quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Situação no Mali 'beira a catástrofe', alertam organizações humanitárias

 
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Mali-islamitas-armadosOrganizações não-governamentais (ONGs) malianas e internacionais lançaram um "grito de alerta" nesta quinta-feira no Mali, onde mais de meio milhão de pessoas se viram forçadas a abandonar os seus lares fugindo do conflito armado que explodiu há um ano e que se intensificou no início da semana passada. Segundo o responsável da Oxfam, Marietou Djaby, somente nos últimos dias, 30 mil pessoas chegaram à capital Bamaco.
"O Mali está em guerra e a situação humanitária beira a catástrofe", assegurou Djaby, antes de ressaltar que a mendicidade em Mopti, Segú e Bamaco também aumentou consideravelmente. A capital vive há quase duas semanas ao ritmo dos contínuos ir e vir das ambulâncias e das sirenes de veículos militares que escoltam os diplomatas, imersos numa frenética actividade.
No último dia 7 de janeiro, os grupos armados salafistas que controlam o norte do país desde junho lançaram uma ofensiva contra a cidade de Kona, situada na província de Mopti, no centro-leste, após romper unilateralmente um compromisso de cessação de hostilidades que tinham assumido com o Governo central. Incapaz de conter o ataque, o Exército maliano solicitou ajuda à França, que na sexta-feira passada enviou os seus primeiros aviões de combate para bombardear posições rebeldes e que agora já conta com mil soldados que combatem no terreno ao lado dos militares malianos.
Oumou Traoré, presidente de uma coordenadora maliana que agrupa 50 ONGs que se ocupam da situação da mulher no país, pediu que se preste maior atenção "às pessoas que estão a sofrer os estragos dos combates, especialmente mulheres e crianças". "É terrível escutar os relatos de mulheres violentadas, dos seus filhos doentes. Famílias que perderam tudo", relatou. Traoré insistiu que não só é preciso olhar o que ocorre agora, mas também "avaliar as sequelas" em médio e longo prazo.
Num dos campos de refugiados erguidos pelas autoridades em Bamaco e nos quais trabalham as ONGs coordenadas por Traoré, Al Muyer Yatara, professor da cidade de Kona, queixa-se da sua situação. "Fomos expulsos do norte e aqui, no sul, fazem-nos chorar, sem casa, sem futuro", lamenta Yatara que fugiu dos combates com a sua mulher, os seus filhos e os seus pais.
Segundo a Organização Internacional das Migrações (OIM), do total de pessoas que abandonaram os seus lares, 228.918 são deslocados internos. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) registou 144.500, mas há muitos que não estão contabilizados. Deles, 54.100 estão na Mauritânia, 50 mil no Níger, 38 mil em Burkina Fasso, 1.500 na Argélia, e pequenos grupos na Guiné e no Togo. Além do conflito, o Mali sofre uma severa seca e muitos habitantes sofrem com a fome.
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Mais tropas
Nesta quinta-feira, uma nova força regional africana chegou ao Mali para auxiliar as tropas locais e francesas que combatem os rebeldes no norte do país. Cerca de 100 soldados togoleses desembarcaram em Bamako e forças nigerianas já estão a caminho. Contingentes do Níger e do Chade estão a agrupar-se no Níger, país a leste do Mali. A expectativa inicial era de que a força africana, autorizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), só estaria operacional em setembro, mas a intervenção militar francesa iniciada na semana passada acelerou as coisas.

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