Propriedade do Departamento de Informação
Sai as Quinta Feiras * Distribuição Gratuita * Maputo, 30.12.2016 * Edição nº 197 Ano 4
O presidente da RENAMO,
Afonso Dhlakama
anunciou ao país e ao
mundo na desta terça-
-feira, 27 de Dezembro,
que as forças militares
do Governo da Frelimo
e da RENAMO, vão cumprir
uma trégua militar,
a partir da meia-noite da
mesma terça-feira, como
resultado de um entendimento
alcançado entre
ele e o presidente Filipe
Nyusi.
Falando numa conferência
de imprensa por
telefone, a partir da Gorongosa,
o presidente
Afonso Dhlakama disse
que a cessação temporária
das hostilidades
militares até na próxima
quarta-feira, visa permitir
que a pessoas possam
circular a vontade em
todo o território nacional
sem medo de serem atacadas.
“Eu vos convidei senhores
jornalistas para uma
conversa muito importante
para todo o Povo
moçambicano do Rovuma
ao Maputo. Anuncio
a cessação das hostilidades
militares, a partir
das zero horas de hoje
terça-feira, 27 de Dezembro
de 2016. Em todo o
território nacional não
haverá combates entre
as forças militares da
RENAMO e as forças armadas
da Frelimo” disse
Afonso Dhlakama.
O anúncio do presidente
da RENAMO, foi confirmado
igualmente pelo
presidente da República.
Os termos estabelecidos
pelos dois dirigentes
para a observação desta
trégua militar, definem
que as forças militares
de ambos os lados deverão
manter-se nas suas
posições, devendo contudo
por razões de segurança
serem permitidas
fazer patrulhamento
num perímetro de 3 à 4
quilómetros das posições
onde se
DESDE A MEIA-NOITE DA ÚLTIMA TERÇA-FEIRA
continua na pág 3
GOVERNO E
RENAMO
CUMPREM
TRÉGUA
MILITAR
EM TODO O
TERRITÓRIO
NACIONAL
2
Editorial
DA TRÉGUA DECRETADA AO
ANÚNCIO DA DESOBEDIÊNCIA!
Na última terça-feira, 27 de Dezembro, o presidente da
RENAMO, Afonso Dhlakama anunciou e o presidente da
República, Filipe Nyusi confirmou a entrada em vigor a
partir da meia-noite daquele dia de uma trégua militar
por um período de sete dias prorrogáveis, entre as
forças militares do Governo da Frelimo e da RENAMO.
Segundo o anúncio, a declaração de uma cessação
temporária das hostilidades militares, foi resultado
de uma conversa telefónica que o presidente da
RENAMO manteve com o presidente da República,
tendo em conta a vontade das partes em ver o Povo
moçambicano a passar as festas do ano novo num
ambiente de tranquilidade e harmonia.
A trégua militar decretada, estabelece claramente
os passos que devem ser observados para o seu
cumprimento. Define que as forças militares de ambas
as partes deverão durante o tempo que durar a trégua
e até novas ordens se manterem nas suas posições,
devendo por razões óbvias de segurança, fazerem
patrulhamento num raio de 3 a 4 quilómetros à posição
onde se encontram.
As tropas não devem atacar nenhum objecto ou
alvo, seja ele civil ou militar, muito menos marcar
emboscadas ou entrar em confrontos.
Apesar das ordens dadas pelos dirigentes de ambos
os lados, surpreende-nos saber que os militares do lado
do Governo decidiram à revelia por incumprimento
da suspensão das hostilidades militares, numa clara
desobediência ao seu próprio comandante-em-chefe,
Filipe Nyusi.
O anúncio da desobediência foi publicamente
manifestado na mesma terça-feira, através do portavoz
do Comando Geral da Polícia da República de
Moçambique (PRM, o senhor Inácio Dina, que durante
a habitual conferência de imprensa semanal disse
que a Polícia iria continuar com as suas acções, que
incluem manter as escoltas militares ao longo das
estradas, apesar de ter sido decretada a suspensão das
hostilidades militares.
Tendo fé nas declarações de Inácio Dina, que
representa uma corporação que por diversas vezes
emboscou e tentou assassinar o presidente da
RENAMO, podemos afirmar sem dúvidas que estamos
perante uma desobediência às ordens do Presidente
da República, ou então perante uma brincadeira de
Filipe Nyusi que tal como noutras ocasiões pretende
adormecer a RENAMO na perspectiva de surpreendê-
la.
Se há uma trégua decretada totalmente, tal como foi
anunciado dando garantias para as pessoas circularem
livremente, não se pode justificar a manutenção de
colunas nas estradas que tal como tem vindo a ser
denunciado, faz demorar as viagens e os agentes
envolvidos na protecção têm sido acusados de extorsão
aos automobilistas quer de transporte de passageiros,
como os de cargas, incluindo produtos alimentares.
Para além dos custos com o pessoal, combustíveis,
víveres que representam as colunas, entendemos que
a pretensão da Polícia manifestada pelo senhor Inácio
Dina, visa essencialmente manter a violência contra
os automobilistas e passageiros, com destaque para
mulheres que sempre denunciaram estarem a serem
principais vítimas das violações (são pegadas mamas)
por parte das tropas envolvidas nas colunas.
Existem razões para entendermos que tanto a Polícia
como as outras forças governamentais posicionadas
no terreno, ao negarem cumprir as ordens do seu
comandante - em - chefe, pretendem continuar com
as cobranças ilícitas que estão a enriquecer os agentes
das colunas.
Numa altura em que os moçambicanos clamam pela
Paz, não se pode admitir que forças alheias à essa
paz e que dependem da guerra para fazerem as suas
fortunas, continuem a actuar em contra-mão.
O presidente da República não pode continuar
impávido a assistir os que se alimentam da guerra e
que não querem que ela termine. Tenham vergonha,
e deixem de querer sobreviver com projectos hostis,
no lugar do trabalho e da Paz que são os pressupostos
fundamentais para o desenvolvimento que todos
almejamos.
Da trégua que nos foi decretada, não pode haver
espaço para novos anúncios, sobretudo quando se
tratam de anúncios para desobedecer.
Ficha técnica
Director:Jeronimo Malagueta;
Editor: Gilberto Chirindza;
Redacção:Natercia Lopez;
Colaboradores: Chefes regionais de informação;
Maquetização: Sede Nacional da Renamo
Av. Ahmed Sekou Touré nº 657;
Email: boletimaperdiz@gmail.co.mz
Cells: 829659598, 844034113;
www.renamo.org.
Nº de Registo
07/GABINFO-DEC/2015
“A Semana em foco”
Um programa radiofónico que faz análise dos temas políticos e sociais de destaque semanal.
Sintonize e escute a frequência 90.0FM Rádio Terra Verde
Acompanhe em todos os sabádos das 11:00 às 12:00 horas
Participe! 821075995 ou 840135011
3
continuação da pág 1 encontram.
Do lado da RENAMO,
o presidente Afonso
Dhlakama deu a conhecer
que ordenou todos
os comandos e tropas
estacionadas em diferentes
pontos do país,
para durante o período
da Cessação das Hostilidades
Militares não
efectuarem emboscadas
nem ataques contra
quaisquer alvos, incluindo
posições militares
das forças governamentais.
Tornou claro que a declaração
de cessar-fogo
é provisória devendo
durar até na próxima
quarta-feira, 4 de Janeiro
de 2017, e que
não deve ser entendido
como um cessar-fogo
definitivo, muito menos
a substituição ou o fim
das negociações entre
as partes.
Caso as partes cumpram
com a trégua e, no final
se sintam satisfeitas,
o presidente Afonso
Dhlakama garantiu que
a trégua poderá ser estendida
para mais um
período, de modo a permitir
que as negociações
sejam retomadas num
ambiente de serenidade
e calmia.
“Mas é preciso cultivarmos
a confiança. Se tudo
correr bem e, não haver
violação, retomamos o
diálogo e os assuntos que
estão em cima da mesa
acreditamos que devem
ser viabilizados antes das
próximas eleições, sejam
elas, autárquicas ou legislativas,
presidenciais e
provinciais” disse o presidente
Dhlakama.
Uma das garantias dadas
pelo presidente da RENAMO,
foi de que as forças
do seu partido vão cumprir
integralmente com
as ordens da declaração
da trégua militar decretada.
“Ninguém irá atacar.
Quer nas estradas, quer
as posições das tropas
da Frelimo não serão
atacadas pelas tropas da
RENAMO. Qualquer ataque
que surgir, quer nas
emboscadas, quer as posições
não será da RENAMO,
mas sim de um grupo
qualquer” garantiu o
presidente e comandante
em chefe das forças da
RENAMO.
Também disse: “E o presidente
da República,
quero acreditar que vai
fazer o mesmo. As for-
ças da Frelimo, as FADM,
FIR também irão manter-
-se nas suas posições até
que a trégua termine”.
Para além da observação
do calar das armas o presidente
Afonso Dhlakama
disse que falou com
o presidente Filipe Nyusi
que concordou, de que
também é preciso parar
com os raptos, perseguições
e assassinatos
de que têm sido alvos os
dirigentes e membros da
RENAMO.
O presidente da RENAMO
garantiu que os mediadores
internacionais
vão continuar a desempenhar
o seu papel nas
actuais negociações,
apesar de o Governo ter
tentado afastá-los do
processo.
4
Estas foram palavras proferidas
em Conferência de
Imprensa que decorreu na
Sede Nacional da RENAMO
convocada para refutar
o envolvimento do ex
presidente da República,
Joaquim Chissano na mediação
do processo de paz
entre RENAMO e Frelimo.
Foi no dia 23 de Dezembro
corrente que António Muchanga
Porta-voz do Partido
dirigiu-se aos jornalistas
presentes da seguinte maneira:
Senhores Jornalistas
Convocamos a presente
conferência de imprensa
para através de vós dissipar
alguns equívocos que estão
alimentar a opinião pública
nacional e internacional
no concernente a tentativa
de afastar os mediadores
internacionais no diálogo
político para substituí-los
por nacionais onde aparece
o ex-presidente Joaquim
Chissano como figura respeitada
e de reconhecido
mérito.
E porque esta disponibilidade
por ele próprio anunciada
pode criar alguma
confusão nas pessoas, com
todo o respeito que temos
para com o presidente
Chissano, em nome de
abertura e verdade, e como
porta-voz do partido RENAMO,
tenho a dizer que muitos
moçambicanos de bem,
acham que o presidente
Chissano não é elegível
para mediador do conflito
porque ele próprio é parte
deste.
É unânime em muitos mo-
çambicanos que o presidente
Chissano é quem sabotou
o cumprimento integral
do AGP na letra e espírito
o que culminou com a não
integração dos homens da
RENAMO na PRM e no SISE.
Foi o presidente Chissano
que não criou condições
para que o País tivesse os
efectivos previstos no AGP.
Foi no tempo do presidente
Chissano que começou a
marginalização dos comandantes
vindos da RENAMO
nas FADM e em 2004, o
presidente Guebuza veio
apenas continuar uma ac-
ção planificada e executada
pelo presidente Chissano.
O presidente Chissano foi
quem se beneficiou das
polémicas eleições de 1999
onde mais de 750.000 votos
não foram requalificados e
a diferença entre ele e o
presidente Dhlakama foi
de mais ou menos 200.000
votos, o que deixa claro que
se tivessem requalificado
todos os votos o presidente
Dhlakama seria declarado
vencedor daquelas elei-
ções.
O presidente Chissano, foi
quem criou a FIR à revelia
da RENAMO em violação
do AGP o que culminou
com a exclusão de elementos
da RENAMO nesta for-
ça, por isso não é elegível.
Esperamos que ele peça
desculpas à RENAMO e ao
povo moçambicano.
Queremos também usar
esta ocasião para esclarecer
o por que de não participamos
do encontro no
pavilhão do clube Estrela
Vermelha no dia 22 de corrente
mês. Foi um encontro
organizado por religiosos
e dirigido por governantes
o que contraria o princí-
pio da laicidade do Estado
moçambicano, para nós
o governo deve de forma
aberta organizar e dirigir
qualquer iniciativa. Não se
pode colocar os religiosos
a cumprir uma agenda governamental
em nome de
Deus. Também concordamos
que os religiosos organizem
e dirijam os seus
programas sem interferências,
podendo dar palavra
aos governantes e aos políticos.
Esperamos que as institui-
ções religiosas recordem e
tenham clara a sua missão
no mundo, e esperamos que
o Conselho Cristão de Mo-
çambique tenha em mente
as suas obrigações.
E porque nos parece evidente
que o manual da
Igreja Nazareno foi violado
assim como a constituição
da Igreja Presbiteriana de
Moçambique, aguardamos
com todo o respeito que os
prevaricadores sejam chamados
a razão ou ao cumprimento
das regras destas
igrejas que tanto fazem para
o bem-estar dos moçambicanos.
Termino desejando festas
felizes a todos os moçambicanos
e próspero ano de
2017.
Por terem me escutado
muito obrigado.
CHISSANO NÃO É ELEGÍVEL PARA MEDIAR
O CONFLITO ENTRE RENAMO E FRELIMO
Um ano novo traz sempre
consigo um tempo
para reflexão. É natural
olharmos para o percurso
que fizemos enquanto
nos preparamos para o
caminho em frente. Este
foi um ano difícil para
Moçambique, mas há razões
para optimismo ao
iniciarmos 2017.
O mês de Abril trouxe
revelações de dois biliões
de dólares norte-
-americanos em dívidas
contraídas pelo governo
moçambicano que haviam
sido anteriormente
mantidas em segredo.
O impacto desses empréstimos
contraídos,
violando a Lei Orçamental
e a Constituição, sobre
a economia e a confiança
dos investidores e
doadores é sentido em
todo o país.
Os passos que o governo
está agora a tomar – uma
auditoria independente
e uma investigação das
irregularidades por parte
da Procuradora-Geral –,
são fundamentais para
restaurar a confiança e
colocar a economia de
volta a um caminho sustentável.
Paralelamente a estes
problemas económicos,
assistimos a uma contí-
nua violência: ataques a
postos de saúde, assassinatos
de políticos, ataques
a colunas de viaturas
e sequestros.
Esta violência ceifou vidas,
danificou famílias,
interrompeu o comércio
e manteve crianças fora
da escola.
O empenho de ambas as
partes na busca de uma
solução pacífica e duradoura
para a violência
contínua é bem-vindo.
Esperamos que esse
empenho resulte num
acordo que traga Mo-
çambique de volta a um
caminho de paz e estabilidade.
Das minhas viagens pelo
país, apercebo-me que é
também isso que o povo
de Moçambique sinceramente
deseja.
O recente anúncio de
uma trégua e um fim
temporário da violência
é um sinal encorajador e
esperamos que conduza
a uma paz permanente e
duradoura.
A contribuição das forças
vivas da sociedade para
uma paz duradoura, bem
como um jornalismo de
promoção da paz nos
meios de comunicação
públicos e privado, são
de capital importância
para uma reconciliação
nacional efectiva que
contribua para um clima
de harmonia e uma convivência
sã entre actores
de diferentes sensibilidades.
Os Estados Unidos têm
sido um forte parceiro de
Moçambique ao longo
dos últimos 40 anos e eu
tenho grande afecto por
este país. Entristeceu-
-me ver as tribulações do
ano passado, mas sei que
2017 pode ser melhor.
O caminho para frente
não pode ser separado
do passado, mas não é
determinado pelo passado.
O passado pode ser
uma âncora, retrocedendo-nos,
fazendo-nos vegetar
nas mesmas águas
habituais. Ou pode ser
uma raiz, enraizando-nos
mas alimentando uma
nova vida e crescimento
para além do que éramos
antes.
Os problemas do ano
passado foram resultado
de decisões e acções. A
sua resolução será também
o resultado de decisões
e acções. A paz e
desenvolvimento econó-
mico não são questões
de acaso. Exigem coragem
e liderança.
Acredito que as medidas
tomadas em 2016 – o
empenho para uma solução
política mediada
e a realização de uma
auditoria independente
– oferecem esperança
para um 2017 de paz e
prosperidade. Ademais,
os líderes moçambicanos
afirmam acreditar nisso
também.
No dia 21 de Dezembro,
o Presidente Nyusi disse:
“Não negligenciamos a
busca incessante de solu-
ções para uma paz efectiva.
O nosso compromisso
para com o povo moçambicano
continua a ser
prioridade.”
No mesmo dia, numa
entrevista concedida à
imprensa, Dhalakama
disse: “O povo deve ter
esperança de que 2017
será um ano de paz para
todos os moçambicanos.
Prometo a paz, eu como
líder da Renamo farei
tudo ao meu alcance
para dialogar com o meu
irmão Nyusi, para que a
paz seja alcançada.”
É minha esperança para
o povo de Moçambique
que, neste novo ano, as
palavras destes líderes
se tornem uma acção decisiva,
que volte a haver
paz em Moçambique e
que a transparência e a
responsabilidade fiscal
restabeleçam o crescimento
económico. Como
um amigo e parceiro
deste país maravilhoso,
os Estados Unidos continuam
empenhados em
apoiar esses esforços de
qualquer maneira que
pudermos.
Maputo, 28 de Dezembro
de 2016.
* Embaixador dos E.U.A.
para Moçambique,
Por Dean Pittman*
5
Sem comentários:
Enviar um comentário