacional que está no poder esse é um cená- rio muito difícil de aceitar. (publico.pt) “Hoje as bases da Renamo são pessoas de meia-idade: TXHUHPRSRUWXQLGDGHVSDUDRVÀOKRVµ ALUGA-SE CONTENTOR DE 20 PÉS PARA MERCEARIA, /RFDOL]DGRQD$Y/XUGHV0XWROD0DJRDQLQH 3HUWRGD3DUDJHP)LPGR0XUR Contactos: 82 8815880/84 0651802 Alex Vines Savana 01-06-2018 11 PUBLICIDADE SOCIEDADE ZZZSDJLQDVDPDUHODVFRP] 3(648,6$ 21/,1( +80000 +80000 +80000 Background: The International Trade Center (ITC) is the joint agency of the World Trade Organization and the United Nations and is currently implementing “PIGA - Partnership for Investment and Growth in Africa”. PIGA is a partnership of the Government of the United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland’s Department for International Development (DFID), the China-Africa Development Fund (CADFund), the China Council for the Promotion of International Trade (CCPIT) and the International Trade Centre (ITC). Project objectives: Overall Objective: Increase jobs, exports, and local development in agro-processing and light manufacturing sectors in Ethiopia, Kenya, Mozambique and Zambia; 6SHFLÀF2EMHFWLYH,QFUHDVHIRUHLJQLQYHVWPHQWDQGEXVLQHVV partnerships in the two selected sectors in the four PIGA countries. Required Knowledge and Skills of the Consultant: ‡8QGHUVWDQGLQJRIWKH&KLQHVHHFRQRPLFSUHVHQFHLQ0Rzambique, key sectors/industries operated in, trends of and drivers to Chinese investment and trade in the country; ‡ .QRZOHGJH RI LQYHVWPHQWUHODWHG LVVXHV FKDOOHQJHV WR FDI, investment and business partnerships, trade and private sector development in Mozambique; NATIONAL CONSULTANT (VACANCY) ‡([FHOOHQWZULWWHQDQGRUDOFRPPXQLFDWLRQVNLOOV WRHVWDEOLVK and maintain working relations with Chinese companies, organizations and institutions in Mozambique; ‡*RRGUHVHDUFKDQGDQDO\WLFDOVNLOOV ‡$ELOLW\WRZRUNXQGHUPLQLPXPVXSHUYLVLRQZLWKHIÀFLHQF\ competence and integrity and in harmony with people of different cultural and national backgrounds; ‡.QRZOHGJHRIWKH&KLQHVHEXVLQHVVFRPPXQLW\LQ0R]DPELque and institutional business and investment landscape in China; ‡ ([SHULHQFH LQ &KLQD$IULFD WUDGH LQYHVWPHQW RU WHFKQLFDO cooperation. ‡8QLYHUVLW\GHJUHHLQ,QWHUQDWLRQDO7UDGH%XVLQHVV$GPLQLVWUDWLRQ'HYHORSPHQW6WXGLHVRUUHODWHGÀHOG ‡0LQLPXPRI\HDURIUHOHYDQWH[SHULHQFHLQ$IULFDLQUHODWLRQ to Chinese business and investment: trade, import/export, consulting services, business and investment related institutions (Chamber of Commerce, Business support institutions); ‡)XOOÁXHQF\LQ3RUWXJXHVHDQG&KLQHVH )XOO$ELOLW\WRWUDQVlate from Portuguese to Chinese and vice versa); English language is a plus. Do you have a passion for development in Africa? and think you can ÀWLQ"SOHDVHUHTXHVWWKHWHUPVRIUHIHUHQFH 7R5 WRWKH3,*$1DWLRQDO3URMHFW&RRUGLQDWRUWKURXJKWKHIROORZLQJHPDLOmgomes@ intracen.org 7KH GHDGOLQH WR VXEPLW \RXU FDQGLGDF\ LV -XQH   12 Savana 01-06-2018 INTERNACIONAL SOCIEDADE A opção parece ser entre “governo dos mercados” e “governo do povo”. Na Itália, há três meses do voto, fala-se de novas eleições em breve. A situação de complexa virou gravíssima enquanto dois cenários se perfilam nestas horas de chamada à responsabilidade: eleições em finais de Julho ou governo neutral, com confiança no Parlamento, cujas tarefas mais importantes seriam evitar o aumento automático do IVA, aprovar a lei do orçamento e levar o País às urnas brevemente. Isto até à hora de fecho desta edição. Mas nem no melhor seriado da Netflix se poderia ter um guião tão complexo e dramático para descrever a situação política italiana, em campanha eleitoral permanente, com líderes políticos que mudam perspectiva a ritmo de um tweet, com ataques ferozes dos mercados e dos parceiros europeus. Nó Savona Após várias tentativas, o Presidente da República Sergio Mattarella, indigitara um primeiro-ministro, Giuseppe Conte – um jurista sem alguma experiência política - aceitando as indicações de Liga e Movimento 5estrelas. Conte durou pouco. Mal apresentou a lista dos ministros, Itália viu-se debaixo do fogo cruzado dos mercados e dos parceiros europeus. O nome de Paolo Savona para a pasta da Economia fez saltar a formação do 65º governo da República italiana. O obstáculo insuperável foi este senhor de 82 anos com alto curriculum”, que decidiu a certa altura “tirar as pedrinhas dos sapatos” sobre o euro, o domínio alemão, a necessidade de renegociar muitas coisas inclusive algumas que Bruxelas e Berlim consideram não objecto de negociações. Um pouco aquilo que aconteceu na Grécia com Yanis Varoufakis. Mas o mundo viu o que aconteceu: o fecho das torneiras dos ATM a um inteiro País e a cabeça do economista. Foi traição? Os poderes existem e podem pôr de joelhos um País. Itália está a viver a questão fundamental das democracias nacionais com os vínculos económicos internacionais. O povo é soberano, mas hoje não se pode fazer como querem os partidos escolhidos pelos cidadãos e o Presidente Sergio Mattarella usou as suas prerrogativas para salvar Itália do mesmo massacre que arruinou a Grécia. Há alguns dias, Angela Merkel teria afirmado: “Também com a Grécia de Tsipras foi difícil, depois chegamos a um acordo”. O Presidente da República até foi acusado de “traição” da Constituição e alvo de ameaças virulentas, chegando ao vilipêndio, nas redes sociais. Essas últimas, verdadeiras protagonistas da comunicação dos líderes políticos: Matteo Salvini, líder da Liga, por exemplo, em directa Facebook diária a partir dos telhados de Roma. Luigi Di Maio, líder do Movimento 5 estrelas, juntamente com outros, falou, depois retirando a acusação, de impeachment. “A geração Wikipedia é ignorante – escreveu um famoso analista italiano – e vota políticos ignorantes. Vivemos num mundo onde os problemas nunca foram tão complexos. Mas o mundo das redes sociais pensa que as soluções sejam sempre simples. E se os problemas não se resolvem, é sempre culpa de um complô…” Os mercados reagiram muito mal. A diferença entre os rendimentos dos títulos com vencimento em 10 anos na Itália e Alemanha, chamado “spread”, alcançou mais de 300 pontos, o maior nível desde novembro 2013. A Bolsa de Valores de Milão continuou a abrir rem baixa, com a situação política na Itália pesando também no valor da moeda europeia. A situação política italiana vista como um referendo para sair da zona Euro provocando desconfiança nos investidores e abalando outros países europeus, onde os juros também dispararam para títulos de longo prazo. O governador de Bankitalia foi claro: “Lutar para mudar dentro da Europa se pode, mas sem ela Itália é perdida”. “Bomba” alemã Entretanto, logo a seguir um artigo bombástico do jornal alemão “Der Spiegel” que chamara os italianos de “parasitas agressivos” chegou a “bomba” do comissário europeu, o alemão Gunther Oettinger, responsável pelo orçamento, afirmando que “os mercados e o spread darão um sinal aos eleitores italianos a não escolher os populistas de direita e esquerda.” Seguiram-se desculpas formais, mas pouco serviram, mostrando mais uma vez a credibilidade política “débil” de Itália. A tempestade virou tsunami: Itália ficou sob ataque dos especuladores financeiro. Foi o único momento onde se viu todos os italianos, de todas as cores políticas, unidos num abraço patriótico. O presidente Mattarella escolhera Itália à beira de um ataque de nervos Por Paola Rolletta, em Roma* O nome de Paolo Savona para a pasta da Economia fez saltar a formação do 65º governo da República italiana O Instituto Politécnico de Geologia e Ciências de Saúde com sede na cidade de Quelimane tem aberta, vagas para DOCÊNCIA com formação de nível superior para leccionar os níveis 3, 4 e 5 do QNQP (Quadro Nacional de 4XDOLÀFDo}HV3URÀVVLRQDLV DFUHVFLGDGH&HUWLÀFDGR%SDUDRVVHJXLQWHV&XUVRV 1.ENFERMAGEM GERAL (nível médio) 2º ANO SEMESTRE IV Disciplinas (Modulares) $WHQomR%iVLFDGH6D~GH %LRHVWDWtVWLFDH,QYHVWLJDomRHP6D~GH Liderança, Gestão e Administração em Enfermagem Ensino em Enfermagem 2. ENFERMAGEM SAÚDE MATERNO INFANTIL (nível médio) 2º ANO SEMESTRE IV Disciplinas (Modulares) %LRHVWDWtVWLFDH,QYHVWLJDomRHP6D~GH Saúde da Comunidade Liderança e Gestão dos Serviços de SMI 3. TÉCNICO DE MEDICINA GERAL (nível médio) 2º ANO SEMESTRE IV 'LVFLSOLQDV 0RGXODUHV 6LVWHPD8ULQiULR Pediatria Geriatria Gestão e Administração II Principais funções e responsabilidades: ‡7HUKDELOLGDGHVGHOHFFLRQDUFRPRVLVWHPD0RGXODUYLUDGRDSDGU}HVGHFRPSHWrQFLDVFULDUHJHULUDUTXLYRVGH evidências. ‡(QWUHJDGH&XUULFXOXP9LWDHQRVHVFULWyULRVGR,QVWLWXWR3ROLWpFQLFRGH*HRORJLDH&LrQFLDVGH6D~GH$YGH -XQKRQR7HORXipgcienciasaude@gmail.com Prazo de entrega 13/06/2018 ANÚNCIO DE VAGA o economista Carlo Cottarelli para um governo “neutral” para administrar o País até novas eleições. No entanto, esse governo formado por técnicos e comandado por Cottarelli, ex-director executivo do FMI para Itália durante 30 anos, ficou “congelado” antes de nascer. Mercados não votam, mas vendem O que está acontecer na Itália é um choque institucional que revela a contradição mais terrível do nosso tempo, isto é a convivência - que às vezes é impossível - entre as democracias e o livre mercado. E isto acontece apenas um século depois quando se pensava que somente um mercado livre permitisse o surgimento das democracias. Hoje as democracias estão fechadas nos limites de Estados que já não têm autonomia de escolha. A esta armadilha epocal, a reacção só pode ser o neonacionalismo a menos que a democracia seja de facto supranacional. Medos e borboletas A próxima será uma campanha eleitoral com a tónica, “europa sim, europa não”. Mesmo sendo Itália um dos países fundadores da UE, mesmo sendo a terceira economia, regista-se um sentimento rancoroso contra a Europa por causa de uma armadilha mortífera: a questão dos migrantes. Medo social, medo de perder o trabalho, pela segurança pessoal, por uma situação julgada incontrolável ou não controlada. Não importa quão real seja esse medo. Importa quão seriamente é percebido. A UE sempre se trincheirou atrás do Tratado de Dublino - os migrantes ficam no País onde chegam primeiro - e pouco tem feito para a gravíssima situação. A campanha “os italianos primeiro” - mesmo se instrumental - reivindica direitos sócio-económicos. Tudo o resto é “efeito borboleta”. Fazendo minhas as palavras de um antigo correspondente na Itália do jornal “Le Monde”, Jacques Nobércourt, “Cuidado com aqueles que perceberam tudo da situação política italiana e a explicam de forma clara. Certamente estão mal informados”, espero não ter sido muito clara… *Especial para o SAVANA SOCIEDADE Savana 01-06-2018 13 PUBLICIDADE 14 Savana 01-06-2018 Savana 01-06-2018 15 NO CENTRO DO FURACÃO C onsiderando a diversidade das audiências, assim como a necessidade que tinha de oferecer uma abordagem que interessasse a todos os participantes, decidi trazer à mesa esta reflexão sobre o que é ser professor num contexto de ensino baseado em competências. Não trago uma grande elaboração que os que prezam os cânones acadêmicos possam esperar; mas quero transmitir um conjunto de factos e reflexões que resultam da minha experiência de cerca de 10 anos de trabalho nas salas de aulas. Esta reflexão é ainda sustentada pela minha consciência de cidadania e minha convivência na Universidade desde a licenciatura até ao Doutoramento que me permitiram traçar um tipo ideal próprio do que é um professor e que desafios se esperam de um professor, sobretudo num contexto em que a sociedade precisa, para além de licenciados habilitados a fazerem coisas, também dotados de elevada consciência ética e valores nobres de cidadania. Mais do que uma aula - entendo aula como espaço simbólico de troca ou produção de conhecimentos entre professor e estudantes -, proponho esta reflexão sobre a nossa missão, enquanto comunidade académica composta por professores e estudantes. A ideia é lançar um conjunto de desafios, baseados em elementos críticos, sobre o papel que cabe a cada um de nós, dentro de um contexto de ensino que as correntes pedagógicas apelidam-no de “baseado em competências”, no qual, os dois níveis de actores (professores e estudantes) assumem responsabilidades específicas. Ao longo desta aula, irei contribuir na compreensão do que significa um ensino virado a oferecer competências e o que se entende do papel do estudante e professor no ensino que chamo de “transformacional”; assim como as questões contextuais que limitam a qualidade dos nossos graduados e, no final, os caminhos que devemos seguir para um ensino transformacional. II. O que entender do ensino virado às competências e o papel das Universidades? Todos nós (enquanto professores) ouvimos, lemos, passamos por seminários, workshops de capacitação e falamos sobre isto: “ensino centrado no estudante”; “ensino baseado em competências”; etc., etc., etc.…Todos sabemos que, tanto os estudantes e professores, são o foco do processo de ensino; mas em poucos momentos conseguimos traduzir melhor o sentido a que se refere “o ensino centrado nos estudantes”. Nos últimos dias, tenho vindo a dedicar tempo a reflectir sobre estas questões, sobretudo pelo facto de estas colocações “ensino centrado no estudante”; “ensino baseado em competências” – na minha análise – não passarem de simples actos de fala descritivos, no seu sentido mais retórico, de algo que se diga que pouco se faz sentir. Isto é, actos de fala descritivos1 no sentido de que são palavras que ainda enunciamos sem associá-las a um sentido mais prático. Entre a realidade e o que dizemos sobre “o ensino baseado em competências” há uma larga distância. Se o nosso trabalho é um ensino que visa oferecer competência e há um grande deficit de competências nos nossos graduados; justifica-se a necessidade de pararmos e reflectirmos sobre a nossa missão. Como sabeis, ser professor é, no seu sentido tradicional uma missão, mais do que uma mera atribuição de júri que se define pela posição conferida a alguém para estar numa sala de aulas. Em latim, professor está associado a dois substantivos, o mestre (magíster) e o professor. O mestre é aquele que “manda, dirige, guia, conduz, inspecciona e que ensina”; o Professor é “o que faz profissão de, o que se dedica a, o que cultiva”. Em ambos sentidos encontramos uma palavra de autoridade, ao mesmo tempo, de orientação. Digo de autoridade porque o professor “gera ordens do qual emanam conhecimentos sob os quais os seus estudantes deverão seguir”. Sob este aspecto, mesmo que tenha havido uma conotação negativa, na idade antiga e medieval havia uma forma de interromper as questões dos estudantes com a expressão “Magister Dixit” que significa, “o mestre disse”. Por exemplo, na idade medieval foi comum o uso da expressão para evitar que se colocasse em causa a teoria “geocêntrica” – muito defendida, na altura, pela Igreja Católica - de que a terra era o Centro do Universo até que, mais tarde com a evolução da ciência, foi comprovado. Não quero aqui sublinhar o mau uso desta máxima, mas sim o sentido positivo de que o professor deve ser visto como uma autoridade de quem se deve acreditar. No segundo sentido, é que o professor é aquele que faz a profissão, dedicado e cultiva os outros. É um guia, um pedagogo e educador que mostra os melhores caminhos. Assim, o sentido da missão do professor completa-se quando ele é capaz de associar à sua posição que se baseia na credibilidade que nutre aos seus estudantes, capacidades de liderança para transformar, isto é, levar os estudantes a adquirem competências. É aqui onde reside sentido da missão do professor! Temos de entender a missão como valor mais nobre que nos permite estar ao serviço dos estudantes. Talvez não seria mais claro se dissesse, a missão expressa o que se espera que seja feito por um dado profissional ou instituição para o benefício da sociedade. Associando o que já enunciei, diríamos que a grande missão do professor é estar ao serviço do desenvolvimento de competências dos estudantes, garantindo a sua contínua transformação. Penso que até este momento, estamos em condições de fazer parte das questões fundamentais desta reflexão: Que sentido atribuímos às competências no contexto do Ensino Superior? Facilmente, podemos dizer: Queres/ estamos a formar gente competente. O que, em termos práticos, significa formar pessoas com competências? Serão os licenciados competentes aqueles que carregam certificados e são empregados pelas melhores empresas? Serão aqueles que sabem fazer coisas? No meu primeiro dia do mestrado, um dos meus professores que teve a escala de facilitar a primeira aula fez à turma a seguinte questão: Porque estais no mestrado? “Alguns saístes do Brasil, Moçambique, Porto, Coimbra à Lisboa ao mestrado na Nova, porquê?” Perguntou ele. No final da discussão que levou cerca de 10 minutos, disse: “Imaginem que, no final do curso, vocês emitam os certificados e, por acidente, o cofre onde haverem depositado o certificado seja roubado e deitado no alto mar, irão se sentir desesperados?” Nós dissemos, “claro que não”. E ele voltou a perguntar: “Porquê?”. Uma voz no fundo disse: “porque temos a possibilidade de voltar à universidade reemitir um outro diploma/certificado”. Ele abanou a cabeça dizendo, “sim e não”. Porquê sim e não?. Ele disse, “sim, pelos motivos que colocaram, as Universidades detêm uma memória institucional sob a qual os estudantes podem recorrer, sempre que casos como tais ocorram”. “Não, porque”, disse ele, “a universidade é uma instituição acreditada a conferir um grau que, por sua vez, representa um conjunto de competências que alguém deve adquirir”. “Devemos”, prosseguiu, “entender as competências como tudo aquilo que podemos fazer ou desenvolver; mesmo que o nosso certificado (neste caso, o papel que atesta o nosso grau académico), esteja distante de nós”. Isto é (parafraseio eu), a responsabilidade da Universidade não é dar um simples documento, é, através do documento, atestar que a Joana, Maria, Jordão, Clemente, etc. são pessoas acreditadas pela Instituição do Ensino Superior, para operarem doentes, para tratarem dentes, para construírem estradas, para produzirem informação, etc., etc., etc. Pois, à Universidade, é conferido um sistema bem estruturado e acreditado por um Estado para conferir essas competências. Digo, a Universidade concede o grau que dota o estudante de competências específi- cas e, como comprovativo, emite um documento sobre o qual, as entidades interessadas poderão certificar-se de que aquela pessoa é competente. Não o contrário! Para que a Universidade possa conferir um grau a alguém, não se pode bastar do seu nome ou do “Boletim da República ou licença” que a cria, ou seja, da sua condição legal resultante do facto de o Estado, através do licença, estar a lhe dar tais poderes. Deve, sim, conferir o grau porque, para além da licença (que representa a condição formal sob ponto de vista de direitos e obrigações), ela define-se como uma instituição acreditada a partir dos seus sistemas que lhe fazem produzir e reproduzir conhecimentos. Do resto, não estou para dissertar sobre o que são as universidades, mas oferecer uma ideia sobre onde nos localizamos e a importância deste espaço. Acredito ainda que o nosso desafio não é a nossa constituição ou reconhecimento sob ponto de vista formal; mas sim do ponto de vista material. III. A tese do professor como líder e o seu papel transformativo num ensino baseado em competências Entendo, em primeiro, que ser professor é liderar. Trata-se de uma função que exercemos porque ocupamos uma posição dentro da estrutura funcional da universidade que implica conduzir um grupo de estudantes a um conjunto de resultados de aprendizagem. É com base na aceitação de que os professores são líderes que desenvolvo a tese do “professor enquanto agende transformacional no quadro de um ensino baseado em competências”. John C. Maxwell, no seu livro “Os cinco níveis de liderança” defende que para sermos líderes que, efectivamente, geram influência sobre a vida das pessoas, desenvolvermos equipes produtivas, ajudarmos pessoas a serem líderes de si próprios e ajudarem os outros – que assumo que sejam também atributos de um professor - temos de levar em conta cinco níveis de liderança: i) Posição – as pessoas seguem-nos porque são obrigadas, devido à posição que ocupamos; ii) Permissão – as pessoas seguem-nos porque querem, pois as motivamos e as engajamos para que nos sigam; iii) Produção – as pessoas seguem-nos devido aos resultados que a equipe que nós lideramos gera; iv) Desenvolvimento de pessoas – as pessoas seguem nos por causa do que nós fazemos para elas pessoalmente; v) Pináculo – as pessoas seguem nos por causa daquilo que nós representamos e fazemos para elas. Maxwell diz que a posição é uma condição necessária para iniciar a liderar, pois sem ela não se pode abrir oportunidade para se estar enfrente de qualquer equipe. Mas, para quem quer produzir, deve antes de mais ter a permissão dos liderados para liderar. Isto é, temos de ultrapassar a simples dimensão posicional que nos é dada pelo contrato de sermos professores e estudantes, para uma dimensão que gera uma relação profícua e contínua com a finalidade de produzirmos competências. Ao criarmos um ambiente para todos os alunos se expressarem, estaremos no nível dois da liderança; ao promovermos competências, estaremos no nível três; e ao transformarmos os estudantes em dominadores dos conhecimentos, estaremos no nível quatro, preparando-os para serem líderes dos outros. No final, o nível cinco da liderança ensina-nos que, não só devemos transformar os estudantes em líderes para os outros; mas também devemos garantir que os estudantes continuem a seguir-nos; eles digam, efectivamente, “Magister Dixit”, não pela posição que ocupamos (pois a posição diz respeito às regras, direitos e leis e obrigações); mas sim porque para eles nós somos um exemplo para as suas vidas e tomam-nos como referências. Penso que já entenderam o fundamento da minha teoria subjacente no título desta reflexão: Professor e estudante: Que caminhos para um futuro de ensino “transformacional” e baseado em competências? Ela baseia-se nesta ideia de que ser professor é saber liderar e, para tal, além de possuirmos uma simples posição que nos é dada pela Universidade ou pelos títulos que temos; devemos motivar, engajar, envolver, receber reconhecimento dos nossos estudantes de que somos seus líderes. vi) A teoria e a prática: Porque os professores e estudantes posicionais são a moda do nosso ensino superior? Se olharmos para a nossa realidade, sem grande perícia, podemos dizer que temos no nosso sistema de ensino professores e estudantes posicionais. Isto é, professores que se limitam ao exercício da função a nível do lugar que ocupam, baseando-se em direito e ganhos. Os estudantes “posicionais” limitam a relação com os seus professores dentro dos limites que são declarados pelas autoridades, numa simples relação formal de quem diz, “faça a sua parte, eu farei a minha”. Tanto os estudantes posicionais e os professores posicionais são dois actores do processo de ensino e aprendizagem que, somente se servem da posição para representarem os seus interesses, muito aquém do que se espera: produzir conhecimentos. Se por um lado, o estudante entra na Universidade para “adquirir o seu certificado”; o professor, entra na sala de aulas para “assinar o seu livro e ganhar o seu salário”. Como podemos caracterizar o professor e estudante posicional? O estudante posicional é aquele que entra na Universidade para ter o seu certificado. Em cada uma das disciplinas, ele quer o seu “10”. Para ele, “os fins são mais importantes que os meios usados”, desde que no final seja lhe garantido o “10”. Todo o professor merecerá o seu respeito e bom nome, enquanto lhe garantir o seu “10”. O estudante posicional é resultado da nossa história e do nosso contexto que foi, durante muito tempo, um sistema reprodutor e deu valor aos títulos e sem conjugá-lo às competências. O estudante quer o seu “10” e não quer ouvir qualquer outro discurso que o coloque em risco do seu “10”. O estudante posicional adquire competência, ao acaso, ele expõe-se ao conhecimento por um mero meio para alcançar o seu certificado. Ele precisa do seu certificado para mudar a sua posição hierárquica. Ele não precisa se tornar nenhum líder de si próprio, nem de ser preparado para liderar os outros e, assim, contribuir para transformações na sociedade em que ele vive. O estudante posicional precisa do seu certificado para ganhar mais, pois o seu fim é ganhar mais e não produzir mais. Ele precisa do seu certificado porque assim foi ensinado e não tem exemplos e modelos que lhe permitam dizer/pensar o contrário; ele não teve oportunidades de professores do nível três, quatro e cinco de liderança. O estudante de “10” vive no nosso meio e define-se como a maioria de todos nós moçambicanos, pois é assim como somos orientados e ninguém nos disse o contrário: sempre acumulamos títulos, mesmo os que não temos; assim como tiramos benefícios deles. Temos um país que sempre disse que quer produzir mais, mas que pouco considerou as competências das pessoas que podem ajudar a produzir mais. Penso que outro tipo de alianças, talvez as políticas e influências são muito relevantes para o nosso mercado, pouco menos as competências que podemos oferecer. E, quando se tem uma sociedade com este tipo de sistemas, pouco se pode pensar em competências ou produtividade. Certamente, as universidades serão vistas como espaços para buscar títulos para ostentar ou mesmo representar posições. Enquanto o paradigma da nossa orientação não mudar, o estudante vai continuar a ser o de “10”, pois ele é fruto de um sistema que o reproduz, o alimenta com os benefícios do seu “10” e não é capaz de oferecê-lo alternativas para pensar o contrário. O estudante de “10” detesta o professor que o orienta com acções que o levem a competências, detesta ser colocado em novos desafios, detesta ouvir a palavra “vamos estudar”. O seu amigo preferencial é o professor posicional! O professor posicional, por seu turno, é também o resultado do sistema que nós vivemos. Não se precisa de nenhuma vocação, basta que tenha tempo a mais ou que não tenha outra coisa a fazer para sê-lo. Não estou a dizer que os que fazem outras coisas e vêm emprestar o seu tempo à Universidade são professores posicionais. Mas como disse, se eles não encarnam o sentido missão de professores, de forma efectiva, a probabilidade de serem considerados professores posicionais é maior. De uma forma resumida, podemos dizer que o professor, por posição, tem dificuldades de olhar para o seu papel com responsabilidade; faz parte de um sistema reprodutivo de título que, a cada semana (quando pode ir à universidade), assina o livro de ponto; passa mais tempo a falar de si pró- prio e, no final do semestre, ameaça, manda fazer um trabalho em grupo. Ao notar que não deixou nada para os estudantes, ele busca mecanismos de justificar-se. Depois de ter feito tudo, oferece o que o estudante posicional mais quer: o seu “10”. Um casamento perfeito!!!!! vii) O fecho: Como sair de actor de ensino posicional para transformacional? Precisamos passar de estudantes, por posição, para transformadores. Os estudantes devem ser capazes de, ao saí- rem da universidade, transformarem processos. Nós temos de passar para um sistema em que compreendemos que, ao entrarmos na Universidade, queremos adquirir competência para servir numa data profissão e o serviço implica um alto compromisso ético e competências; isso só pode ser possível de dermos o verdadeiro valor à Universidade. Enquanto formos actores que mantém a Universidade como um sistema de reprodução de diplomas e certifi- cados, nunca estaremos a contribuir para mudanças. O nosso estudante deverá ser preparado para ser aquele cidadão reconhecido pelo que faz, os seus papéis de licenciado, mestre, doutor só virão para atestar que, efectivamente, ele faz porque foi dado competências pela instituição XX E YYY…. O país já tem muitos licenciados. Já é possível ver o quão o próprio sistema está atulhado dos seus “licenciados de papel”? Quem produz e transforma, a sociedade trata de lhe arrumar o seu lugar e dá-lhe o seu devido valor. Do resto é notável que continuaremos num futuro em que as coisas serão assim, onde as redes de incompetências, tráfego de influência, clientelismo vão se reforçando, em contraposição e combate a todas as formas de dignidade, honestidade e profissionalismo. Por isso, o nosso trabalho deve ser o de formar gente que produz e transforma, não simples titulares de graus académicos ou de professores assinaram contratos de docentes. É importante realçar que temos de valorizar um ensino baseado no desenvolvimento de competências. O ensino transformacional deve colocar o diálogo entre os professores estudantes como o centro. É um ensino que se constrói com a presença, não só sob ponto de vista físico; mas uma presença que estimula uma planificação centrada no estudante e que permita que o estudante faça parte dos processos de construção de conhecimento. Os professores devem servir de referência para os seus estudantes, monitorando, avaliando, orientando, servindo de verdadeiros tutores. Quando falo de avaliação não me refiro a um meio a partir do qual os professores posicionais se servem para “chantagem”; para chumbar ou passar; mas sim para medir progressos que estão a ser alcançados; o que permitirá tomar a decisão se pode ou não avançar para outras lições, capítulos, disciplinas e níveis seguintes. A lição que um estudante transformacional deve ter quanto tem uma percentagem de avaliação abaixo de 50% é que ele ainda não está habilitado para avançar para os próximos níveis, por isso, a ideia de repetir não pode ser vista como uma punição, mas sim como uma oportunidade de aprendizagem. A ideia de avaliar no ensino transformacional é permitir que o professor, dotado de credibilidade e do poder institucional para decidir, tenha um instrumento para espelhar o nível em que os estudantes estão a progredir – passo a passo – até que adquiram as competências necessárias para que lhe seja reconhecido o nível, assim sejam licenciados, mestres e doutores. No ensino baseado em competências e transformacional, o diálogo deve ser nutrido de uma acção continuada de pesquisa que permita oferecer métodos e informações para que os estudantes desenvolvam. É um ensino feito por professores e estudantes empenhados e conscientes da sua missão, mas do que simples posição de professor e estudante. 1 Na teoria dos actos de fala, muito bem desenvolvida pelo filósofo inglês John Langshaw Autin, mais tarde perseguida por John Searle e Jacques Derrida, há uma preocupação em compreender mais do que aquilo que se designa de “enunciados descritivos” (aqueles que descrevem os estados das coisas no mundo); mas também aos enunciados que não são unicamente descritivos, estabelecendo três níveis de actos de fala: (i) os actos locutórios – que correspondem ao facto de pronunciarmos algo; (ii) os actos ilocutórios – que correspondem aos actos patentes nos enunciados em determinadas condições com certas inteções, tais como ordenar, declarar, ameaçar, baptizar, etc; isto é, o acto ilocutório ao ser comunicado executa coisas, ao ser associado a um significado (por exemplo, declarar independência; os actos enunciados pelo padre para o baptismo, etc); (iii) os actos perlocutórios correspondem aos efeitos que os actos ilocutórios causam, sobretudo quando informam sobre os efeitos (por exemplo, quando se diz, “cuidado com o cão”). Professor e Estudante: O ensino “transformacional” baseado em competências Por Ernesto C. Nhanale* * Professor de Jornalismo na Escola Superior de Jornalismo (ESJ). Excertos da aula inaugural do ano académico 2018, na Escola Superior de Jornalismo, em Maputo. Título adaptado pelo jornal Há uma larga distância entre a realidade e o que se diz sobre o ensino centrado no estudante ou baseado em competências 16 Savana 01-06-2018 PUBLICIDADE SOCIEDADE SOCIEDADE Savana 01-06-2018 17 PUBLICIDADE 18 Savana 01-06-2018 OPINIÃO Registado sob número 007/RRA/DNI/93 NUIT: 400109001 Propriedade da Maputo-República de Moçambique KOk NAM Director Emérito Conselho de Administração: Fernando B. de Lima (presidente) e Naita Ussene Direcção, Redacção e Administração: AV. Amílcar Cabral nr.1049 cp 73 Telefones: (+258)21301737,823171100, 843171100 Editor: Fernando Gonçalves editorsav@mediacoop.co.mz Editor Executivo: Francisco Carmona (franciscocarmona@mediacoop.co.mz) Redacção: Raúl Senda, Abdul Sulemane, Argunaldo Nhampossa, Armando Nhantumbo e Abílio Maolela )RWRJUDÀD Naita Ussene (editor) e Ilec Vilanculos Colaboradores Permanentes: Fernando Manuel, Fernando Lima, António Cabrita, Carlos Serra, Ivone Soares, Luis Guevane, João Mosca, Paulo Mubalo (Desporto). Colaboradores: André Catueira (Manica) Aunício Silva (Nampula) Eugénio Arão (Inhambane) António Munaíta (Zambézia) Maquetização: Auscêncio Machavane e Hermenegildo Timana. Revisão Gervásio Nhalicale Publicidade Benvinda Tamele (82 3171100) (benvinda.tamele@mediacoop.co.mz) Distribuição: Miguel Bila (824576190 / 840135281) (miguel.bila@mediacoop.co.mz) (incluindo via e-mail e PDF) Fax: +258 21302402 (Redacção) 82 3051790 (Publicidade/Directo) Delegação da Beira Prédio Aruanga, nº 32 – 1º andar, A Telefone: (+258) 82 / 843171100 savana@mediacoop.co.mz Redacção admc@mediacoop.co.mz Administração www.savana.co.mz Cartoon EDITORIAL A inseparável relação entre paz e eleições credíveis No meio desta atmosfera cínica que se apodera do mundo dois sinais de civilidade trouxeram-me algum alento. Coisas mí- nimas mas que são sintomas de que algumas mudanças podem estar em gestação e replicar-se no mundo, ainda que lentamente, porque afinal as mudanças repercutem-se por imitação. Em França, a lista de obras do programa de 2018 das provas de agregação em literatura para o ensino secundário do país inclui o livro Os Cus de Judas de António Lobo Antunes, ao lado do do britânico Joseph Conrad, O coração das trevas, e de L’acacia, do francês Claude Simon. Mas o espantoso é verificar que no programa curricular do ministério da Educação francês se encontram textos de Aristófanes, Oví- dio e Petrarca, além de Kafka, Virgínia Woolf e Gunter Grass, passando por Cervantes, Shakespeare e Dostoievski.   Este desejo de abertura é uma marca de enorme civilidade. Os franceses não se confinam ao seu umbigo e percebem que só pelo entendimento do outro podemos aceder à auto-representação. O que é a identidade? O modo como lidamos com o diferente e isso nos faz aprofundar o autoconhecimento. Não há identidade sem o outro: este, desde que nascemos, é o primeiro, é quem nos faz situar. Há uns dez anos editei em livro uma série de fábulas cujo miolo fora recolhido em Cabo Delgado. Eram borrões incipientes a que havia de emprestar algum arrumo e uma veia literária. Maioritariamente, os textos de origem foram recolhidos por quem não dominava suficientemente o português e era incipiente na arte de contar histórias. Passo agora por cima da anedota de a primeira pessoa contactada para fazer a apresentação do livro ter negado fazê- -lo porque dizia que eu utilizava termos que não se usavam em Moçambique, os mesmos vocábulos exactos que eu via usados no romance Choriro de Ungulani Ba ka Khosa, que então lia. Parece que ele podia usar esses vocábulos da língua portuguesa, eu não. O que interessa realçar é que depois do livro estar editado recebi uma novela de um amigo escritor da Amazónia e dei conta de que o enredo dele desenvolvia uma das fábulas que eu havia tratado no livro. Pouco depois estou a ler às minhas filhas uma fábula de Esopo e dei-me conta de que era igual a outra das fábulas que eu havia tratado. Uma noite decidi reler Jorge Luís Borges e deparo com um conto que tratava exactamente do mesmo tema que alimentara uma das fábulas macondes. Ora, nem os caboclos amazónicos vieram a Cabo Delgado, nem os macondes fora às pampas argentinas, nem há memória de qualquer grego ter vivido entre os macondes. Isto só tem duas saídas: ou houve contágios nos relatos orais, que as culturas locais integraram no seu repertório, ou o Carl Gustav Jung tem razão e há uma camada no nosso inconsciente em que nos tornamos todos semelhantes e os nossos magmas imaginários se tornam um, comuns. Na verdade enfrentamos todos os mesmos medos, evacuamos pelos mesmos orifícios e temos os mesmos números de ossos. Só nos distingue o modo como as diferentes culturas se relacionam com o tempo e a morte. E até aqui somos afinal mais semelhantes do que gostaríamos porque morremos todos, com a cagança revertida em caganeira.   Seja como for, o que isto representa é que não há essências e que a identidade é sempre um resultado e não uma fonte. Quando os moçambicanos tiverem a coragem de fazer o mesmo que os franceses terão dado um salto vertiginoso para a maturidade porque só pelos desafios que o diálogo traz perdemos o medo a crescer, antes desta propensão navegamos nos viciosos pântanos da intransigência e dos limites de horizonte. E como o Salazar nos podia ensinar estarmos tola e “orgulhosamente sós” não nos leva a lado nenhum, ou só ao desastre. O segundo tremendo sinal de civilidade chegou do partido espanhol Podemos e do seu líder Pablo Iglesias. Este havia questionado a capacidade do ex-ministro de Economia Luís de Gindos para gerir as contas públicas, quando este comprou uma asa que custou 600 mil euros, e reforçou que não se podia confiar em nenhum político que comprasse uma casa a tal preço. Apanhado agora em contradição, porque Iglesias e a mulher (que espera gé- meos) compraram uma asa de 600 000 euros, Pablo teve a decência de meter o seu cargo a plebiscito no partido. E saliente-se que o casal comprou a casa contraindo um empréstimo, sanável em trinta anos, não obteve os fundos para a mesma nalguma manobra de desvio das contas públicas (que era o que Iglesias insinuava em relação ao ministro). Contudo, achando que a ética na polí- tica não pode ser traída por acrobacias retóricas, assumiu a contradição e foi a votos dos militantes. Ganhou por 68, 4%. E sobretudo deu um exemplo ao mundo de responsabilidade moral. Estamos cansados de políticos em quem o único vínculo de responsabilidade visível é com a mentira, afadigando-se para não a deixarem órfã.   A votação sobre o pacote legislativo que altera a constituição e cria novas disposições no processo de descentralização foi interpretada por vários círculos políticos nacionais e estrangeiros como uma vitória da democracia, e uma abertura especial para uma verdadeira partilha do poder. Aprovada por consenso das três bancadas parlamentares, a legislação prevê a eleição dos governadores provinciais a partir de 2019, e dos administradores de distrito em 2024. Altera ainda o sistema de eleição dos presidentes dos conselhos municipais, que à semelhança dos governadores e dos administradores, será por via de uma lista partidária ou representativa de grupos de cidadãos. Estas mudanças foram efusivamente saudadas por muitos moçambicanos que consideram que já era momento de se alargar o sistema de governação no país, quebrando um paradigma bastante centralizado, que impedia os cidadãos de exercerem em pleno o seu poder de soberania ao nível das províncias e dos distritos. Essencialmente, a ideia é que passe a haver um maior poder de tomada de decisões ao nível local, contrariando o actual sistema em que independentemente do partido vencedor, o governador provincial era nomeado pelo Presidente da República. Estas alterações implicam que seja introduzido um novo pacote legislativo que altere disposições da legislação ordinária relevante. Mas a revisão da constituição não deve ser vista como tudo o que é necessário para que a paz prevaleça no país. A democracia não pode ser reduzida à existência de um conjunto de leis democráticas. Para que a democracia seja completa, é importante que todos os actores do processo político respeitem e façam respeitar essas mesmas leis. Como se sabe, o actual conflito resulta de reivindicações feitas pela Renamo, alegando que as últimas eleições gerais de 2014 teriam sido fraudulentas. A Renamo pode não ter conseguido sustentar as suas acusações com provas muito concretas, mas também quer a CNE quer o STAE não foram capazes de demonstrar uma actuação profissional que os colocasse acima de qualquer suspeita, sendo o caso mais controverso o dos editais que nunca foram disponibilizados para suportar a informação electrónica submetida pela CNE ao Conselho Constitucional. Por vezes, as reclamações da oposição só são desqualificadas por motivos procedimentais, e não necessariamente de substância. Por isso, o bom desempenho dos órgãos de administração eleitoral é um elemento crítico para se dar sentido aos acordos políticos que estão a ser alcançados, e por essa via a própria paz. Para que a CNE e o STAE realizem o seu trabalho com brilho e profissionalismo é importante que eles sejam instituições verdadeiramente independentes, livres de qualquer interferência política ou de outra natureza. Infelizmente, este não tem sido o caso. Nota-se durante todo o processo conducente à realização de eleições que os órgãos de administração eleitoral esforçam-se por fazer o melhor que podem para garantir uma eleição livre, justa e transparente, só para no fim mostrarem que tudo não passava de uma encenação. Em parte isto se explica pelos altos níveis de corrupção endêmica que contaminou quase toda a administração pública em Moçambique. Não há evidências, mas pela maneira como as coisas ocorrem é difícil pôr de lado a possibilidade de certos funcionários que aceitam incentivos para favorecer candidatos ou partidos políticos concorrentes. Em certos casos suspeita-se mesmo que os órgãos de administração eleitoral tenham sofrido uma grande infiltração. Em outros, os seus membros são mesmo alvo de intimidação ou de ameaças. Eleições são o único instrumento democrático que o povo tem para decidir sobre quem tem legitimamente o poder de assumir a liderança do Estado. Elas não podem, por isso, serem tratadas como brinquedo de um grupo de indivíduos à procura de um entretenimento que lhes faz subir a adrenalina. Elas devem ser tratadas com respeito, um respeito que em última análise é devido aos cidadãos que ao depositar o seu boletim de voto na urna, estão a manifestar a sua vontade inequívoca sobre quem querem que esteja à frente dos seus destinos. Dois sinais de civilidade Savana 01-06-2018 19 OPINIÃO 582 Email: diariodeumsociologo@gmail.com Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com O fim da colonização tinha sido um momento de grande esperança para muitos povos, seja em termos de acesso às liberdades seja no melhoramento das suas condições existenciais. Ou seja, a ideia de que as instituições que permitiriam o exercício livre das liberdades fossem mais consistentes e que a tentação autoritária fosse menos imponente. Porém, passados mais de cinquenta anos das independências africanas, o que se constata é que neste continente, salvo raras exceções, as instituições continuam ainda longe de responder a estes anseios. Muitas delas são contraproducentes. Podemos afirmar que é regra geral que as instituições sejam fracas e, concomitantemente, personalidades políticas sejam mais fortes, mais robustas do que as próprias instituições (Bayart, 1990; Achille Mbembe, 2001). Esta situação, como não poderia ser diferente, cria problemas graves na forma como as democracias - limito-me apenas à visão liberal dela - funcionam porque esvaziam a ideia da democracia como instituição e a tornam apenas um instrumento dependente e ao serviço de determinados indivíduos com capacidades, digamos, não comuns, no sentido weberiano de líder carismático. Esta situação leva-nos a cogitar sobre o impacto da personalização do poder em África. Quando lemos vários trabalhos africanistas sobre a questão da democracia, poder ou dominação em África, fica claro que África sofre do síndrome da personalização do poder. Porém, um equí- voco é preciso aqui esclarecer. O problema da personalização do poder não é nem uma característica ontológica africana nem o único lugar do mundo onde estas características são dominantes, como Daloz e Chabal (1999) tentaram fazer compreender defendendo que a personalização, portanto o autoritarismo de um líder, era uma lógica propriamente africana. Em 1960, num artigo clássico na Ciência Política francesa, Albert Mabileau (1960) constatava que os países ocidentais, dentre os quais a própria França, sofriam desse mesmo problema e que esse processo trazia problemas graves no funcionamento, continuidade das instituições políticas. Como se depreende do que acabamos de afirmar, estamos longe de substancializar a personalização do poder ao continente africano, mas queremos levantar, na continuidade de outros trabalhos, os perigos dessa personalização nas ditas democracias em África e, muito particularmente, em Moçambique. Muitos trabalhos sobre este assunto tinham o seu enfoque na personalização do poder nas estruturas governamentais (Médard, Aly Mazrui), mas como mostram as realidades do continente africano, este problema toca igualmente os partidos políticos. Não são raras as vezes que esta personalização do poder no seio do partido, portanto tendência autoritária, é um elemento central como modo preparatório para a personalização do poder no seio governamental. Esta situação é presente em Moçambique em muitos partidos políticos em Moçambique. É uma tendência grave porque coloca em perigo a própria institucionalização do poder e, portanto, da democracia em Moçambique. Sabemos que um poder personalizado não é outra coisa que não seja o poder encarnado num homem que funda a sua autoridade e legitimidade nas qualidades, reais ou não, pessoais. Esta individualização cria problemas sérios seja na emergência de líderes alternativos, aprofundamento da democracia interna, e pode criar problemas ainda graves com a fraqueza biológica ou mesmo deperecimento biológico de tal líder. Ou mesmo longe dessa fraqueza, a ideia de individualização, uso este termo como sinónimo de personalização, do poder pode ser grave quando o líder não mais poder ser líder por factores diversos num contexto em que estruturalmente ele seria útil para dar força ao seu partido ou organização. Em Moçambique, esse problema estende-se igualmente a muitas organizações ditas da sociedade civil que, criticando esse modelo de gestão do poder, reproduzem-no de forma permanente. Se é verdade que historicamente, como alguns antropólogos e sociólogos puderam observar, há uma tendência para ver o poder como um atributo encarnado numa pessoa, o poder se identifi- cava a uma pessoa, humanamente responsável pela condução sábia da sua organização, não é menos verdade que este fenómeno coloca vários problemas seja na continuidade da organização ou ainda da ideia que tal líder representava ou veiculava. Alfred Grosser (1958) no seu “democratie de Bonn...” perguntava-se o que é que uma organização democrática, e a própria democracia, quando o seu destino depende de um único homem? Esta questão tem me inquietado quando olho para a forma como muitos dos nossos partidos políticos e organizações dependem das capacidades de um homem, ou ainda quando determinados líderes perscrutam aqueles que lhe são concorrentes, como forma de assentar o seu poder. Entendo que estas situações, ou melhor este fenómeno no seio das nossas organizações, longe de serem isoladas, são a demonstração da carência de valores democráticos nessas organizações, de problemas de democraticidade e ainda, mais grave, da crise geral das democracias, se aceitarmos que os partidos políticos e as organizações da sociedade civil são fundamentais, senão mesmo indispensáveis, para a democracia liberal. Robert Dussey no seu livro L’afrique malade de ses hommes politiques permite-nos pensar que o perigo da nossa democracia está não no facto de a Frelimo ser considerada autoritária, mas, e, sobretudo, a fraqueza dos nossos partidos e organizações da sociedade civil onde um dos factores desse perigo é a personalização dessas organizações, que enfraquecem as potencialidades diversificadas dentro delas próprias. O exemplo paradigmático foi a morte do presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, cuja dignidade ninguém pode duvidar. As pessoas perguntavam-se quem vai poder substituir o líder da Renamo, como evitar que a Renamo não seja uma nova UNITA em Moçambique, entre outras preocupações legítimas. Estas preocupações são, por um lado, o reconhecimento da grandeza deste homem, por outro, são a demonstração inequívoca que as nossas instituições políticas são fracas e que, por isso, repensar a institucionalização do poder é um imperativo que se impõe a todos, pois que é disso que dependerá a vivacidade da nossa frágil democracia. A questão da personalização do poder, e decorrente disso a exaltação do líder, concorre para que, deveras vezes, se confunda a organização, portanto instituição, com a pessoa que dirige de forma menos aberta e com tendência a impor sua moralidade sem discussão. Nesse tipo de contexto em que o líder é personificado como divindade tem se constatado que as lógicas clientelistas, neo-patrimoniais ou de favoritismo reinam, o que degrada, certamente, a possibilidade dos mais capacitados desenvolverem suas habilidades. Esta ausência da possibilidade de desenvolver suas competências conduz à ideia de que para além do líder carismático, nada é possível. Por isso que, com a morte de Samora, e hoje de Dhlakama, houve uma angústia colectiva não apenas pelo amor que se tinha a essas personalidades, mas porque não se sabia que tipo de país seria possível porque essas pessoas encarnavam a totalidade do que significam as suas respectivas organizações. Penso que, desse ponto de vista, a Frelimo é exemplo, hoje, da ausência de um líder que congregue ou tenha capacidade para personalizar o poder. Guebuza tentou, mas não conseguiu, ou pelo menos falhou. Pode ser devido às várias facções internas, nenhuma delas dominantes. Ora, quanto aos outros partidos constata-se que a personalização, individualização do poder tem sido uma tendência muito forte, o que cria a ideia de que esses partidos não representam um avanço para aquilo que acreditamos ser Democracia, pelo menos, a ideia liberal de Democracia. As consequências desse tipo de relações de poder dentro desses partidos conduzem ao enfraquecimento generalizado das suas organizações, mesmo quando o líder exprime a sua grandeza discursiva ou estratégica na conjugação com outros membros, muito rapidamente temos a sensação de que não é a organização que tem a força. Sociologicamente, o que a personalização significa é ausência da pluralidade de espaços de poder, a conjunção da organização ao respectivo líder. Não são poucos os exemplos de organizações cujos líderes eram extremamente fortes mas porque não consolidaram nem novas possíveis lideranças ou novos lí- deres, as suas organizações viram-se confrontadas com problemas graves de legitimação, de institucionalização ou ainda a conflitos de sucessão por não haver consensos sobre quem deve ou não dirigir. Se os perigos da personalização do poder criam, primeiro, problemas às respectivas organizações, não há dúvidas de que a sociedade política de forma geral é afectada por esse tipo de práticas. Estas últimas são ou podem ser constitutivas da forma como o poder pode estatal pode ser gerido. Para findar, penso que o problema da personalização do poder em Moçambique é um problema que deve ser colocado como crise ou incapacidade dos líderes políticos e da sociedade civil instituírem regras democráticas a si próprios e, por isso, verdadeiros perigos para a Democracia ainda construir. Personalização do poder, fraqueza das instituições políticas em Moçambique Por Régio Conrado Uma coleção internacional [5] 20 Savana 01-06-2018 OPINIÃO SACO AZUL Por Luís Guevane P ensemos juntos: a entrega das armas por parte da Renamo militarizada é uma garantia de paz para Moçambique. Sim, é uma forte possibilidade nesse sentido. Mas poderão questionar: o que é que esteve por detrás da não entrega das armas, durante esses anos todos, sobretudo tendo como referência a assinatura do AGP (Acordo Geral de Paz) em 1992? Na nossa praça política, um número significativo de indivíduos, ao longo destas últimas décadas, manteve sempre a crença de que caso a Renamo tivesse entregue as armas por alturas dos meados da década 90 a mesma não teria sobrevivido às estraté- gias “bem elaboradas” pelo campo político-militar do partido no poder. É uma ideia a não ser descartada. A pouca ou inconsistente percepção do que é um Estado, fundamentada no célere proPossibilidade de desmilitarização cesso de sua partidarização e culminando, por isso, com o Estado-partido ou Partido-Estado, modismo do momento ideológico da altura, poderá ter criado condições para que se depositasse pouca credibilidade sobre esse mesmo Estado. Ou seja, estando a forma de Estado nas mãos de um partido político (e não um partido político sob os ditames de um Estado como tal), a desmilitarização da Renamo sem o mínimo de garantias estatais significaria, entre outras coisas, a entrega das armas ao partido político no poder e não ao Estado. Se esta acepção estiver correcta, ou próximo disso, então, facilmente se poderá estabelecer uma relação (de causa e efeito) entre a despartidarização do Estado e a entrega das armas. O discurso oficial nunca se referiu à existência de um Estado sob as amarras partidárias. Mas, como se tem dito: não basta parecer. Será que um dia, de algum lugar respeitável, virá alguma ordem ou directiva dizendo que a partir do momento X passa a ser considerado ilegal e passível de crime a existência de células de partido político ou de alguma actividade político-partidária em tudo o que se considera como sendo Aparelho do Estado? Esta questão torna-se ainda mais complexa se considerarmos válida a preocupação com a estabilidade política e social revelada no seguinte questionamento: o que será de Moçambique sem a Frelimo? Idêntica dúvida terá sido colocada pelos “tugas” na década 70: o que será deste país sem nós? E hoje: o que será do partido Renamo sem Afonso Dhlakama? As respostas vão fazendo a “roda dentada” da história de Moçambique. Questão “complexa” porque, entre outros aspectos, a despartidarização do Aparelho do Estado, por hipótese (consistente), abre alas ao aceleramento do processo de enfraquecimento do partido no poder. Não aceitando uma situação de enfraquecimento, num momento político em que a imagem do partido convoca cada vez mais produção e cuidados, logo, a “partidarização” mantém-se. Mantendo-se, voltamos ao dilema da entrega das armas. Cá entre nós: como desmilitarizar assumindo a possibilidade da existência de uma relação directa entre a “despartidarização” e a entrega das armas? A desmilitarização da Renamo pode não significar necessariamente paz e estabilidade social. Todos os partidos políticos devem desmilitarizar-se (em pensamentos, actos...), o que pressupõe a existência de um exército claramente republicano (sem intromissão/pulga partidá- ria). A separação de poderes não pode continuar a ser teórica. É só colher a experiência de alguns países vizinhos tidos como sérios. Tanto a desmilitarização como a despartidarização constituem uma urgência em todos os sentidos. N o limiar da vigésima sétima hora de vigília e solidão, Virgílio Lambo viu-se na iminência de um colapso. Tinha encetado aquela jornada para fugir ao desânimo e ao pânico que o ameaçavam. Era uma caminhada que tinha pretendido fazer a quatro – ele, Dona Flor e os seus dois maridos, obra de Jorge Amado que relia pela terceira ou quinta vez, vinho e uma pilha de discos e fitas áudio. Depois de todo aquele tempo, não poderia, no entanto, garantir que pudesse alcançar o seu objectivo. Tinha, quatro anos antes, decidido fazer tudo pela medida grande, e agora que tudo estava claramente falhado, o esboroar, o desmoronamento, a ruína do edifício que tinha construído ameaçavam ser simplesmente catastróficos. Quatro anos antes, Virgílio Lambo tinha sido um dos beneficiários de uma gorda indemnização que a sua empresa tinha pago aos seus cerca de setenta e cinco trabalhadores. A declaração da falência da empresa tinha acontecido numa altura em que Virgílio Lambo era um dos trabalhadores mais antigos. Com efeito, naquele ano ele completava vinte e sete anos de serviço como motorista. Embalado por isso e, como reconhecia agora, movido um pouco por ingenuidade, um pouco por megalomania, um pouco por mau cálculo das suas próprias capacidades, ele meteu-se na aventura de, a partir daí, criar uma pequena frota de transporte urbano. Pegou em grande parte do bolo da indemnização, foi à África do Sul e comprou uma carrinha, com que começou a fazer carreira urbana em Maputo. Naquela época, ele foi bafejado por aquilo a que Paulo Coelho, na sua obra O Alquimista, chama de “sorte de principiante”: tudo caminhou sobre rodas e Virgílio Lambo viu o seu investimento prosperar rapidamente, uma vez até que era ele próprio que conduzia a carrinha nas suas rotas, enquanto o seu sobrinho, filho da sua irmã mais velha, que tinha estado desempregado, servia como cobrador. Ao fim de um ano, tinha amealhado bastante. Aplicou as suas poupanças na compra de uma segunda carrinha e, como bom seguidor das tradições das suas linhagens, como dizia aos seus amigos para se esquivar, fez-se de malas e foi a Zandamela lobolar e montar casa para uma segunda mulher. Fez-lhe dois filhos naquele período e abriu-lhe um pequeno negócio de venda de peixe a partir das compras nas lagoas de Zavala. Sentia-se próspero e feliz, e preparava-se mesmo para a eventualidade de ter uma terceira mulher, isto sem que a sua primeira soubesse ou desconfiasse de coisa alguma. Era o seu segredo. Poderia ter sido segredo eternamente, se seis meses depois da compra da sua segunda carrinha ele não tivesse sido interceptado por uma brigada vinda da África do Sul, que estado a seguir a pista da carrinha. Era simples: a carrinha tinha sido roubada em Joanesburgo. Foi-lhe confiscada sem que lhe tivesse sido devolvido sequer um tusto do seu investimento. Contrafeito e um pouco atordoado, Virgílio Lambo começou a andar um pouco à deriva. No fundo, tinha investido naquela carrinha grande parte dos lucros que tinha feito durante dois anos. No meio do desespero, acabou por se abrir com um amigo, a quem revelou que lhe estava a ser difícil gerir as duas casas que tinha, uma em Maputo, com a mulher e três filhos, outra em Zandamela, com a outra, dois filhos e um negócio que, por falta de boa gestão, só lhe dava mais apertos financeiros. Aconselharam-no então a ir pedir empréstimo num banco. Foi o seu golpe de misericórdia. Precipitou-se em demasia e não viu quais eram as implicações que estavam subjacentes às letras gordas e atractivas da parte principal do contrato. Não eram propriamente armadilhas; ele é que devia ter sido um pouco mais prudente. Viu-se desta vez, e definitivamente, na corda bamba. Porque, como hipoteca, também tinha dado a sua casa, quando se viu impossibilitado de cumprir as letras, o banco ameaçou com a possibilidade de lha confiscar. Naquela noite, Virgílio Lambo iniciou a sua caminhada naquela solidão a quatro – ele, Dona Flor e os seus dois maridos, o vinho e a pilha de discos e cassetes áudio. No fim dessa caminhada, sentia que não só não tinha conseguido fugir ao desespero e ao pânico que o ameaçavam, como também se encontrava à beira do colapso total. Tomou consciência de que tinha acumulado uma série de erros por excesso ou de confiança ou de ingenuidade, ou por megalomania. No entanto, lembrou-se de uma frase que tinha lido algures: “Coragem não é não ter medo. É ter capacidade de vencer esse medo”. Decidiu-se então a vencer o seu medo e prosseguir viagem. Desligou a aparelhagem, engorgitou o último trago de vinho, fechou o livro, banhou-se e decidiu ir à luta. Não sabia exactamente como, mas sabia que o caminho só podia ser para frente. Pecar por excesso J oão Lourenço voou até França, na sua primeira visita oficial à Europa enquanto chefe de Estado. Mal foi eleito, JLo fez uma visita privada a Espanha, onde deu a sua famosa entrevista à agência de notícias espanhola EFE, durante a qual afirmou que queria ser o Deng Xiaoping de Angola. João Lourenço gosta de viajar. Não surpreende a viagem de JLo a França. São conhecidos os avultados investimentos da petrolífera gaulesa Total, que é a operadora estrangeira n.º 1 em Angola, bem como a mais antiga. Por outro lado, as negociatas entre as elites angolanas e francesas são vetustas, tendo sido expostas, embora sem consequências abrangentes, no famoso caso Angolagate. Aliás, José Eduardo dos Santos, um presidente bastante mais recluso do que JLo, visitou Paris em 2014, onde se reuniu com François Hollande. Do ponto de vista da política externa, a viagem e as declarações de João Lourenço – segundo as quais “o interesse em sermos membros, de alguma forma, como observadores ou membros de pleno direito, da organização internacional da francofonia, pelo importante papel que joga no mundo, mas muito em particular no nosso continente” – são um forte sopapo nos contorcionismos da diplomacia e da justiça portuguesas, que, mesmo depois de se terem submetido aos desejos de Lourenço no caso Manuel Vicente, se vêem secundarizadas. A lusofonia não se afirma pela submissão ou fraqueza, mas pelo exemplo e carácter. Se há novidade nesta viagem — e, no fundo, é uma repetição do passado – é a forma como João Lourenço se deslocou a Paris. Não consta que Angola tenha resolvido a sua crise financeira, ou se tenha tornado num potentado árabe, e no entanto João Lourenço viaja como tal. O avião que utilizou na sua deslocação não pertencia ao Estado angolano, nem à companhia aérea angolana. Aparentemente, recorreu a um avião alugado à empresa Deer Jet. Esta é uma empresa privada chinesa que se dedica aos alugueres da aviação de luxo. O avião de JLo era um Boeing 787 Dreamliner opulentamente decorado pelo francês Jacques Plerrejean. Não vamos descrever as amenidades que o avião tem, o luxo asiático, o conforto elitista, o design arrojado. Limitamo-nos a informar os nossos leitores de que o aluguer do avião custa €70.000 por hora. E perguntamo-nos se o Estado angolano ou a sua companhia aérea não têm aviões para levar JLo a Paris. Sim, Paris é a cidade do luxo, mas JLo não vai a Paris fazer compras e mandar fechar o Faubourg Saint Honoré, como faziam alguns ditadores da francofonia quando queriam comprar vestidos Dior e carteiras Hermès para as suas mulheres e amantes. JLo foi a Paris anunciar um novo ambiente para o investimento em Angola. No entanto, os fantasmas do passado, a opulência do nababo, repetem-se. É necessário alugar um avião à China para ir de Luanda a Paris por um preço que possivelmente ultrapassará um milhão de dólares? Afinal, que sinais, além dos retóricos, quer João Lourenço dar? *makaangola.org JLo em França: os Hábitos de Nababo permanecem Por Moiani Matondo* Savana 01-06-2018 21 PUBLICIDADE Em Moçambique há uma Instituição Financeira de Desenvolvimento reconhecida além-fronteiras AADFI - Associação Africana das Instituições Financeiras de Desenvolvimento criada em 1975, sob os auspícios do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) Anabela Mucavele, Administradora Executiva da Gapi-Si, recebendo o Galardão das mãos de Patrick Dlamine, Chairman da AADFI e CEO do DBSA Savana 01-06-2018 23 DESPORTO DESPORTO PATROCÍNIO Assinatura do jornal A partir de 01 de Agosto de 2017 DESTINO PERÍODO Trimestral Semestral Anual TODO O PAÍS 1.000,00mt 1.850,00mt 3.500,00mt USD 20,00 USD 35,00 USD 60,00 PAÍSES DA SADC USD 40,00 USD 75,00 USD 130,00 RESTO DO MUNDO USD 50,00 USD 100,00 USD 200,00 Assinatura versao electrónica USD 25,00 USD 40,00 USD 70,00 Cada período é renovável em qualquer altura do ano. Entrega ao domicílio nas Cidades de Maputo, Matola e Beira. Aceitamos propostas para novos agentes, distribuidores e angariadores de assinaturas em todo território nacional. Para mais informação contacte: Miguel Bila, 82 4576190 / 84 0135281 / 87 0135281 (miguel.bila@mediacoop.co.mz, mediafax@mediacoop.co.mz, mediafaxm@gmail.com) Danilo Matsimbe, 82 7356980 / 84 5723175 APBX, 21 327631 / 21 301737 / 82 3171100 / 84 3171100 Fax, 21 302402 / 21 304265 admc@mediacoop.co.mz A StarTimes Moçambique, provedora de serviços de televisão digital pago, anunciou, semana-finda, que irá transmitir, ao vivo e em alta definição (HD-high definition), os 64 jogos do Mundial de futebol Rússia 2018. A competição, que decorre de 14 de Junho a 15 de Julho naquele país do velho continente, vai juntar 32 duas 6WDUWLPHVWUDQVPLWHRVMRJRVGR0XQGLDOGD5~VVLD selecções, das quais cinco africanas, nomeadamente, Egipto, Senegal, Marracos, Nigéria e Tunísia. A informação foi revelada por Eunice Andrade, gestora relações pú- blicas e comunicação da StarTimes Moçambique, durante um evento que serviu, igualmente, para apresentação de um aplicativo denominado por OTT, com mais de 140 canais em alta definição, adaptado para smart phone, que permite assistir, de forma gratuita, os canais oferecidos pela StarTimes. Durante a copa do mundo, adiantou Andrade, todos os jogos ao vivo, destaques completos, da preparação do mundial, entrevistas, análises e programas de revistas no StarTimes World Football e no StarTimes Sports Premium serão oferecidos em HD. A responsável de relações públicas e comunicação da Startimes revelou ainda que, no âmbito do projecto de televisão por satélite, lançado recentemente na província da Maputo, com objectivo de expandir o sinal de televisivo a mais de 500 vilas recônditas do país, serão montadas telas gigantes nas escolas e centros de saúde e também em algumas residências para que as populações possam assistir aos 64 jogos do mundial de futebol. (Redacção) A distribuidora de televisão por satélite, Multichoice Moçambique, vai transmitir, através dos seus canais Super Sport, os 64 jogos da XXI edição do Campeonato Mundial de Futebol, a ser disputada na Rússia, de 14 de Junho a 15 de Julho. A informação foi avançada pelo Director de Comunicação, Pedro Langa, tendo assegurado ainda que os painéis serão compostos por especialistas da modalidade, que irão acompanhar e comentar os bastidores e todas as partidas da competição. Acrescentou ainda que os usuá- rios do “Explora” beneficiarão do 0XOWLFKRLFHWUDQVPLWH PXQGLDOGD5~VVLD serviço de cacth up, onde poderão ser encontrados os destaques, resultados, calendário e jogos realizados adicionados à função recuar, pausar e gravar. “A GOtv vai transmitir os jogos do Mundial, sendo 54 jogos para o pacote Essencial e todos no pacote GOtv Plus e Max, contando com uma transmissão digital”, disse a fonte, revelando também que a GOtv Lite não irá transmitir nenhum jogo. Refira-se que o campeonato do mundo do futebol contará com a participação de 32 selecções, das quais cinco africanas, nomeadamente, Nigéria, Senegal, Egipto, Tunísia e Marrocos. 24 Savana 01-06-2018 CULTURA O Centro Cultural Brasil-Moçambique acolhe no dia 6 de Junho, às 18h30, a homenagem ao escritor brasileiro, Guimarães Rosa, intitulada A Terceira Margem do Rio, com entrada a cem meticais. Trata-se de uma homenagem ao aniversário de nascimento de Guimarães Rosa, que nasceu a 27 de Junho de 1908. A Terceira Margem do Rio conta-nos a história de um homem que evade de toda e qualquer convivência com a família e com a sociedade, preferindo a completa solidão do rio, lugar em que, dentro de uma canoa, rema “rio abaixo, rio a fora, rio a dentro”. O narrador-personagem, vivido pelo actor Expedito Araujo, é seu filho e relata todas as tentativas da família, parentes, vizinhos e conhecidos de estabelecer algum tipo de comunicação com o solitário remador. Contudo, o pai recusa qualquer contato. A família, inicialmente aturdida com a atitude inusitada do pai, vai-se acostumando com seu abandono. A escolha do isolamento no rio instiga permanentemente o filho. Este é levado a questionar o próprio existir humano. “A terceira margem do rio, da obra Primeiras estórias, de Guimarães Rosa, é narrado em primeira pessoa e é o mais famoso e o mais aberto conto do autor. Por isso este para a homenagem. Existe no conto uma intertextualidade bíblica com Noé”. “Neste conto o tempo cronológico é de um longo período, toda a vida do narrador. Mas a intensidade com que as impressões e o amadurecimento do narrador são trabalhados Terceira Margem do Rio de Guimarães Rosa dão enfoque ao tempo psicológico. O espaço é delimitado pela presença concreta do rio, caracterizando a paisagem rural de sempre. Desse espaço emanam magia e transcendentalismo aos olhos do público, no ir e vir do rio e da vida”, explica Expedito Araujo. A questão da dignidade humana é notória no texto de Guimarães Rosa. “São curiosos os personagens. O fi- lho (narrador-personagem), que é o meu personagem, e todos figurativos: o pai (virara cabeludo, barbudo, de unhas grandes, mal e magro, ficado preto de sol e dos pêlos, com aspecto de bicho, conforme quase nu, mesmo dispondo das peças de roupas que a gente de tempos em tempos fornecia”), a mãe, a irmã, o irmão, o tio (irmão da mãe), o mestre, o Padre, dois soldados e jornalistas. Esses personagens, sem nomes, acabam se caracterizando como tipos sociais, por suas funções na história. A observação desse aspecto já mostra, no pai, a tendência ao isolamento. Sempre fora a mãe a responsável pelo comando prático da família. O pai, sempre quieto. O filho e narrador não foi aceito na infância para companheiro do pai no seu desafio. Na maturidade, quando tem a oportunidade, acha não estar preparado para ir rumo ao desconhecido, Os recursos geram dificuldade ao pú- blico que desafia a obra rosiana. “Mas, uma vez enfrentados, eles permitem o acesso ao mundo do encantatório, desconhecido, da terceira margem, que só poderia ser recriado por uma linguagem também recriada e nova, capaz de reflectir todo o deslumbramento desse universo. Gostaria de ressaltar que um aspecto interessante a ser notado é que o narrador, quando criança, queria embarcar com o pai. Este o impediu. Adulto, intui o porquê da busca do pai e, chegando-se à margem do rio, diz que quer substituí-lo. É o único momento em que o velho se manifesta, indo em direção à margem”, indica. O questionamento sobre a condição humana é um dos principais focos. “Como em Valsa Nº 6, a temática deste conto é a loucura. O pai, ao ir à procura da terceira margem do rio, busca o desconhecido dentro de si mesmo; o isolamento é a única maneira encontrada para procurar entender os mistérios da alma, o incompreensível da vida. A estranha história do homem que abandona sua família para viver numa canoa e nunca mais sair dela é um argumento exemplar que uso para discorrer sobre o medo do desconhecido. A alucinação é o campo da Sônia, de Valsa Nº 6, de Nelson Rodrigues. Aqui o que mais me interessa é o questionamento dos dois autores sobre a condição humana”, cometa. Fala do embaixador do Brasil Segundo Rodrigo Baena Soares, Embaixador do Brasil em Moçambique, “foi com grande satisfação que recebi a notícia de que o actor brasileiro Expedito Araujo encenou no Centro Cultural Brasil-Moçambique (CCBM) a peça de teatro Valsa nº 6, de Nelson Rodrigues, que é tido como o maior e mais influente dramaturgo brasileiro. Gostaria de acrescentar uma nota de cunho pessoal. Minha admiração especial por Nelson Rodrigues decorre não somente de suas obras, que o colocam como um imortal na literatura brasileira. A Valsa nº 6, sua décima peça e único monólogo, é considerada pelos críticos como uma grande peça, marcada também pela complexidade de diversos planos simultâneos de outras obras suas. Sendo assim, a encenação da peça de Nelson Rodrigues em Maputo foi muito oportuna. Garantiu ao público moçambicano acesso a peças teatrais com linguagem complexa e inovadora, ao mesmo tempo em que o colocou em contato com o que há de melhor na dramaturgia brasileira. Devido ao sucesso de pú- blico, que lotou o Auditório Vinicius de Moraes, houve reapresentação, novamente com a participação entusiasmada dos espectadores. A encenação faz parte dos esforços envidados pelo CCBM para realizar mais apresentações de peças de teatro para o público de Maputo. O artista brasileiro Expedito Araujo, responsável pela concepção e execução da montagem da peça, tem apresentado trabalhos de qualidade no Centro Cultural Brasil-Moçambique, o que vem demonstrando sua capacidade de colaborar positivamente para o cenário cultural moçambicano. Torço para que sua experiência e qualificação em teatro, seu entusiasmo pelas artes em geral e sua disposição para o trabalho artístico siga enriquecendo cada vez mais os entusiastas das artes em Moçambique”, finaliza o embaixador. AS A apresentação conta com participação especial do músico Lívio Menino. ao inominável”, frisa o actor. “Toda essa estranha história vem vazada no já comentado estilo típico de Guimarães Rosa. “Chama-me muita atenção neste texto a repetição, que também é um recurso expressivo comum ao autor, como no caso: e o rio-rio-rio, o rio sempre fazendo perpétuo. Neologismos também estão presentes (“deluso”, talvez variante de diluto, diluído; ou “bubuiasse”) ao lado de termos regionais como “trouxa”, no sentido de comida e roupas, típico no falar dos boiadeiros; além de outras palavras pouco comuns: encalcou, entestou, etc”, exemplifica. O s saxofonistas Moreira Chonguiça e Manu Dibango participam do África Festival, evento que decorre em Wurtzburg, Alemanha, de 31 de Maio a 3 de Junho de 2018. África Festival é um festival cultural e de música que se realiza anualmente durante quatro dias em Wurzburg, Alemanha. Iniciou em 1989 e é o festival de música mais longo e extenso na Europa. África Festival é o maior evento que promove música africana. Este ano, o festival celebra 30 anos de existência e os organizadores convidaram Manu Dibango e Moreira Chonguiça para se juntarem às festividades tocando e promovendo o álbum conjunto “M&M” – Moreira Chonguiça & Manu Dibango” que resulta de um trabalho conjunto iniciado em 2012 pelos dois saxofonistas. Para aprofundar os ensaios e preparativos do concerto, Moreira Chonguiça partiu no dia 25 de Maio para Paris-França, onde vai juntar-se à banda de Manu Dibango. Recorde-se que o disco “M&M” da autoria conjunta dos saxofonistas Manu Dibango e Moreira Chonguiça foi, recentemente, nomeado Moreira e Dibango na Alemanha para a categoria de Melhor Álbum Africano no SAMA(South African Music Awards) – prémio de melhor música sul-africana. Lançado em 2017, depois de cinco anos de produção, o álbum homenageia grandes clássicos de jazz que marcaram as carreiras do saxofonista moçambicano, Moreira Chonguiça e do saxofonista camaronês, Manu Dibango. Um autor moçambicano, Fany Mpfumo, consta do álbum através da música Ungahlupeki Nkata (não sofra mulher). “Sinto-me honrado que este álbum tenha sido reconhecido pela indústria musical sul-africana. O M&M mostrou, uma vez mais, o poder da colaboração. Foi um enorme privilé- gio gravar lado a lado com um dos maiores músicos de África, e esta é uma experiência que me marcará para sempre”, afirma Moreira Chonguiça. Este ano, as figuras de cartaz são Manu Dibango feat. Moreira Chonguiça, Angelique Kidjo, Hot Water, e músicos do Mali, Repú- blica Democrática do Congo, Costa do Marfim e Gâmbia. Mais de 6750 músicos de 56 países actuaram no festival ao longo dos 30 anos. A.S O fotógrafo moçambicano Mário Macilau vai iniciar, no próximo mês de Agosto, um projecto na comuna Francesa de Saint-Émilion, em parceria com uma marca de vinhos da mesma região, a Fundação para as Artes da África do Sul, e um grupo de arquitectos Franceses, com os quais o artista tem vindo a colaborar nos últimos anos. A ideia é produzir um projecto artístico na pequena e bonita comuna da margem direita de Bordeaux, uma pequena cidade com uma riqueza cultural tão diversa quanto os seus infinitos vinhedos que se espraiam no horizonte. O artista irá passar três meses no meio de fileiras de casas antigas, vielas de pedra estreitas e inclinadas, muralhas que remotam às fortalezas erguidas para proteger o povoado contra as invasões bárbaras, tudo a convergir para a igreja medieval da vila, construída num monólito, entre os séculos XI e XVI. Esta iniciativa tem como mote “a arte de elaborar vinhos” ou “a arte da degustação” porque “o vinho é uma obra de arte.” “Este é um projecto que procura olhar para a criação do vinho sob uma outra perspectiva. Existe uma relação estreita entre o vinho e a arte, devido à carga cultural e histórica que ambos transportam. Ambos convocam o êxtase, a inspiração, a vitalidade e o prazer de viver. No meio da arte fotográfica e da pintura há sempre essa conexão que chega aos vinhos. A forma artesanal como são criados aproximam o trabalho do enólogo ao do fotógrafo e do pintor. São muitos os elementos comuns nos processos desses profissionais – a máquina fotográfica, a tela, o vinho, a garrafa e até a rolha são trabalhadas por eles de forma muito parecida, pois exigem grande dedicação e sensibilidade. Para além do vinho, a Arquitectura também estará presente neste projecto. Nos últimos anos tenho trabalhado com arquitectos de grande renome de Portugal, França, China, Japão, Brasil, Angola, Reino Unido, Espanha, África de Sul e entre outros países, que de alguma forma me têm permitido obter um olhar diferente da arte fotográfica e das minhas pinturas. Além da valorização da cultura que promovo e dos valores que a arte moçambicana contém. Com este diálogo pude aprender muitas coisas que me permitiram crescer, em primeiro lugar como ser humano, e em segundo lugar como artista. Estes parâmetros abriram-me muitas possibilidades que, sempre que regresso, partilho com os outros, no Bairro onde cresci e onde até hoje vivo”, explica Mário Macilau. Mário Macilau é um artista multidisciplinar que tem como base a fotografia, por vezes pinta, escreve e trabalha com vídeo arte e instalações. Actualmente vive entre Maputo, Lisboa e Johannesburg. Iniciou o seu percurso na fotografia em 2003, e profissionalizou-se em 2007, quando trocou o telemóvel da sua mãe pela sua primeira máquina fotográfica. A sua especialidade são projectos de longa duração com foco nas condições ambientais e sociais de Moçambique, bem como na complexa realidade do mercado de trabalho na região. O trabalho de Macilau tem sido reconhecido com prémios e é regularmente apresentado em exposições individuais e conjuntas tanto no seu país de origem como no estrangeiro. Recentemente, foi um dos três artistas apresentados no Pavilhão do Vaticano na 56.ª Bienal de Veneza (2015). Já viajo para mais de 30 paí- ses, foi reconhecido internacionalmente com diversos prémios, tem seu trabalho publicado regularmente em diversos magazines nacionais e internacionais, a sua obra encontra-se coleccionada por instituições públicas e privadas. A.S “O vinho é uma obra de arte” Dobra por aqui SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1273 ‡ DE JUNHO DE 2018 2 Savana 01-06-2018 SUPLEMENTO Savana 01-06-2018 3 MODOS DE...TIREM-ME DESTE FILME. O PORTA-VOZ JEREMIAS ZUANE MAIS EM EXEMPLAR E AMIGA RETRATOS DE UMA COOPERAÇÃO Savana 01-06-2018 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos) O s ataques de Mocímboa da Praia deixam a nu a fragilidade que existe em certos lugares de Moçambique. Mostram mais uma vez a falta de controlo por parte do governo dia. Recebemos recentemente notícias que dão conta que dez pessoas que foram decapitadas. Um cenário de horror. Uma falta de sensibilidade para a vida, pela tamanha crueldade com que se tirou a vida a essas pessoas. Outra coisa que veio à tona relacionada com este assunto foram as declarações do ministro do Interior, Basílio Monteiro, logo após os primeiros ataques quando dizia que a situação estava sob controlo. Que os ataques não iriam acontecer mais e que a situação estava normalizada. Logo de seguida foi Filipe Nyusi, Presidente da República, num comício na província que foi palco de ataques de homens armados a uma esquadra, que disse que a situação estava normalizada. Entretanto, os recentes acontecimentos mostram que a situação está muito longe de estar normalizada. Os homens armados continuam a fazer das suas por aquelas bandas. Este cenário demonstra que a desigualdade está a abrir espaço para que compatriotas tenham comportamentos contrários. A vulnerabilidade, devido à pobreza, aliciou as comunidades a entrarem e facilitar o negócio ilícito. A ausência de forças militares e da marinha facilitou o tráfico de recursos para o grupo extremista. Grupos militares, religiosos e civis podem ter facilitado a criação do “Al Shabab” através da venda ilegal da madeira, rubis e marfins. Esses dados foram revelados por João Pereira, Pesquisador do Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil (MASC). Nesta primeira imagem deve estar a dizer ao economista, João Mosca, que o nosso governo não tem a dimensão do problema Tudo mal gerado por esta situação. Situações de preocupação foram vistas em outros quadrantes. Vejam a conversa travada entre Eduardo Constantino, Secretário-geral do Sindicato Nacional de Jornalistas e Filipe Mabutana, jornalista da RM. Nesta outra imagem também vimos Rogério Sitoe, administrador da Sociedade de Notícias, que deve estar a dizer para Armando Nenane, Alfredo Júnior, da TIM, que muitos agricultores, quando vão as suas machambas são recrutados, os homens são mortos e mulheres e crianças andam sob controlo dos jovens extremistas. O jornal SAVANA chega a todo o lado. Exemplo disso é esta imagem onde aparecem os irmãos de Afonso Dhlakama, depois do funeral, com o jornal na mão. E, no fim, o régulo Mangunde, pai de Afonso Dhlakama. À HORA DO FECHO www.savana.co.mz EF+VOIPEFt"/0997t/o 1273 Diz-se... Diz-se IMAGEM DA SEMANA O s lucros da empresa sul-africana Tongaat Hullet, que produz açúcar nas fábricas moçambicanas de Xinavane, Maragra e Mafambisse caíram para metade no exercício de 2017. Segundo a Zitamar, a operação da Tongaat Hullet alcançou 159 milhões de randes (12,7 milhões de dólares) no exercício que terminou a 31 de Março. /B BDUJWJEBEF EP QFSÓPEP IPNØ- logo de 2016, a Tongaat Hullet BUJOHJVQSPWFJUPTOBPSEFNEF milhões de randes. " RVFEB OPT MVDSPT DPOUSBSJB P aumento da produção da Tongaat Hullet em Moçambique. Este ano, a produção aumentou em 20 mil toneladas, atingindo 218 mil toneladas. /PUPUBM BFNQSFTBDPOTFHVJVFN todas as suas unidades, incluindo na África do Sul e no Zimbabué uma produção global de 1.17 milhões de toneladas, incrementando em 115 mil toneladas a produção global que alcançou no exercício passado. Em Moçambique, a queda de luDSPTÏBUSJCVÓEBËGPSUFWBMPSJ[BÎÍP do metical e à queda das exportações. &NUFSNPTEFQSPWFJUPT 5POHBBU Hullet registou na operação do ano passado uma queda de 2,33 biliões de randes (187,1 milhões Lucros da Tongaat caíram para metade em Moçambique de dólares) para 1,96 biliões de randes (157,4 milhões de dólares). /B «GSJDB EP 4VM  B FNQSFTB WJV os seus lucros caírem em 78%, enquanto no Zimbababwe registaram um incremento modesto. Em Moçambique, o fortalecimento do metical face ao dólar impôs uma grande pressão, num contexto de abrandamento da procura internacional do açúcar. "5POHBBU)VMMFUEJ[RVFBVNFOtou a quantidade de açúcar que fornece ao mercado moçambiDBOP  SFEV[JOEP P EÏmDF JOUFSOP  que tem sido colmado por importações. "DPOTUSVÎÍPEFVNBSFmOBSJBEF açúcar com capacidade para a produção anual de 90 mil toneladas e orçada em 41 milhões de dólares WBJ BKVEBS B SFEV[JS B OFDFTTJEBde de importações para o abastecimento do mercado doméstico moçambicano. "SFmOBSJBQPEFSÈFOUSBSFNGVOcionamento em Setembro. " ;JUBNBS BWBOÎB RVF BT FYQPStações de açúcar moçambicano QPEFSÍP FOGSFOUBS EJmDVMEBEFT OPT QSØYJNPT BOPT  VNB WF[ RVF B 6OJÍP &VSPQFJB WBJ MFWBOUBS BT restrições na produção interna, permitindo aos produtores europeus a produção de mais açúcar. 0BVNFOUPEPTMVDSPTEB5POHBBU )VMMFUOPBOPQBTTBEPEFWFVTFË imposição de um preço de referência pelas autoridades moçambicanas de 385 dólares a tonelada de açúcar castanho para 806 dólares e de 450 dólares para 932 dó- MBSFTBUPOFMBEBEFBÎÞDBSSFmOBEP "TGÈCSJDBTPQFSBEBTQFMB5POHBBU Hullet têm capacidade para proEV[JSBOVBMNFOUFNJMUPOFMBdas. "MÏNEF.PÎBNCJRVF BFNQSFTB detém unidades de produção em mais seis países africanos. t ²KÈFTUBTFYUBGFJSBRVFP.P[BCBODPEFWFEFDJEJSFN"(BFOUSBEBEP TFVOPWPQBSDFJSP P'VOEP"SJTF EFDBQJUBJTIPMBOEFTFTFOPSVFHVFTFT "PQFSBÎÍPQPEFSÈMFWBSËBCTPSÎÍPEFNBJTVNCBODPEBQSBÎBFBVN OPWPBVNFOUPEFDBQJUBM t &QPS GBMBSEFCBODB RVBTF UPEPTQBSFDFNSFTQPOEFSQFMBDPOUSPWFSTB NÈYJNBEF%POB-VMV iDSJTF RVBMDSJTF w KÈRVFOPDPSSF DPSSFQBSBB publicação obrigatória dos seus relatórios anuais, é só lucros chorudos. 5SBEV[JOEP ÏBCBODBMPDBMRVFWBJFNQSFTUBOEPEJOIFJSPBPHPWFSOP QBSBBTTVBTEFTQFTBTDPSSFOUFTEP0& VNBQFSJHPTBFDPOUSPWFSTBQSÈ- UJDBRVFKÈWBJFNNJMNJMIÜFTEFNFUJDBJT VNWBMPSNVJUPQSØYJNP EBTDIBNBEBTiEÓWJEBTPDVMUBTw t /BQSÈUJDB GVODJPOBDPNPVNFODPCSJNFOUPËT USBQBMIBEBTEP45"& e a fraude potencial a partir da manipulação dos números do recenseaNFOUP PTEBTFTUBUÓTUJDBTWJFSBNBUFSSFJSPEJ[FSRVFyTVSQSFTB TVSQSFTB PTEBEPTEPDFOTPEFTØmDBNQSPOUPTEFQPJTEBTFMFJÎÜFTBVUÈSRVJDBT%FTDPEJmDBOEP OÍPQPEFNBDBEÏNJDPTFPVUSPTJOUFSFTTBEPT saber mesmo quem andou de facto a manipular os números que deram PTDPMPTTBJTDVNQSJNFOUPTBDJNBEFFN(B[B *OIBNCBOFF$BCP %FMHBEP"WJUØSJBQSFQBSBTF BWJUØSJBy t /PNFJPEBEFTDFOUSBMJ[BÎÍP WJFSBNCPBTOPUÓDJBTQBSBPTNPÎBNCJDBOPTFQBSB$PNJDIFFNQBSUJDVMBS1PSGPSÎBEBTNVEBOÎBT TFSÈBCPMJEP PNBJTBOBDSØOJDPEPTHPWFSOPTMPDBJT PFYFDVUJWPEBDJEBEFEF.BQVUP  VNBBVUPSJUÈSJBUFJNPTJBEPmMIPNBJTRVFSJEPEBOBÎÍPFRVFMFWPVEPT DPGSFTEPFSÈSJPQÞCMJDPVNSPNCPQBSBTFGB[FSVNNPOUFEFyOBEB Mas os anacrónicos não desistem e o que querem mesmo é um minisUÏSJPEBJOGPSNBÎÍP QBSBBMCFSHBSPTJODPNQFUFOUFTEFDBSUÍPWFSNFMIP RVFTPCSBNEBKVWFOUVEF EPTEFTQPSUPT EPUVSJTNP EBDVMUVSB EPHÏ- OFSPFEPTHBCJOFUFTEFBTTFTTPSFTEB&1YJUJNFMB'BYBWPS t 5BNCÏNIÈCPBTOPUÓDJBTEPTDBNQPTPOEFTFDVSWBNTPMBTPMPTDBNQPOFTFTNPÎBNCJDBOPT2VFPEJHBNPT7JQRVFGPSBNFNFYDVSTÍPB .BOHVOEF BTNPOUBOIBTEFNJMIPQSPOUBTQBSBBDPNFSDJBMJ[BÎÍPOB [POBDFOUSP0RVFDPOUSBSJBPEJTDVSTPPmDJBMEBTYJDBMBNJEBEFT QBSB WFS TFPTJODBVUPTNBOEBN VOT CBSRVJUPT EF DFSFBJT QBSB BT IBCJUVBJT OFHPDJBUBTEPTBENJOJTUSBEPSFTiEBT[POBTBGFDUBEBTQFMBTNVEBOÎBTDMJNÈUJDBTw t .ÈTOPUÓDJBTEFVPFOHFOIFJSPEPQMBOBMUPBPTBENJOJTUSBEPSFTEJTUSJUBJTËWPMUBEPQBSRVFEB(PSPOHPTB FTQFDJBMNFOUFQBSBPTFNQSFFOEFEPSFTEFDPTUBTRVFOUFTFN.VBO[B$PNPÏQSÈUJDBFNUPEPPNVOEP  [POBEFBOJNBJTFFDPUVSJTNPÏSFTFSWBEBFOÍPQPEFTFSNJTUVSBEBDPN DBTBTFBHSJDVMUVSB)ÈTÓUJPEFHB[FMBTFTÓUJPEFCPJT²QSFDJTPFYQMJDBS NFMIPSDBNBSBEBDIFGF  t $PNBDPOUSPWFSTBEFNJTTÍPEBDPNJTTÍPMJRVJEBUÈSJBEP/PTTP#BODP DPNFÎBNBWJSBPEFDJNBBTGSBHJMJEBEFTEPTNÏUPEPTEFBDUVBÎÍP do xerifeEBEF4FUFNCSP PIPNFNRVFTFBDSFEJUPVRVFJSJBGB[FS MJNQF[BBVNTJTUFNBmOBODFJSPOBDJPOBM BMUBNFOUFDPOUBNJOBEPQFMB QPMÓUJDB&JTUPÏBQFOBTPDPNFÎP)ÈBJOEBNBJTNÈTOPUÓDJBTBDBNJOIPy t .ÈTOPUÓDJBT UBNCÏNQBSBPTQPMÓDJBTFBRVFMFTBDBEÏNJDPTEP GB[EF DPOUB RVF TFOUBN OPT CBORVJOIPT EB UWHPWFSOBNFOUBM&ORVBOUP BT NBJTBMUBTQBUFOUFTQSPDMBNBWBNWJUØSJBTPCSFPTSBEJDBJTRVFBUPSNFOUBNPOPSUFEBQSPWÓODJBEF$BCP%FMHBEP OPÞMUJNPEPNJOHPTVSHJV NBJTVNBDIBDJOBDPNEFHPMBTTBUÉOJDBT%J[FNRVFTÍPPFTUFSUPSmOBMy t /PÞMUJNPmNEFTFNBOBUBNCÏNDBJVVNEPTQJPOFJSPTEBEJQMPNBDJB NPÎBNCJDBOB VNCPNBQSFDJBEPSEBTEFMÓDJBTEF#BDPFEFVNCPN papo. Mas como com a mudança dos tempos também se mudam as WPOUBEFT BTQÈHJOBTEFOFDSPMPHJBSFTVNJSBNTFBQFOBTËTQFTTPBTNBJT DIFHBEBTEPNBMPHSBEP2VFBBMNBEFTDBOTFFNQB[ MÈQFMBTUFSSBTEP *NQÏSJPy t "RVJOPQBÓTEPTDVOIBEPT PJOEJUPTPFYQSFTJEFOUF PUBMUSBEJDJPOBMJTUBRVFDPNPOÍPÏIJQØDSJUBGB[P&TUBEPQBHBSQFMBTEFTQFTBTEPTFV OVNFSPTPIBSÏN[VMV EJ[+;RVFFTUÈUÍPGBMJEPRVFQSFDJTBNFTNPEF BQPJPQBSBQBHBSBTEFTQFTBTMFHBJTEBTEF[FOBTEFQSPDFTTPTKVEJDJBJT RVFMIFDPOUJOVBNBBUB[BOBSBDBCFÎB&TUBEPEF%JSFJUPÏNFTNPDPJTB EFCSBODPTy Em voz baixa t /PQBÓTEPTLBNCBT SPMBSBNDBCFÎBTQPSDBVTBEBWJTJCJMJEBEFRVFUJWFram os diplomatas que quiseram agradar a Trump e foram à inauguração EBFNCBJYBEBEPTHSJOHPTFNUFSSBTEF+FSVTBMÏN$FSUBNFOUFyOÍP DPOTVMUBSBNPTCSBEBTFN.BQVUPy Savana 01-06-2018 EVENTOS 1 0DSXWRGH-XQKRGH‡$12;;9‡1o 1273 EVENTOS A Associação Africana das Instituições Financeiras de Desenvolvimento (AADFI) distinguiu, recentemente, a GAPI-SI, como uma das instituições financeiras com o melhor desempenho, aquando da realização da Assembleia-geral da AADFI, realizada na Coreia do Sul. Através de três itens, nomeadamente: governação, desempenho financeiro, capacidade operacional, mais uma vez a GAPI-SI obteve uma avaliação na ordem dos 85%, o que confere um “rating A” ao nível das instituições financeiras de desenvolvimento de África. Na ocasião, o chairman da AADFI, Patrick Dlamine, congratulou a GAPI-SI e, de seguida, entregou o galardão à Administradora Executiva, Anabela Mucavele, sublinhando que os desafios do desenvolvimento de África precisam cada vez mais de instituições financeiras com melhor performance e governação. Por seu turno, Anabela Mucavele, disse, em representação da Gapi-SI, “esta indicação enche-nos de muito orgulho, porque é fruto de um trabalho árduo que vem sendo feito há 28 anos, no qual o esforço conjugado dos accionistas, gestores e trabalhadores deve ser enaltecido. Anabela Mucavele acrescentou: “este reconhecimento é mais do que um prémio, um facto motivador e desafiante para que envidemos mais esforços no sentido de melhorarmos a nossa actuação para que a estratégia preconizada pelo BAD e pela AADFI tenham sucesso em Moçambique”. GAPI reconhecida pelo bom desempenho O Standard Bank reuniu, recentemente, em Maputo, representantes das Pequenas e Médias Empresas (PME), para apresentar as facilidades que o banco tem para conectá-las a investidores de vários pontos do mundo, incluindo soluções de negócios que oferece. No workshop, foram ainda apresentadas aos clientes comerciais desta instituição financeira centenária as soluções digitais, como peça fundamental na sua estratégia de prestação de serviço universal às PME, para além das perspectivas de evolução da economia moçambicana para 2018 e 2019. “O Standard Bank tem como foco, para 2018, três pilares, nomeadamente continuar a ser relevante na implementação de soluções digitais, ser um banco de oferta universal e interligar os seus clientes aos mercados internacionais”, disse Isabel ChissumStandard Bank apresenta soluções para melhorar negócios ba, directora adjunta da Banca de Negócios do Standard Bank. Neste contexto, conforme acrescentou Isabel Chissumba, “a ideia deste workshop é de dar a conhecer aos nossos clientes as soluções digitais que desenhamos na perspectiva de disponibilizar valor acrescentado aos nossos produtos e serviços, servindo com comodidade, eficiência e segurança”, disse. Acrescentou que o banco pretende com esta iniciativa criar facilidades para que os clientes deste segmento possam interagir com investidores de outros paí- ses africanos e asiáticos, onde o Standard Bank está implantado: “Caso sejam estabelecidas parcerias, os investidores poderão utilizar, nas suas transacções fi- nanceiras, as soluções disponibilizadas pelo Standard Bank, para pagamentos no exterior, assim como a abertura de contas em moeda chinesa”. Abordada momentos após o workshop, Vanessa Rodrigues, directora geral da multinacional Pearson, disse ter ficado impressionada com as projecções feitas pelo banco, sobre as perspectivas de crescimento da economia moçambicana para 2018 e 2019. “Foi igualmente bom saber que o banco está muito activo na implementação de soluções digitais, com vista a simplificar os métodos de trabalho com os seus clientes corporativos. Este é o primeiro passo de uma longa relação institucional numa era mais digital e que vai agilizar os negócios em Moçambique”, sublinhou. O BancABC, parte do Atlas Mara, promoveu, recentemente, a 4ª edição do Projecto de apetrechamento de escolas primárias e secundárias, a nível nacional, tendo sido, no total, beneficiadas seis escolas, uma por cada cidade onde o Banco está representado (Maputo, Beira, Tete, Chimoio, Nampula e Nacala). A cerimónia do lançamento do Projecto decorreu no dia 17 Maio passado, na Escola Primária do Zimpeto, na cidade de Maputo. Na sua intervenção, Hélder dos Santos, Director Financeiro do BancABC, disse que o Banco aposta na educação, pois acredita que é um sector chave para o desenvolvimento sócio-económico de qualquer sociedade. Por sua vez, o Director da Escola Primá- ria do Zimpeto, Rosário Tomás, referiu que esta oferta do BancABC veio para solucionar um problema básico que a escola enfrentava, que é a falta de Biblioteca. Refira-se que o projecto de apetrechamento de escolas foi concebido em parceria com a Alcance Editores em 2015 e, desde então, 29 escolas foram benefi- ciadas da iniciativa. Para além de apetrechamento de bibliotecas, o Banco oferece pastas recicladas às crianças mais carenciadas e faz palestras de educação financeira nas escolas beneficiadas, dirigidas para alunos, encarregados de educação e professores. BancABC apoia apetrechamento das bibliotecas escolares Savana 01-06-2018 EVENTOS 2 P elo menos dezoito formadores do Instituto de Formação Profissional e Estudos Laborais Alberto Cassimo (IFPELAC) irão, a partir do mês de Agosto próximo, participar de uma formação avançada em boas práticas de formação profissional com padrões de nível internacional. Estes profissionais terão a missão de voltar para o país e fazerem a réplica dos conhecimentos adquiridos. Na sequência está a decorrer em todo o território nacional o processo de casting para seleccionar os 18 profissionais do IFPELAC. A formação, que terá a duração de quatro meses, insere-se no âmbito do “Projecto de Aperfeiçoamento do Modelo de Formação Profissional em Moçambique”, que conta com o apoio da Agência de Cooperação Internacional do Japão ( JICA) e do Governo do Brasil, que disponibilizam financiamento e assistência técnica ao IFPELAC, respectivamente. Esta informação foi revelada na segunda-feira, pela ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Vitória Diogo, aquando da abertura do primeiro Conselho Pedagógico e Científico do IFPELAC, que decorre numa altura em que está em curso a reforma da educação profissional no País. É no contexto desta reforma que foi aprovada a Lei de Educação Profissional, que preconiza a formação orientada para a procura, (QVLQR7pFQLFRSURÀVVLRQDO Professores do IFPELAC colhem experiência no Brasil em substituição do modelo clássico baseado na oferta. Para Vitória Diogo, o novo modelo coloca o desafio de modernizar os 19 centros de formação e 22 unidades móveis, desde o quadro de pessoal, métodos e meios de ensino e aprendizagem, disponibilidade de infra-estruturas e o respectivo equipamento, bem como o desenvolvimento curricular, com vista a responder à demanda. “Tenhamos sempre presente que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente. As empresas desejam recrutar mão-de-obra qualificada e especializada em determinadas matérias. Para aumentar a produção, produtividade e tornarem-se competitivas, as empresas preferem candidatos que saibam ser, estar, pensar, fazer e viver no clima organizacional. Querem pessoal que esteja permanentemente empregável. Por isso, é momento de formarmos pessoas com competências para melhor se enquadrarem no mercado e para melhor desempenho profissional”, afirmou a ministra. Neste sentido, acrescentou Vitória Diogo, decorre o processo de desenvolvimento curricular de dez qualificações, que consiste na actualização de materiais didácticos obedecendo normas técnicas e padrões internacionais e na capacitação de recursos humanos, tendo já sido treinados oito mestres para serem replicadores, 15 gestores dos centros de formação profissional, 15 coordenadores pedagógicos e 12 secretários escolares. F oi inaugurada na última quinta-feira, no espaço 16NetO, na cidade de Maputo, a exposição “N’tsutsu” (que significa essência na língua changana), do artista moçambicano Pekiwa. Trata-se de uma amostra constituída por obras diversas que retratam a visita do artista à Ilha de Moçambique, em 2003 pela primeira vez e pelo seu regresso em 2017. Produzidos com materiais velhos, portas, janelas, artefactos deteriorados entre outros, trazidos das suas viagens à Ilha de Moçambique, os trabalhos que compõem esta exposição aludem, no entender do Pekiwa, à ruina, à memória e à essência (N’tsutsu). A Ilha de Moçambique, com os seus fantasmas, os seus edifícios, apresenta-se como um Pekiwa resgata o “N’tsutsu” no seu novo trabalho lugar de inspiração de recolha de materiais, “o berço” do trabalho do artista. Mas também um de descoberta de novos caminhos, de histó- rias, novas e velhas, reproduzidas nas suas obras. Para Pekiwa, compor obras que retratam as duas expedições à Ilha de Moçambique significa, simultaneamente, continuidade e ruptura, na medida em que mantém elementos estéticos da sua obra anterior, ao mesmo tempo que introduz novos. “É mesmo uma ruptura e continuidade, pois quem conhece o meu trabalho reconhecerá traços característicos, mas também verá elementos novos”, enfatizou o artista. Refira-se que de seu nome completo, Nelson Augusto Carlos Ferreira, Pekiwa iniciou-se na produção artística através do pai, o escultor Govane. Tendo desde os anos 90 participado em inúmeras exposições, individuais e colectivas, sendo a mais recente em Outubro de 2017 em Macau. (E.C) Visite agora e mantenha-se informado, (integridade & independência) https://www.savana.co.mz Agenda Cultural Cine-Gilberto Mendes Sextas, Sábados e Domingos 18h30 “Amor, Aguenta” Maputo Waterfront Todas Sextas, 19h Jantar Dancante com Alexandre Mazuze Todos Sábados, 19h Música com Zé Barata ou Fernando Luís Chefs Restaurante Todas Sextas, 19h Música ao vivo O Barclays Bank Moçambique, em parceria com a Primavera Bss, promoveram, recentemente, em Maputo, uma sessão informativa sobre a “Fiscalidade e Controle Financeiro de Projectos”. Este encontro, que reuniu gestores e directores de diferentes Organizações não-governamentais e Pú- blicas, tinha por objectivo de debater sobre a necessidade de melhorar os processos e a fiscalidade nas ONG’s, dotando-as de tecnologia capazes de melhorar o controlo sobre os projectos e permitir uma maior transparência e escrutínio pela sociedade. Durante as secções foram discutidos temas como a “Fiscalidade para as ONG´s”; “A metodologia como factor de sucesso de projectos de (ERPs)” e o “O Papel da Banca Barclays e Primavera Bss discutiram Fiscalidade e Controle Financeiro no apoio às ONG´s”, este último dirigido por Bernardo Aparício, director da Banca Corporativa e de Investimento, do Barclays Bank Moçambique. Na ocasião, Aparício reafirmou que o Barclays Bank Moçambique continua focado na busca de soluções que permitam que o beneficiário final receba a ajuda de forma efi- ciente e acima de tudo rápida. A Primavera Bss, que, no encontro, se fez representar pela vice-presidente, Ângela Brandão, apresentou modelos de gestão financeira e soluções tecnológicas inovadoras, que permitem uma maior eficácia nas operações de gestão e finanças, bem como, deu a conhecer as suas plataformas tecnológicas e de que forma estas poderão acrescentar valor às ONG’s, através do aumento dos seus níveis de eficiência. (Redacção) Savana 01-06-2018 EVENTOS 3 DIVULGAÇÃO O Casino Polana alocou, no presente ano, no âmbito da sua responsabilidade social, três milhões de meticais para diferentes projectos sociais que concorrem para melhoria das condições de vida dos cidadãos. Anualmente, o Casino deve alocar 2% dos seus lucros para acções responsabilidade social, nas áreas de saú- de e educação, tendo, por via disso, o governo estabelecido a fasquia mínima de USD 40 mil. Esta situação, segundo Jacques Els, Director-geral do &DVLQR 3RODQD FRORFD XP JUDQGH GHVDÀR DLQVWLWXLção, que, caso não consiga arrecadar valores em causa terá de buscar alternativas para que esteja disponível. Esta segunda-feira, o Casino procedeu a entrega de três cheques avaliados em 100 mil meticais cada, para igual numero de organização. Trata-se da Associação Khanimambo, Plataforma Solidaria Makobo e Associação Centro Comunitário Sonho Real que deverão investir na melhoria das vidas de crianças órfãs e vulneráveis nos centros de acolhimento que tutelam. Na verdade, os 300 mil meticais alocados constituem a materialização de uma promessa feita ano passado pelo Casino as três organizações, aquando da realização da feira de saúde e bem estar. Segundo explicou Els, os participantes da feira tinham que contribuir com um determinado valor monetário que seria canalizados as organizações que prestam apoio á crianças desfavorecidas. Para Teresa Santos, representante da Associação Khanimambo, o valor será alocado para melhoria das condições da sua escola vocacionada a receber crianças órfãs e vulneráveis. Destacou a reabilitação de casa de banho, compra de material escolar e de limpeza. Actualmente, o Centro de Acolhimento Khanimambo, fundado pela falecida Lina Magaia, acolhe 489 crianças que frequentam de 1ª a 7ª classe. O centro lecFLRQDWDPEpPFXUVRVGHIRUPDomRSURÀVVLRQDOL]DQWH tais como, serralharia, informática e cabeleireiro, de modo que os petizes tenham ferramentas para garantirem o seu auto sustento, depois de saírem do centro. 6HJXQGR7HUHVD6DQWRVDJUDQGHGLÀFXOGDGHGHPRmento prende-se com garantia de refeições aos petizes. A Plataforma Solidária Makobo também vai investir o valor na reabilitação dos sanitários da escolinha solidária pescadores, que acolhe crianças órfãs e vulneráveis. Casino Polana investe na melhoria de condições de vida Rui Santos, representante da Makobo, referiu que o próximo deVDÀR pSURPRYHU DODQFKHLUD HVFRODU VROLGiULD TXH QXPD IDVH inicial, vai abranger duas mil crianças do ensino primário público. Argumentou ainda que, em Moçambique, 52% da população é constituída por crianças com idades inferiores a 18 anos. Destas, cerca de 45% sofre de malnutrição e desnutrição crónica, o TXHVLJQLÀFDTXHRVHXIXWXURHVWiVHULDPHQWHFRPSURPHWLGR quer pela sua condição física ou pela sua condição intelectual. Avançou que esta proposta pode reverter o futuro de muitas crianças bem como do país. 3RUÀP(UQHVWR&KD~TXHGD$VVRFLDomR&HQWUR&RPXQLWiULR Sonho Real de Marracuene, projecta usar os 100 mil meticais na construção e reabilitação de dormitórios. Explicou que o centro tem um regime misto e acolhe crianças órfãs e vulneráveis em regime de internato e externato. Destacou que a Associação tem DSDUWLFXODULGDGHGHDMXGDURVVHXVEHQHÀFLiULRVQRSURVVHJXLmento dos estudos a nível universitário bem como nos institutos até a conclusão da formação académica. Três milhões de meticais para 2018 De modo encontrar projectos estruturantes de responsabilidade social no presente ano, o Casino Polana optou pela abertura de FRQFXUVRS~EOLFRFXMROLPLWHGHÀQDQFLDPHQWRHUDGH PLO meticais. Foram submetidos 31 projectos dos quais apenas quatro foram selecionados, sendo que esta sexta-feira irão receber os valores em causa. Trata-se da Fundação Carlos Morgado, que apresentou um projecto de reabilitação da Escola Primaria Unidade 18, localizada no bairro do Aeroporto. O projecto Educação Ecológica Ntumbuluku, encabeçado pelo ambientalista Carlos Serra, que tem a missão de promover educação ambiental de modo a reverter a actual tendência de falta de consideração com o meio ambiente. Com a iniciativa espera-se ainda a criação, em seis escolas, de clubes amigas do meio ambiente. A Cerci, uma escola que acolhe crianças que carecem de cuidados especiais, comprometeu-se a investir os fundos na melhoria das salas de aula e no pagamento de assistência medica as crianças com paralisia cerebral, na ÀVLRWHUDSLDDVVLVWrQFLDSVLFROyJLFDWHUDSLDGHIDODHQWUHRXWURV A Fundação Rizwan Adatia, fecha o ciclo dos projectos eleitos SDUDRSUHVHQWHDQRFRPRÀQDQFLDPHQWRDVRSHUDo}HVGHFDWDratas que irão decorrer este ano no hospital geral de Mavalane. Savana 01-06-2018 EVENTOS 4 E nquanto as Organizações da Sociedade Civil (OSC) apontam o ano eleitoral como atípico para o exercí- cio de actividades cívicas e de intervenção na área da governação, a Fundação MASC (Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil) identifica, por sua vez, uma série de oportunidades que podem ser aproveitadas pelas organizações da sociedade civil durante este período, considerando este o período oportuno para influenciar os programas eleitorais porque “os partidos políticos estão abertos a ouvir e recolher todas as informações e preocupações de interesse das comunidades, com a intenção de angariar votos”. O posicionamento consta de um documento denominado “Desafios MASC identifica oportunidades em época eleitoral e Oportunidades de Advocacia em Época Eleitoral”, no qual o MASC defende que as OSC devem ajudar as comunidades a identificar os seus problemas, priorizar e condicionar sua inclusão nos manifestos eleitorais que, posteriormente, serão transformados em programas de governação dos candidatos vencedores”, considera o MASC, destacando os casos do orçamento participativo e da planificação participativa. A fonte salienta ainda que as OSC dispõem de um espaço privilegiado para ensinar as comunidades a fazerem análise crítica dos manifestos eleitorais e orientarem o voto para os manifestos e programas apresentados e “não para a simples retórica ou propaganda política dos candidatos e partidos”. Para tal, o MASC diz ser necessá- rio que as actividades a realizarem-se não possuam, nem se confundam com interesses partidários ou acções ligadas a processos de campanha política ou partidária, para “credibilizar a organização” e reforçar a confiança desta que “deve ser vista como um actor neutro, cuja missão é de interesse público”. “A manutenção do bom relacionamento com todos os actores-chave e a garantia de esclarecimento de quaisquer mal-entendidos sobre o papel da organização no processo de advocacia garante sustentabilidade do projecto no seio de todas as partes interessadas nos processos de advocacia”, frisa. Para o MASC, o voto consciente depende do acesso à informação, pelo que, é preciso uma melhor estratégia de sensibilização dos actores políticos para disponibilizarem seus manifestos eleitorais. “Se o processo de divulgação de informação for transparente e garantir a equidade vai trazer resultados sustentáveis”, defende, sublinhando a necessidade de as organizações educarem os membros e simpatizantes de partidos políticos com vista à condução de processos pacíficos. O facto é que a época eleitoral, em particular a campanha, tem sido fértil para a promoção de actos de violência entre as comitivas partidárias, sendo que o caso mais recente deu-se na província de Gaza, em 2014, quando as comitivas da Frelimo e do Movimento democrá- tico de Moçambique enfrentaram-se, nas cidades de Chókwè e Xai-Xai e na vila municipal da Macia. Refira-se que, em termos de desafios, aquela fundação destaca a conotação com oposição política das actividades das OSC; a não aceitação dos projectos de advocacia por parte do Governo ou partidos políticos sob pretexto de interferirem nos programas das campanhas; a ausência de pontos focais das instituições municipais ou governamentais durante a época eleitoral; o conflito de agendas dos partidos políticos com as dos projectos; a fraca adesão da comunidade às actividades do projecto; e o risco de incumprimento dos planos de actividades. A cidade de Maputo acolhe, desde a última sexta-feira, 25 de Maio, até 17 de Junho, a 15ª edição do Festival Internacional Teatro do Inverno (FITI). Iniciado na casa velha em 2003, o evento tem como objectivo apoiar e divulgar o trabalho dos grupos amadores de teatro, fomentar o associativismo cultural e a formação de actores. A abertura do FITI na sexta-feira passada, no Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM), contou com a brilhante actuação do Grupo Só Mulheres, da cidade da Beira, que durante uma hora e meia encantou o público com a peça teatral “As mentiras dos Homens”. Ainda no seu repertório, o festival contará com a actuação de 25 grupos de teatro, provenientes de Teatro de inverno volta a aquecer Maputo Moçambique, Angola, África do Sul, Portugal e Argentina. Falando na ocasião, Elliot Alex, director artístico do FITI, destacou a importância do evento para a promoção das artes e da cultura. De seguida, Elliot Alex fez uma avaliação positiva do percurso do festival, neste que é o seu vigésimo quinto ano. “Este festival cresce exactamente porque o teatro moçambicano está crescendo e pela adesão massiva do público. Nós começamos a fazer o festival só aos sábados e domingos, mas nos últimos tempos tem sido de quintas-feiras aos domingos. Este é um grande crescimento”, disse. Acrescentou: “o festival também já deixou de ser para amadores, actualmente envolve grupos de profissionais do teatro. Para além disso, há cada vez mais grupos internacionais a aderirem ao evento e, portanto, existe um espaço de intercâmbio e entrosamento cultural”. Elliot Alex explicou ainda que, neste ano, o FITI abraçou a luta contra o cancro, que tem sido um problema de saúde de homens e mulheres. Neste sentido, serão apresentadas algumas peças teatrais sobre a doença. Refira-se que do ponto de vista de balanço da última edição, o Festival de Teatro de Inverno movimentou cerca de 250 artistas entre actores, dançarinos e músicos, tendo registado uma adesão de pouco mais 3000 pessoas que durante quatro fins-de-semana afluíram aos locais de realização dos espectáculos. E nesta edição, para além do CCFM, o festival decorrerá no Teatro Avenida, no Cine-Teatro Gil Vicente, no Centro Cultural Brasil-Moçambique e na Fundação Fernando Leite Couto. (E.C) A Odebrecht, S.A. (holding do Grupo Odebrecht) acaba de celebrar, com cinco bancos brasileiros, um acordo financeiro para a disponibilização de cerca de 711 milhões de dólares norte-americanos. Trata-se de um empréstimo que será disponibilizado em duas etapas a ser dividido entre os bancos Itaú e Bradesco. O acordo envolveu, igualmente, o Banco do Brasil, Santander e o BNDES-Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social, pois teve como lastro a valorização das acções da Braskem (o braço petroquímico do Grupo Odebrecht), usadas como garantia Banca disponibiliza 711 milhões USD à Odebrecht junto dessas instituições. A conclusão da negociação com os bancos também traz mais segurança à Odebrecht, para honrar os seus compromissos financeiros e continuar na sua trajectória de transformação e crescimento. “Além de ser mais uma demonstração de confiança do sistema financeiro, o acordo que acabamos de assinar é a maior prova da confiança dos accionistas na capacidade dos nossos integrantes e nas qualificações técnicas das empresas do Grupo, para a entrega de produtos e serviços de qualidade, em especial da Odebrecht Engenharia e Construção”, disse Luciano Guidolin, director-executivo do Grupo Odebrecht. C om 27 anos de idade e um futuro promissor na confeição de refeições, Francisco de Assis foi distinguido como melhor cozinheiro, num concurso em que recentemente participou na África do Sul, num universo de 50 participantes provenientes de vários países de continente africano. Assis passa desta forma a ostentar o diploma de arte em culiná- ria, facto que vai contribuir para sua afirmação como profissional da área e para o prestígio da instituição onde trabalha, sem com isso deixar de fora o país. A sua história começa em 2011, depois de ter concluído o curso de formação em culinária na Pró-famí- Moçambicano distinguido como melhor cozinheiro profissional exímio. Com apoio da instituição onde trabalha fez uma aventura para um concurso de culinária que teve lugar na vizinha África do sul, no qual era o único moçambicano a participar. O evento contou a participação de 50 especialistas em cozinha provenientes de países africanos como Tanzânia, Nigéria, Zâmbia, Ilhas Seycheles entre outros. Apesar da barreira linguística que teve de enfrentar, por ser único que não tem a língua inglesa como sua do dia-a-dia, Francisco Assis conseguiu transformar as dificuldades em oportunidades. Mostrou qualidade no trabalho preparando pratos, desde entradas a sobremesas, que deixavam a todos maravilhados principalmente por serem saudá- veis e nutritivos. “Foi um grande honra para mim ter participado daquele evento que me marcou pela positiva, neste meu pequeno percurso profissional no mundo da culinária. Espero dar o meu máximo e fazer com que Moçambique se torne um referencia de culinária mundial” disse, visivelmente satisfeito. Por seu turno, Bruce Chapman director geral da Suthern Sun manifestou a sua satisfação com o galardão atribuído ao jovem, apontando que contribuir para elevação dos níveis de turismo no pais, numa altura em que governo acaba de elege-lo como uma das quatro áreas para alavancarem o desenvolvimento do país. lia, tendo de seguida ingressado como estagiário no hotel Southern sun, afecto à pastelaria que era sua especialidade. Mas com a sua dedicação e entrega e amor ao trabalho conseguiu conquistar o seu espaço tendo sido testado em outras áreas onde se mostrou um 

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