SOBRE A QUEDA DE ZUMA E O CINISMO NOS PARTIDOS DE ESQUERDA EM ÁFRICA
Zuma "caiu", é um facto. Já não é Presidente da África do Sul. Cyril Ramaphosa, que era vice de Zuma, é o novo Presidente. Tudo isto é normal na dinâmica da vida dos homens. Mas, não é razoável a "moda" que antecede estas quedas/transições/empurrões...
Vale, no entanto, antes de mais, dizer que Zuma é vítima de uma estratégia por si usada para afastar Thabo Mbeki. Mas é sobre o cinismo que importa aqui falar, como bem escreveu a compatriota Fátima Mimbire. Porque a bancada que na quinta cantou e dançou que se fartou é a mesma que negou "provimento" a todas as tentativas, anteriores, de destituição de Zuma, mesmo por voto secreto!
Este tipo de comportamento se mostra "cimentado" e quase que aceite em sede política comparada na esquerda libertadora na África Austral, em que as instituições políticas, mormente os partidos políticos, mostram-se frágeis as suas lideranças... porquanto elas parecem ter programas e estatutos decorativos, que se curvam ao dirigente do dia e não o contrário. Nisto vemos pessoas a perderem escrúpulos em hosanas automáticas, rápidas e pornográficas... que numa manhã estão com o destituído e na tarde do mesmo dia estão com o novo líder, curvados, e a maldizer o deposto...
Apesar de isto parecer normal, receio que esta onda de cinismo resvale para batalhas campais político-partidárias e cisão dos partidos libertadores, que hoje não têm a sua disciplina pretoriana... que só pode ser ultrapassada com diálogo, sempre franco, e por pessoas com carácter e verticalidade assumida... de contrário, para além das batalhas e cisões, estaremos perante a máfia do futuro.
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