22.12.2016 20h43
As forças armadas da Federação Russa podem vencer qualquer inimigo potencial, mas devem reforçar o seu arsenal nuclear, afirmou esta quinta-feira o Presidente russo, Vladimir Putin, durante um encontro anual com os chefes da Defesa.
"Qualquer um!", enfatizou.
Os comentários de Putin ocorrem no final de um ano em que as tensões entre a Federação Russa e o Ocidente se mantiveram fortes, devido designadamente à guerra na Síria.
Aquelas tensões têm estado a aumentar desde que a Rússia anexou a Península da Crimeia em 2014 e ao apoio sub-reptício aos separatistas na parte leste da Ucrânia.
As relações deterioraram-se ainda mais no último ano, depois de Moscovo ter lançado uma ofensiva aérea na Síria para apoiar o Presidente Bashar al-Assad.
Tanto a Rússia como os Estados membros da NATO têm feito, ao longo de 2016, exercícios militares nas proximidades das fronteiras russas.
Os dirigentes de Moscovo argumentam que estão a responder a uma crescente ameaça da NATO.
Ao falar na sede do Ministério da Defesa em Moscovo, Putin disse que a Federação Russa deveria ser veloz no "ajustamento de planos para neutralizar ameaças potenciais ao país".
Especificou que reforçar a capacidade nuclear russa deveria ser um objetivo principal para 2017.
"Precisamos de aumentar a capacidade de combate das forças nucleares estratégicas, desde logo pelo reforço dos complexos de mísseis que garantam a penetração dos sistemas de defesa antimíssil, existentes e futuros", apontou.
Putin falou depois de o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, ter apresentado um relatório em que elogiou o desempenho militar russo na Síria e os esforços em curso para modernizar as forças armadas.
Shoigu realçou que a Federação Russa, pela primeira vez, tinha conseguido cobrir toda a sua fronteira com sistemas antimíssil dotados de alerta precoce.
Queixou-se porém do aumento dos voos de aparelhos não tripulados (drones) da NATO nas zonas fronteiriças e anunciou planos para enviar mais tropas para o ocidente e sudoeste, bem como para o Ártico, russos.
Alguns analistas contrapõem que as forças armadas russas permanecem mais fracas materialmente do que as da NATO, mas estão a recuperar terreno tecnológico, graças à direção agressiva de Putin.
Igor Sutyagin, analista no centro de reflexão britânico Royal United Services Institute, considerou que os militares russos não são os mais fortes do mundo. Mas acrescentou que o seu desempenho estava a melhorar, em parte porque Putin tem mais controlo sobre os militares em comparação com os Estados da NATO.
"A falta de restrições torna-os mais bem equipados para combate", afirmou.
"Estão mais fortes porque se Putin os quiser usar não precisa de pedir autorização. Não precisa de ir ao parlamento ou ao Capitólio" (congresso dos EUA), acrescentou.
No seu relatório anual sobre os equilíbrios militares mundiais, o britânico Instituto Internacional de Estudos Estratégicos destacou que os testes de armas novas que os russos estão a fazer na Síria, como mísseis, mostram que estão a diminuir a distância em relação ao Ocidente no que respeita a sistemas de armas avançados.
Lusa
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