segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Brasil quer novas eleições em caso da morte de Chávez

 
14 de Janeiro de 2013 18h33 atualizado às 19h11
Chávez, na partida de Caracas em direção a Havana, na noite de 10 de dezembro de 2012 Foto: AFP Chávez, na partida de Caracas em direção a Havana, na noite de 10 de dezembro de 2012
Foto: AFP
     

O Brasil está trabalhando junto ao governo da Venezuela para garantir que novas eleições sejam convocadas no caso da morte do presidente Hugo Chávez, atualmente em Cuba para tratamento médico. Segundo afirmaram fontes à agência Reuters, Brasília expressou o entendimento diretamente a vice e presidente interino em Caracas, Nicolás Maduro.
"Nós estamos dizendo de modo explícito que, se Chávez morrer, nós gostaríamos de ver eleições o mais rápido possível”, disse um representante brasileiro na condição de anonimato. "Entendemos que este é o melhor caminho para garantir uma transição democrática e pacífica, que é o principal desejo do Brasil", continuou.
Em termos teóricos, tal pedido de Brasília representa a simples preocupação com a observância da Constituição venezuelana. Nela, determina-se que, caso o presidente venha a falecer até o final do quarto ano de mandato, novas eleições devam ser convocadas em até 30 dias, período durante o qual o país seria interinamente presidido pelo líder da Assembleia Nacional.
A postura, entretanto, vai contra os temores de que Brasília estaria prestando apoio político o chavismo. O governo de Dilma Rousseff viu com bons olhos a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela de adiar a posse de Chávez, prevista pela Carta Magna para o dia 10 de janeiro, mas impossibilitada pela doença de Chávez. Setores da oposição venezuelana e críticos do chavismo desaprovaram a decisão brasileira de apoiar o que consideraram uma manobra que feriu a constituição.
Convocada por opositores a se pronunciar sobre o assunto, a Organização dos Estados Americanos (OEA) respeitou a decisão da Suprema Corte de Caracas. Dilma Rousseff e o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, não compareceram ao evento convocado pelo governo de Chávez que substituiu a cerimônia de posse, acedida por líderes latinos, entre os quais o presidente do Uruguai, José Mujica.
Hugo Chávez foi reeleito para um inédito quarto mandato (2013-2019) no pleito de outubro de 2012. Em meados do ano passado, chegou a declarar-se curado do câncer contra o qual lutava havia mais de um ano, mas, em dezembro, surpreendeu a esfera pública venezuelana ao comunicar que embarcaria para Havana, onde se submeteu, no dia 11 desse mês, a uma quarta cirurgia. Desde então, Chávez está em Cuba, sem ter fotos ou pronunciamentos tornados públicos.

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