segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Governo britânico ocultou teste nuclear falhado antes de votação no Parlamento


Em Junho de 2016, um teste envolvendo um míssil nuclear desarmado falhou. Semanas depois, foi votada na Câmara dos Comuns britânica a renovação do sistema nuclear, mas o incidente permaneceu em segredo.
Questionada na BBC sobre a polémica, Theresa May recusou-se a comentar
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Questionada na BBC sobre a polémica, Theresa May recusou-se a comentar REUTERS/JEFF OVERS
Semanas antes de ter sido aprovada uma renovação do sistema nuclear britânico na Câmara dos Comuns do Parlamento britânico, em 2016, ocorreu um teste nuclear falhado que foi ocultado pelo Governo de Downing Street.
Um fonte oficial da Marinha, não identificada, fez a revelação ao Sunday Times, este domingo, afirmando que o teste do míssil nuclear Trident II D5, desarmado, registou uma “falha grave”, ao largo da Florida, em Junho do ano passado, tendo sido activado sistema de autodestruição. O míssil foi lançado por um dos quatro submarinos que fazem parte do programa de dissuasão nuclear do Reino Unido, mas a sua trajectória foi alterada para os EUA, disse a mesma fonte, quando o destino original era a costa da África Ocidental. A CNN confirmou igualmente a história através de uma fonte militar americana. O incidente ocorreu semanas antes de Theresa May ter entrado em funções como primeira-ministra, mas as recentes notícias dão conta de que a governante tinha sido informada do caso.
Este foi o primeiro teste em quatro anos do Reino Unido, o que lançou receios no seio do Governo britânico, que decidiu assim ocultar o fracasso para que o sistema não saísse prejudicado na sua credibilidade e na posterior votação no Parlamento.
Este domingo, na BBC, a primeira-ministra Theresa May foi confrontada com a polémica. Questionada quatro vezes se tinha tido conhecimento do teste falhado antes da votação parlamentar, May recusou-se a responder. A renovação do programa de dissuasão nuclear tem um custo estimando de 41 mil milhões de libras (cerca de 47 mil milhões de euros).
Já esta segunda-feira o secretário da Defesa britânico, Michael Fallon, garantiu que tem “confiança absoluta” no programa mas recusava-se a oferecer “detalhes operacionais” sobre o referido teste.

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