A neozelandesa Catherine Healy foi distinguida pela rainha Isabel II pelo seu trabalho pelos direitos das trabalhadoras de sexo.
Há 30 anos, Catherine Healy desistiu de ser professora primária e de ganhar por semana 400 dólares neozelandeses (hoje cerca de 240 euros) para se tornar prostituta num bordel ilegal em Wellington e ganhar cinco vezes mais. Nesse dia não poderia imaginar que essa decisão a colocaria no caminho de ser agraciada pela rainha Isabel II com o título de dama da Ordem de Mérito da Nova Zelândia.
A distinção, entregue por ocasião do aniversário da rainha, é o reconhecer do seu trabalho para descriminalizar a indústria da prostituição e da sua defesa dos direitos das trabalhadoras sexuais, que começou quando fundou, em 1987, o Coletivo de Prostitutas da Nova Zelândia.
Healy disse ao New Zeland Herald que começou a chorar quando recebeu a carta em que lhe foi oferecida a distinção. "Foi completamente inesperado. Estas coisas não acontecem a mim", acrescentou. "Ainda continuo a pensar que vamos ser detidas de madrugada, não reconhecidas. Nunca, nunca imaginei que este dia chegaria", indicou ao site de notícias neozelandês Stuff.
"Muitas pessoas assumem que as trabalhadoras sexuais querem ser salvas", disse ao Herald sobre o seu trabalho à frente do Coletivo de Prostitutas. "Mas a maioria de nós queria direitos como todos os outros trabalhadores. Quando comecei não havia nada. Só havia conselhos desonestos sussurrados num corredor", acrescentou.
Da promoção de práticas sexuais seguras, numa altura em que o HIV e a sida eram a grande ameaça, à descriminalização da prostituição na Nova Zelândia foi um longo caminho. A Lei da Reforma da Prostituição foi aprovada no Parlamento neozelandês em 2003, por um único voto de diferença, e alterou as condições para as trabalhadoras de sexo no país. "Foi um momento magnífico, incrível", contou ao Herald. O trabalho do coletivo não está contudo acabado, lutando agora contra o estigma que as trabalhadoras de sexo ainda enfrentam.
No total, entre damas e cavalheiros da Ordem de Mérito, foram distinguidas oito pessoas este ano na Nova Zelândia.
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