Ricardo Salgado foi constituído arguido por corrupção e mais 4 crimes na Operação Marquês. Juiz Carlos Alexandre vai ouvir ex-banqueiro.
Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, está desde as dez da manhã a ser interrogado no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) no âmbito da Operação Marquês como arguido A confirmação é da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A PGR confirmou ao início da tarde que Salgado é arguido na Operação Marquês pelos crimes de “corrupção, abuso de confiança, tráfico de influência, branqueamento e fraude fiscal qualificada”.
Em causa estarão as várias ligações do Grupo Espírito Santo (GES) ao chamado caso Sócrates, nomeadamente através do empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Carlos Santos Silva.
Ao final da tarde, a PGR voltou a emitir novo comunicado em que confirma que o DCIAP requereu ao juiz Carlos Alexandre o interrogatório judicial de Salgado. Esta decisão significa que o Ministério Público pretende que o Tribunal Central de Instrução Criminal aplique uma medida de coação mais gravosa do que o Termo de Identidade e Residência, como confirma o comunicado da PGR.
O órgão que funciona como a cúpula do Ministério Público informou ainda que a Operação Marquês já tem 20 arguido, entre 15 pessoas singulares e 5 coletivas.
Terceiro caso em que é arguido
É a terceira vez que Ricardo Salgado tem a condição processual de arguido. A primeira vez que foi ouvido como arguido (tendo sido inclusive detido para interrogatório) foi em julho de 2014 no âmbito do processo Monte Branco, passando a ser oficialmente suspeito dos crimes de fraude fiscal qualificada e de branqueamento de capitais. A segunda ocasião ocorreu precisamente um ano depois mas já no âmbito do caso BES e a lista dos crimes imputados ao ex-líder executivo do BES foi mais extensa: corrupção ativa no sector privado, burla qualificada, falsificação de documento, falsificação informática, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais
No que diz respeito à Operação Marquês, Ricardo Salgado tem estado na mira do Ministério Público a propósito da origem dos fundos que foram depositados nas contas suíças de Carlos Santos Silva, o alegado testa-de-ferro de José Sócrates. A equipa do procurador Rosário Teixeira suspeita que boa parte dos mais de 20 milhões de euros reunidos por Santos Silva tenham tido origem em sociedades do Grupo Espírito Santo (GES), nomeadamente a Espírito Santo Enterprises — o famoso saco azul do grupo liderado por Ricardo Salgado.
Tais transferências, tal como o Observador já noticiou, terão sido uma alegada contrapartida por eventuais benefícios concedidos pelo Governo de José Sócrates em diferentes negócios que beneficiaram o GES.
As investigações no âmbito da operação Marquês correm há mais de dois anos e devem estar concluídas em março deste ano.