MÉXICO
México. Violador acaba ilibado porque… não terá gostado
No México, um rapaz que estava acusado de violar uma colega foi ilibado de quaisquer crimes porque, segundo o juiz responsável pelo caso, o alegado agressor não teve "intenção carnal", nem prazer.
O caso remonta a 2015 quando quatro rapazes, à saída de uma festa de Ano Novo, violaram uma rapariga que seria colega dos agressores no mesmo colégio. A sentença saiu esta segunda-feira com o principal suspeito a ser ilibado de quaisquer acusações porque, segundo o juiz responsável pelo caso, não houve prazer, nem “intenção carnal”.
A situação está a indignar o país. Passados 15 meses do crime, ninguém aceita que Diego Cruz, agora com 21 anos e membro de uma das famílias mais abastadas e influentes no México, tenha sido considerado inocente. Mais, os contornos da absolvição estão a chocar a opinião pública e os ativistas dos direitos humanos, conta o jornal The Guardian.
O juiz Anuar González justificou a decisão com o facto de, apesar de Diego ter tocado de forma imprópria a rapariga e a ter penetrado com os dedos, não ter existido “intenção carnal”, nem o agressor ter retirado prazer do ato. Na opinião do juiz, não existiram assim razões para a condenação do agressor por violação. Anuar González afirmou ainda que apesar da rapariga ter sido forçada a entrar num carro com os quatro rapazes, nunca esteve completamente “impotente”, pelo que poderia ter fugido.
Diego Cruz, que chegou a fugir para Espanha, tendo sido mais tarde extraditado, não foi assim condenado por qualquer crime. Dois dos outros quatro agressores – que ficaram conhecidos como ‘Los Porkys’ – foram acusados formalmente de violação consumada.
A justiça mexicana é muitas vezes acusada de ceder a pressões de personalidades influentes na política e com dinheiro. A ativista Estefanía Vela Barba foi uma das vozes que se fez ouvir sobre este caso.
Ele tocou-a sexualmente, mas porque ele não gostou, não é abuso sexual?”, questionou Estefanía , sobre a decisão do juiz.
A ativista prosseguiu nas duras críticas à decisão do juiz afirmando ainda, em jeito sarcástico: “Como não houve prazer no ato, aquilo foi apenas para causar humilhação. Eles estavam a tocá-la, estavam a incomodá-la, mas para o juiz, se a intenção não era o prazer, não resultou em agressão sexual“.