quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Falta-nos um líder

 

O que é decisivo, é precisamente o que diferencia o partido no poder e a oposição e que se manifesta na maior aproximação do primeiro ao povo. À medida que se operam todos estes acontecimentos no dia-a-dia dos camaradas, o sentimento no espirito dos moçambicanos, desenvolve-se com uma rapidez até aqui sem exemplo. Todos os sinais do espectáculo Dhlakama anunciam o fracasso da nossa polícia tanto em conseguir infiltrar-se na Renamo quanto em estar preparada para desafiar a sua segurança. Até aqui, posso dizer que quem é o maior derrotado com este desdito é a polícia, e poderá ter efeito dominó para a Frelimo.
A população moçambicana teme mais a polícia do que Dhlakama e em política não há perdedores eternos! O que Dhlakama fez granjeou-lhe simpatia, foi capaz de, primeiro, chamar AEG para Nampula sob pretexto de inaugurar estatueta, segundo, movimentar g randes números de forças policiais maioritariamente sulistas, capazes de fazer face ao apelo de derrame de sangue e submeter a força fosse quem fosse, o que, em minha opinião, cria frustração nas patentes locais das nossas polícias.
O senhor Kalau nem sequer suspeita o imenso desenvolvimento de interesses que impos à Renamo em prejuízo do até aqui glorioso partido. Ele discorre como se puro uso de força matando Dhlakama pudesse ater o povo, quando não viu a própria vida, ignorando o imenso esforço de milhares de moçambicanos que não tendo nada a perder, vêem nas manifestações um meio de fazer justiça pelas próprias mãos, contra os que têm. Não me proponho aqui estabelecer quem tem razão neste impasse, em que medida e em que sentido se pode dar razão a um mais do que a outro. Este propósito cabe apenas aos políticos, mas vejo que o dilema está com AEG.
Aceitar encontrar-se mais com DHK significa humilhar-se e recusar significa dar pretexto de acção e legitimar a propalada manifestação dando a entender que não está interessado em negociações. Imaginar que a Renamo poderia igualar-se a UNITA é um engano e levaria o país a um precipício porque a sucessão de DHK conta com homens fortes como Ossufo Momade e Bute, estrategas militares, detentores de segredos até aqui fora do alcance das FIR e, ao que me chegou aos ouvidos, foram estes e outros cujos nomes não tenciono divulgar, que aconselharam a DHK para que deixasse o arsenal de Maringue como garantia, porque segundo suas opiniões, Chissano queria ser esperto aproveitando-se da fraqueza de DHK. Deu no que deu. Ele continua com guardas fora do controlo legal, não se sabe ao certo onde e como fazem os treinos, a maioria deles compõe-se da juventude, etc.
Visivelmente, para o homem do povo, que subsiste à custa do trabalho do seu braço, as causas que Dhlakama evocou até aqui, ultrapassam as fronteiras partidárias e interesses meramente pessoais. Não é num país esgotado, mas pelo contrário num país em pleno desenvolvimento, que rebenta uma revolução. A conjuntura deste natal é-nos desfavorável e apresenta-se muito mais complexa do que simples argumento. A pobreza é um argumento suficientemente eloquente para não precisar de comentários e sugere, imediatamente uma pergunta que constituirá o objectivo central de todos os que aderirem as manifestações: somos pobres porque não trabalhamos o suficiente ou porque a terra deixou de ser fértil?
Evidentemente que esta questão, simples na aparência, esconde uma série de outras questões que se podem resumir no seguinte: falta-nos um líder.

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