terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Moçambique - Coreia do Norte: Um assunto mal tratado pela CNN?


Posição semelhante tem o especialista moçambicano em boa governação Silvestre Baessa: "A menos que haja um outro documento mais completo e que não tenha sido colocado à disposição, penso que esta peça não apresenta evidências que nos possam com toda a certeza fazer concluir que realmente há violações gritantes de que o Governo está a par desse tipo de situações".
Para Baessa, a CNN não fez nenhum grande achado. O analista argumenta que "todas as informações [na reportagem] não estão camufladas. Os barcos estão ali, quem vive por lá sabe que há tripulação norte-coreana e casas. Não houve aqui nada muito profundo. Não são objetos que teríamos dificuldades em reconhecer."
Cooperação pouco transparente?
Fora os aspetos jornalísticos aparentemente tendenciosos, há aspetos de cooperação que não são tão claros. Por exemplo, em 2017, o Conselho de Segurança da ONU acusou Moçambique e Angola de terem comprado armamento à Coreia do Norte, facto negado pelo ministro moçambicano da Defesa, Atanásio Mtumuke.
Entretanto, o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Balói, terá admitido que Moçambique recebeu apoio militar, sem entretanto especificar de que ordem.
Terá havido negligência por parte do Governo moçambicano nas suas relações com Pyongyang, pondo em causa a implementação das sanções da ONU? Silvestre Baessa fala num "problema de coodenação multisetorial" e afirma que prefere falar de negligência, tendo em conta "o risco associado à violação das sanções". 
"Para um país como Moçambique, que é muito dependente do ocidente, penso que o que ganhamos a cooperar com a Coreia do Norte não é suficiente para que o Governo, de forma deliberada, tome uma decisão dessas", sublinha.
Governo nega violação de sanções
Neste contexto, a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Maria Lucas, numa entrevista concedida a Rádio Moçambique, garantiu nesta segunda-feira (05.02) que "Moçambique está a colaborar com o painel e está a trabalhar neste assunto. O Governo moçambicano convidou recentemente para visitar Moçambique para in loco ver o trabalho que o país está a fazer para colaborar com este painel. O painel esteve recentemente reunido e vai publicar um relatório dessa última reunião e prometeu visitar Moçambique ainda este trimestre." 
As relações entre a FRELIMO, que governa Moçambique desde a independência em 1975, e a Coreia do Norte datam da época da luta de libertação nacional contra o colonialismo português. Para o sociólogo Elísio Macamo, "é como se o país estivesse a ser condenado por ter tido o tipo de laços que teve com países como a Coreia do Norte. Moçambique deve usufruir do benefício da dúvida e ser confrontado com coisas mais substanciais."
A Coreia do Norte é alvo de sanções económicas por parte da ONU desde 2006, devido ao seu programa nuclear e balístico que não visa fins pacíficos, segundo a comunidade internacional. As sanções têm vindo a ser agravadas constantemente devido à insistência de Pyongyang em testar o seu armamento.
DW – 05.02.2018

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