Opinião
Último texto
Amanhã vou trepar pelas paredes por causa do que esqueci. Muito obrigada a quem fez este jornal.
2. Entrei para os quadros deste jornal em Março de 1998. Antes, escrevera nele por um ano, paga à peça, entre 1990 e 1991. A soma dos meus 20 anos remonta, pois, ao arranque do PÚBLICO. Como centenas de jovens de todo o país, tentei entrar para o primeiro grupo de estagiários quando o projecto foi anunciado. Já era jornalista com carteira mas ainda não terminara o curso (Comunicação, na FCSH da Nova). Quem estava a norte fez a prova no Porto. Quem estava a sul, como eu, fez em Lisboa. Lembro-me de uma plateia de cabeças no Fórum Picoas, num sábado de manhã, por certo demasiado cedo. Era 1989, eu tinha 21 anos, fazia noites na rádio, ainda havia estações piratas, escrevíamos à mão. Tempos antes, a TSF abrira candidaturas e as inscrições tinham de ser manuscritas. Chumbei logo nessa etapa (nunca soube o que revela a minha letra). E voltei a chumbar na prova do PÚBLICO: não me chamaram para o grupo dos que iam ser treinados por jornalistas lendários, como Adelino Gomes. Mas recebi uma carta a dizer que poderia propôr textos quando o jornal chegasse às bancas. Agarrei-me a isso, começando pelo Local, editado por Francisco Neves, onde muito aprendi. Ia saltando de secretária consoante quem folgasse. Até que a Paula Torres de Carvalho entrou em licença de parto e por uns meses atribuíram-me o lugar dela na Sociedade. Aquilo era um antro de craques da escrita, desde Rui Cardoso Martins (saído da faculdade) aos veteranos José Amaro Dionísio (poeta que eu lia) ou Rogério Rodrigues (pai de um Tiago então com 13 anos que hoje está no Rossio). O ciclone Vicente Jorge Silva soprava de uma ponta a outra na Quinta do Lambert. Escrevíamos em ecrãs a preto e branco. Os computadores eram umas caixinhas com uma ranhura para as disquetes. As disquetes serviam para transportar textos. As notícias chegavam à sala dos telexes, que jorravam rolos de papel com furinhos. A palavra Internet estava no ovo do futuro. Quando precisávamos de comunicar com o estrangeiro, íamos às máquinas enviar um fax, ou falávamos uma fortuna no telefone fixo. Os primeiros telemóveis de que me lembro são do ano seguinte, uns tijolos que as rádios usavam. Porque, em Março de 1991, quando Francisco Sena Santos se mudou da TSF para as manhãs da Antena 1, fui integrar a equipa dele, com salário fixo.
3. Mas fiz uma perninha no PÚBLICO logo depois, em Agosto, no golpe que levou ao fim da URSS. Eu estava de férias em Moscovo e a rádio ficara com o número de telefone da família que me alojava. Às cinco da manhã, Sena Sentos acordou-me a dizer que Gorbatchov fora sequestrado. Passei a enviada especial da rádio nesse momento. E, como era Agosto, e o correspondente do PÚBLICO, José Milhazes, estava de férias em Portugal, comecei a escrever para o jornal também, até Teresa de Sousa chegar, dias depois. Foi a minha primeira reportagem internacional, sem gravador, computador ou telemóvel. Entrava em directo por aquele telefone fixo do tempo de Brejnev, sendo que aquilo ainda era a URSS. Não podia ligar directamente para o estrangeiro, tinha de agendar com a telefonista. E, para o jornal, escrevia à mão e ditava.
4. Passaram sete anos. Vicente Jorge Silva e Jorge Wemans deixaram o PÚBLICO. O começo de 1998 foi uma fase de transição no jornal, gente a sair, a entrar. Um dia ligou-me a Isabel Salema, que fizera parte daquele primeiro grupo de estagiários (como o Rui e a Alexandra Prado Coelho, que tinham sido da minha turma na faculdade, o Paulo Moura, o Pedro Rosa Mendes, a Bárbara Simões, o Vasco Câmara, tantos outros). Encontrei-me com a Isabel num café das Amoreiras e ela perguntou se eu queria ir para o jornal. Havia duas hipóteses na mesa: ser jornalista do Internacional ou ir editar o suplemento “Leituras”, até aí feito por Tereza Coelho, que acabava de sair. Ambas aconteceram, por essa ordem.
5. O Internacional era uma jóia do PÚBLICO. Ali estavam Teresa de Sousa e Jorge Almeida Fernandes, enciclopédias vivas, mais a enciclopédia de Médio Oriente que era a editora Margarida Santos Lopes. Estava o impassível João Carlos Silva, que parecia nascido para editar, fosse o Internacional ou a revista Pública, durante anos. Estavam jovens grandes repórteres como a Alexandra, o Paulo, o Pedro, jornalistas especialistas em cada parte do mundo, dezenas de correspondentes internacionais. Aquele era o jornal que tinha arrancado na Guerra do Golfo de 1990, com Adelino Gomes e tantos outros como enviados. E continuava a ser. A minha primeira pasta foi Europa de Leste e Rússia (onde eu continuara ir, para a rádio). Assim me achei em Iasnaia Poliana, a terra dos Tolstoi, pelo Verão de 98.
6. Mas a Cultura ia montar uma equipa nova, e meses depois mudei-me para lá. Fui editar a secção, com a Isabel Salema, e o suplemento “Leituras” (que entretanto fora assegurado por Mário Santos, leitor raro, vastíssimo). A Cultura era outra jóia do PÚBLICO, outro antro de craques, todo um histórico desde a fundação, passando pelas barbas do ex-editor Torcato Sepúlveda. Ali moravam críticos de teatro como Manuel João Gomes! O luxo de o ouvir contar dos surrealistas, de Luiza Neto Jorge ou da vantagem de comer sopa logo pela manhã. Ou críticos de música como Fernando Magalhães, um génio que escrevia sobre musas celtas enrolado no cachecol do seu clube. Ali estava o Jaime Rocha dos poemas e das peças, que para nós será sempre Rui Ferreira e Sousa, o cabelo branco mais bonito das redacções. E grandes jovens jornalistas e/ou críticos, que se matavam a trabalhar: Kathleen Gomes, Lucinda Canelas, Joana Gorjão Henriques, Tiago Luz Pedro, Rui Catalão, Pedro Ribeiro. Isto era na Quinta do Lambert, já noutro edifício, mas meio mundo ainda fumava. O Vasco fumava à minha frente, a Isabel fumava à minha esquerda, e eu fumava no meio das torres de livros do “Leituras”, que se acumulavam entre o meu computador e a parede. Mesmo com parede, havia desmoronamentos. E ministros da Cultura que caíam, e ofertas de pancada. A guerra diária tinha muitas frentes, várias páginas conquistadas na reunião de editores da manhã, e ainda havia a guerra semanal dos suplementos. Aquela secção era um reboliço de gente a chegar com discos, a sair com livros, a ir para a rua, várias gerações cruzadas, um caldo de memória do século XX, património e contra-cultura, colectivos e solitários. A gente fechava páginas às tantas da noite, e podia continuar a escrever até chegarem as empregadas da limpeza, e então ia tomar o pequeno-almoço, para voltar à guerra, outra vez.
7. A Cultura teve vários suplementos desde o começo do PÚBLICO. Antes de o milénio virar, passou a ter dois, novos. Um para livros, música clássica, artes e arquitectura, o “Mil Folhas”, de que eu era editora. Outro para cinema, música pop, dança e teatro, o “Y”, de que o Vasco era editor. Foi o Eduardo Prado Coelho que sugeriu Mil Folhas, e eu abandonei logo a minha lista de maus nomes. Foi também o Eduardo que sugeriu jovens estudantes de Letras, como Clara Rowland e Francisco Frazão, para juntar aos muitos críticos já ligados ao jornal. Além de assinar uma página no “Mil Folhas”, o Eduardo foi sempre um conselheiro. Morreu há dez anos, e a falta que nos faz, em humor e inteligência, cultura e argúcia. Ninguém em Portugal ocupou o seu papel, os seus vários papéis. De resto, gostava de ter aqui espaço para agradecer a todos os críticos com quem trabalhei semanalmente, e me aturaram inexperiências, tantas. Além do Eduardo, havia vários colunistas regulares. O Jorge Silva Melo foi um deles, e não há dia em que eu receba aqueles mails dos Artistas Unidos sem lhe tirar o chapéu pela persistência, por tudo o que deu e dá a este país capaz de abandonar os melhores. Um dia, no meio de um descampado, discuti com o Jorge ao telefone, sei lá eu já porquê. Que parvoíce. Que saudades de o ler. Que sorte ter feito parte do meu trabalho ler gente assim, ter feito o “Mil Folhas” quando havia tantas editoras independentes, tê-lo feito com a Ivone Ralha a paginar, e o Jorge Silva como director de arte, sempre a brigar por mais ilustração. Ser possível fazer números especiais quando o Manuel Hermínio Monteiro morreu, a Sophia morreu, o Cesariny morreu (tantos desenhos, fotografias, manuscritos que ficaram algures no PÚBLICO). Poder ter Vítor Silva Tavares a escrever sobre Almada, e bater no computador a “cartinha” dele, que era o texto. Convidar Ernesto Sampaio a escrever crítica de teatro, recebê-lo na redacção, publicar os seus textos. Tantos textos do caraças.
8. Estive na Cultura por anos, com um pé volta e meia no Internacional. No 11 de Setembro, o PÚBLICO já estava no edifício de Picoas (terceira mudança), e atulhámos-nos todos madrugada dentro, para fazer uma segunda edição. Voei para o Paquistão logo a seguir, estive um mês a tentar passar a fronteira afegã, depois esperei sete anos para viajar pelo Afeganistão. Mas pelo meio, aconteceu o Médio Oriente: Israel/Palestina, Iraque, Jordânia, Líbano. E isso tem origem na Cultura. Tudo porque a nova Biblioteca de Alexandria ia abrir na Primavera de 2002, eu queria conhecer a cidade e a inauguração era um bom gancho. Propus ir um mês, como se fosse de férias, mas o jornal dava-me esse tempo, e eu escrevia para o jornal. Só que, quando aterrei no aeroporto do Cairo, a Margarida Santos Lopes ligou-me, e esse telefonema mudou o meu destino. O exército israelita estava a invadir as cidades palestinianas, na sequência de uma série de atentados suicidas. A Margarida perguntava se eu não podia ir cobrir aquilo. Eu não fazia bem ideia do que era aquilo, nem sequer onde era Ramallah, mas fui. Em vez de apanhar um autocarro para Alexandria, apanhei um avião para Jerusalém. Acabei por ir a Alexandria em finais desse ano porque a inauguração da Biblioteca foi adiada, mas a paixão por Jerusalém e tudo em volta dura até hoje, e devo-a à Margarida. Essa Primavera de 2002 teve cerco à Basílica da Natividade, recolher obrigatório em Ramallah, massacre em Jenin, e tiveram de me arrancar de Gaza ao fim de mês e meio a escrever todos os dias, porque já ninguém aguentava mais textos sobre o assunto, nem esperar que eu os enviasse às tantas da noite.
9. Aproveito para agradecer a toda a gente que esperou in extremis por textos meus sem arrancar cabelos, fosse de Gaza ou de Trás-os-Montes. E, a propósito de Trás-os-Montes, este texto é centrado na redacção de Lisboa porque era a minha, mas fui feliz um mês na redacção do Porto, correndo serras e léguas com o Paulo Pimenta ou o Nelson Garrido a fotografar. Tudo o que fizemos, dessa vez ou noutras, da nascente do Sabor ao Padre Fontes, passando pela visita a Margarida Cordeiro, e pelos territórios do cinema de António Reis, está entre as reportagens de que mais gostei na vida.
10. Além da Cultura e do Internacional, trabalhei vários anos na Pública, onde tive outra grande editora, a Dulce Neto. A Joana Amado foi minha editora em diferentes alturas, nomeadamente nos anos do Brasil. Gostaria de ter integrado em algum momento a equipa de José Vítor Malheiros na Ciência. O anjo da guarda da direcção e de todos nós era a Lucília Santos. Secretárias como Isabel Anselmo e Paula Dias não perderam a paciência, idem para desks como Rita Pimenta e Manuela Barreto, ou a telefonista São ou a Leonor Sousa, no Centro de Documentação, que me ajudou tanto. Coadjuvado por Nuno Pacheco, o director que tive por mais tempo foi José Manuel Fernandes, com quem travei dicussões tão épicas como daquela vez em que o relógio dele voou contra o vidro do gabinete. Essa foi por causa do Conselho de Redacção. De resto, da invasão do Iraque ao conflito israelo-palestiniano, estávamos em desacordo em quase tudo. Mas isto nunca se traduziu em qualquer obstáculo a que eu fosse enviada ou escrevesse, que eu saiba. Foi JMF quem deu luz verde a várias propostas minhas, como ir morar para Jerusalém como correspondente improvisada. Também foi ele quem me convidou a escrever crónicas, nem sei bem há quanto tempo, 18 anos? A primeira série chamava-se Erva-moira e era uma tortura tão grande que ao fim de um tempo deixei um bilhete a JMF, a dizer que era melhor esquecermos. Em Jerusalém, voltei a fazer crónicas, chamavam-se Oriente Próximo. Mais tarde, Viagens com Bolso, depois Atlântico-Sul. Optei por deixar os quadros em Dezembro de 2012, quando morava no Rio de Janeiro. Desde então, acordei com o jornal algumas reportagens (primeiro mensais, depois anuais) e uma crónica semanal, que desde a volta do Brasil se chama Não ficções. Esta é a última. Amanhã vou trepar pelas paredes por causa do que esqueci. Muito obrigada a quem fez este jornal, e a quem o leu. O PÚBLICO é desses muitos. Que inspirem quem vier.
Vais fazer muita falta! Volta rápido aqui ou para outro jornal. Até já. Estamos juntos.
«último texto» tem um sabor amargo para quem lê, como se
desta vez, ao contrário do que aqui nos conta, saísse determinada a não
regressar. a ALC é uma excelente jornalista
porque escreve envolvendo-se com a realidade, sem fingir que está de
fora (nunca se está de fora). a elém de jornalista, é uma escritora de
gema. é uma perda, perdê-la daqui, mas é uma sorte saber que
encontraremos a sua escrita por aí.
fantástico texto antológico este seu. pedaço de história pura: de
Portugal, do mundo, dos jornais. obrigada. até sempre
Estimada Alexandra Lucas Coelho, com todo o respeito que
por ti tenho, gostaria de precisar que no dia 19 de Agosto de 1991, eu
encontrava-me em Moscovo a trabalhar dia e noite para a TSF. É verdade
que não escrevi para o Público, mas não porque estava de férias (como
escreves), mas por um motivo que até agora não consegui saber, nem
compreender. Desejo-te as mais felicidades, mas, parafraseando um
conhecido pensamento de Cristo, é lugar para dizer: a Alexandra o que é
de Alexandre e a Milhazes o que é de Milhazes.
pluralidade e qualidade, amplitude de visão e
multiplicidade de paixões - tudo isso está a desaparecer do jornal, ao
mesmo tempo que pulula um verdadeiro cardume de 'novos nomes',
porventura compondo o chavão de alguma 'saudável renovação'... se isto
assim continua, saio de vez de assinante. E sairei bem acompanhado,
pelos vistos. Dinis Dinis, olha que poupar sai caro...
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Eis uma ameaça séria...
20 anos depois continuo sem perceber as qualificações da cronista para o Internacional...
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bah, ó luís, sei lá, não ser estúpida, por exemplo. Tem mais setecentas outras (e não é que eu não discordasse sistematicamente de quase tudo o que ela foi escrevendo, e que vejo agora abalar com mágoa), mas o caro luís pode começar por essa, que é fácil: uma pessoa tem qualificações porque tem qualidade, e há uma maneira muito rápida de ter qualidade, que é não ser bronca, parva, e essas coisas. Eu sei que são conceitos que lhe serão difíceis de perceber, sobretudo se colocados assim na negativa, mas tente, caro luís, tente, e verá que à sétima ou oitava tentativa, vai começar a perceber por que é que alguém tem ou não tem qualificações. Que impertinente.
-
É pois impertinente perguntar pelas qualificações da cronista para o internacional? Impertinente serei...
A jornalistas Alexandra, talvez sem quer, acabou por
escrever a história resumida deste jornal, com variadas referências
importantes que poderão,, mais tarde, ser usadas por qualquer
investigador. Um excelente trabalho.
Pois, isso....é pena que o Público se esteja a tornar
numa João Miguel Taveirada, o que é mesmo muito mau. Obrigado, e até
sempre!
Cara Alexandra, quero agradecer a colaboração que
prestou ao publico ao longo de todos estes anos, sou leitor do mesmo
desde o numero um.
E ao longo deste anos fui sendo apresentado a vários cronistas e
jornalistas, uns que já nem me recordo dos nomes, outros que aprendi a
gostar e a seguir quando abandonaram o jornal e garanto-lhe que a
senhora é uma dessas pessoas.
Obrigado Alexandra Lucas Coelho.
Ficamos todos a perder.
Como sinto pena de deixar de ter, na minha leitura,
essa crónicas quentes e densas que demonstram conhecimento e paixão pelo
que faz.
Agradeço que tenha contribuído de forma tão preenchida e intensa para o
meu esclarecimento diário do mundo.
Lembro-me de pedir ao Sr. Engº. Belmiro, no ginásio do Porto Palácio, em
momentos que se falava em fechar o Público:
" Por favor, não deixe morrer esta "Enciclopédia de Informação
Portuguesa".
Minha querida, Você fará sempre parte integrante destes valores, que ao
longo destes anos têm contribuído para a grande afirmação desta
"Enciclopédia".
Bem haja. que Deus a ajude na sua vida.
Nem sempre concordei com as suas opiniões, mas quase
sempre escreveu sobre assuntos bem pertinentes. O Publico fica mais
pobre!
Está a ser diminuída a pluralidade no público, como diz o
tripeiro, o que se lamenta, pois era uma das suas riquezas, apesar das
polémicas.Não é isso democracia? Diferentes visões do mundo só nos
enriquecem, portanto, este jornal vai empobrecendo sempre que sai uma
visão não alinhada com a linha editorial do diretor (e de outros).
Felicidades Alexandra, na contribuição que dará em outros locais, pela
não normalização do pensamento jornalístico reduzido à informação
económica e política.
É uma pena que saia do jornal a pessoa que melhor
escrevia. Fosse o tema algo que me interessasse muito, pouco ou
assim-assim, a escrita tão - como dizer? perfeita, inspirada, correcta,
esvoaçante às vezes, metódica noutras, minuciosa ou ligeira - enfim, a
escrita tão boa da Alexandra fazia da leitura sempre um prazer. Terei
muito gosto em continuar a lê-la por outras paragens. Se o senhor
Director continuar a deixar sair todos os que escrevem melhor do que
ele, o Público em breve não se distinguirá de um pasquim.
Agradeço muito os seus textos, Alexandra Lucas Coelho.
Que pena… para onde vais ‘Público’?... Eu, leitor, cancelada a renovação
da assinatura, também de saída…
Vou sentir a falta dos seus textos sobre o Brasil a
Palestina o Mundo.Saravah para me despedir à maneira do Vinícius .
Obrigado.
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Totalmente de acordo consigo. Saem os jornalisras e ariculistas mais importantes do Público. Fica o José Miguel Tavares...
Parece que o Público está a fazer uma limpeza. Enfim, vai descendo sempre até acabar?
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Espero que a "limpeza" não seja geral porque o Público nãa pode prescindir de tudo quanto tem de melhor. As crónicas do Brasil são peças que não podemos prescindir. Já o mesmo não digo dos escritos do José Miguel Tavares!
Obrigada por esta genealogia de jornalistas que fizeram
parte da minha vida e construiram o melhor jornal de Portugal. Esta
também é uma crónica sobre as perdas dos que, de uma maneira ou outra,
abandonaram involutariamente o jornal que tinha uma história e qualidade
rara. Agradeço também o seu olhar diferenciado sobre o mundo, o
conhecimento profundo sobre a vida dos "outros", a coragem de cutucar as
feridas nacionais como a escravidão e a escrita literária que me faziam
sentir uma leitora privilegiada. Não sou uma ouvinte da rádio por isso
peço-lhe que partilhe as suas crónicas no Blog. Infelizmente considero
que o Público está doente, com a deriva à direita, a enfase na economia
em vez da cultura e a sangria dos melhores jornalistas como a Alexandra
deixei de ter prazer de o ler.
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Está então a dona Margarida a dizer que quem é de direita é doente.
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Não seja inconveniente Tripeiro, o que quero dizer é que o Público tem afastado os jornalistas da Esquerda e por isso o jornal está indiferenciado, doente.
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Mesmo na solenidade da despedida o sr não evita o impertinente disparate.
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Para a solenidade da despedida já dei o meu contributo ali mais abaixo
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Solidário com o Super Tripeiro, também quero contribuir com impertinentes disparates. Não há nenhuma deriva à direita do Público, cara Margarida Paredes, quem quer derivar deve ir ler o Observador. Eu vou!
Lamento a saída de Alexandra Lucas Coelho, uma autora de
imensa qualidade. Prevaleceu o imperativo economicista e o Dinis está
no jornal com a missão de o fazer cumprir. Jamais escreverá como
Alexandra. O talento e a cultura unem-se em duplo dom, produzido pela
natureza e a sabedoria de viver, conhecer e comunicar. O 'Público' fica
mais pobre, embora ainda que alindado 'online' sob inspiração dos
grandes títulos mundiais - The New York Times, The Guardian e outros. No
copiar o estilo e na falta de qualidade do conteúdo. é que está o
ganho.
Que pena deixar de ler os seus textos no Publico!
"conheci-a" no caderno afegão,nos livros, por isso, espero continuar a encontrá-la por aí.
Felicidades!
Teresa
Se há coisa que tenho apreciado no Público, é a
pluralidade, pelo que não posso deixar de lamentar a saída de alguém que
dava um contributo inestimável para essa pluralidade. Felicidades,
Alexandra.
Vou ter pena de não encontrar as suas crónicas. Tudo do melhor para si.
Foi com grande surpresa que li este texto da Alexandra
Lucas Coelho.
Gostaria de transmitir-lhe a minha enorme admiração pelos textos de sua
autoria que, ao longo dos anos, fui lendo no PÚBLICO.
Foram eles, ainda, que me tornaram numa leitora curiosa e muitíssimo
interessada em tudo o que escreveu para além do jornal e editado pela
Tinta da China.
Confesso que as segundas-feiras não serão mais as mesmas. Aguardava, com
enorme expectativa, a crónica de sua autoria que iria ler nesse dia.
Sempre bem escrita, corajosa, e muitíssimo interessante (mesmo aquelas
que me aborreciam).
Desejo-lhe as maiores felicidades!
Conceição Mendes
Nesta oportunidade gostaria de lhe deixar o meu
reconhecimento pelos momentos de prazer que já me deu, pelo que já
aprendi consigo e pelo que já me fez pensar. Desde estas crónicas que
agora terminam, até aos livros, do Caderno Afegão ao Viva México,
através dos quais tomei conhecimento com realidades que desconhecia
(pelo menos por aquela perspetiva) e me fez pensar sobre elas, à Noite
Roda. Menos com o Amante de Domingo. Vou a meio do Deus-dará.
E sem esquecer o blogue Atlântico-Sul. Porque não prosseguir com ele?
Continuarei segui-la nas crónicas da Antena Um.
Mesmo que algumas vezes não concorde consigo, continuarei a apreciar a
sua escrita, a sua cultura e a sua coragem.
Bem haja por isso tudo!
Obrigado Alexandra. Apaixonei-me pelo Brasil em viagens
de trabalho e tenho lido as suas crônicas recentes com a sofreguidão dos
que têm sede de uma terra prometida. Você tem um dom de falar com o
coração daqueles que reporta, uma coisa rarissima em tempos de números e
clichês de consumo rápido. Procurarei as suas reportagens onde quer que
as leve.
Apesar dos convites nunca visitei o meu jornal de
referência de que há muito sou assinante e leitor compulsivo.
Alexandra, acabo de ler o seu "Último texto", regredi nos meus 78 anos, e
maravilhoso, temos uma coisa em comum, o gosto por trabalhar viajando,
ou talvez, viajar e ir trabalhando.
Muscat ou São Tomé, Russia ou Turkia, Amman ou Cairo, Tókio ou Praga são
hoje, a par de muitas outras cidades e países apenas vãs recordações.
Os êxitos ou insucessos fazem parte do ADN de quem ama a vida e a ela se
dedicou.
Poderíamos ter assumido menos riscos, eu, poderia ter visto o
crescimento da minha filha, poderia ter passado menos noites em claro e
poderia ter ganho mais dinheiro, mas é assim, exactamente assim que me
sinto realizado. A vida é o que somos, votos de mais sucesso Alexandra.
A CENSURA, também se faz assim , dispensando
colaboradores, isentos, e que não alinham na visão do actual director do
Público.
Sinceramente, Público, sinceramente... só falta mudarem o
nome do jornal. Uma vergonha, o que se passa com os media no geral e
com este jornal em particular. Está a ser deliberamente desmontado e
apoucado.
Junto-me às opiniões já expressas incluindo-me entre
aqueles que lamentam a sua partida. Sinceramente. Aprendi a apreciá-la.
Tantas vicissitudes, tantas vicissitudes, enfim....amanhã, quando
estiver a trepar pelas paredes lembre-se dos que a "estimam" mesmo com
os constrangimentos virtuais que a circunstância obriga, e bem.
Gostei do pensamento político em geral, apreciei a sua causa pela
inclusão na nossa memória histórica da tragédia da escravatura. Nestes
longos meses de inverno as "cartas" do Brasil ajudaram a prosseguir.
Ricas, cheias de paisagem, afectuosas. Cumprimentos. Por fim, não leve a
mal, eu sei da grandeza com que tratou o seu ressentimento, outro sinal
objectivo de superioridade e de bom prognóstico quanto futuro, mas eu
não preciso disso. Grande filho da mãe !....
Um grande obrigado, vai deixar muita saudade aos
leitores. E que pena vê-la partir, com tantos outros que têm partido e
continuam a partir do Público... Não sei para onde o Público está a ir,
apenas sei que lhe vai fazer muita falta. Espero podermos continuar a
lê-la, esteja onde estiver. Os melhores desejos de felicidade!
Estando ou não de acordo com o texto A ou B da Alexandra
Lucas Coelho, para mim, foi sempre um prazer, uma delicia, a leitura
dos mesmos. A forma como a sua escrita dá vida aos seus textos, que nos
transporta para um diálogo com os seus intervenientes, para os seus
sucessos e insucessos, o ambiente em que vivem, transportando-nos até
para as paisagens que os rodeiam, é de um talento que a poucos é dado.
Brilhante jornalista que nos abandona - mais uma. Obrigado ALC por me
ter permitido ser testemunha do seu talento. O melhor do mundo desejo
para si e o seu futuro profissional. Ao Público a pergunta: Porquê?
Porque, ultimamente, saiem as mais valias do jornal umas atrás das
outras?
Parece um necrológio. Alguém morreu? A Alexandra LC parece bem viva.
JLR