Quando horas antes da final do Euro 2004, organizado por Portugal, Sérgio Marcos, jornalista da Televisão de Moçambique, entrevistando alguns citadinos de Maputo, era imprevisível que houvesse quem destoasse no prognóstico do jogo entre a equipa da casa e a Grécia. Depois de ouvir vários dizerem que Portugal ganharia por margem folgada, Um jovem, afirmou, categoricamente, que a selecção grega ganharia por 3-0. Questionado sobre a razão de tal presságio, o jovem disse que não só previa, como também preferia aquele resultado “por razões de ordem colonial”. Por outras palavras, ele não se via – contrariamente a muitos – a desfazer-se em apoios incondicionais a seleção das Quinas, justamente por se tratar do colonizador.
Tenho razões de sobra para acreditar que, como este jovem, haverá, seguramente, muitos que não nutrem simpatias por Portugal, independentemente da fama dos vinhos, do bacalhau, de Fátima e dos pastéis de Belém. É igualmente pública a onda de solidariedade que clubes portugueses têm nas antigas colônias, o que para alguns críticos é sinal de manifesta ausência de auto-estima, senão uma completa alienação e saudosismo colonial.
Também não é menos verdade que Portugal não vê com bons olhos e nem mesmo se conforma com o facto de numa sentada ter perdido o “direito” de exercer soberania nos 5 países africanos falantes da Língua Portuguesa. Tirando Cabo Verde, que para alguns é extensão das terras de Dom Afonso Henriques, a forma como Portugal trata os demais PALOP, numa clara tentativa de subalternização, é reveladora do inconformismo que a antiga Metrópole demonstra pelo facto de os povos desses países terem, com sucesso, desencadeado, epopeias libertárias. Até porque, sendo inconcebível no concerto das nações a colonização territorial, recorre-se ao “soft power” para manter a “O Império dos Heróis do Mar”. É daí que vemos as famosas SIC, TVI e RTP África (muito pouco virada para África). Não é por acaso que boa parte dos jovens pensa que Nzinga Mbandi é uma cantora de Kuduro ou que Ngungunyana é um agricultor de Maqueze, sendo que saberão melhor quem foi Pinheiro Chagas ou Miguel Bombarda.
Quem vê os noticiários da SIC ou da RTP África, tratando-se de abrir os seus jornais, se tiver que se falar Angola, Moçambique ou Guiné Bissau, de acordo com o agendamento editorial deste órgãos, só se fala das coisas menos boas, alternando-se com um Festival da Morna em Cabo Verde, como se aqui não houvesse problemas de fome, pobreza, alcoolismo ou mesmo prostituição. Em boa verdade, um país que é periferia na União Europeia não se pode dar ao luxo de destacar preferencialmente os nossos constrangimentos, parte dos quais com origem na forma gulosa com que Portugal nos colonizou. Mais do que isso: não me parece que Portugal tenha arcaboiço para entender subalternizar-nos.
A mim repugna ver debates em boa parte desses canais tentando fazer crer que os nossos países são governados por gangues que visam saquear as riquezas do povo. Alguns têm o desplante de dizer que os nossos países estavam melhor no tempo colonial, como se os nossos avós e pais tivessem enorme prazer em serem tidos por indígenas e não cidadãos com pátria.
O recente espetáculo judiciário em torno de um processo que envolve o vice-Presidente de Angola é um exemplo paradigmático de quão hostil tem sido a forma como somos tratados pela ex-Metropole. Como diria Makuta Nkondo: “ abominável.” Tratar o Dr Manuel Vicente como se de um cadastrado foragido da justiça não lembra o Diabo. Estamos a falar do vice-Presidente e não de um simples kinguila do Mercado dos Congolenses.
Ainda esta semana ouvi um famoso comentador da CMTV dizer de viva voz que contrariamente ao que se propalou, não eram capitais angolanos investidos em Portugal, mas o inverso. Se isso fosse verdade não teríamos um país de tangas, em exercícios de mendicidade na União Europeia. Inclusivamente já se pretende insinuar que o General João Lourenço, Ministro da Defesa e Candidato do MPLA às próximas eleições é um dos que delapidou o Banco Espírito Santo. Seria mais cômodo dizer que eles estão a assumir as suas fraquezas institucionais, mas isto roça a algo muito grave.
No caso particular de Moçambique, vemos alguns jornais portugueses criarem enorme alarido por conta do desaparecimento de um cidadão português, então nas matas da Gorongosa, local predilecto para Afonso Dhlakama e a Renamo promoverem actos de puro banditismo. A esse esperto, há quem vê nesse cidadão, um dos maiores logísticos da guerra movida pela Renamo, estando em parte incerta por conta de ajusstes de conta nas hostes daquele partido armado. Inclusivamente se fala de um provável mal-estar das autoridades portuguesas por falta de esclarecimento do desaparecimento do indivíduo.
Enfim, como diria o outro: “Portugal? Por razões de ordem colonial...
Isalcio Mahanjane Profundo...
recordo-me de uma cidadão que pulula ma RTP África, que de binóculos
conhece melhor Moçambique do que quem cá vive...
Ulisses De Jesus Pedro ASSIM PRETENDES DEFENDER A CORRUPCAO E DESVIO DE DINHEIRO PUBLICO EM ANGOLA E MOCAMBIQUE?
EM ANGOLA O CIDADAO NORMAL NAO TEM AGUA POTAVEL NEM ENERGIA, ASSIM A CULPA E DA SIC E RTP?
EM ANGOLA O CIDADAO NORMAL NAO TEM AGUA POTAVEL NEM ENERGIA, ASSIM A CULPA E DA SIC E RTP?
Alexandre Chivale Sugiro que releia o texto. Depois falamos. Não tenha pressa
Pedro Machado Boa tarde Sr Alexandre Chivale
mas depois de ler e reler fiquei com a mesma dúvida supracitada. Quando
for possível responda ao Sr Ulisses De Jesus Pedro. Obrigado
Ulisses De Jesus Pedro Pois, disso ele n]ao consegue falar. também a culpa e da SIC e RTP, eu entendo.
Alexandre Chivale Pedro Machado, Mutatis mutandi quanto à sugestão feita ao Ulisses.
Fernando Jorge Francisco Cumbana Chivale vais ferir o doi doi dos antigos senhores
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