09 de Fevereiro 13h32 - 17 Visitas
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, diz não ver motivos para realização de um referendo para acomodar a revisão constitucional. Dhlakama reage, desta forma, a análises de juristas que levantaram esta hipótese. “Não vejo aqui a força maior para haver um referendo. Tratou-se de uma negociação entre o governo e a oposição, neste caso a Renamo. Os juristas têm razão como juristas, mas não têm razão para se falar de referendo, não tem nada a ver com isto”, defendeu.
Sobre o modelo de eleição de governadores, presidentes do município e administradores distritais, a Renamo diz ter proposto que fosse por eleição directa, mas a delegação do governo recusou.
“A Renamo sempre defendeu o voto directo para os governadores, mesmo para os distritos e municípios. A Frelimo bateu com o pé que não queria e chegou a dizer, que se a Renamo continuar a insistir que a eleição seja directa dos candidatos, a bancada maioritária da Frelimo na Assembleia da República receberia instruções para votar contra. Foi muito difícil para mim, boicotar, permitir que tudo ficasse para trás só por questão da modalidade”, referiu, para depois acrescentar que não haverá sequer cabeças de lista.
Falou das competências dos governadores: “O governador eleito vai governar a província. Terá poderes para nomear o seu governo, que serão os directores da saúde, educação, transporte, agricultura, das pescas. Isto é da competência daquele que ganhou”.
Disse estar aberto a ideias para melhorar o acordo alcançado.
Ontem escutei com muita atenção a Declaração do Presidente Filipe Nyusi sobre os consensos alcançados entre ele e o líder da Renamo o Senhor Afonso Dhlakhama acerca da Descentralização. Contrariamente a muitas pessoas que consideram que o momento configura um défice da nossa Democracia, eu fiquei bastante satisfeito com o teor da Declaração. Ganhei o dia. Ao ler “Um Longo Caminho Para a Liberdade”, livro autobiográfico de Nelson Mandela percebí que, na vida das Nações há momentos cruciais da sua História em que, para que a Pátria se mantenha viva e não pereça, os Líderes do País, em nome do Povo, devem tomar decisões ousadas, sem consultarem quem quer que seja. Muitas vezes a brutalidade da guerra não dá tempo tempo para essas consultas. Para dar início ao desmantelamento do sistema do Apartheid, Nelson Mandela iniciou negociações com o regime “boers”, à revelia do ANC. Nem ao Walter Sisulu, na altura melhor amigo dele, consultou. Julgou chegado o momento e agiu.
Na irracionalidade de uma guerra que tudo mata e destrói, DEMOCRACIA, para mim, é, a liderança do País, encontrar maneiras de acabar com essa guerra. E, TUDO O RESTO, HÁ DE VIR POR ACRÉSCIMO. Com o País em guerra e em perigo de ficar dividido, de que democracia é que estamos a falar? Permitam-me que vos conte um episódio em que acabo me vendo envolvido, em Março de 2016. Numa missão religiosa, viajamos de Nampula para Chimoio, sede da nossa igreja. É uma viagem que, em condições normais, duraria 12 a 14 horas de tempo. Por causa da guerra, a nossa viagem durou 3 tortuosos dias com muitos episódios de terror pelo meio. Quando os Líderes do meu País anunciaram as tréguas militares, vocês não podem imaginar a alegria que invadiu os corações das pessoas que vivem nas zonas afectadas pela guerra ou, daquelas que, por razões várias, têm que transitar por essas zonas.
Natural da provincia de Manhiça, provincial de Maputo, vivo há 15 anos no norte do País. Quando Armando Guebuza introduz os 7 milhões para “desenvolver” os distritos, a condição de acesso a esse dinheiro, era que tu não pertencesses a nenhum partido da oposição. Nas poucas vezes que algum valor foi atribuido a alguém pertencente a algum partido da oposição, não bastava que o beneficiário renunciasse ao seu partido. Era necessário que se deixasse usar em campanhas eleitorais pelo partido no poder, qual cão de fila, em insultos e difamações contra o partido de proveniência. Assisti à forma vergonhosa como trataram o Jacinto Namarrocolo e tantos como ele, pelos diversos locais por onde passei. Isto só era possível porque a totalidade dos Governadores Provinciais e Administradores Distritais era da Frelimo.
Em entidades como ANE, FIPAG, EDM, etc., etc, a probabilidade de, como membro de um partido da oposição, entrares para um concurso publicc e te ser atribuída uma obra, é quase nula. E esta situação é tanto mais acentuada quanto mais longe da capital estiveres. Sem grandes discursos quando o País tiver Governadores e Administradores de Distritos de outros partidos que não apenas da Frelimo, as coisas só podem melhorar.
A Pátria não te pode discriminar apenas porque tu não és membro da Frelimo. Aos Moçambiucanos não pode acontecer aquilo que me aconteceu em Tete: Trabalhando numa empresa de consultoria que cumpria contrato com a ANE, fui participar numa eleição intercalar em Cuamba onde minha mulher era candidata. Regressado a Tete um chefe da ANE me convoca para o gabinete dele e me comunica que eu não devia ter participado naquela eleição intercalar ao lado da minha mulher. Dois meses depois, perdia o posto. Indignado, falei com o Director Geral da ANE, com o Vice Ministro. Nada. Nunca mais recuperei o posto. Tudo porque não da Frelimo.
Encontrei uma réstia de esperança na Declaração do Presidente. Patria não é obra de choramingões.
Armando Cuna
Na irracionalidade de uma guerra que tudo mata e destrói, DEMOCRACIA, para mim, é, a liderança do País, encontrar maneiras de acabar com essa guerra. E, TUDO O RESTO, HÁ DE VIR POR ACRÉSCIMO. Com o País em guerra e em perigo de ficar dividido, de que democracia é que estamos a falar? Permitam-me que vos conte um episódio em que acabo me vendo envolvido, em Março de 2016. Numa missão religiosa, viajamos de Nampula para Chimoio, sede da nossa igreja. É uma viagem que, em condições normais, duraria 12 a 14 horas de tempo. Por causa da guerra, a nossa viagem durou 3 tortuosos dias com muitos episódios de terror pelo meio. Quando os Líderes do meu País anunciaram as tréguas militares, vocês não podem imaginar a alegria que invadiu os corações das pessoas que vivem nas zonas afectadas pela guerra ou, daquelas que, por razões várias, têm que transitar por essas zonas.
Natural da provincia de Manhiça, provincial de Maputo, vivo há 15 anos no norte do País. Quando Armando Guebuza introduz os 7 milhões para “desenvolver” os distritos, a condição de acesso a esse dinheiro, era que tu não pertencesses a nenhum partido da oposição. Nas poucas vezes que algum valor foi atribuido a alguém pertencente a algum partido da oposição, não bastava que o beneficiário renunciasse ao seu partido. Era necessário que se deixasse usar em campanhas eleitorais pelo partido no poder, qual cão de fila, em insultos e difamações contra o partido de proveniência. Assisti à forma vergonhosa como trataram o Jacinto Namarrocolo e tantos como ele, pelos diversos locais por onde passei. Isto só era possível porque a totalidade dos Governadores Provinciais e Administradores Distritais era da Frelimo.
Em entidades como ANE, FIPAG, EDM, etc., etc, a probabilidade de, como membro de um partido da oposição, entrares para um concurso publicc e te ser atribuída uma obra, é quase nula. E esta situação é tanto mais acentuada quanto mais longe da capital estiveres. Sem grandes discursos quando o País tiver Governadores e Administradores de Distritos de outros partidos que não apenas da Frelimo, as coisas só podem melhorar.
A Pátria não te pode discriminar apenas porque tu não és membro da Frelimo. Aos Moçambiucanos não pode acontecer aquilo que me aconteceu em Tete: Trabalhando numa empresa de consultoria que cumpria contrato com a ANE, fui participar numa eleição intercalar em Cuamba onde minha mulher era candidata. Regressado a Tete um chefe da ANE me convoca para o gabinete dele e me comunica que eu não devia ter participado naquela eleição intercalar ao lado da minha mulher. Dois meses depois, perdia o posto. Indignado, falei com o Director Geral da ANE, com o Vice Ministro. Nada. Nunca mais recuperei o posto. Tudo porque não da Frelimo.
Encontrei uma réstia de esperança na Declaração do Presidente. Patria não é obra de choramingões.
Armando Cuna
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