sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Dhlakama diz não ver motivos para realização de referendo


Dhlakama diz não ver motivos para realização de referendo
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, diz não ver motivos para realização de um referendo para acomodar a revisão constitucional. Dhlakama reage, desta forma, a análises de juristas que levantaram esta hipótese. “Não vejo aqui a força maior para haver um referendo. Tratou-se de uma negociação entre o governo e a oposição, neste caso a Renamo. Os juristas têm razão como juristas, mas não têm razão para se falar de referendo, não tem nada a ver com isto”, defendeu.
Sobre o modelo de eleição de governadores, presidentes do município e administradores distritais, a Renamo diz ter proposto que fosse por eleição directa, mas a delegação do governo recusou.
“A Renamo sempre defendeu o voto directo para os governadores, mesmo para os distritos e municípios. A Frelimo bateu com o pé que não queria e chegou a dizer, que se a Renamo continuar a insistir que a eleição seja directa dos candidatos, a bancada maioritária da Frelimo na Assembleia da República receberia instruções para votar contra. Foi muito difícil para mim, boicotar, permitir que tudo ficasse para trás só por questão da modalidade”, referiu, para depois acrescentar que não haverá sequer cabeças de lista.
Falou das competências dos governadores: “O governador eleito vai governar a província. Terá poderes para nomear o seu governo, que serão os directores da saúde, educação, transporte, agricultura, das pescas. Isto é da competência daquele que ganhou”.
Disse estar aberto a ideias para melhorar o acordo alcançado.
Ontem escutei com muita atenção a Declaração do Presidente Filipe Nyusi sobre os consensos alcançados entre ele e o líder da Renamo o Senhor Afonso Dhlakhama acerca da Descentralização. Contrariamente a muitas pessoas que consideram que o momento configura um défice da nossa Democracia, eu fiquei bastante satisfeito com o teor da Declaração. Ganhei o dia. Ao ler “Um Longo Caminho Para a Liberdade”, livro autobiográfico de Nelson Mandela percebí que, na vida das Nações há momentos cruciais da sua História em que, para que a Pátria se mantenha viva e não pereça, os Líderes do País, em nome do Povo, devem tomar decisões ousadas, sem consultarem quem quer que seja. Muitas vezes a brutalidade da guerra não dá tempo tempo para essas consultas. Para dar início ao desmantelamento do sistema do Apartheid, Nelson Mandela iniciou negociações com o regime “boers”, à revelia do ANC. Nem ao Walter Sisulu, na altura melhor amigo dele, consultou. Julgou chegado o momento e agiu.
Na irracionalidade de uma guerra que tudo mata e destrói, DEMOCRACIA, para mim, é, a liderança do País, encontrar maneiras de acabar com essa guerra. E, TUDO O RESTO, HÁ DE VIR POR ACRÉSCIMO. Com o País em guerra e em perigo de ficar dividido, de que democracia é que estamos a falar? Permitam-me que vos conte um episódio em que acabo me vendo envolvido, em Março de 2016. Numa missão religiosa, viajamos de Nampula para Chimoio, sede da nossa igreja. É uma viagem que, em condições normais, duraria 12 a 14 horas de tempo. Por causa da guerra, a nossa viagem durou 3 tortuosos dias com muitos episódios de terror pelo meio. Quando os Líderes do meu País anunciaram as tréguas militares, vocês não podem imaginar a alegria que invadiu os corações das pessoas que vivem nas zonas afectadas pela guerra ou, daquelas que, por razões várias, têm que transitar por essas zonas.
Natural da provincia de Manhiça, provincial de Maputo, vivo há 15 anos no norte do País. Quando Armando Guebuza introduz os 7 milhões para “desenvolver” os distritos, a condição de acesso a esse dinheiro, era que tu não pertencesses a nenhum partido da oposição. Nas poucas vezes que algum valor foi atribuido a alguém pertencente a algum partido da oposição, não bastava que o beneficiário renunciasse ao seu partido. Era necessário que se deixasse usar em campanhas eleitorais pelo partido no poder, qual cão de fila, em insultos e difamações contra o partido de proveniência. Assisti à forma vergonhosa como trataram o Jacinto Namarrocolo e tantos como ele, pelos diversos locais por onde passei. Isto só era possível porque a totalidade dos Governadores Provinciais e Administradores Distritais era da Frelimo.
Em entidades como ANE, FIPAG, EDM, etc., etc, a probabilidade de, como membro de um partido da oposição, entrares para um concurso publicc e te ser atribuída uma obra, é quase nula. E esta situação é tanto mais acentuada quanto mais longe da capital estiveres. Sem grandes discursos quando o País tiver Governadores e Administradores de Distritos de outros partidos que não apenas da Frelimo, as coisas só podem melhorar.
A Pátria não te pode discriminar apenas porque tu não és membro da Frelimo. Aos Moçambiucanos não pode acontecer aquilo que me aconteceu em Tete: Trabalhando numa empresa de consultoria que cumpria contrato com a ANE, fui participar numa eleição intercalar em Cuamba onde minha mulher era candidata. Regressado a Tete um chefe da ANE me convoca para o gabinete dele e me comunica que eu não devia ter participado naquela eleição intercalar ao lado da minha mulher. Dois meses depois, perdia o posto. Indignado, falei com o Director Geral da ANE, com o Vice Ministro. Nada. Nunca mais recuperei o posto. Tudo porque não da Frelimo.
Encontrei uma réstia de esperança na Declaração do Presidente. Patria não é obra de choramingões.
Armando Cuna
23 Comments
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Joao Moreno Choramingoes. .... kkkkk
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Jerson Dourado Extremamente profundo.
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Sarmento Horácio confesso que foi muito triste!
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Arnaldo Soares Mendes Bem haja Cuna, sinceramente, gostei
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João Fonseca Txuza ENGENHEIRO ESCREVE UM LIVRO E CONTA TUDO ISSO C MAIS RIGOR E PROFUNDIDADE. As pessoas precisam saber. Acho que isso incomodaria ate os camaradas honestos probos e integros. So de ler fico arrepiado. Imagino viver na pele essas barbaridades. O pais e nosso mas ainda nao e este o Mocambique que os mocambicanos merecem
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Armando Cuna Um Estado forte tem que ter capacidade de, em caso de problemas muito complicados, discutir esses problemas em segredo (desde que nao seja para ir ao bolso dos cidadaos ).
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Jerson Dourado Sempre disse aos meus amigos que a maturidade ganha-se com tempo.

A qualidade de debate e construção de um estado de direito democrático também leva tempo.


Ser democrático, não significa o uso exclusivo do sufrágio universal. Os sistemas colegiais também são formas de exercício da democracia.

Quero desta forma me juntar ao pensamento deste poste, dando mérito ao trabalho do Chefe de Estado e do Líder da oposição.

Este consenso, e resultado da maturidade das partes envolvidas no diálogo e no debate.

Se for uma alternativa para trazer a inclusão social e um Moçambique de todos e para todos, seja bem vindo.

No entanto, se for possível rever a questão dos municípios, pois não estava dentro do pacote reivindicativo, e ninguém se opunha a tal procedimento, deixemos como estava.

Bem haja Moçambique
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Armando Cuna Sobre os Municipios concordo em parte contigo com uma ressalva: Em caso de morrte ou impedimento do Edil eleito, que seja o partido vencedor a indicar o substituto, sem intercalares.
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Emanuel Trindade Magalhaês Força meu companheiro da doutrina Simanguista va em frente e escreva um livro para mudarmos a pandora deste Pais que foi mal Colonizado e agora mais do que Nunca mal GOVERNADO
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A Carlos Garcia Fim ou início da Democracia?!!! Analisem bem, mozirmãos.
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Carlos P. Pereira Pereira Estou totalmente de acordo. Mocambique é de todos os Mocambicanos.
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Lizette Sousa Parabéns... Bem haja!
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Fernando Miguel Jose Triste acontecimento até quando nos escravizar?
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Mauro Ankumbila Cota Cuna Obrigado por essas lindas palavras..os choramingos vao ficando nos cantos a linpar as lagrimas emquanto o pais avança sem guerra..
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Armando Cuna Tem que ser mesmo sem guerra Mauro. Ja viste que na nossa regiao Mocambique eh o unico Pais que esta em guerra ha cerca de 54 anos? Nao ha mais ninguem aqui na zona que esta em guerra ha tanto tempo. Como eh que podes desenvolver um Pais assim? Que democracia se faz ao bang bangs?
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Anidia Tacaiana que crueldade ..confundem a maltratam profissionais ..revoltante
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Leonardo Manhique Manhique Conheço te ainda muito jovem. Percebi desde esse tempo que es uma pessoa d bem. Lamento profundamente o que te aconteceu assim como a outros tantos concidadaos. Contudo, deixas me alertartar que, certas pessoas, cometem atrocidades em nome dos seus respectivos Partidos, de igual modo, ha religiisos que matam e depois rezam. Enfim, enquanto Jesus Cristo nao volta, assim, vai o mundo.
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Armando Cuna mas exijo que deixem viver este que eu trago no ventre".
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Armando Cuna Desculpa, editei mal: "Nao lhes odeio. julgo mesmo que lhes posso perdoar o filho que me mataram e esquecer todo o mal que me fizeram. Exijo que deixem viver este que trago no ventre".
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Pedro Saguro Complicado...
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Cristina Ussene Que Deus nos conceda melhores dias ainda mais.
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Momed Mai Cuna, mais palavras para qu?! Falou, está dito!
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Carlos Dinis Amigo, bem dito, e continuemos com a luta de..
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Armando Cuna Muito obrigado amigao.
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Tchalito Ouana Trilhos da vida

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