Assinantes: Bitone Viage & Ivan Maússe
Depois da cerimónia oficial de abertura do lectivo 2017, realizada na passada sexta-feira (20), na Província de Gaza, arrancaram hoje (23), em todo o território nacional, as aulas referentes ao primeiro trimestre lectivo, dos níveis primário e secundário do nosso Sistema Nacional de Educação (SNE).
Hoje, Janeiro de 2017, ainda lembramo-nos do quanto foi tenebroso o ano de 2015 para grosso número dos alunos do nosso Sistema Nacional de Educação, com mais precisão para o ensino secundário dos níveis básico e médio, desde os alunos do regime ordinário (interno) até ao extraordinário (externos).
Foi um ano em que se registaram altos níveis de reprovações nos exames extraordinários havidos no mês de Agosto, bem como nos exames finais da 1ª e 2ª épocas em Dezembro do mesmo ano, tendo os alunos acusado a rigidez do Regulamento de avaliação introduzido pelo Ministério do pelouro.
E porque a moral das histórias reza que devemos aprender dos nossos erros do passado, já em 2016, notámos um significativo esforço por parte dos alunos com vista a superar o aproveitamento pedagógico obtido no ano anterior, ao que no final do ano, a felicidade era patente entre os mesmos.
Pretendemos, no presente artigo, discutir sobre alguns aspectos que mancham de perto o nosso Sistema Nacional de Educação, e disso, esperar que os mesmos não se perpetuem e, por consequência, constituam um entrave na formação dos pequenos-homens e futuros quadros desta bela pátria.
1. Do arranque do ano lectivo 2017:
Conforme dissemos nos anteriores parágrafos, 23 de Janeiro é a data eleita para o arranque das aulas relativas ao primeiro trimestre. Sucede, porém, que a experiência dos anos anteriores, justamente na primeira e segunda semanas de aulas, muitos professores e alunos têm falta às mesmas.
O atraso no arranque das aulas culmina com o incumprimento do programa do Ministério. Alguns conteúdos, mesmo que capitais, chegam a não ser lecionados. E o exemplo mais flagrante disso têm ocorrido nas escolas privadas que iniciam as actividades uma ou mais semanas tarde que as públicas.
No final das contas, quem paga o preço é o aluno que vê-se obrigado a aprender um agregado de matérias algo complexas nas vésperas dos testes ou provas provinciais, sendo que esta sobrecarga concorre seguramente para a adesão de um fraco aproveitamento pedagógico nas avaliações em referência.
2. Sobre o perfil do professor para 2017:
Sabe-se, desde logo, que o professor ocupa um lugar fundamental no processo de ensino-aprendizagem. No entanto, a realidade tem vindo a mostrar que alguns dos nossos professores são inimigos da assunção de uma atitude parental em relação aos seus alunos, e transformaram-se hoje em pessoas algo vulgares.
Contudo, para 2017 esperamos um professor sério e comprometido com a causa docente. Isso porque existem professores com longos anos de estrada, mas que são protagonistas de comportamentos viciosos.
Esperamos que 2017 seja o fim de professores que não planificam as aulas; chegam tarde à sala de aulas; queimam o tempo de aulas puxando conversas fúteis com os alunos falando da sua esfera privada e afins.
É do nosso desejo que os professores, mais precisamente os directores de turma – Dt’s, sejam mais presentes nas vidas dos alunos, mantendo reuniões permanentes com os seus encarregados de educação.
Queremos professores que planificam as aulas de acordo com as especificidades de cada turma, que partilhem os materiais de estudo com os seus alunos. Queremos um professor líder que educa e instrui.
Queremos, por isso, um professor que saiba dividir os momentos e espaços com os alunos. Um basta aos professores que saem para beber nas barracas ao convite de seus alunos, muitas vezes em troca de notas.
As escolas devem ser hostis para com os docentes preguiçosos e de conduta duvidosa, que chegam a olhar o espaço escolar como um bordel e suas alunas como meretrizes ou ainda presas sexuais de fácil abate.
3. Sobre o perfil do aluno para 2016:
O aluno é, tal como o professor, um sujeito principal (se calhar o primeiro) no processo de ensino-aprendizagem. Contudo, muitos dos nossos alunos são protagonistas de comportamentos irresponsáveis.
O primeiro e maior desafio do nosso aluno, é deste parar de olhar para o espaço escolar como um exímio lugar para fazer turismo, passar tempo, namorar, se divertir, fotografar e exibir suas aptidões estilísticas.
Queremos um aluno que transita ou passa de classe por merecer. Aliás, ser um aluno é “ser protagonista da sua própria aprendizagem”. É ser determinado, engajado e consciente da sua condição como aluno.
Um basta aos alunos que apenas estudam nas vésperas dos testes e exames, sendo que sua meta é garantir um “10” para passar. Aluno do “10”, não se precisa. Quadros assim, são uma quebra para o país!
Sabemos que a moda é um bicho do qual é difícil se desprender, mas gostaríamos que se pusesse fim ao fenómeno da adulteração do uniforme escolar, quer nos rapazes, quer nas meninas, principalmente. Nisto, a saída de Jorge Ferrão do Ministério do pelouro que não dê aso a degeneração do comando.
Em 2017, esperamos ver um aluno honesto e competitivo na sala de aulas e com os seus colegas; que aposta na formação de grupos de estudo; que usa dos meios informáticos e redes sociais para pesquisar.
Esperamos, também, ver um aluno honesto e, por isso, que dispensa o uso dos meios fraudulentos durantes a realização dos testes; um aluno que se autovaloriza, que respeita o seu professor e a escola.
Em certas escolas há alunos vândalos, faltosos, indisciplinados e sem notas, que quando instaurado um processo disciplinar contra si, costumam apoderar-se do livro de turma da sua classe. Isso é feio. Basta!
Finalmente esperamos um aluno que não se meta na escola alcoolizado, drogado ou que resolve seus contenciosos com os colegas e professores com recurso à violência e vandalismo ao património escolar.
Portanto, aos alunos vândalos apelamos que transformem a força física em pujança e energia intelectual para aprender a ciência e a técnica, duas ferramentas fundamentais para o desenvolvimento do país.
4. Sobre o papel da família e sua relação com a escola em 2017:
A família é a célula base dos indivíduos. Ela constitui a mais elementar instituição na qual nos encontramos envolvidos, sendo nela que buscamos modelos ou referências de como guiar nossas vidas.
No entanto, nos dias que correm a mesma família devido a vários factores associados a vida na Era do Capitalismo, tem-se eximido de muitas das suas responsabilidades, incluindo a educação dos mais novos.
A nosso ver, para o bem do processo de ensino-aprendizagem, é preciso que a família retome o seu papel do qual, de forma negligente, renunciara à mercê da escola. O aluno carece do acompanhamento desta.
Para 2017, a família deve acompanhar activa e permanentemente o desempenho escolar dos seus filhos, através de encontros periódicos com a escola, os professores e o Conselho da escola no seu todo.
Muitos dos alunos indisciplinados comportam-se como tal fora do conhecimento das famílias respectivas, que quando solicitadas, os alunos arranjam um encarregado de educação falso para resolver seus litígios.
Os pais e encarregados de educação devem estar atentos à maneira como os seus filhos se vestem quando saem de casa para escola, repudiando uniformes escolares e outros trajes que remetem-nos aos bordéis.
É preciso estarem atentos a cada comportamento dos seus educandos, dando-lhes assistência psicossocial e afectiva, inqueri-los constantemente se sofrem ou não chantagem ou qualquer discriminação na escola.
Finalmente apelamos a observância das condições em que os seus educandos viajam nas carrinhas de “transporte-escolar”, que costumam ser uma espécie de discoteca ambulante e vulneráveis à acidentes.
5. Considerações finais:
Há tantas outras reformas a realizar no sector da Educação em 201 por forma a torna-la de uma qualidade invejável e, o novo Regulamento introduzido ano passado, deu um salto algo que positivo. É!
Gostaríamos também que as nossas escolas pudessem ser equipadas de extintores de incêndio e de material de primeiros socorros e de corpo de segurança em substituição dos “madala” ou “vovó-guarda”.
A equipa de inspectores do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) deve proceder com fiscalizações permanentes às nossas escolas. Deve sair do Gabinete para o campo. Há muitas escolas que funcionam fora dos ditames do Ministério.
Pedimos, também, que o MINEDH encontre maneiras de discutir as tabelas salariais dos professores das escolas privadas que são uma autêntica humilhação. 50 Meticais/hora para um licenciado, é vergonhoso.
O Estado não pode ser/estar indiferente à humilhação salarial por que passa o nosso professor do ensino-privado, muitas vezes com cortes infundados e atrasos fora do normal. Estado padrasto? Não por favor!
O MINEDH deve punir devida e exemplarmente à todos os professores e chefias que tomam a escola como um bordel e ponto de negócio. Os alunos devem saber denunciar esses males sem nada a temer!
- Vamos educar para o contínuo e progressivo desenvolvimento da nossa pátria amada, Moçambique!
Bem-haja Moçambique, nossa pátria de heróis!
Maputo, 22 de Janeiro de 2017.
Novo Combatente De Moz Eh
preciso reflectirmos sobre a formacao do professor. GEREMES lembra-nos
que o grande problema quando se pretende assegurar a qualidade de um
subsistema de ensino eh a construcao do curriculo. A
questao que coloco eh: Havera uma relacao
entre o curriculo de Formacao Inicial do Professor e o subsistema do
ensino primario? A formacao inicial do professor nao possui pelo uma
cadeira sobre deficiencia mas no subsistema do ensino primario o
professor vai encontrar criancas com deficiencias. Nao existe a cadeira
de cadeira de etica e deontologia profissional e o curriculo oculto como
disciplina nao existe so se implementa. Estara o professor
suficientemente capacitado para implementar o curriculo local? A
fraca formacao inicial do professor influencia a qualidade do ensino
primario.
Homer Wolf MB Ariel, teu asSonto aqui... eh eh eh
Sem comentários:
Enviar um comentário