Líder do partido da oposição Combatentes da Liberdade Económica critica Cyril Ramaphosa
Julius Malema prometeu deixar o novo presidente sul-africano discursar tranquilamente perante os deputados na sexta-feira. Mas mal Cyril Ramaphosa acabou de falar, o líder do partido da oposição Combatentes da Liberdade Económica partiu logo para o ataque.
"Não há qualquer plano. O homem disse-nos aquilo que nós queríamos ouvir. Anunciou muitas comissões, seminários, foi a única coisa que saiu da sua boca. Quando um homem diz isso, é porque não sabe o que quer fazer. O presidente esteve muito bem. Não tem qualquer ideia de como vai mudar a vida do nosso povo", afirmou o líder partidário, em declarações à televisão eNCA.
Falando no Parlamento, o sucessor de Jacob Zuma, que foi forçado a demitir-se da presidência pelo próprio ANC, o seu partido, prometeu combater a corrupção, atrair investimento estrangeiro, promover áreas como o turismo, dinamizar a indústria mineira, lutar contra o flagelo do HIV/sida, equilibrar as contas públicas e a situação nas empresas estatais, criar empregos e estágios remunerados para jovens sul-africanos...
Sobre a corrupção, Malema disse em tom irónico: "Aplaudimos as mudanças nas empresas do Estado, a perseguição de criminosos, ele [Cyril Ramaphosa] vai ter que prender os seus colegas, porque eles são corruptos". O jovem dirigente, de 36 anos, prometeu paz. "Queremos paz no Parlamento. Nós somos gente de paz. Só tivemos problemas com o delinquente [Jacob Zuma] no passado. Agora o delinquente já se foi embora".
O partido de Malema, cujos deputados se vestem com fato de macaco e boinas vermelhas (e por vezes capacetes de mineiro), tinha previsto apresentar uma nova moção de censura a Zuma no dia 22. Esta foi antecipada para dia 15 e desta vez, o ANC, em pé de guerra, ameaçou votar a favor se o então presidente não se demitisse. Ao final da noite de quarta-feira, Zuma saiu. Contrariado. Mas saiu.
Apesar de tudo isto, Malema foi no passado aliado de Zuma. Mas face às crescentes polémicas racistas em que se viu envolvido o então líder da Juventude do ANC foi expulso do histórico partido da luta contra o Apartheid. Criou então a sua própria formação. Malema defende, entre outras coisas, a nacionalização das minas do país e a redistribuição de terras sem pagar compensações aos brancos. Denuncia, aliás, a existência de "um monopólio do capital branco". Num país que passou do Apartheid para a democracia sem guerra (como a que houve noutros países) o discurso incendiário de Malema é considerado perigoso. Em 2014, elegeu 25 deputados. Falta ver o que conseguirá em 2019.
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